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Artigo adicionado em 12/10/2005, às 11:06

Crítica: A NOIVA-CADÁVER
You may kiss the bride Leia também: uma biografia de Tim Burton Os ricos falidos Finnis Everglot (Albert Finney) Maudeline Everglot (Joanna Lumley) Os peixeiros novos ricos William Van Dort (Paul Whitehouse) Nell Van Dort (Tracey Ullman) Convidam para a cerimônia de enlace matrimonial de seus filhos Victoria (Emily Watson) e Victor (Johnny Depp) A […]

Por
Francine "Sra. Ni" Guilen


Leia também: uma biografia de Tim Burton

Os ricos falidos
Finnis Everglot (Albert Finney)
Maudeline Everglot (Joanna Lumley)

Os peixeiros novos ricos
William Van Dort (Paul Whitehouse)
Nell Van Dort (Tracey Ullman)

Convidam para a cerimônia de enlace matrimonial de seus filhos

Victoria (Emily Watson) e Victor (Johnny Depp)

A realizar-se às 20 horas do dia vinte e um de outubro de 2005, em algum lugar da depressiva, cinzenta e vitoriana Terra dos Vivos. Os dois noivos ainda não se conhecem, e, ao contrário de seus pais, não estão assim tão ansiosos para que o horário do casamento chegue. Mas, como o acaso às vezes é bonzinho, o casal tem uma chance de ficar a sós alguns minutos antes do ensaio da cerimônia e descobre que as possibilidades de se darem bem não são muito remotas. É com alívio que os dois se dirigem à Capela para ensaiarem os seus votos de casamento, sob o austero olhar do pastor Galswells (Christopher Lee e sua voz sinistramente bizarra). Só que Victor é todo atrapalhado, e não consegue proferir seus votos sem que resultem em acidentes, como esbarrar no púlpito ou queimar as saias da sogra. Revoltado com a falta de jeito do rapaz, o Pastor diz que só vai oficializar o casamento naquela noite se Victor Van Dort decorar seus votos matrimoniais e souber dizê-los da maneira correta.

O noivo, frustrado, vai caminhando até a floresta sombria mais próxima e decide ensaiar seus votos por lá mesmo. Ao fim de um impecável juramento, ele coloca a aliança no galho de uma árvore… e leva um pequeno susto, quando o galho da árvore se transforma na mão de um cadáver. E leva um grande susto quando o cadáver se levanta, trajando vestes de noiva e tem certeza de que acabou de ser pedida em casamento. Victor, então, é arrastado para a Terra dos Mortos, um lugar colorido, cheio de personagens supimpas, que estão sempre cantando, festejando e se divertindo. Enquanto isso, na Terra dos Vivos, Victoria se vê abandonada, e forçada a se casar com um sujeito nada simpático (Richard E. Grant), que surge do nada e, muito educadamente, resolve casar com a donzela, para, sabe como é, não desperdiçar o bolo.

O diretor é o Tim Burton, a animação é stop motion, a trilha sonora com algumas músicas compostas e cantadas pelo Danny Elfman, e desse conjunto todos os convidados sabem bem o que esperar. A trama, como deu pra perceber, é bem feita, com personagens bonecos mais humanos que alguns atores de carne e osso por aí. Até os cadáveres são humanos. Nenhum deles é perfeito, e o triângulo amoroso que se forma entre Victor, Victoria e a Noiva Cadáver é daqueles nos quais sentimos pena dos três, e não sabemos por quem torcer (e, pra variar, assim como costuma acontecer em todas as histórias assim, o que faz maiores sacrifícios pela pessoa amada nunca é devidamente recompensado… – ei, isso não é um spoiler, já que não disse quem é =D). A história é baseada em um conto russo, e esteve na cabeça do diretor Tim Burton desde os idos de 1994. Ele só aguardava a oportunidade de colocar seus dotes animadores em ação novamente. E a oportunidade surgiu esse ano. Reunidos os roteiristas, eles colocaram mãos à obra e criaram mais uma fábula gótica para ser apreciada por nós, meros mortais. Com piadas muito bem colocadas, e, claro, referências que fazem qualquer nerd ou cinéfilo rir. Só que acaba rápido, incrivelmente rápido. Tem só uma hora e dez minutos de duração, então quando você finalmente se ajeita na poltrona do cinema, sobem os créditos finais. Tristeza.

