A ARCA - A arte em ser do contra!
 
Menu du jour! Tutu Figurinhas: o nerd mais bonito e inteligente dessas paragens destila seu veneno! GIBI: Histórias em Quadrinhos, Graphics Novels... é, aquelas revistinhas da Mônica, isso mesmo! PIPOCA: Cinema na veia! De Hollywood a Festival de Berlim, com uma parada em Nova Jérsei! RPG: os jogos de interpretação que, na boa, não matam ninguém! ACETATO: Desenhos animados, computação gráfica... É Disney, Miyazaki e muito mais! SOFÁ: É da telinha que eu estou falando! Séries de TV, documentários... e Roberto Marinho não está morto, viu? CARTUCHO: Videogames e jogos de computador e fliperamas e mini-games e... TRECOS: Brinquedos colecionáveis e toda tranqueira relacionada! Tem até chiclete aqui! RADIOLA: música para estapear os tímpanos! Mais informações sobre aqueles que fazem A Arca Dê aquela força para nós d´A Arca ajudando a divulgar o site!
Artigo adicionado em 18/10/2005, às 10:50

Crítica: A LENDA DO ZORRO
Poxa, o Zorrô é bem mais legal que o Bátima. Quero dizer, o personagem, não o filme Super-heróis são legais, certo? Não há nerd que possa dizer “não” a essa pergunta, exceto um ou outro que tem traumas de infância relacionados a isso ou outros problemas pessoais. Mas eu ainda acho que um que usa […]

Por
Francine "Sra. Ni" Guilen


Super-heróis são legais, certo? Não há nerd que possa dizer “não” a essa pergunta, exceto um ou outro que tem traumas de infância relacionados a isso ou outros problemas pessoais. Mas eu ainda acho que um que usa capa e espada é melhor que todos esses outros de colants, poderes especiais ou bumerangues em forma de morceguinho. É por isso que gosto tanto dos jedis. E é por isso que gosto tanto do Zorro. Ok, não sou uma aficionada pelo personagem e não conheço ele mais do que conheço a mim mesma, mas só pelo fato de ele ser um cara supimpa que luta pelos direitos dos oprimidos e sai chutando os ricos malvados empunhando uma espada e montado em um belo de um cavalo negro, ele já merece minha admiração. E agora chega de sessão psicanalítica sobre meu sórdido caso amoroso com heróis perfeitos de capa e espada dos tempos dos heróis perfeitos de capa e espada. E vamos ao filme! Adelante.

Já se passam sete anos desde o lançamento do (merecido) sucesso A Máscara do Zorro, que trazia o lindo e perfeito Antonio Banderas como Zorro, a linda e perfeita Catherine Zeta Jones como Elena e o lindo e perfeito cavalo negro apropriadamente não nomeado como Tornado (ah, vai dizer que aquele cavalo não é bonito?…. sério!). Pois é, sete anos. Você está ficando velho. Só a Catherine e o Antonio que não estão. Malditos sejam. No primeiro filme, que eu suponho que você já assistiu – se não assistiu, levante já daí e vai alugar o DVD, que é maior legal – é narrado o início da carreira de Alejandro de la Vega, como o nobre herói mascarado. É um filme de origem divertido pra chuchu, que tem um ator de peso no elenco – o Anthony Hopkins – e toda a equipe de produção acertada. A película fez sucesso nas bilheterias, muito mais do que se esperaria de uma história à moda antiga, sem efeitos especiais escabrosos, armas laser ou guerras épicas – mas não se falava nada muito a sério sobre uma possível continuação. Muitos anos passaram tristonhos, e lá em Hollywood o diretor Martin Campbell (do Bondiano 007 contra Goldeneye), junto aos produtores – entre eles o “desconhecido” Steven Spielberg – buscavam ansiosos pelo roteiro perfeito. Finalmente, em 2003, encontraram algo que, apesar de não ser perfeito, é ao menos decente, escrito a 12 mãos – entre eles uns dos roteiristas do filme mais aguardado pelo Fanboy, o famigerado Transformers – O Filme.

O roteiro? Bem, ele pretende ser mais voltado ao interior do protagonista, e assim o é, para isso recorrendo àquelas já conhecidas crises dos heróis de meia idade: quando devem se aposentar, quando devem se dedicar mais à sua família que à salvação do pueblo, quando vão prestar atenção nas crianças que estão crescendo, e, finalmente, se revelarão sua identidade secreta aos rebentos. Alejandro de La Vega está passando por essa crise, levando uma vida dividida entre a pressão da esposa para ser um pai presente, e tendo que equilibrar sua crise conjugal com a unificação das colônias aos Estados Unidos lá pros fins de 1800. Enquanto isso, seu filhinho Joaquin (Adrian Alonso) o repudia, por não saber de sua identidade secreta e achar que o pai é um almofadinha padrão. Tudo está muito bem lá para os lados da Califórnia, que acaba de ganhar o status de novo Estado daquela União que futuramente ia virar de forma completa aquela coisinha legal e simpática que atende pelo nome de Estados Unidos. Mas, como já disse, nem tudo está muito bem na vida pessoal de Zorro, e as cousas pioram quando surge um tal Conde Francês (o bizarríssimo Rufus Sewell, de Coração de Cavaleiro) que parece estar bastante interessado na esposa de Alejandro e em alguns esquemas obscuros envolvendo sabonetes.

