|
LEIA MAIS
:: O Rock no cinema
:: Discografia essencial dos nerds d’A ARCA
:: Aquaria: leia a entrevista com a banda!
Todo “dia internacional do rock” é a mesma história. Os veículos especializados já se apressam a fazer listinhas de “bandas de rock nacionais que você precisa conhecer”. E, vejam só: o que nós vemos são sempre aqueles mesmos nomes, caracterizando uma panelinha chatéssima de críticos e amigos de críticos e que não representa a diversidade e, principalmente, a efervescente criatividade do rock por estas paragens. Não por acaso, estas “listinhas” acabam contemplando apenas e tão somente sonoridades com ares de fog inglês. “Um rock com gostinho de indie garageiro, inspirado nas bandas pós-punk e…” blá-blá-blá. Que saco, não? Alguém aí já percebeu que nós NÃO vivemos em Londres?
Então, resolvemos fazer a nossa própria listinha de grupos que REALMENTE merecem ser ouvidos no abrangente universo do rock tupiniquim, já esquentando os motores para a vindoura área de música d’A ARCA – que promete ser ainda mais polêmica e “do contra” do que qualquer coisa que vocês já viram por aqui. Alguns aqui são veteranos do universo independente – mas merecem, mais do que nunca, a nossa atenção, especialmente quando coisas como os Detonautas reverberam aos montes nas nossas rádios. Vamos à lista:.
MATANZA – Pé na porta e soco na cara!
Este grupo carioca conseguiu, por incrível que pareça, cair nas graças da MTV. Juro que não dá para entender porquê, já que o som dos caras tem a rapidez do hardcore, o peso do Motörhead, uma levadinha da música country do Johnny Cash (ídolo confesso da tchurma) e letras politicamente incorretas até a alma, sem qualquer sensibilidade ou romantismo – exaltando a figura do caminhoneiro de beira de estrada que enche a cara e briga com quem estiver na frente e do caubói filho da puta sem qualquer medo de atirar em quem cruzar o seu caminho com o chapéu meio torto. Talvez seja graças ao Jimmy, o vocalista apelidado pelos caras do “Rock & Gol” como “gigante irlandês”. Rock com altos níveis de testosterona.
Para conhecer melhor: www.matanza.com.br
FLAMING MOE – Queens of The Stone Age my ass!
O nome, é claro, se refere à bebida cuja receita Moe teria roubado de Homer no desenho dos “Simpsons”. E o som destes paulistanos é tão quente quanto, em altíssima octanagem. Trata-se do chamado “stoner”, resultado da mistura dos riffs pesados do Black Sabbath ou do Blue Oyster Cult com o som mais barulhento e dissonante do grunge…e com ligeiras pitadas de psicodelia. Bingo. Sem frescuras, sem firulas, sujo, pesado e visceral. E com muita energia. Lembra um pouco os suecos do Hellacopters – mas, cá entre nós: tem muito mais personalidade.
Para conhecer melhor: www.flamingmoe.com.br
WANDER WILDNER – O trovador punkbrega vindo do Sul
O sujeito, na verdade, já é veterano do rock gaúcho – ou você ainda não percebeu que ele é o mesmo maluco que fez história na cena punk ali, nos vocais do grupo Replicantes? Pois é. Colocar o cara no “Acústico MTV Bandas Gaúchas” desfilando o seu projeto solo foi absolutamente maravilhoso, já que, na minha opinião, ele representa o que de melhor vem se fazendo recentemente naquelas terras. Exatamente. Esqueça o Wonkavision, o Cachorro Grande, o Ultramen, o Bidê ou Balde ou qualquer um destes nomes que os críticos adoram exaltar como “a salvação do rock nacional”. Wildner faz músicas de romantismo rasgado e exagerado, misturando a breguice das novelas mexicanas ao mais puro rock ‘n roll.
Para conhecer melhor: Confira esta entrevista do cara para a AOL
ONE-LAST-SHOT – Uma banda que você precisa ver ao vivo
Os vocais rasgados e gritados do frontman André já dão a dica de que o que esta banda faz é muito barulho. Toma na orelha, rapá! Mas barulho com melodia, é bom que se diga. Os caras flertam com um monte de estilos, indo do Deftones ao Nirvana sem perder a fúria e aquela tal da atitude, sacumé. Estar na platéia durante uma apresentação destes músicos é garantia de pular e bater cabeça na certa!
Para conhecer melhor: www.tramavirtual.com.br/one-last-shot
DEVOTOS – O som sem concessões do Recife
Outrora conhecidos como Devotos do Ódio, este grupo nordestino é um verdadeiro patrimônio do punk daquelas terras. Músicas poderosas, furiosas, políticas, tão engajadas quanto seus membros, Cannibal, Neilton e Celo, agitadores culturais sempre envolvidos em projetos sociais e ONGs. Na medida certa para esquecer as babas do CPM 22. Tudo feito na raça, na força e na coragem, 100% independente. É o tipo de banda ideal para ouvir sem ninguém em casa, no último volume, para estourar os tímpanos e atordoar os sentidos.
