Pois é, depois de todas as maluquices e reformulações feitas pelo excelente Grant Morrison, e os melodramas de Chuck Austen, os X-Men ganharão um novo “reinício”, uma nova fase que enfim chega ao Brasil – apesar de não ter muito que comemorar, pois nomes como Chris Claremont e o próprio Austen ainda continuam no cast. Mas há muita esperança em relação ao novo título Astonishing X-Men, de Joss Whedon – sim, o criador de Buffy. O título virou a nova menina dos olhos da editora, e as vendas e as críticas não podem negar tal posto. Afinal, por mais receosos que estejamos nós, fãs inveterados dos mutantes, vamos mais uma vez tentar continuar a acompanhar a franquia e ver no que isto tudo pode dar. Para aqueles que estão afastados, curiosos ou a fim de tentar dar uma olhada nesta nova fase, eu trago a vocês um resumo dos últimos acontecimentos e o que nos aguarda nos próximos números das revistas X.

:: MUNDO RECRIADO POR MAGNETO

Nos últimos números da aclamada New X-Men escrita por Grant Morrison, os heróis mutantes são pegos de surpresa. Tudo por conta da descoberta de que o mutante curandeiro Xorn – resgatado de uma prisão na China – seria na verdade o arquiinimigo Magneto disfarçado, infiltrado no lar mutante e desmantelando aos poucos a equipe. Quando enfim mostra sua verdadeira face, os X-Men estão espalhados pelo globo, o que deixa Nova York totalmente à mercê do megalomaníaco vilão. Wolverine e Jean Grey estão presos no Asteróide M, indo em direção ao Sol. Para abrandar o sofrimento de sua eterna paixão, Logan tenta assassiná-la com suas garras. O ato acabou libertando a força Fênix e os dois conseguiram se safar da armadilha e juntar aos esforços contra a dominação de Magneto.

Depois de uma luta sangrenta, Magneto é derrotado, mas num último ato acaba causando um derrame fatal em Jean Grey. Wolverine degola o vilão. Jean Grey desfalece, mas em seus últimos pensamentos, mexe na mente de Ciclope para que este se aproxime amorosamente de Emma Frost. É o fim do Instituto Xavier. O professor e Wolverine levarão o corpo do vilão para ser enterrado em Genosha. O feroz mutante esculacha o falecido vilão. Polaris e Xavier discutem sobre os atos de Magneto. Polaris, enlouquecida, ameaça a vida do professor. Todos vão embora da cidade, mas Xavier decide se isolar lá. Emma decide reabrir a escola ao lado de Ciclope. Tempestade e os companheiros que saíram em busca dos diários de Sina voltam a ingressar na equipe dos X-Men.

:: UNCANNY X-MEN

Com o cancelamento de X-Treme X-Men, o autor Chris Claremont assume Uncanny X-Men. Seria um motivo para se comemorar se fosse algo feito há muitos anos atrás. Mas devo confessar que os atuais argumentos de Claremont são um verdadeiro porre. A grande nova da revista é a presença do desenhista Alan Davis, que também retorna a um título mutante. Nas primeiras edições, revemos os membros de X-Treme X-Men: Gambit, Vampira, Tempestade, Sábia, Míssil, Bishop, Kitty Pryde e Rachel Summers, se juntando aos remanescentes da antiga fase: Wolverine, Fera, Noturno, Ciclope e Emma Frost. Já de cara há certa rivalidade entre Rachel e Emma, obviamente por causa do romance dela com Ciclope. Sábia substitui Xavier na procura por mutantes. Também é valido saber que agora a Mansão X é uma agência federal criada por Tempestade (?).

Eles começam a agir em casos que envolvam mutantes, ajudando a polícia, a SHIELD e outras forças ligadas ao governo. Mas um incidente com Wolverine e um jovem mutante acaba jogando a mídia contra esta recém-criada agência, o que faz o governo investigar mais de perto esta sua nova facção. Enquanto alguns mutantes vão à Inglaterra para visitar Brian Bradock e falar do caso Psylocke – que tudo leva a crer que não está morta – eles são surpreendidos por um novo vilão. E assim começa a nova fase de Claremont, que tenta injetar algo como a situação federal do “Ultimate X-Men”. Mas sem querer ser repetitivo, não consigo ver com bons olhos os trabalhos que Claremont anda fazendo. O jeito é aguardar.

