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Artigo adicionado em 24/08/2005, às 12:02

Meu Filme É… SINAIS
Muito mais do que um filme de aliens… Leia mais artigos da série “MEU FILME É…” :: Fanboy fala sobre O Príncipe do Egito :: Zarko fala sobre Despedida em Las Vegas :: Emílio Elfo fala sobre O Último Samurai :: Srta. Ni fala sobre O Fabuloso Destino de Amélie Poulain :: R.Pichuebas fala sobre […]

Por
Rodrigo "Machine Boy" Parreira


Leia mais artigos da série “MEU FILME É…”
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Sim, eu posso explicar! Sei que existem muitas fitas melhores por aí, concordo. Mas este filme me marcou pelo momento que eu estava passando. Às vezes uma música, um lugar ou um filme, se tornam tão importantes não por sua qualidade ou por ser um hiper sucesso de bilheteria, mas sim por fazer o espectador lembrar algo, sentir algo. E Sinais aconteceu num momento péssimo da minha vida, me fazendo olhar a situação sob outro ângulo; um ângulo muito difícil até, mas algo no qual eu poderia me apegar. E então você pensa: “Ave, é só um filme, não é uma lição de vida!”. Porém, em certos momentos, frases num filme, uma letra de música ou um lugar qualquer podem te fazer tão bem quanto qualquer palavra de consolo. É o que “Sinais” representa pra mim.

:: CINEMA SOLITÁRIO

Eu andava meio de mal com os cinemas, estava meio afastado da turminha – hoje grande parte do elenco estelar d’A ARCA – e há tempos não freqüentava estas salinhas maravilhosas. Neste momento de isolamento por escolha própria, recebi a notícia de que meu pai, de apenas 52 anos, estava com câncer terminal e não chegaria vivo até o Natal. Meu mundo ruiu. Num momento de fuga, pois as paredes da minha casa meio que diminuíram num sentido claustrofóbico, corri à primeira sala de cinema para conferir a novidade da vez e distrair um pouco a cabeça: “Sinais”. Solitário, peguei meu refrigerante light – na época, meio maníaco por emagrecer – e sentei numa poltrona qualquer ao fundo. E me desliguei do mundo para assistir à mais nova pérola de M. Night Shyamalan – a esta altura, eu já era um ardoroso fã dos trabalhos anteriores do diretor, O Sexto Sentido e Corpo Fechado.

Com todo aquele climão de Alfred Hitchcock, “Sinais” me pegou de jeito. Aí você me pergunta: “E daí, o que seria tão revelador?”. O contexto da história, de alguma maneira, parecia que tinha sido gerado direto para mim; a impressão era de que o filme tinha sido feito exclusivamente para que eu o assistisse naquele momento. O personagem de Mel Gibson, o cético padre Graham Hess, passou por provações, quedas e perdas, e no final, descobriu que tudo aquilo era preciso, por mais cruel que fosse, para restaurar sua fé e colocar seu mundo de volta nos trilhos. Tudo na vida tem um “quê” e um “porquê”. Não tenho intenções de discutir a existência de Deus ou transmitir uma mensagem religiosa qualquer. Mas para mim, tudo na vida tem uma razão, acho que tudo está traçado. Por mais frio que possa parecer, cheguei à conclusão de que aquilo pelo qual meu pai e nossa família estávamos passando, independente de sua gravidade, era algo pelo qual teríamos que passar de qualquer jeito, e ninguém poderia fazer isto por nós.

Saí daquele cinema muito pensativo – sem contar que adorei o filme. Claro que não quero dizer que uma luz se acendeu em minha cabeça e todo o sofrimento foi embora por conta da invasão alienígena e suas conseqüências narradas em “Sinais”. Mas às vezes você está com a cabeça tão cheia que aquilo não te faz pensar, mesmo que todos à sua volta estejam dispostos a te dar uma sacudida e dizer coisas bacanas que você, de saco cheio, não faz questão de ouvir. E de repente esta mesma mensagem pode chegar mais rápido e nos deixar mais reflexivos se apresentada de uma maneira que gostamos. “Sinais” marcou minha vida pois foi algo a que pude me apegar e enxergar um caminho. Tudo bem, é só um filme – feito por pessoas que, em grande parte, estão interessados somente nos dividendos da bilheteria -, mas ainda assim eu guardo um grande carinho por ele, embora tenha um certo receio de vê-lo novamente. Entretanto, naquele momento, a melhor coisa que eu poderia ter feito foi ter entrado naquele cinema.

:: LEMBRANDO QUE É UM FILME

Deixando este aspecto afetivo um pouco de lado, “Sinais” para mim é ótimo. Ou vai me dizer que você não se arrepiou ao ver a primeira aparição do ET – que aconteceu aqui em terrinhas brazucas? Pois é, apesar da pequena vontade de rir ao ver os personagens falando um português meio torto, ao mesmo tempo dei um pulo na cadeira com a presença repentina do alien. O foco no suspense é tão intenso que o alien poderia ser o mais tosco possível, mas a situação criada pelo diretor deixaria qualquer assustado. A fita ganha muito pelo aspecto visual e pelo elenco, que ainda conta com Joaquin Phoenix, Rory Culkin e a gracinha da Abigail Breslin, além de uma participação do próprio M. Night Shyamalan. O aspecto familiar é muito bom, e Mel Gibson me surpreendeu. Ele pode ser pai de família além de vestir meia calça, mostrar a bunda e atirar em meliantes como fez em alguns momentos de sua carreira.

O aspecto visual, citado por mim anteriormente, vale pelas cenas com pouca luz, ou o suspense ao cair da lanterna no porão – aquela cena provou que tenho ótimos intestinos. Outra seqüência de tirar o fôlego é quando o personagem do diretor fica curioso e não resiste à dar uma olhadinha por debaixo da porta. Shyamalan brinca muito com reflexos, luzes, coisas muito usada nos antigos filmes, mas hoje em dia, com os efeitos especiais, muitas destas tiradas simples – e às vezes bem mais assustadoras do que os CGI espalhados por aí – foram deixadas de lado. E Shyamalan acertou nos aspectos humanóides dos aliens, que não foge muito à regra das produções estreladas por ETs, mas ainda assim caiu como uma luva aqui.

:: CONCLUINDO…

“Sinais” me pegou pelo lado afetivo e pelo lado pipoca. Pois é uma produção com história, suspense, um toque de aventura e cenas de aliens para deixar qualquer valentão com medo. É claro que vi fitas melhores, mas é praticamente impossível lembrar de algum que tenha me marcado tanto quanto este. Nenhum me pegou e deu um tapa na cara ou me deu um momento de luz numa hora de desespero como ele. Desde então, o diretor ganhou meu respeito e minha admiração por suas técnicas – não tão inovadoras, pois já vimos muitas delas em filmes antigos, mas muitas delas esquecidas, o que dá por merecer o mérito a Shyamalan – e mostrar que pode se fazer um bom suspense, sem adolescentes nuas correndo de caras mostrengos com facas, ou invasões alienígenas com naves enormes explodindo a Casa Branca.

E o mais importante: um filme com um bom enredo. Sei que isto tudo pode até parecer um pouco piegas ou exagerado. Mas é algo que senti, e palavras ainda são poucas para descrever sentimentos. Se não viram “Sinais”, assistam! Se já viram, vejam de novo por uma nova ótica, e vejam como tenho razão. Abraços a todos.


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