A ARCA - A arte em ser do contra!
 
Menu du jour! Tutu Figurinhas: o nerd mais bonito e inteligente dessas paragens destila seu veneno! GIBI: Histórias em Quadrinhos, Graphics Novels... é, aquelas revistinhas da Mônica, isso mesmo! PIPOCA: Cinema na veia! De Hollywood a Festival de Berlim, com uma parada em Nova Jérsei! RPG: os jogos de interpretação que, na boa, não matam ninguém! ACETATO: Desenhos animados, computação gráfica... É Disney, Miyazaki e muito mais! SOFÁ: É da telinha que eu estou falando! Séries de TV, documentários... e Roberto Marinho não está morto, viu? CARTUCHO: Videogames e jogos de computador e fliperamas e mini-games e... TRECOS: Brinquedos colecionáveis e toda tranqueira relacionada! Tem até chiclete aqui! RADIOLA: música para estapear os tímpanos! Mais informações sobre aqueles que fazem A Arca Dê aquela força para nós d´A Arca ajudando a divulgar o site!
Artigo adicionado em 21/08/2005, às 10:03

TIM BURTON
O talentoso diretor dos figurinos com listras preto-e-brancas O que é que o Tim Burton tem? Vamos ver… ele faz parcerias com pessoas como Danny Elfman e Johnny Depp, tem personagens bizarros cheios de roupas listradas, tem enredos diferentes, tem um toque inconfundível na atmosfera de seus filmes, e não tem medo de criar histórias […]

Por
Francine "Sra. Ni" Guilen


O que é que o Tim Burton tem? Vamos ver… ele faz parcerias com pessoas como Danny Elfman e Johnny Depp, tem personagens bizarros cheios de roupas listradas, tem enredos diferentes, tem um toque inconfundível na atmosfera de seus filmes, e não tem medo de criar histórias bastante bizarras, mas bonitas de qualquer forma. Assim, ele tem umas pencas de fãs, e agrada muita gente. O que é que o Tim Burton tem? Será a criatividade? Será o bom gosto na escolha da direção de arte de seus filmes? Sim, é isso que ele tem, e se existe algo que ele não tem é o medo de ser feliz na hora de criar seus filmes do jeito que ele bem entende, sem querer ser partidário do lado cinemão pipoca e efeitos especiais, e nem por isso criando obras “alternativas e conceituais” que atraem só aqueles intelectualóides que aplaudem qualquer coisa que não vem de Hollywood.

Timothy William Burton é o nome completo dessa figura, cuja saudável tendência em misturar humor negro e fantasia resulta em coisas supimposas como essa que a gente pode ver nos cinemas e atende pelo nome de “A Noiva Cadáver”. Há uns bons 17 anos a carreira do diretor deslanchou, seu estilo se impôs a cada novo filme, e só nesse ano duas coisinhas lindas e perfeitas assinadas por ele estrearam. Além dessa nova animação, A Fantástica Fábrica de Chocolate também esteve aí pra mostrar que refilmagens e adaptações podem sim ser bem feitas.

E se acha que estou puxando sardinha demais pro lado dele, você está redondamente correto. Ok, existe uma coisa ou outra em sua carreira que não caíram nas minhas graças, mas de modo geral seu Burton é um dos poucos diretores cujo currículo não tem páginas que deviam ser queimadas. Se mesmo os críticos mais xaropes gostam de suas invencionices, é sinal de que tem alguma coisa muito errada – ou muito certa! – com o rapaz. Gostar de coisas toscas e de stop motion ajudou esse diretor tímido e não muito afeito a interações sociais a encontrar seu diferencial no meio de vários “diretores máquinas copiadoras”. E, claro, outras ajudas, como a da música do ruivo bacana Danny Elfman certamente foram bem vindas. Tá legal, agora vamos cortar a xaropada e ir direto ao assunto. Vamos esmiuçar a vida do Tim Burton.

