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Artigo adicionado em 24/08/2005, às 06:17

DEIXEM O PASSADO DO ARANHA PARA TRÁS!
Meu Deus, será que esta gente não se cansa nunca? É bem verdade que boa parte da minha extensa coleção de gibis do Homem-Aranha, que mantenho desde os dez anos de idade – o que significa que o exemplar mais antigo tem lá seus 16 anos – é permeada por histórias de qualidade duvidosa. Basta […]

Por
Thiago "El Cid" Cardim


É bem verdade que boa parte da minha extensa coleção de gibis do Homem-Aranha, que mantenho desde os dez anos de idade – o que significa que o exemplar mais antigo tem lá seus 16 anos – é permeada por histórias de qualidade duvidosa. Basta lembrar, por exemplo, o arco Atos de Vingança, no qual Peter Parker acaba sendo “agraciado” (?) com os poderes do Capitão Universo, em uma coleção de cenas absolutamente vergonhosa. Ou, então, a imbecil saga Crise de Identidade, criada apenas e também somente para dar vazão a um mal-fadado grupinho de heróis adolescentes. Isso, é claro, se formos esquecer as nada-honrosas Carnificina Total e, sim, a Saga do Clone.

Ai, ai. E eu comprei tudo isso.

PS: Comprei, inclusive, a edição premium nº 08, ainda da Abril, que trazia a história “Lendas e Mitos” – e que é tão ruim, mas tão ruim, que eu joguei a revista no chão. E pisei em cima. Juro.

No final das contas, portanto, acredito que o momento pelo qual o personagem passa tem sido absolutamente favorável. Basta ver, por exemplo, o trabalho memorável do careca Brian Michael Bendis à frente do título “Ultimate”, com uma humanização emocionante do próprio Peter e de todos os seus coadjuvantes, diálogos consistentes e divertidos e, é claro, sequências de ação que misturam adrenalina e inteligência.

Mesmo assim, apesar da qualidade ter subido consideravelmente dos anos 90 pra cá, ainda tenho uma importante ressalva a fazer com relação aos títulos regulares do Cabeça-de-Teia: por quê, em nome de Deus, todo roteirista que passa pelo personagem resolve que vai mudar alguma coisa no passado dele – ou, pior: no diacho da história da morte da Gwen Stacy?

É fato: apesar do nome complicado, eu até que vou com a lata do J. Michael Straczynski fazendo quadrinhos. Rising Stars é bem bacana e Poder Supremo é o principal motivo pelo qual eu continuo comprando Marvel Max depois do encerramento de Alias. Gosto bastante do que ele fez na vida pessoal do Peter: Tia May lutando para limpar o nome do Aranha agora que sabe que seu sobrinho está sob a máscara do herói; o relacionamento entre Peter e Mary Jane entrando devagarinho nos eixos, ainda com pontas soltas a resolver; e, principalmente, a nova profissão do cara: professor. Diabos, ele é fanático por ciências! Até o Reed Richards já elogiou a inteligência do sujeito. Se ele não pode ser cientista, então… inferno, que ele vá dar aulas numa escola pública, unindo uma de suas paixões com o instinto de responsabilidade que o persegue eternamente. Tudo muito legal

Mas aí o cara veio com aquela história toda de Ezequiel. E aí fodeu tudo. Poderes totêmicos, presa e predador, todo aquele barato místico para tentar justificar o fato de que Peter TINHA que ser picado por aquela aranha e que ele seria, na verdade, o mais recente de uma linhagem de guerreiros-aracnídeos, que todos os seus inimigos tinham relação com o mundo animal…

Putz, não. Pára, pára tudo. Socorro.

Lá vamos nós tentar redefinir o passado do Aranha mais uma vez? Já não bastava aquela obscena Gênese, perpetrada pelo agora odioso John Byrne? E o que é pior: incluindo uma série de elementos sobrenaturais que combinam tanto com o conceito original do herói quanto as incursões alienígenas que deram origem ao Venom e os combates cósmicos ao lado do Quarteto Fantástico?

Deus do céu.

Para piorar, quando Straczynski deixou o Ezequiel para trás (justamente na história que marcava a saída do desenhista John Romita Jr.), aí vem a outra bomba: mais uma cutucada no episódio da ponte George Washington. Ah, não. Gwen Stacy teve dois filhos na França, sem Peter saber? Gêmeos? E fruto de uma relação com… NORMAN OSBORN? Justo com ele?

Esse tipo de coisa me cansa, sabe? Achei que já tínhamos passado da fase: “Olha só! Na verdade, o passado do seu personagem favorito não era nada daquilo que você tinha pensado!”. Pelamordedeus.

Para ser sincero, acho que a história clássica da morte da Gwen deveria ter permanecido intacta. Norman Osborn tinha que continuar morto. Gwen também. Sem paixões platônicas do Chacal. Sem clones. Sem nada disso. Sem Bob Harras.

Me cansa ver que a reciclagem ainda é o artifício favorito de alguns autores, mesmo quando Bendis, Grant Morrison (em “New X-Men”), Garth Ennis (em “Justiceiro”) e Mark Millar (em “Os Supremos”) nos provam que o mundo dos vigilantes fantasiados mudou depois de 11 de setembro. Que existem histórias novas e surpreendentes a serem contadas. E que nós merecemos tramas que não subestimem a nossa inteligência. Porque dizer que a Gwen transou com o Norman porque viu nele um homem forte e maduro é, no mínimo, me chamar de OTÁRIO.

Quer ver uma BOA história do Aranha? Acompanhe, então, o título Marvel Knights do amigão da vizinhança, que vem sendo publicado no Brasil com os argumentos do Millar. Sejamos sinceros: ali, ele redefine a relação de Peter com o Norman. E dá até uma nova e interessantíssima abordagem ao destestável Venom – que, até então, só tinha sido bem-aproveitado pelo Bendis na cronologia ultimate. Em “MK Spider-Man”, é tudo novo. Tem humor, tem suspense, tem ação. E dá para sacar que tem muito TESÃO por parte do escritor, empolgadíssimo com a oportunidade de escrever um dos seus personagens de infância favoritos.

Ainda bem que o Sam Raimi entendeu isso. E que venha o Peter David.


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