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Artigo adicionado em 25/10/2005, às 03:38

Crítica: HOJE É DIA DE MARIA – SEGUNDA JORNADA
Adelante, Maria! Hoje é Dia de Maria é um causo engraçado na televisão brasileira. Parece que, de tempos em tempos, alguém da TV Globo acorda e diz: “Bom, nós temos dinheiro e gente com potencial criativo. Hoje é dia de aproveitar isso aí e fazer algo de qualidade”. E é por isso que não faço […]

Por
Francine "Sra. Ni" Guilen


Hoje é Dia de Maria é um causo engraçado na televisão brasileira. Parece que, de tempos em tempos, alguém da TV Globo acorda e diz: “Bom, nós temos dinheiro e gente com potencial criativo. Hoje é dia de aproveitar isso aí e fazer algo de qualidade”. E é por isso que não faço parte daquele imenso grupo que adora dizer que odeia a Rede Globo e quer que o Roberto Marinho afunde mais uns sete palmos. Ok, ela faz muitos programas lixentos que ajudam a padronizar o comportamento da população e tem algumas políticas meio suspeitas, mas você há de convir que a Globo é praticamente o único canal aberto que dá uma certa liberdade criativa para certos caras e vez por outra oferece coisas que não menosprezam nossa capacidade intelectual. E acho que não é apenas uma questão de ter dinheiro pra bancar uma boa produção – apesar de isso contar bastante – já que um bom roteiro e uma obra artística não dependem só de grana.

O primeiro “Dia de Maria” teve uma produção impecável e um roteiro sensacional que o transformaram em uma obra de arte. Teve oito episódios e passou nas duas últimas semanas de Janeiro desse ano. Teve música, teve poesia, teve stop motion e marionetes – e você pode ler mais sobre a Primeira Jornada da Maria aqui. Eu fui a primeira a me lamentar pela falta de público da série, porque só conhecia umas três pessoas que a viram: fora esses, uns iam dormir, outros esqueciam de ver, e a maioria não entendia nada. Qual não foi meu espanto ao descobrir que ela fez um merecido sucesso (apesar de não ter sido uma série “arrasa quarteirões”) entre público e principalmente crítica. E agora na semana do dia das crianças, em outubro, a Maria voltou, na segunda temporada da minissérie, em cinco episódios, como um brinde pela primeira parte ter sido razoavelmente bem-sucedida. E o brinde quase superou o original, não fossem algumas falhas terrivelmente decepcionantes. Mas, no geral, foram cinco lindos e perfeitos episódios, que tiveram muitos pontos positivos. Para que haja alguma ordem e método, é melhor falar de um capítulo por vez, e, para não haver problemas com spoilers malvados para aqueles pobres coitados que não conseguiram assistir à minissérie, dividi os comentários em uma parte de “crítica” e outra de “história”. Leia abaixo e divirta-se bastante.

CAPÍTULO 1: Terra dos Sonhos (11/10/2005)