Para conhecer melhor: www.devotos.com.br
O BANDO DO VELHO JACK – Pra quem curte os clássicos…
Lá em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, da mistura entre uma banda de blues e uma banda de heavy metal, surgiu um quinteto interessado em tocar “crassiqueiras” como Cream, Free, Allman Brothers, Doobie Brothers, Grand Funk e Lynyrd Skynyrd… E deu certíssimo. É aquela banda que você ouviria tipicamente tocando num encontro de motoqueiros, fazendo os tiozões em suas jaquetas de couro repetirem aquele velho bordão de “it’s only rock ‘n roll, but I like it”.
Para conhecer melhor: www.velhojack.com.br
MONSTER – Tava com saudades do Metallica?
Liderado pelo folclórico vocalista e baixista Paul X (também conhecido pela alcunha da Paulo Anhaia, um conceituado produtor do meio), este trio carrega uma sonoridade anos 80 que nada tem a ver com sintetizadores ou grandes ombreiras. Na verdade, o Monster é aquele metal básico e direto ao ponto que o Metallica ou o Megadeth faziam há cerca de vinte anos atrás. E, olha…e como isso ainda funciona bem, viu?
Para conhecer melhor: www.monstermetal.com
CARNAL DESIRE – ‘Sexcore’ descarado e com muita putaria
Há mais de 15 anos na estrada, este quinteto faz um crossover misturando hardcore, metal e letras pra lá de pornográficas. A performance do vocalista Tarso Carnal é um caso à parte, já que o dito cujo, que tem o porte físico do Maguila, sobe ao palco com uma roupa de couro apertadinha complementada, vez por outra, por meias 7/8 e afins. E ainda joga revistinhas pornôs para a platéia, que delira ao som de sucessos como “Bacanal”, “Profissão Peão”, “Churros Assassinos” e “Quero Chupar o Seu Pé”.
Para conhecer melhor: www.carnaldesire.com.br
TUATHA DE DANANN – O verdadeiro metal com gosto medieval
Estes sujeitos são de Varginha, MG. Mas não são ETs. Na verdade, eles são headbangers. E no seu som tem flauta, violino, bandolim. Tem a música folclórica celta e um monte de sons medievais. E, no fim das contas, acaba surgindo uma sonoridade 100% original. E que conquistou brasileiros e estrangeiros. Só para constar: o nome Tuatha de Danann se refere a uma raça de deuses, filhos da deusa Danu (mãe de todas as coisas), que habitaram a Irlanda séculos atrás e são considerados o povo das fadas. Que nerd, não? 🙂
Para conhecer melhor: www.tuathadedanann.com.br
ZUMBI DO MATO – Pura bizarrice e non-sense para estômagos fortes
Eles são caras bem esquisitos. É escatológico, nem um pouco palatável, não tem guitarra, o teclado e o baixo são descoordenados, o vocal é desafinado e a melodia tá cheia de quebras estranhas. Como confiar numa banda cujas letras chegam a trechos memoráveis como “Vai chupar cocô pra ver disco voador, hecatombe intestinal, boi zebu é maioral”? Destaque para “Doente Porém Vivo”, com piolhos que comem mousse de Maracujá. Juro que eu tentei, mas não consigo explicar.
Para conhecer melhor: zumbidomato.tripod.com
TUBAÍNA – Humor e sátira inteligente direto de Birigui
Você conhece o Premê? E o Língua de Trapo? Catso, ia ficar mais fácil. Tudo bem, então. Trata-se de um bando de malucos com muito bom humor e com uma enorme vontade de tirar sarro da cara alheia, que acabaram montando uma banda misturando pitadas de música caipira e muito “roque”. O resultado é um dos grupos mais deliciosos do rock nacional. Como o nome de Birigui os ajudou na rima de uma música, eis que a cidade se tornou sua musa inspiradora e consta em TODAS as letras dos caras.
Para conhecer melhor: www.tubaina.com.br
OS THOMPSONS – Hardcore jovem e com muita cultura pop
Tá bom, tá bom, o seu lance é um hardcorezinho básico, a la Dead Fish e Dance of Days. Então que tal experimentar o som bem-humorado dos Thompsons? Deixa a dor-de-cotovelo de lado e curta músicas repletas de inspirações na boa e velha cultura pop dos desenhos animados, seriados e também no mundo dos ricos e famosos. Olha só os títulos de algumas canções: “Vamos change!” (te lembra um certo grupo de heróis japoneses?), “Quem furou meu pogobol?”, “George Costanza”, “Fantine”, “De Seu Madruga e Louco” e a sensacional “Eu só quis dizer” – frase clááááássica do Cirillo, personagem de “Carrossel”.
Para conhecer melhor: www.osthompsons.com.br
CHOLDRA – Você gosta de new metal? Então toma!
No caldeirão sonoro deste grupo do ABC paulista tem metal, tem hip-hop, tem hardcore, tem crítica social, tem cara de mau, tem pick-ups, tem corrente no bolso, tem cabelo espetado, cavanhaque e tatuagem. Eles são uma verdadeira lição para aquele monte de bandas imbecis que o mercado fonográfico brazuca despeja nas nossas rádios todos os dias sob o rótulo de “new metal”. Tsc, tsc.
Para conhecer melhor: www.choldra.com
|