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Artigo adicionado em 25/07/2005, às 05:01

Crítica: PROVOCAÇÃO
Festa não tão estranha… mas com gente bastante esquisita! :: Trailer: Clique para assistir :: Vídeos: 4 clipes da produção :: Visite o site oficial Caramba, este texto demorou pra sair! Não que eu esteja com esta matéria atrasada ou qualquer coisa do gênero, mas a real é que aquele pequeno elemento chamado “frase de […]

Por
Leandro "Zarko" Fernandes


:: Trailer: Clique para assistir
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Caramba, este texto demorou pra sair! Não que eu esteja com esta matéria atrasada ou qualquer coisa do gênero, mas a real é que aquele pequeno elemento chamado “frase de início”, que muitas vezes alimenta os mais terríveis pesadelos de todos que trabalham escrevendo textos, marcou presença aqui numa boa. Pois é, o negócio não saiu de jeito maneira! E como não consegui uma “frase de início” bacana para começar a desenvolver esta pequena matéria, que é a crítica de um obscuro e esquisito drama familiar chamado Provocação, decidi começar assim mesmo! 🙂

O barato é que esta indecisão é até condizente com o clima do filme. O universo de “Provocação” – traduçãozinha bisonha para o metafórico e altamente adequado título original The Door in the Floor, ou A Porta no Chão – é povoado por personagens assombrados por perguntas sem respostas. O próprio enredo parece sempre sugerir questões que talvez fiquem apenas na sugestão. O que pode ser perigoso: embora esta película seja dona de qualidades indiscutíveis, o espectador mais preguiçoso corre o risco de sair da sala de cinema carregando um ponto de interrogação do tamanho de um bonde. Não à toa, a fita afundou legal nos cinemas ianques. Normal, já que o público estadunidense é composto basicamente por pessoas que não são chegadas a usar a massa cinzenta.

Neste caso, infelizmente, não podemos culpar a platéia, verdade seja dita. Aliás, dá até para entender o título brazuca: a direção do desconhecido Tod Williams provoca, provoca, provoca… para nos deixar de certa forma na mão ao final da película. O que não me incomodou muito, sinceramente. Até mesmo porque, embora alguns considerem sua conclusão um tanto frustrante (o que não é meu caso), “Provocação” compensa este ponto meio falho com um desenrolar elegante, bem fotografado, interessante e com uma sinceridade e uma dedicação impressionante do elenco. Mas que “Provocação” é bizarro, ah, isso é! Bem, quem conferiu o trabalho anterior do cineasta, o pouco visto por aqui Febre de Viver, sabe que o indivíduo é meio pancadinha mesmo. 😀

Inspirado no estranho conto “Viúva por um Dia”, de autoria de John Irving – escritor responsável por obras como O Mundo Segundo Garp e Hotel Muito Louco e um dos caras mais malucos da literatura norte-americana, o que explica sua natureza estranha -, “Provocação” narra a degradação do casal de ex-novaiorquinos Ted e Marion Cole, respectivamente interpretados por Jeff Bridges e Kim Basinger. O casamento dos Cole já viveu seus dias de glória, mas viu sua estrutura ser abalada pela misteriosa e precoce morte dos dois filhos mais velhos do casal. Ted, famoso autor e ilustrador de livros infantis e a própria excentricidade em pessoa, sente que não consegue mais suprir as necessidades de Marion, que por sua vez não esconde que ficou bastante traumatizada com a perda dos filhos e trancou-se em si mesma. Ele sugere que ambos dêem um tempo. Ela aceita.

Logo nas primeiras cenas, já é possível perceber que a família Cole, agora vivendo numa pequena cidade litorânea com mais uma integrante, a menina Ruth (a gracinha Elle Fanning), é regida pela assustadora onipresença dos filhos mais velhos, cujo destino trágico é a peça-chave do enredo. Até mesmo Ruth, que nunca chegou a conhecer seus irmãos mais velhos, “conversa” e nutre uma ligação de afeto com eles que consegue ser até mais forte do que seu vínculo com os pais.