História (pode conter SPOILERS): Depois de ter passado pelo pão que o diabo amassou (quase que literalmente) na “Primeira Jornada”, no primeiro episódio dessa continuação, Maria (a sensacional Carolina Oliveira) se encontra de pé diante das tão almejadas franjas do mar. Fica fascinada quando vê coisas familiares dentro das águas e acaba sendo tragada por ele. Quando acorda, vê-se em uma praia desconhecida e percebe que, apesar do final feliz da temporada anterior, sua vida ainda não entrou nos eixos. Nessa praia, ela não encontra o Tom Hanks junto a uma bola chamada Wilson, e sim uma Lavadeira – que na verdade é uma velha conhecida da menina: a Nossa Senhora (Rosa Marya Colin), que sempre a protege. Ela lhe diz que estão no início de tudo, e a encoraja a seguir adiante. Então a menina começa a segunda parte de sua jornada. Encontra criaturas como o Pato (Rodolfo Vaz) que quer aprender a voar e a Dona Cabeça (a cabeça da Fernanda Montenegro em forma de boneca!). Como em todas as caminhadas desse gênero – vide Alice no País das Maravilhas, O Mágico de Oz ou mesmo a primeira parte de “Dia de Maria”- a protagonista conversa com os seres bizarros encontrados no caminho e continua andando junto a eles. É então que uma parca (ser que tece a linha da vida, feita por Denise Assunção) cantando a música A Velha a Fiar (!) lhes anuncia que existe um gigante lá perto, e Maria precisa encontrá-lo, porque acha que está dentro de seu sonho – sim, isso é extremamente igual a uma parte de Alice Através do Espelho. Após ouvir isso, os três se deparam com um enorme gigante dormindo. A garota acaba sendo engolida pelo ser, e em seu interior reencontra a Menina Carvoeira da “Primeira Jornada” (Laura Lobo, cantando a música do “Mágico de Oz” O_O!), que simboliza “tudo o que a Cidade joga fora”, e descobre que lá dentro é a realidade. Ela lhe entrega uma espécie de caleidoscópio, e através dele, Maria vai parar na cidade. E tudo começa aqui. Na cidade, que parece saída de um filme dos anos 20 com tendências expressionistas, ela se depara com os problemas que qualquer criança de rua encontra, como frio e falta de comida. Para seu azar, o primeiro a lhe dar atenção é Asmodeu Cartola (Stênio Garcia), que é ninguém menos que o Diabo da Jornada anterior disfarçado. Na cidade, ele é dono de um cabaré, cujas dançarinas são bonecas – uma delas, Dona Boneca (Inês Peixoto, a Rosa da primeira temporada), está enferrujada e não dá mais dinheiro para o patrão. Revoltado, o Cartola quebra a Boneca e coloca Maria em seu lugar, como uma grande estrela, a Piano Baby. Doutor Copélius (Osmar Prado, que também faz o papel do Pai de Maria) resgata Boneca e a conserta, enquanto Maria faz sucesso no show.

Crítica: Assim como nos capítulos de Janeiro, mas dessa vez ainda mais claramente, tudo não passa de uma alegoria: a menina ser levada pelo mar, ir parar sozinha na cidade e acabar trabalhando em um cabaré, a boneca que está enferrujada e é jogada fora, é tudo uma grande metáfora à vida de algumas crianças reais que também passam por esses episódios trágicos em suas vidas. Não que você não tenha notado isso, é claro =D. Desde a primeira cena, onde todo o elenco e um coro aparecem cantando, já sabemos que valeu a pena esperar por uma segunda jornada, e que não seríamos desapontados no quesito figurino-maquiagem-cenário-magia. O primeiro episódio foi feito exatamente pra mostrar a perfeição a que podiam chegar, mas escondeu os defeitos chatinhos que viriam depois. Só um deles apareceu desde o primeiro minuto: o som. Sim, é bizarríssimo dizer isso, mas quem acompanhou certamente percebeu: aconteceu alguma coisa com o som em todos os episódios da minissérie – ele ficou abafado em alguns pontos, e não dava pra entender as falas ou as músicas direitinho. Li em algum lugar que essa “falha” foi proposital, para combinar com toda a “falsidade exagerada” da parte artística da série, mas não caí nessa não. É perfeitamente compreensível – e isso é maravilhoso! – ver os cenários sem um pingo de realidade, com personagens exagerados e tudo muito teatral, mas não faz sentido não entendermos o que raios eles estão falando. Porém, apesar disso, não é exagero nenhum dizer que “Terra dos Sonhos” confirmou que “Hoje é Dia de Maria” foi uma das coisas mais lindas que já vi na televisão e fiquei me perguntando se algum dia outro país teria criatividade pra fazer algo assim tão genial e singelo. Nessa continuação, a direção de arte estava ainda mais caprichada, e haviam muito mais cenas em stop motion e bonecos de madeira misturados a pessoas reais. E, lógico, sou a pessoa mais suspeita pra falar nisso, mas uma coisa me trouxe muita, mas muita felicidade: a “Segunda Jornada” é ainda mais musical que a primeira! Ou seja, personagens cantam, são felizes, e entoam músicas conhecidas misturadas a composições novas! E as letras são supimpas. Por enquanto. No geral, como disse, a Cidade lembra muito as cidades de filmes antigos, e toda a filmagem lembra o ritmo e o colorido de Moulin Rouge. Não se pode ser original sempre, claro, mas Moulin Rouge não tinha bonecos em stop motion nem mulheres-marionetes dançando, tá? =D