:: X-MEN

A revista “New X-Men” de Morrison perde o “New” em seu nome e ganha o tom novela mexicana do autor Chuck Austen – mas é válido pela arte sempre excelente de Salvador Larroca. O grupo é o mesmo das páginas de Uncanny X-Men quando Austen estava no controle. A revista começa com as brigas amorosas de Destrutor com a enfermeira Annie. Josh Gunthrie se matricula na escola. Por ciúmes, Destrutor e Homem de Gelo – que não consegue mais voltar à sua forma humana – medem forças num confronto. Polaris desmaia falando sobre um distúrbio magnético e os X-Men partem para China – que seria o ponto alto de tal distúrbio. Chegando lá, eles encontram alguém que deveria estar morto. Aliás, alguém que nem deveria existir…

Quando tentam levar tal mutante para Instituto Xavier, são surpreendidos por guardas imortais que querem o suposto ser para eles. Durante a luta, um dos X-Men acaba ficando cego. O mutante encontrado está com seu poder fora de controle, e ameaça toda a vida na Terra. Assim, começa mais uma extensa saga arrastada bem ao gosto de Austen. A boa notícia, eu acho, é que ele ficará apenas em oito edições da revista, sendo depois sumariamente substituído pelo talentoso Peter Miligan, que promete dar um jeito nesta revista. Vamos lá, fãs dos mutantes! Muita fé e perseverança para que este período negro do título passe sem maiores traumas!

:: ASTONISHING X-MEN

Enfim, a primeira revista elogiada desta nova fase Reloaded. Num sentido inovador, Joe Quesada convoca Joss Whedon para escrever doze edições desta nova revista. E com apoio da arte maravilhosa de John Cassaday, que já mostrou a que veio na série Planetary. O negocio deu tão certo que a revista já virou um sucesso de vendas. Joss está sendo muito elogiado pelos desenvolvimentos dos personagens, sem ganhar aquele lado melodramático de Austen. Kitty Pryde, que passou muito tempo como mascote, enfim virou uma personagem forte e essencial para o grupo. Ela agora faz parte do corpo docente do Instituto e instrui os alunos na parte de informática. Enquanto Emma, Ciclope, Wolverine, Fera e Kitty discutem sobre suas ações e suas novas posições como grupo, uma cientista anuncia que os mutantes são humanos doentes e ela encontrou a cura.

Os X-Men agem para impedir um ataque a inocentes, e acabam descobrindo uma nova pedra no sapato chamado ORD. Kitty Pryde e Emma discutem, pois Kitty acha que Emma está dominando a mente de Ciclope, já que no passado a ex-vilã tentou seqüestrar Kitty. Fera decide procurar a cientista que tem a tal cura, já que os dois são velhos conhecidos. Mas o que será que ele pretende? Destruir a cura? Ou usá-la em seu próprio corpo? Pelo que deu para perceber, Whedon bebe na atmosfera deixada por Morrison: eles são uma equipe que age junta, mas não é necessário cada um gostar do outro. Bem, desta nova fase, esta é a única revista na qual aposto minhas fichas. Será que vou me arrepender?

:: CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como podemos ver, não há grandes novidades: a revista “Uncanny X-Men” substituí “X-Treme X-Men”, “X-Men” substituí a fase Austen de “Uncanny X-Men” e “Astonishing X-Men” substitui a fase Morrison de “New X-Men”, e assim por diante. As mudanças ficam pelo retorno dos uniformes coloridos, das batalhas amorosas, falsas novidades e de mutantes que necessariamente deveriam estar onde nunca deveriam ter saído: a morte. Sim, estou sendo chato e ranzinza, pois eu acho que a Marvel deveria investir melhor em autores. Uniformes coloridos até dá para engolir, mas papinhos de “eu amo mais você do que você me ama” é totalmente absurdo. Mas como falei, ainda tenho esperanças em Astonishing e na vinda de Peter Miligan. Repetindo: só nos basta esperar.