:: O JOVEM TIMMY

Tim nasceu em 25 de agosto de 1958, e quando ainda era um fedelhinho, passava suas tardes pintando, desenhando, lendo Edgar Alan Poe e assistindo a filmes B e produções de terror. Quando foi crescendo, seu interesse por animação também cresceu. Foi assim que com 18 aninhos, ele ingressou no curso de Artes na Califórnia, e logo no segundo ano já estava envolvido com animação na Disney. Lá ficou durante um pouco de tempo, mas, cansado de ficar desenhando raposas e mais raposas incontáveis vezes só fazendo alterações mínimas de frame a frame (ele fez parte da equipe de O Cão e a Raposa), decidiu sair e dedicar-se a projetos solo. Seus primeiros trabalhos foram dois curtas: Vincent e Frankenweenie. Esse último conta a saga de um menino que quer ressuscitar seu cachorro, criando uma espécie de Frankenstein canino. Enquanto suas animações ousadas não conseguiam conquistar o grande público porque os tios dos estúdios as consideravam “impróprias para crianças”, o diretor dedicou-se a animaçõezinhas para a TV cujos enredos eram baseados em contos de fadas. Mas a sorte bateu em sua porta quando Paul Reubens, um sujeito ligado à Warner, assistiu a “Frankenweenie” e foi com a cara de Burton. Assim, ele o contratou para dirigir As Grandes Aventuras de Pee-Wee. A safra estava boa, e no mesmo ano de 1985, Burton dirigiu mais uma coisa na televisão: um episódio do programa Alfred Hitchcock Presents.

Mas o sucesso veio mesmo pendurado em seu primeiro longa metragem: o maluco, cheio de humor negro e totalmente “Tim Burtônico” Beetlejuice.

:: BEETLEJUICE – Os Fantasmas se Divertem (1988)
Beetlejuice conta a história de um casal – Adam (Alec Baldwin) e Barbara (Geena Davis) que vive bem até o dia em que… morrem. Ambos sofrem um acidente de carro e acabam virando uma dupla de fantasmas. Mesmo assim, continuam morando em sua casa, que é colocada à venda. O problema acontece quando chegam os novos compradores da residência: Charles (Jeffrey Jones), Delia (Catherine O`Hara) e a filha gótica, Lydia (Winona Ryder). Os falecidos se sentem um tanto quanto incomodados com a presença de uma nova família viva em seu lar, mas ainda não têm prática no quesito “assombração de casas”. Para resolver esse problema, decidem convocar um especialista no assunto – um bio-exorcista, que é o tal do Besouro Suco do título (Michael Keaton). A trilha sonora já é do Danny Elfman, que acompanharia o diretor em praticamente todas suas próximas produções. “Os Fantasmas se Divertem” concorreu ao Oscar de melhor efeito especial e faturou a estatueta de melhor maquiagem. É legal ver como Burton já definiu um estilo visual bem tipicamente seu, meio macabro e meio cartunesco, logo na primeira cria bem sucedida. “Beetlejuice” também deu origem a uma série animada, que passava na tevê aberta na década de 90.
Cena memorável: a dança em volta da fogueira, com os personagens cantando Day-O.

O ano seguinte foi a vez de Batman. Motivado por seu gosto por coisas mais sombrias, Burton se dedicou ao projeto do super-herói, tentando resgatar sua moral depois de algumas piadas como aquele seriado dos anos 60.

:: BATMAN – O Filme (1989)
Apesar dessa nobre intenção, o filme de Burton carregou no visual gótico de Gotham City, e não agradou a 100% dos nerds fãs do Homem Morcego, que não gostaram nem um pouco da idéia de ver algumas “licenças poéticas” em cima da história, e detestaram ver o herói lidando com armas de fogo. O ator que vive Batman é um chatinho Michael Keaton, o mesmo que foi brilhante como Beetlejuice. Mesmo assim, Batman O Filme foi um baita sucesso de bilheteria, e, se a carreira de Burton já estava alçando vôo desde o ano anterior, dessa vez ela pisou fundo e ainda fez algumas acrobacias. No enredo, o personagem convive com o fantasma de seu passado, e deve lutar contra o Coringa (Jack Nicholson, roubando a cena), enquanto se vira para proteger e lidar com a jornalista Vick Vale (Kim Basinger). Oh, sim, Danny Elfman também está aqui, e assina a trilha sonora ao lado de ninguém menos que Prince, O Esquisitão. Uma opção um tanto quanto inusitada, eu diria. Tim Burton viu seu filme ser detentor de um Oscar novamente, dessa vez por melhor Direção de Arte.
Cena memorável: Coringa jogando dinheiro em Gotham City ao som de Prince.