CAPÍTULO 2: A Cidade (12/10/2005)

História (pode conter SPOILERS): Depois de trabalhar algum tempo no cabaré, dando muito dinheiro ao Cartola, mas sem receber muita coisa em troca, Maria decide partir. Depois que o diabo disfarçado tenta fazê-la dançar exclusivamente para um freguês chamado Asmodeu Piteira (Ricardo Blat), outro diabo disfarçado, a menina percebe que algo errado está ocorrendo e foge do local de uma vez por todas. Enquanto corre pelas ruas da cidade, encontra o melhor personagem da série, Dom Chico Chicote, interpretado por Rodrigo Santoro, que além de lindo, faz seu papel divinamente – um pouco exagerado, sim, mas compatível com o espírito do seriado. Ele é uma espécie de Dom Quixote, um maltrapilho que vive sozinho na cidade a sonhar e guardando alguns valores esquecidos pela sociedade ao redor. Ao conhecer a menina, o Cavaleiro vira seu protetor e amigo, e lhe oferece um banquete imaginário. Apesar de toda a fantasia em que vive Chico Chicote, ambos precisam comer para sobreviver, e para isso vão tentar algum dinheiro diante dos faróis. Maria faz malabarismos, enquanto Chicote tenta realizar o sonho de sua vida: voar, usando uma geringonça feita por ele.

Crítica: A cena do banquete imaginário lembra bastante a cena semelhante do filme Hook A Volta do Capitão Gancho, mas é ainda mais mágica. Chico Chicote cantando, oferecendo travessas e copos vazios que viram comida para Maria e seus amigos (bonecos animados por stop motion)… é sensacional. Não há mais nada a dizer do cenário, que continua sendo cheio de coisas e de efeitos mágicos, mas há muito a dizer da interpretação e do personagem de Rodrigo Santoro: se alguém algum dia duvidou da capacidade desse ator, que se redima agora. Ele está irreconhecível sob a roupa impecável de Chico Chicote, com um figurino que, assim como as outras peças, foi montado com pedaços de sucata. O livro na cabeça e o jeito torto de andar completam o visual. Ele virou o próprio Dom Quixote e não tem como não se comover com a sua vida sonhadora diante da triste e malvada vida real da cidade. E, por fim, apesar de não ser nenhum cantor primoroso, Rodrigo interpreta as canções como um bom ator de musical o faria.

CAPÍTULO 3: O Julgamento (13/10/2005)

História (pode conter SPOILERS): Chico conhece a espanhola Alonsa (Letícia Sabatella, fraquinha fraquinha), e se apaixona perdidamente por ela, lhe dando um novo nome: Rosicler. Mas Alonsa-Rosicler não compartilha desse amor e sai andando, deixando o pobre moço sozinho. Ocorre uma confusão com a polícia, e, no meio da multidão, a Lavadeira (que na verdade é Nossa Senhora) é presa. Maria e Chico Chicote não se conformam, e esse é o estopim para que o Cavaleiro sonhador resolva sair pelas ruas chamando o povo para que lutem pelos seus sonhos, cantando uma música que é referência a um poema do português Sebastião da Gama, É Pelo Sonho que Vamos. No meio da confusão, Asmodeu Cartola continua perseguindo Maria e acaba fazendo a menina se perder do amigo. Se aproveitando de sua solidão, surge em forma de Marinheiro (João Sabiá), cantando a clássica dos musicais norte-americanos Cheek to Cheek e quase conseguindo hipnotizar a menina e fazendo-a se lançar no Mar do Esquecimento. Maria é despertada do transe quando ouve o barulho que se forma devido ao julgamento de Chico Chicote, promovido pelo Coisa-Ruim dessa vez vestido de Juiz. Apesar de seu lindo discurso e dos apelos de sua agora apaixonada Rosicler, o réu é condenado. É então que o Gigante se levanta e dá início à Guerra.

