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Artigo adicionado em 19/09/2005, às 05:57

Meu Filme é… O PRÍNCIPE DO EGITO
É mais uma homenagem, na verdade… Leia mais artigos da série “MEU FILME É…” :: Zarko fala sobre Despedida em Las Vegas :: Machine Boy fala sobre Sinais :: Emílio Elfo fala sobre O Último Samurai :: Srta. Ni fala sobre O Fabuloso Destino de Amélie Poulain :: R.Pichuebas fala sobre RoboCop :: El Cid […]

Por
Paulo "Fanboy" Martini


Leia mais artigos da série “MEU FILME É…”
:: Zarko fala sobre Despedida em Las Vegas
:: Machine Boy fala sobre Sinais
:: Emílio Elfo fala sobre O Último Samurai
:: Srta. Ni fala sobre O Fabuloso Destino de Amélie Poulain
:: R.Pichuebas fala sobre RoboCop
:: El Cid fala sobre Um Sonho de Liberdade

Esse texto da série Meu Filme É… talvez seja o menos comentado de todos. Por quê, você pergunta? Diferente dos textos dos demais camaradas aqui d’A ARCA, o que é importante não é o filme em si, muito menos a mensagem dele, mas sim o que ele representa para mim, e como.

Claro, eu poderia falar de filmes que me impressionaram por sua qualidade, como Parque dos Dinossauros (que eu mesmo já havia comentado na matéria dos filmes de ficção que mais gostamos, ou a trilogia De Volta para o Futuro – a meu ver, a melhor trilogia de todas, afinal tenho um fraco por viagens no tempo). Sem falar que muitos aí já deveriam estar esperando por Transformers O Filme, aquela maravilha animada que vi mais de 120 vezes (depois da 120a. vez, eu perdi a conta… ^_^ Sério!).

Mas não. Decidi partir para uma outra abordagem por duas razões: para não ser óbvio (fale a verdade, ninguém aqui mais agüenta eu ficar falando dos robozinhos de Cybertron, não é? Às vezes, nem eu me agüento… ^_^) e também para fazer uma homenagem a uma pessoa muito especial.

Meu pai.

Tá, tá, eu sei… o Machine Boy também comentou sobre o pai dele e o período complicado pelo qual passou, e como o espetacular Sinais, de M. Night Shyamalan, o cativou naquele momento em particular, devido à sua temática.

No meu caso, o animado O Príncipe do Egito não tem, em sua temática e em sua mensagem, nada que crie um laço entre eu e meu pai. Não, não sou religioso. Tenho minhas crenças, mas passo longe de qualquer “religião”. E meu pai seguia a filosofia espírita. Aliás, não estou aqui para falar de uma religião ou outra, longe disso, principalmente porque meu conhecimento das religiões mundiais, de maneira geral, é bem raso. E não vem ao caso.

Então, do que se trata, seu nerd chato? 🙂

Bom, meu pai era um cara engraçado. Cinema e televisão, para ele, eram apenas diversões para fins de noite ou domingos chuvosos. Sem questionamentos, apenas um passatempo. E isso gerava alguns momentos divertidos para minha família também: tínhamos o costume de alugar filmes todo fim de semana, e as noites de sábado eram, em sua grande maioria, uma sessão de cinema que sempre ocorria depois de uma bela rodada de pizza e refrigerantes, e sempre depois d’A Escolinha do Professor Raimundo (é, na época em que a série cômica ainda era boa…). Muitas vezes, era meu pai – que chamarei, a partir de agora, de “Fandaddy” – que ia na locadora. Como eu disse, ele não era o maior dos entusiastas pela arte, mas muitas vezes ele que fazia questão de ir pessoalmente alugar os filmes.