Pois bem, quando viu que o público o aplaudia e não tinha que provar mais nada pra ninguém, Tim Burton se dedicou a um projeto mais pessoal – dirigido, escrito e produzido por ele. Justamente nessa época, o moço encontrou aquele que seria seu parceiro de trabalho por um bom tempo. Surgiu a dupla dinâmica: Burton e Johnny Depp.

:: EDWARD MÃOS DE TESOURA (1990)
Edward (Johnny Depp) faz parte do tipo de personagem bem recorrente nos filmes de Burton – o sujeito que não se encaixa na sociedade e não é compreendido pelas pessoas ao seu redor, que tenta mostrar seu lado bom para todos, mas nem sempre consegue se fazer entender. Outra característica que é encontrada nos personagens do diretor é a ambigüidade, que mostra que toda coisa boa também tem seu lado ruim, e vice-versa. Edward é a criação do Inventor (último papel de Vincent Price, renomado ator de filmes de terror e ídolo de Burton), que faleceu antes de conseguir confeccionar mãos de verdade para o menino, assim o deixando sozinho em uma mansão, com tesouras no lugar das mãos. Um belo dia, a revendedora de cosméticos Peg (Dianne Weist) encontra o pobre rapaz e o leva para a cidade. Claro que seus pacatos moradores começam uma verdadeira guerra contra esse novo ser estranho que invadiu seu lar perfeito, e o sujeito das tesouras só conta com o apoio de Peg e Kim (Winona Ryder). Como não podia deixar de ser, ainda mais em se tratando de uma obra bem autoral de Tim Burton, o clima da produção é todo estilo gótico. O filme, considerado uma de suas obras primas, marca o início da parceria Johnny Depp e Tim Burton, e, assim como o resto de suas obras, tem um certo teor de autobiografia. O diretor, quando era mais novo, se sentia da mesma forma que o solitário protagonista, e desenvolveu a idéia do personagem desde essa época. “Filmes funcionam como uma forma cara de terapia para mim”, declarou Tim Burton em uma entrevista feita por Gavin Smith. Edward Mãos de Tesoura é um conto de fadas que mostrou que além de tudo Tim Burton tem coração sim.
Cena memorável: o final, que não vou contar por razões óbvias. ^_^

O ano de 1992 foi dedicado à continuação da franquia Batman e ao início de namoro com a atriz Lisa Marie, que ficaria com Tim até 2001 e participaria de quatro filmes da carreira do namorido, além de ser a musa inspiradora para a personagem Sally, do vindouro O Estranho Mundo de Jack.

:: BATMAN – O Retorno (1992)
Já que o primeiro filme fez sucesso, Tim Burton pôde se libertar ainda mais aí e produzir um Batman ainda mais escuro, ainda mais sombrio e ainda mais parecido com os quadrinhos. Nessa seqüência não existe o Coringa de Jack Nicholson, mas contamos com a presença do Pingüim (Danny DeVitto), com aquela maquiagem que é marca registrada do diretor, e com alterações realmente bizarras em seu passado. Sim, pois, apesar de ter maneirado um pouco dessa vez, o roteiro ainda não é totalmente fiel aos quadrinhos. Mas nada de reclamações, afinal, talvez devido à comparação com o que viria depois (alguém aí mencionou Joel Schumacher?), Batman O Retorno é considerado um ponto mais alto na carreira do seo Bátima, apesar de ter sido praticamente esquecido depois de Batman Begins. Nesse filme, ele deve lidar com a parceria do malvado Pingüim, que quer matar todos os garotinhos de Gotham, com o corrupto Max Schreck (Christopher Walken), que quer se tornar o prefeito da cidade. Batman enfrenta uma certa crise em sua carreira como herói, mas mesmo assim deve combater esses seres e tentar não ser enganado pela Mulher Gato (Halle Berry – Ops, quero dizer, Michele Pfeiffer).
Cena memorável: a “morte” e o “renascimento” da Mulher Gato. Gatos, muitos gatos, gatos são sinistros.