Crítica: Esse episódio foi o mais poético de todos, e que fechou a perfeição do seriado (sim, porque as bizarrices surgiriam a partir do episódio seguinte) com chave de ouro, sintetizando toda a mensagem que queria passar. Para começar, é só notar o que Maria diz ao ver a prisão injusta: “Não quero viver em um mundo em que não respeitam nem o que é sagrado”. Acredite você em alguma coisa ou não, mas essa frase tem uma sinceridade tão singela que poucos roteiristas teriam coragem de passar hoje em dia, época em que “só o que choca vale a pena” na opinião de muitos roteiristas metidos a modernosos. Em seguida, o discurso de Chico Chicote serviu para quebrar tudo de vez. Droga, eu confesso que chorei. Mas vai dizer que você também não chorou quando ele proferiu o discurso, enquanto toda a magia do seriado ia sendo transformada na realidade, ao mostrarem as câmeras e todo o estúdio por trás do cenário? Quero dizer… uau! Se quiser relembrar ou ter uma noção do que foi isso, aqui vai ele devidamente transcrito:

“Eu acuso…
Eu acuso essa cidade de descrença!
É uma cidade que pensa que pensa,
Mas não fantasia.
Raciocina, mas não cria.
Acuso essa cidade de desistência.
Acuso essa cidade de não mais acreditar que uma essência pode ainda nos guiar.
Acuso essa cidade de ter se rendido ao cinismo, ter brutalizado as ciências,
E esquecido a poesia.
Oh, galardoado, senhores!
Eu vejo uma porta ao sonho humano!
A cidade que não sonha é cidade morta.”

CAPÍTULO 4: A Guerra (14/10/2005)

História (pode conter SPOILERS): Os horrores da guerra ameaçam a cidade e soldados transformam tudo em destroços, matando qualquer um que se puser na sua frente. Maria e Chico Chicote se reencontram, mas ele está deprimido pela morte de sua amada, e a confiança entre os amigos se mostra abalada. Os dois se separam: Maria se esconde na casa de Copélius, que é morto sem dó por um Soldado X (Daniel de Oliveira), que só poupa a menina porque esta finge ser uma boneca da loja onde está. Enquanto do outro lado da tragédia está Chico Chicote, perdido, sem Maria e sem Rosicler. É então que se vê, abandonado, diante do Mar do Esquecimento, e, já fragilizado, é induzido a saltar pelo Asmodeu, dessa vez transformado em Asmodéia. No meio de todo esse fuzuê, o malvadão principal está todo feliz, mas o outro, Asmodeu Piteira, se arrepende de seus pecados e pensa em se regenerar. Dito isso, é transformado em um gato (ou melhor, em um homem fantasiado com uma roupa sinistra de gato), não me pergunte porquê, e tenta se aproximar da protagonista.

