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Artigo adicionado em 25/08/2005, às 06:19

Crítica: A CHAVE MESTRA
Hudu é pra jacu Hoje tia Ni vai ensinar como preparar um filme de terror. Separe os seguintes ingredientes: – uma casa com algum segredo mórbido. Se ela estiver localizada em um lugar ermo como um pântano, melhor ainda. Se tiver uma governanta desconfiável, então, nem se fala. – crianças sinistras que aparecem às vezes […]

Por
Francine "Sra. Ni" Guilen


Hoje tia Ni vai ensinar como preparar um filme de terror. Separe os seguintes ingredientes:

– uma casa com algum segredo mórbido. Se ela estiver localizada em um lugar ermo como um pântano, melhor ainda. Se tiver uma governanta desconfiável, então, nem se fala.
– crianças sinistras que aparecem às vezes em preto e branco.
– aliás, várias cenas em preto e branco, com a imagem falhando. Padrão O Chamado de qualidade.
– quartos com brinquedos infantis abandonados.
– moças loiras que vão entrando em lugares vazios e perguntando “Oi? Oi? Tem alguém aí?”.
– portas fechando de repente.
– ao menos uma cena em que a protagonista toma banho, mesmo que não acrescente nada ao filme.

Misture tudo e inverta.
Asse durante duas horas em forno pré-aquecido.
Rendimento: 60 milhões de dólares.

Pois é. Como você, muito sagazmente, deve ter notado, A Chave Mestra é mais um filme “de medo” que segue passo a passo essa receitinha. Toda essa lista de clichês está lá. Sem tirar nem pôr.

Antes de mais nada, é realmente bizarro eu estar escrevendo a crítica de um filme de terror. Quem está acostumado a ler minhas resenhas sabe muito bem que minha preferência é por coisas felizes. Não necessariamente fofinhas ou diabéticas, mas bem humoradas, ao menos. E isso não é uma simples coincidência. É que, assim como o Fanboy, não sou uma das maiores fãs do gênero, primeiramente porque não tenho medo (depois eu é que sou a mulherzinha da equipe! ^_^), e segundamente porque não acho legal coisas que misturam crianças, espíritos e rituais malvados. Então é por isso que saí da projeção de “A Chave Mestra” dizendo: o filme é bom, mas eu não gostei muito. E ponto.

“Como assim bom, minha filha? Você não acabou de dizer que é um clichezão só?” Sim, eu disse. E é verdade. Acontece que “A Chave Mestra” trilha o caminho contrário do que costuma acontecer com a maioria dos filmes. Em vez de começar bem mas se perder no meio do caminho, ele começa muito mal e termina até quase bom.

Nas últimas semanas, uma coleção de filmes sobre casas amaldiçoadas está invadindo os cinemas. Assim como Horror em Amityville e Água Negra, “A Chave Mestra” também gira em torno de uma residência que não seria muito bem cotada no mercado imobiliário, e tem um passado sinistro. Caroline (Kate Hudson, nhé como sempre) é uma enfermeira que acompanha doentes em estado terminal, e decide ir atrás de uma atraente oferta de emprego: mil dólares semanais para cuidar de um senhor (John Hurt, de Hellboy) que sofreu derrame e está em seus últimos dias.

É claro que o homem mora em um pântano, em uma grande casa isolada do mundo, junto com sua mulher, Violet (Gena Rowlands, de Diários de uma Paixão), que parece guardar alguns segredos. Carol não é muito bem recebida pela nova patroa, e logo percebe que algo estranho acontece na casa. A “chave mestra” do título é apenas uma chave que Violet lhe entrega que abre todas as portas da residência, e que é usada pela moçoila para abrir uma porta do mal no sótão. Por trás dessa porta, um monte de objetos de hudu, uma variante do voodoo que envolve magia negra.

Meio bobo, né? O plot não diz muita coisa mesmo e promete ser a coisa mais esquecível do mundo. Fui ao cinema pensando exatamente isso, somado ao fato de que não suporto a Kate Hudson. Não sei como raios o Zarko ama a cidadã, já que ela não é uma atriz assim tão competente, mas isso nem é tão ruim se comparado à sua constante expressão de “uh, como sou sagaz”. E nem é assim bonita como dizem. Quero dizer… gente, ela parece a Eliana! Enfim, voltemos ao que interessa. Os minutos iniciais contribuíram para meu sentimento de desespero, porque são realmente tenebrosos. No mau sentido.

O diretor Iain Softley (semi-conhecido pelo filme K-Pax O Caminho da Luz) tentou criar um horror psicológico, mas devo dizer que, como horror psicológico, “A Chave Mestra” é uma ótima imitação de refilmagem de horror oriental. Os primeiros sustos são deprimentes. Sabe aquela velha fórmula de tocar uma música alta quando qualquer coisa estranha surge na tela? Pois é. É só algum indivíduo mexer o braço de forma um pouco mais brusca que toca uma música para assustar. Se a primeira metade do filme fosse rodada inteiramente com o som no volume mais baixo, não só não daria medo, como seria ridiculamente panaca. Não sei pra você, mas isso pra mim é uma prova da qualidade duvidável de qualquer trama que se propõe a dar medo.

Acontece que apesar dos pesares, o roteiro resolve nos surpreender a partir da metade. Não chega a virar um thriller psicológico como é O Operário, que realmente desespera o público e pra mim é o modelo de como qualquer thriller deve ser, mas consegue passar o clima tenso e prender a atenção. Quando as descobertas em torno do sinistro hudu – que é uma feitiçaria que existe de verdade, e isso ajuda a dar ainda mais medo – começam a se tornar mais fortes, Carol percebe que essa prática só surte efeito naqueles que acreditam no seu poder. Apesar da dona Kate só fazer aquela cara de moça sabida de sempre, conseguimos entender os conflitos da personagem, que, sendo uma moça cética de cidade grande, tem que lutar contra o que ela acha ser uma superstição boba, para, apesar de todos os claros indícios que surgem em volta dela, continuar não acreditando em sua eficácia. Porque se acreditar, meu amiguinho, já era.

Em meio a tantos lançamentos que tratam do mesmo assunto, “A Chave Mestra” não se destaca como o melhor terror dos últimos tempos, não é assim algo que assuste muito, mas vale ao menos pelos 20 minutos finais, que amarram a trama e quase chegam a ser perturbadores. Tudo bem que isso não é mais do que sua obrigação como filme de suspense. Se você gosta de um “Vale a Pena ver de Novo”, dá pro gasto ^_^. Só desconfio que alguns defeitos apareçam se o filme for visto mais de uma vez. E, por favor, não me façam ver 104 minutos de Kate Hudson novamente. Os rituais sinistros não são nada perto da chatice dela, que é a única enfermeira-acompanhante seminua e metida a detetive que já vi em toda minha vida. Vai pôr uma roupa, ô.

A Chave Mestra (The Skeleton Key) / Ano: 2005 / Produção: Estados Unidos / Direção: Iain Softley / Roteiro: Ehren Kruger / Elenco: Kate Hudson, Gena Rowlands, John Hurt Peter Sarsgaard / Duração: 104 minutos.


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