Então, depois de alguns anos distante de sua querida arte de animação, Tim Burton voltou a se associar com a Disney para, dessa vez, produzir uma animação em stop motion, bastante fora dos padrões da empresa do Mickey.


Essa animação não foi dirigida pelo Tim Burton, e sim por Henry Selick, mas conta como um projeto importante em sua carreira, principalmente porque foi escrito por ele. A idéia do roteiro vinha sendo desenvolvida há já um tempo, baseada em um poema escrito pelo próprio diretor. Aqui é narrada a história de Jack, um esqueleto habitante da cidade de Halloween, mas que, apesar de ser adorado por lá, sente falta de alguma coisa. A velha história do personagem que não “se encaixa” está aqui também, e faz com que Jack vá até a cidade do Natal em busca dessa coisa a mais que falta para ele. A coisa mais perfeita de todo esse filme nem são os personagens muito bem caracterizados, mas sim a trilha sonora, com números musicais matadores compostos e interpretados por Danny Elfman. Tim Burton voltaria a produzir uma animação em stop motion para a Disney, aquele chatinho James e o Pêssego Gigante.
Cena memorável: a visão de um esqueleto vestido de Papai Noel. E as músicas, todas as músicas.

Após satisfazer seu desejo de retornar um pouco às origens trabalhando com animação, foi a vez de Tim Burton render uma homenagem a um de seus ídalos, o Ed Wood, aquele tio que é considerado o pior diretor de todos os tempos. Aliás, aqui vai uma curiosidade: aquele movimento com as mãos que os Oompa Loompas da “Fantástica Fábrica” de Burton executam (sabe, aquele X com as mãos?) é, curiosamente, idêntico ao feito pelos extraterrestres de Plano 9 do Espaço Sideral, um dos filmes mais bizarros de Ed Wood.

:: ED WOOD (1994)
A admiração que Tim Burton tem em relação a Ed Wood reside mais no seu otimismo obstinado do que na qualidade de seus filmes. E isso é que é mostrado na biografia dirigida por ele, que, aliás, também é um elogio ao ator que trabalhava com Wood, Bella Lugosi (Martin Landau). Alguns trechos da vida do “pior diretor do mundo” foram um pouco romanceados por Burton, mas a essência está lá, narrando sua carreira cheia de produções consideradas péssimas e suas relações com seus companheiros de trabalho. É uma história dramática, mas inevitavelmente tem partes cômicas. Um aspecto que chama a atenção em Ed Wood é que o filme é todo em preto e branco. Quem interpreta o diretor é Johnny Depp, em sua segunda parceria bem sucedida com Tim Burton, onde o ator não poupou esforços para ser fiel à personalidade de seu personagem, tanto que a própria viúva de Ed, ao vê-lo caracterizado, declarou que ele estava idêntico ao seu falecido esposo. Apesar de ter sido sucesso de crítica e ter recebido dois Oscars (melhor ator coadjuvante e maquiagem), o público não deu muita bola para o filme.
Cena memorável: o encontro entre Ed Wood e Orson Welles, dois diretores que tinham a mesma paixão por cinema, mas não o mesmo talento pra fazê-lo.

E continua a fascinação de Tim Burton em relação a filmes B. Depois de “Ed Wood”, Burton ainda estava no clima trash, e decidiu prestar uma homenagem aos filmes B de ficção científica dos anos 50, que ele assistia quando era mais novo e os encantam até hoje.

:: MARTE ATACA! (1996)
A inspiração veio de um card game da década de 60, que tratava da invasão de marcianos na Terra, e que, devido às imagens serem “pesadas demais” pra época, foram tiradas do mercado no mês seguinte ao lançamento. Resultado: o jogo virou uma relíquia cara entre colecionadores… e um filme bacaníssimo de Tim Burton. Assim como “Ed Wood”, Marte Ataca! não foi assim um sucesso de público – e até mesmo os críticos ignoraram quase que completamente sua existência, mas é tão maior legal. Uma das explicações mais sensatas para o fracasso de crítica e bilheteria desse filme é que ele critica sem medo algum toda a paranóia estadunidense e sua neurose com as palavras “democracia” e “liberdade” usadas com significados um tanto duvidosos. Tim Burton conseguiu reunir nomes como Jack Nicholson, Michael J.Fox, Glenn Close, Sarah Jessica Parker, Natalie Portman, Annette Benning, Danny DeVitto, Martin Short e Pierce Brosnan. Com essa quantidade de estrelas, humor ácido e o hilário clima de produção de baixo orçamento, existe alguma outra explicação para o fracasso senão os norte-americanos não terem entendido a mensagem? (ou terem entendido bem demais, quem sabe ^_^). O filme tem cerca de 20 personagens principais, entre eles o presidente dos Estados Unidos, uma família obcecada pelo filho soldado e um grupo de pessoas de Las Vegas, e mostra o que acontece com cada um quando marcianos nada amigáveis decidem invadir a Terra.
Cena memorável: o discurso emocionado do presidente dos Estados Unidos e suas conseqüências.