Este círculo tão delicado sofre um abalo com a chegada de Eddie O’Hare (o talentoso Jon Foster). Eddie, que sonha em ser escritor, é o novo assistente de Ted, embora não saiba ao certo o que isto significa. Na verdade, nem mesmo Ted sabe. O verdadeiro motivo de ter contratado Eddie como seu assistente é que Ted acredita que a presença do garoto pode reacender seu casamento, já que o rapaz possui certa semelhança física com um dos garotos – o que pode “dar uma animada” em Marion. E pelo visto animou mesmo, afinal, a jovem senhora revela ser uma bela de uma “papa anjo” e inicia um caso com o sujeito… E eu paro por aqui, pois já falei até demais! Mentira. Só falei o que já é divulgado na sinopse, então não me amaldiçoe, caro leitor. 😀

Bem, uma história como essa não tem como não ser bizarra. Ainda mais porque a narrativa segue um fluxo silencioso, cheio de mistério e significados nas entrelinhas. Mas a direção cuidadosa e absolutamente tradicional de Tod Williams, também autor do roteiro, entrega momentos realmente inspirados, com o auxílio bem-vindo da ótima fotografia de Terry Stacey e dos cenários de Thérèse DePrez (ambos do cultuadíssimo Anti-Herói Americano), e pelo menos uma seqüência bastante corajosa, em que a atriz Mimi Rogers (ex-senhora Tom Cruise), no papel da musa e amante em potencial de Ted, entrega-se a uma despudorada cena de nu frontal. Vixe, é preciso ter culhões para fazer o que ela fez aqui! (momento de machismo chauvinista do dia: digamos que ela pode dizer a temperatura do chão ao tirar a blusa) 😀

O único problema de “Provocação” não chega a ser taaaanto um problema: os personagens são caricatos e esquisitos demais – vejam bem, eu digo os personagens e não os atores, que por sinal estão muito bem. Cada um deles é tão misterioso, tão excêntrico, tão introspectivo, que dificulta a identificação com o público e mata todo o ar humano que Williams quis imprimir à fita. Não dá pra se identificar com um filme cujos personagens são tão surreais que jamais existiriam fora do universo de celulóide. A coisa fica ainda mais falsa quando, em certo momento, o diretor decide dar um ar desnecessariamente cômico à produção.

Pra resumir: embora possa (e com certeza irá) espantar boa parte do público tão acostumado a filmes mastigados, “Provocação” é um bom trabalho, bem cuidadoso e bem-feitinho, que conta com uma atuação primorosa de todo o elenco e que não decepcionará os fãs de dramas intimistas. Pena que o saldo final é vagamente insatisfatório, o que poderia ter sido resolvido com algumas lapidadas para tirar os excessos. Nem tudo é perfeito, fazer o quê? Só uma coisa é perfeita: Kim Basinger. Ô mulher linda! Quanto mais velha, mais linda ela fica! E eu odeio aquele pirralho que atende pelo nome de Jon Foster, que mal começou a fazer cinema e já deu uma carcada nela. Bastardo. 😛

:: ALGUMAS CURIOSIDADES

– Elle Fanning, atriz mirim de 7 anos que vive a filha do casal Cole, é irmã mais nova de ninguém menos que a elogiada Dakota Fanning, de O Amigo Oculto e Guerra dos Mundos. Mas isto, eu nem precisava dizer: era só olhar no rosto da menininha, elas são praticamente iguais!

– A pintura A Porta no Chão, que ilustra o livro de Ted Cole e é exibida em um telão em determinado trecho do filme, é de autoria do próprio Jeff Bridges.

– Jeff Bridges e Kim Basinger já atuaram juntos na comédia Nadine, um Amor à Prova de Balas (1987), de Robert Benton.

Provocação (Título original: The Door in the Floor) / Ano: 2004 / Produção: EUA / Direção: Tod Williams / Roteiro: Tod Williams / Baseado no romance de John Irving / Elenco: Jeff Bridges, Kim Basinger, Jon Foster, Elle Fanning, Mimi Rogers, Bijou Phillips / Duração: 111 minutos.


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