O visual é o mais lindo. Não tem o que se discutir quando se trata desse senhor Burton. Os bonecos… ah, os bonecos… dá vontade de roubar todos eles e guardá-los em seu quarto de enfeite. E também dá vontade de matar o cara que os desenhou só por inveja de não ser você o criador deles. O que mais se discute em produções assim, e essa, principalmente, é o stop-motion, que exige um alto grau de paciência e técnica, e tem um resultado bem diferente do de outras animações. Tem gente que diz que essa animação vai morrer, porque a computação gráfica a substitui melhor, mas é pura inveja. Cada um é cada um, e o stop-motion tem uma magia que dá pra notar em filmes como “A Noiva Cadáver”. Tudo aquilo é real, são um monte de bonecos perfeitos fotografados se mexendo milímetro por milímetro. Uau.

Propositalmente, os diretores decidiram deixar a Terra dos Vivos toda cinza e sombria e a Terra dos Mortos completamente alegre, deixando uma imagem positiva da morte, não aquela trágica e obscura que é o padrão quando se trata desse tema. Não é novidade isso na carreira do Tim Burton, que vez por outra dá um jeito de colocar seus personagens em um Além fora do lugar-comum.

O único problema do filme é esse: você sabe bem o que esperar, não há uma surpresa negativa, que deixe o filme ruim, mas também não há uma surpresa positiva, que faça alguém achá-lo melhor que seu irmão gêmeo separado no nascimento, O Estranho Mundo de Jack. Porque, como era de se esperar, existem muitas semelhanças entre os dois filmes, não só por ambos serem crias do Tim Burton, musicais e a técnica usada ser stop-motion, mas porque a Terra dos Mortos e a Cidade do Halloween têm habitantes deveras parecidos. Sabe, aqueles esqueletos e monstros engraçados que gostam de cantar e coisas parecidas. Pena que estes aqui não gostem tanto de cantar quanto no outro filme, que era mais ópera (ou seja, tinha mais números musicais) que esse. E devo dizer que, lamentavelmente, os poucos números musicais de “A Noiva-Cadáver” são apenas bons e nada mais. Mas é um musical, então está valendo.

Então é isso. “A Noiva-Cadáver” não traz nada novo, é meio que um “Vale a Pena Ver de Novo”. E vale a pena ver de novo mesmo! =) Nota 8 em 10 e não se fala mais nisso.

:: CURIOSIDADES

– Isso pode ser um pouco duro para aceitar, mas acredito que o Tim Burton cuidou menos desse filme do que deveria. Não que o efeito seja sentido na produção, mas as gravações de “A Noiva-Cadáver” ocorreram ao mesmo tempo que A Fantástica Fábrica de Chocolate, e Burton só recebia os trabalhos da animação aos fins de semana, enquanto tudo era coordenado pelo outro diretor, Mike Johnson.

– Como protagonista das duas produções, Johnny Depp às vezes saía direto da “Fantástica Fábrica”, ainda com a roupitcha do Willy Wonka, para gravar a voz de Victor.

– Helena Bonham Carter também fazia isso, e ainda carregava o filhinho junto a ela (Helena é esposa de Tim Burton).

– Os bonecos foram desenvolvidos com alta técnica de engenharia. Enquanto no “Estranho Mundo de Jack” os personagens possuíam uma cabeça para cada expressão facial – sim, eles mudavam a cabeça do bichinho em cada pausa para fotografia se este mudasse de humor -, nesse as expressões eram controladas por mecanismos escondidos na cabeça deles. Para isso, os bonecos precisaram ter um tamanho maior do que é o normal para produções assim: tinham mais de 30 centímetros de altura.

– Em uma cena, o pai de Victoria chama Victor de Vincent – uma referência à primeira animação de Burton.

– Eu só vou morrer feliz se fizer um curta com bonecos em stop motion.

De Tim Burton, A Noiva Cadáver (Título original: Tim Burton’s Corpse Bride) / Ano: 2005 / Produção: Inglaterra / Direção: Tim Burton e Mike Johnson / Roteiro: John August e Pamela Pettler / Elenco: Johnny Depp, Helena Bonham Carter, Emily Watson, Christopher Lee, Danny Elfman, Albert Finney, Paul Whitehouse, Joanna Lumley, Tracey Ullman / Duração: 76 minutos.


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