Crítica: Então um belo dia Andrew Lloyd Webber surge no estúdio de “Hoje é Dia de Maria” e resolve ajudar a escrever o roteiro. Ok, claro que não é verdade, mas sinceramente é o que parece ter ocorrido. Porque 1) surge um homem vestido de gato que canta falando MIAU e parece ter fugido daquela peça tosca que é Cats, 2) as letras das músicas começam a ficar deveras idiotas e 3) há uma cena bizarríssima no final do capítulo, em que Letícia Sabatella aparece como uma versão feminina do Asmodeu. Não é só pelo fato dela estar com roupas sadomasoquistas nem de ela estar fazendo posições bastante… adequadas? O_o, e sim pelo fato de aquilo não fazer sentido no contexto geral. Quero dizer, nunca achei que “Dia de Maria” fosse um programa infantil, mas até certo ponto tem um tema legal pra crianças e estava sendo perfeitamente assístivel até agora. É então que surge uma personagem gemendo e fazendo coisas bastante constrangedoras para quem não está disposto a assistir a um filme pornô no momento, e sim a uma minissérie normal e com um assunto inteligente. O maior problema nem foi terem feito a cena, mas simplesmente insistirem demais nessa parte, que não acrescenta muito à história. Podia ter sido reduzida pela metade, e teria o mesmo efeito na trama sem fugir do espírito do resto da série e sem deixar todo mundo com cara de “ok o que é isso será que eu apertei algum botão do controle remoto e mudei de canal??”. Mas voltemos ao tópico das letras deveras idiotas. Acho musicais incríveis, adoro coisas doces, mas sei muito bem quando as letras apresentam algum grau de retardadice. E isso acontece nesse episódio, deixando tudo ainda mais grave quando descobrimos que não são letras direcionadas ao público infantil (já que deixaram bem claro que queriam crianças fora da sala na última cena desse capítulo). O causo é o seguinte: quando vemos mensagens implícitas, como a pureza de Maria cantando enquanto assistíamos aos horrores da guerra, sem ninguém precisar nos explicar que é isso que querem que percebamos, tudo está perfeito. Agora, não sei porque razão decidiram escancarar a mensagem e dizê-la – ou melhor, cantá-la, ou ainda melhor, JOGÁ-LA NA NOSSA CARA nesse penúltimo episódio. Ou seja, a coisa toda ficou muito tosca. A moral da história tem que estar escondida para que possamos captá-la, e não transmitida nua e crua em letras de música que acabam ficando mais moralistas que os Oompa Loompas (e só nesse ponto eu concordo com o usuário d’A ARCA que mencionou isso aqui). Quer um exemplo? Só ver os Executivos cantando váááárias vezes no mesmo capítulo algo como “Guerra é um bom negócio”, só faltando completar com um “Hua Hua Hua, como nós somos malvados” dói lá no fundo do meu pequenino coração criativo. Tudo correu tão bem nos episódios anteriores que esse deu medo.

CAPÍTULO 5: O Retorno (15/10/2005)

História (pode conter SPOILERS): Maria, junto ao bizarro Gato, chega no Mar do Esquecimento a tempo de encontrar Chico Chicote quase completamente submerso. Isso serve como uma prova à nova bondade do Asmodeu, que mostra que não conseguiu se regenerar, ao recusar salvar o Cavaleiro e sair correndo. A menina salva o amigo, que ressurge sem memória. A guerra está no fim, e o soldado interpretado por Daniel de Oliveira deserda o exército, revoltado com suas conseqüências. Mas os outros soldados, alienados, o matam. Os dois amigos caminham pelos destroços, enquanto Maria tenta fazer com que o moço lembre de seu passado. Depois de mais caminhadas, uma palavra surge escrita no livro que Chicote traz na cabeça e representa suas lembranças: Rosicler. Durante a caminhada, aparecem uns Cavaleiros poderosos, e cada um lhes concede um desejo. O primeiro é feito por Maria: que o amigo finalmente consiga voar. Chico Chicote alça vôo e vê a Terra lá do alto, da maneira que sempre sonhou: sem fronteiras ou diferenças. Só que ele acaba caindo, e fica inconsciente na terra, ao lado de Maria, que, desesperada, tenta salvar o amigo da aproximação dos corvos – pra quem se lembra, isso faz uma relação com a primeira parte da minissérie. Daí que a menina também adormece, e enquanto está caída, o amigo desperta, encontra Rosicler, e os dois vão embora voando. A menina acorda, e vê que está de volta à realidade. Mas surgem algumas figuras que tentam impedi-la de chegar em casa. Entre elas, o Asmodeu. Para se livrar dele, ela usa o último desejo concedido pelo Cavaleiro: Justiça. Maria é chamada de volta à realidade, e acorda só para descobrir que toda a Jornada tinha sido narrada pela sua avó, que contava a história para a neta, enquanto esta estava com febre. Uma história bastante trágica para uma pobre garotinha, eu diria.