Em seguida, Burton começou a trabalhar em uma nova versão de Superman, que teria roteiro de Kevin Smith (até o momento em que o diretor rejeitou os escritos do nerd-mór) e Nicolas Cage como o herói, mas que foi cancelado pelos estúdios antes de sair dos papéis. Para os fãs, isso até foi uma boa notícia, já que corria o boato de que o diretor pretendia transformar o azulão em alguém… bem, excluído e incompreendido pela sociedade, e com uniformes menos “coloridos”, por assim dizer. Felizmente, toda essa vontade de sair do colorido de “Marte Ataca!” e voltar às sombras foi transferida para seu próximo projeto, baseado numa famosa lenda norte-americana contada em um livro.

:: A LENDA DO CAVALEIRO SEM CABEÇA (1999)
Taí um filme do Burton que eu nunca consegui captar. Sério. Enfim, essa é a adaptação do livro de mesmo nome escrito por Washington Irving, e que já tinha sido transposto para o celulóide pela Disney em 1949, como The Legend of Sleepy Hollow (lançado junto com The Adventures of Ichabod and Mr. Toad). Pela primeira vez, o diretor decidiu fazer um filme sinistro, sem a parte do humor negro que sempre esteve impregnada em seus filmes sinistros. O enredo narra uma série de assassinatos misteriosos que andam acontecendo em Sleepy Hollow, e que de alguma forma são relacionados a uma lenda da cidade, sobre um tal cavaleiro sem cabeça. Para resolver o mistério, é contratado o cético detetive Ichabod Crane (de novo, Johnny Depp). Só para não perder o costume, o filme foi indicado ao Oscar por melhor direção de arte, figurino e fotografia, ganhando na primeira das indicações.
Cena memorável: a ááárvore das cabeças!

O próximo projeto foi bastante ousado, já que mexeu com um clássico na memória de muita gente – O Planeta dos Macacos. No mesmo ano de 2001, Tim Burton se separou de Lisa Marie e se casou com a também atriz Helena Bonham Carter (a mãe de Charlie no novo “Fantástica Fábrica”).

:: O PLANETA DOS MACACOS (2001)
Quem acha que “A Fantástica Fábrica de Chocolate” é a primeira experiência de Tim Burton diante da refilmagem de um filme baseado em livro, saiba que o diretor já passou por isso antes, em Planeta dos Macacos. E, ao contrário do que aconteceu dessa vez, a refilmagem do filme de 68 dividiu bastante a crítica. Isso porque, pra variar, o diretor não deixou de colocar sua visão e deixar claro que sua versão era antes uma releitura que um “remake”, que captava a mesma coisa que o anterior, mas com algumas diferenças – personagens novos, situações novas. A história se passa em algum lugar do futuro, quando uma tripulação de astronautas vai parar em um planeta desconhecido, cuja evolução parece ter sido um pouco diferente da que conheciam: os macacos é quem dominavam outras raças, inclusive a dos humanos. Então, o personagem de Mark Whalberg vai encontrar outros humanos perdidos por lá e fazer amizade com alguns símios menos preconceituosos (como Ari, interpretada pela então esposa de Burton), enquanto dá início a uma revolução social contra a opressão dos habitantes do planeta desconhecido. Em sua “refilmagem com licenças poéticas”, Tim Burton não podia deixar de carregar no tom de crítica social e deixar o visual gótico, que é o que ele sabe fazer de melhor. Mas nada disso adiantou. O filme não foi assim tão bem vindo, e chegou a ganhar três prêmios no Framboesa de Ouro.
Cena memorável: a mulher do diretor do filme vestida de chimpanzé. É, é isso aí. =D

Mesmo sem ser aclamado em seus últimos filmes, Tim Burton não desistiu e deu a volta por cima em 2003, ano que seria marcado pelo nascimento de seu filho Billy, em Londres. Pouco antes, seus pais faleceram em um pequeno intervalo de tempo. Esse acontecimento inspirou o diretor a criar uma obra sensível e nada sombria.