Bom, todos espalhados pela sala, controle remoto na mão, play, entra o leão da MGM e… meu pai dormia. Capotava no sofá. Não só com o leão da Metro, mas também com a tia da Columbia, ou o pégaso da Tri-Star, o logo da Warner… E só acordava nos créditos finais do filme, perguntando o que raios ele havia perdido. 😀

Nunca discutimos sobre cinema. Na verdade, eu sempre falava dos filmes, e ele só ouvia. Fandaddy não entendia como eu conseguia assistir mais de uma vez o mesmo filme – ele falava de maneira geral, mas fazia questão de deixar isso claro toda vez em que eu estava assistindo a mais uma rodada de “Transformers O Filme” – e, para ele, desenhos japoneses eram “desenhos desanimados”. ^_^ Mesmo assim, meu pai era muito desencanado com essas coisas. Era uma pessoa muito divertida, amorosa… e chata, às vezes, como todo bom pai deve ser.

Além disso, lembro de ter apenas duas referências cinematográficas dele. Uma delas, contada com espanto pela minha mãe, é aquela em que ele chegou a dormir no cinema na exibição do filme A Casa da Rússia, com Sean Connery e Michelle Pfeifer, coisa que minha mãe garatiu que nunca acontecera antes. A outra era o filme preferido dele, Os Dez Mandamentos. Sim, aquele clássico de 1956 dirigido por Cecil B. DeMille, com Charlton Heston como Moisés e Yul Breener como Ramsés, que possui a clássica cena das águas do Mar Vermelho abrindo para que os hebreus pudessem passar e se livrar da escravidão dos egípcios. E isso é tudo o que eu sei sobre os gostos cinematográficos do meu pai. E, até hoje, nunca tive chance de ver essa produção (mais uma prá minha lista, Zarko! ^_^).

E, assim como o Machine, também tive que encarar o falecimento dele. Um ritual não esperado, onde ninguém da família entendeu exatamente o que aconteceu. Na noite de sexta-feira, ele estava bem, e até conversamos sobre a troca do computador lá de casa. No começo da tarde de sábado, ele já não estava mais entre nós. Isso foi em 1997, há mais de sete anos.

Um pouco mais de um ano depois, “O Príncipe do Egito” estreava na saudosa sala do Indaiá Arte, aqui em Santos. E, ao ver a nova versão que os animadores deram para a famosa sequência do Mar Vermelho, não pude deixar de chorar e lembrar dessa pessoa tão maravilhosa, desse vínculo que o cinema apenas deixava mais forte naquele momento. Algo para se recordar, cada um a sua época. Um dia, com certeza, irei assistir ao clássico. E ele ficará ali, junto com o animado da Dreamworks, representando muito mais do que grandes filmes que são.

O engraçado é que “O Príncipe do Egito”, para mim, é apenas bom. Acho a história bem roteirizada, a animação muito bem feita, mas é isso. Tenho um pé atrás com o design dos personagens – li, em um fórum, que eles pareciam “insetos”, e concordo, com traços muito angulares que deixou o resultado final um pouco a desejar. Acredito que a grande força da película está na música: gosto muito do trabalho de Hans Zimmer na composição da trilha sonora incidental, e de Stephen Schwartz e Diane Warren na composição das belíssimas músicas do animado, com destaque para When You Believe (a versão do filme, não a versão gritada da Mariah Carey e da Whitney Huston), Deliver Us e All I Ever Wanted). Talvez pelo fato de minha família não seguir os preceitos judaicos (ou católicos), a história não me cativou mais profundamente. Mas como negar essa maravilha que é a história do Velho Testamento, de toda a Bíblia em si? Como muitos dizem, a Bíblia é a maior história de fantasia já criada pela mão do homem. E digo isso com todo o respeito àqueles que seguem a vida segundo seus princípios, quero deixar bem claro.

Como eu disse, essa obra me marca por uma questão muito pessoal, um vínculo mais antigo que, a princípio não condiz em nada com a mensagem do filme. Mas a sua história, que marcou uma pessoa muito querida, acabou se tornando uma referência, um momento único para mim.

Pai, beijo! ^_^


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