Crítica: O último episódio, embora não seja melhor que o resto, ao menos foi melhor que o anterior. O que deu medo foi o personagem Asmodeu Gato, que é simplesmente bizarro, e canta uma música ainda mais nada-a-ver. O final foi meio batido mas é clássico para histórias assim, então está desculpado. Talvez para nortear as pessoas perdidas, a avó ainda teve que fazer um resuminho da história pra menina, e, de quebra, para o público. E foi isso. Não fossem esses dois últimos desastres, a Segunda Jornada seria tão boa quanto ou melhor que a Primeira. Pena que não foi. Mas isso não me impede de comprar o DVD pra guardá-lo como uma preciosidade. E quanto às falhas… quando eu for uma diretora genial mudo isso. Não ria, afinal é pelo sonho que vamos ^_^.

:: CURIOSIDADES

– Merecidamente, Hoje é Dia de Maria foi indicado ao Emmy em duas categorias: melhor minissérie e melhor atriz para a menina Carolina Oliveira! O resultado sairá no dia do evento, que acontecerá em 21 de novembro.

– Está saindo um filme da minissérie para o ano que vem. Leia mais aqui!

– Para essa Segunda Jornada foram compostas 50 novas canções, por Tim Rescala, com letras de Luís Alberto de Abreu e do diretor Luiz Fernando Carvalho. Ao todo são 80 números musicais.

– Rodrigo Santoro emagreceu 12 quilos para viver Dom Chico Chicote.

– Assim como na primeira temporada, “A Segunda Jornada” foi filmada em um estúdio montado em frente ao Projac: uma construção circular com o cenário confeccionado para aparecer sob todos os ângulos.

– Chico Chicote é baseado no Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, no Cândido, de Voltaire, na Joana D’Arc e no Idiota de Dostoiévsky.

– Como preparo musical, os atores receberam aulas de canto de Agnes Moço e Tim Rescala, além de estudarem técnicas de respiração. E ainda fizeram aikidô para auxiliar na técnica.

– O livro na cabeça do Chico Chicote foi confeccionado com cem folhas de papel jornal e cópias de cartas compradas numa feira de antigüidade embebidas em cera e passadas a ferro. Sua armadura é feita de descansos de madeira para panelas costurados.

– A roupa de Rosicler é repleta de papéis de bala, tampinhas e pedras.

– Copélius é uma referência a um personagem de mesmo nome de um conto de E.T.A. Hoffman, que narra a história de um fabricante de brinquedos que cria Copélia, uma boneca tão perfeita que se passa por humana. Esse conto inclusive deu origem a uma ópera bem supimpa, chamada Os Contos de Hoffman, que passou na TV Cultura há um tempo atrás.

– As marionetes, presentes em muitas cenas da série, foram feitos pela equipe de Raimundo Rodrigues. São cerca de 120 cabeças com diferentes expressões e quinze corpos articuláveis feitos de madeira e fibra de vidro.

– O gigante, feito de papelão e tubulação de ar condicionado, media 33 metros.

– Houve uma exposição com os figurinos, peças e objetos usados na “Segunda Jornada “na Estação de Metrô República, em São Paulo.

– O Palhaço Carequinha fez uma participação especial, sem falas, no primeiro capítulo.

“Este projeto significa, não só para mim, como para todos, a possibilidade de continuar trabalhando com prazer em busca de uma televisão de qualidade. Significa a oportunidade da gente continuar se expressando com grande sinceridade, amor e responsabilidade”.
Luiz Fernando Carvalho, o Diretor.


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