:: PEIXE GRANDE e Suas Histórias Maravilhosas (2003)
Johnny Depp cedeu lugar a Ewan McGregor, nesse filme aclamado por tantos mas não tão aclamado assim por mim (ok, podem dizer, eu não tenho coração ^_^). Peixe Grande é sobre o relacionamento pai e filho: o filho William (Billy Crudup) vê o pai, Ed Bloom (Albert Finney) com a sensação de que não conhece nada sobre ele, já que seu progenitor tem uma certa tendência a inventar histórias mirabolantes sobre seu passado. William resolve sair por aí em busca da verdade, descobrindo episódios que aparecem no filme como flashbacks, em que o jovem Ed Bloom é interpretado pelo jedi perfeito Ewan McGregor. Mesmo que não fique claro se tudo não passou de fantasia do velhinho ou se foi realidade, William aprende muito mais sobre a vida e sobre os sentimentos do pai com essas andanças.
Cena memorável: a declaração de amor em meio a uma plantação de flores feita especialmente para a amada.

O próprio diretor disse, em uma entrevista para a BBC, que o nascimento de seu filho tem algo a ver com o aumento das cores em seus últimos filmes. “Sim, ando assistindo aos Teletubbies e The Wiggles [um programa infantil da Austrália]. Eu adquiri uma visão de mundo muito mais alegre. Sou uma pessoa feliz!” – se ele falou sério ou isso foi uma ironia, vai da consciência do leitor. E surgiu aí dessa nova safra de filmes coloridos mais uma obra prima.

:: A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATE (2005)
Essa mágica refilmagem traz novamente Johnny Depp, Helena Bonham Carter e Danny Elfman trabalhando junto ao Tim Burton. Daí saiu uma produção meio infantil e meio adulta, uma refilmagem do clássico filme de 1971. Aqui, o tio dos cabelos bagunçados transformou a história bizarra em algo bizarro sim, engraçadíssimo e tocante ao mesmo tempo. É algo como uma mistura de tudo o que Burton tentou até agora. E é sensacional. A história é sobre Charlie Bucket (Freddie Highmore), o pobre menino que vê sua sorte mudar quando ganha um bilhete dourado para visitar a fantástica fábrica de doces do excêntrico Willy Wonka (Johnny Depp), e divide a experiência com outras crianças nem um pouco bem criadas. A mania de adicionar uma visão toda pessoal à história original também aparece aqui, na confecção do personagem de Willy Wonka, mas, de forma geral, é bem fiel ao livro.
Cena memorável: todas as danças dos Oompa Loompas, a perfeição.

O próximo filme de Tim Burton é a animação A Noiva Cadáver, que tem uma forte semelhança com o lindo “O Estranho Mundo de Jack” e que você pode conferir no cinema pra saber se segue a mesma tradição de tudo o que é assinado por ele. E anote aí para procurar no desenho algumas das coisas e imagens recorrentes em seus filmes:

:: MARCAS REGISTRADAS DO DIRETOR

– espantalhos
– roupas com listras
– minutos iniciais do filme com a câmera passeando em algum cenário antes de ir direto ao ponto
– cachorros estranhos
– gente já acostumada a trabalhar com ele, como: Johnny Depp, Danny Elfman, Helena Bonham Carter, Christopher Walken, Michael Keaton, Winona Ryder…
– personagens não compreendidos

Agora, o que eu queria mesmo era ver uma versão de Alice Através do Espelho filmada pelo Tim Burton. Fico babando só em imaginar isso.


Quem Somos | Ajude a Divulgar A ARCA!
A ARCA © 2001 - 2007 | 2014 - 2024