A mesmíssima equipe de produção do primeiro filme voltou para fazer outro bom trabalho nessa continuação. Até mesmo o velhinho que ensina os atores a manejarem as espadas, e que viveu o Darth Vader quando este lutava com o sabre na trilogia clássica, e até mesmo o adestrador de cavalos, que inclusive é o mesmo que adestrava os cavalos da série antiga do Zorro! Não é maior legal? Mas nada disso supera a interpretação de Zeta Jones e Antonio Banderas, que são dois atores que se encaixam perfeitamente com o estilo do filme, além de serem um belo de um casal. Que Sr. e Sra. Smith que nada, Elena e Zorro são infinitamente superiores e têm muito mais classe que a dona bocuda Angelina Jolie e o Brad Pitt. De resto, o filme é o que se propõe a ser: uma diversão estilo antigo, com herói de capa e espada, ação sem muita computação gráfica, cavalos, espadas, romance, algumas piadas inofensivas e outras inspiradas, e eventualmente alguns trens explodindo pelo caminho.

E agora voltando um pouco à minha sessão de psicanálise, é melhor eu confessar que ainda prefiro os vilões com finais Disney: aqueles que ou ficam loucos, ou bonzinhos ou morrem caindo sozinhos como idiotas, sem que o bom mocinho ganhe a culpa por isso. Não é por moralismo, é simplesmente pelo fato de que acho que, assim como os caras “do bem”, os “do mal” não merecem morrer tão fácil, como se fossem formiguinhas sem cérebro e sem alma. Acho que sou a única alucinada que fica imaginando como a família do fulaninho de chapéu e cara de mal encarado da cena 24 vai se virar sem o sustento do pai. Ok, pode me mandar internar agora. Mas enfim, esse é o caso da “Lenda do Zorro”, em que dezenas de caras malvados são mortos pelo mocinho, pela mocinha e até pelo padre, sem dó nem piedade. E preste bem atenção: não estou apontando isso como um defeito do filme, só precisava mostrar ao mundo essas minhas idéias doentias. Os defeitos do filme são outros, e vou resumi-los em uma série de perguntas que não querem calar.

:: PERGUNTAS QUE NÃO QUEREM CALAR

– Por que razão causa e circunstância não colocaram um menino mais velho para o papel de Joaquin? Um que tivesse pelo menos uns 15 anos? Tudo bem que aquela criança é fofa e serelepe, e a única coisa que sabe falar em inglês são as frases que lhe ensinaram para o filme, mas não dá pra engolir. Quando o meninote de 10 anos sai dando mortais para acabar com tios armados que têm o triplo de seu tamanho, é hora de você fechar os olhos e fingir que nada está acontecendo.

– O que acontece quando o Zorro está preso na lareira que pega fogo? E quando o malinha do Joaquin dá uma mordida em um dos bandidos? E com a moça que perde seu marido no decorrer da história e simplesmente desaparece depois disso? No fim, até mostram a cidadã gritando “Bravo”, toda feliz, mas só pra mostrar que não se esqueceram dela. Não me enganaram, pois sei muito bem que todos se esqueceram dela e só se lembraram da personagem ao ouvir a atriz chorando e dizendo “But that’s my only line!!!”, trancada no armário das vassouras do estúdio. Pois é, meu amiguinho, na pressa de nos explicar todos os mistérios da trama, alguns desenlaces de cenas foram simplesmente ignorados pelos editores-roteiristas-diretores. E isso não é muito legal, diga-se de passagem.

– Por que os norte-americanos são tão deprimentemente patriotas e obcecados pelo tema “armas de destruição em massa e a conseqüente destruição da América, o país dos sonhos”? Conheço muita gente que vai se identificar com o tal vilão e seus intentos não-muito-éticos-porém-adequados sem pensar duas vezes.

– Por que tem alguns clichês meio panaquinhas lá no meio? Mas essa tem resposta: porque sim, Zequinha. É um filme à moda antiga, o que você esperava? Um final em que Zorro vende sua alma ao diabo e vira uma dançarina flamenca em Nápoles?

– E por fim, e mais importante, por que, nas lutas, os homens ficam sérios ou fazem caretas e as mulheres fazem biquinho?

É por essas que digo que “A Lenda do Zorro” é uma continuação bem divertida para um filme que era fantasticamente deveras divertido. Temos que encarar que é a maldição das continuações, são poucas as que conseguem superar o primogênito. Não dá pra dizer que é um clássico nem um filme inesquecível que você deve possuir e levar toda sua magia para as estantes de sua casa (sacaram o espírito Disney dessa frase, ãhn, ãhn?). É um caçula meio feiosinho, mas não chega a ser o filho bastardo dessa cinessérie. Pelo contrário, é legal e dá pra encarar em uma sessão de cinema sem medo de ser feliz. Olé! Agora é aguardar o terceiro e torcer para que faça jus a nosso querido Zorrô. Enquanto isso vamos matando nossa sede de Zorro na decepcionante novela Bang Bang. Meu, o Zorro brasileiro é o Sidney Magal! Mais bizarro que isso é saber que eu já assisti A Vida de Brian junto com o Magal. Mas essa, meus amiguinhos, é outra história.

A Lenda do Zorro (Título original: The Legend of Zorro) / Ano: 2005 / Produção: Estados Unidos / Direção: Martin Campbell / Roteiro: Roberto Orci, Alex Kurtzman, Ted Elliott e Terry Rossio / Inspirado no personagem de Johnston McCully / Elenco: Antonio Banderas, Catherine Zeta-Jones, Adrian Alonso, Rufus Sewell, Giovanna Zacarías, Raúl Méndez, Nick Chinlund e Michael Emerson / Duração: 90 minutos.


Quem Somos | Ajude a Divulgar A ARCA!
A ARCA © 2001 - 2007 | 2014 - 2024