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Artigo adicionado em 26/07/2005, às 12:35

ANIMECON 2005: Crônica de outro evento de anime
Sabia de tudo que rolou no evento Aproveite e confira também o que rolou no ANIME FRIENDS 2005 Eu sou George, George McFly. Eu sou seu. Digo, seu destino. Tenho algo para contar, mas acho que você não vai acreditar em mim. Acontece que, noite passada, quando fui fechar a janela antes de dormir, me […]

Por
Francine "Sra. Ni" Guilen


Aproveite e confira também o que rolou no ANIME FRIENDS 2005

Eu sou George, George McFly. Eu sou seu. Digo, seu destino. Tenho algo para contar, mas acho que você não vai acreditar em mim. Acontece que, noite passada, quando fui fechar a janela antes de dormir, me deparei com um automóvel muito peculiar estacionado logo aqui em frente. Ia fechar a janela rapidamente, com medo de que fosse mais alguma brincadeira da turma do Biff, mas no mesmo instante algo aconteceu: naquela noite, Darth Vader veio do planeta Vulcano e me disse que se eu não saísse lá fora e entrasse naquele estranho carro, ele derreteria meu cérebro. Mais do que depressa, corri para a rua e analisei o carango, que se chamava DeLorean. Lá entrei, e fiquei espantado ao verificar que aquilo era uma máquina do tempo, mais ou menos como eu já havia ouvido falar no meu seriado preferido, o Science Fiction Theater. Minutos depois, a curiosidade me invadiu, e, depois de eu ter olhado bem para notar se o dono do veículo não estava lá por perto, apertei alguns botões, ansioso para saber o que me esperaria no futuro.

Sabe-se lá como, fui parar cinqüenta anos à frente, mais precisamente no domingo, dia 24 de julho de 2005. Me vi em frente ao Colégio Marista Arquidiocesano, onde encontrei milhares de jovenzinhos se aglomerando em uma enorme fila, logo cedo. Ia sair correndo dessa demonstração de agrupamento social do futuro – entendam, não sou um sujeito que se dá muito bem em multidões – quando notei que eles não eram maiores que eu e não olhavam com cara de poucos amigos para minhas vestes estranhas, bem diferentemente do que fariam os rapazolas do High School que eu freqüento aqui no ano de 1955. Com muita coragem, abordei uma das pessoas da fila, que me explicou: aquelas pessoas estavam ali para entrarem no Animecon, um evento sobre animação japonesa. “Animação japonesa?” – perguntei eu – “Puxa, eu não conheço nada de animação japonesa”. Ao que o sujeito me respondeu: “Não tem problema, muita gente aqui também não, nesse evento existem fãs de Guerra nas Estrelas, Harry Potter, quadrinhos, ficção científica em geral…”. Descobri que esse caro indivíduo tinha viajado seis horas de carro para ir até lá, e parei para pensar: que tipo de pessoa desperta num domingo de manhã e viaja horas e horas só para participar de uma festinha que reúne coisas relacionadas a seus personagens, filmes e programas favoritos? Ei, eu faria isso.

Pois então, não tive dúvidas. Adentrei o recinto e fez-se a luz. E eis o principal motivo por eu estar aqui escrevendo isso: minha felicidade. Andando pelo Animecon eu só suspirava e dizia “ah, se no tempo em que vivo existisse alguma confraternização dessas…!”. Afinal, pessoas como eu, aqui na década de 50, que passam o dia ansiosas para mais um episódio de seu programa de ficção científica favorito e nunca são convidadas aos bailes da primavera, são banidas da sociedade. Somos chamados de nerds sem vida social. E descobri que, cinqüenta anos depois, os nerds e demais criaturas que não estão nem aí para seu status quo social conseguem lotar os domínios de um colégio.

Não que os freqüentadores desse evento fossem perdedores sem vida social ou “franguinhos”. Mas eu não nasci ontem, meu chapa. E não é preciso de muito para notar que não são todos os menininhos e menininhas que andam pelos shoppings do século XXI que apreciam coisas como vídeo games, disputas de cards, jogos de RPG, lojas de quadrinhos. E fazer parte dessa minoria não é ruim. É bastante bacana! Lá dentro, quem seria tachado de aberração seriam o Biff e seus amigos populares. Nesse tal de Animecon, encontrei espécimes variados: muitos bem prafrentex, outros que só se vestiam de preto e que apelidei de “Pé Preto”, garotas com roupas inspiradas em fetiches masculinos, vários espécimes com roupas coloridas e bizarras, outros com cabelos compridos, bebês, avós, crianças e a grande maioria composta por brotos como eu. E o que é melhor: dessa diversidade de seres nada comuns – embora parecendo bastante entre si, dada a quantidade de roupas escuras e meias arrastão que encontrei por lá – não saiu nenhuma briga, nenhum fuzuê, nenhum bafafá. Bebidas alcoólicas também não eram aceitas, contribuindo para a segurança dos pais de pessoas menores de idade. Por esses fatores, encontrei até mesmo bebês circulando por lá. Um deles, vestido de Mário Bros (segundo me informaram), era a coisa mais encantadora do evento. Quando tiver um filho também farei com que ele se vista de personagens. E ninguém chamará ele de franguinho.

Então comecei a andar por lá. Cheguei à lanchonete, bati no balcão muito decididamente, e pedi um leite. Com chocolate. Me dediquei a ouvir as conversas dos meus semelhantes na mesa ao lado “Nada muito diferente dos outros anos”, diziam alguns. “Menor do que o Anime Friends“, diziam outros. Um sujeito que usava orelhas de pelúcia me explicou que Anime Friends era outro evento como este que eu presenciava, maior e mais cheio de gente. Acontece que, justamente por este ser um evento menor e menos “badalado”, ele estava aproveitando melhor. Não entendi nada disso, já que estava mais preocupado em descobrir se todas aquelas pessoas com orelhas de pelúcia haviam recebido alguma radiação mutante ou se a evolução humana tinha causado esse efeito nos últimos 50 anos. Algo que aprendi foi que não foi a moda que evoluiu bastante nesses anos, e sim que as pessoas vestidas bizarramente se chamavam cosplayers. O interessante foi que todos apontavam para mim e me perguntavam se eu estava fazendo cosplay de George McFly. Fiquei com medo e nada respondi. Mas tive mais medo mesmo quando bandas foram se apresentar no palco montado na quadra do colégio. Tudo muito diferente daquele bom twist com o qual estou acostumado. A acústica também não contribuiu muito, mas até consegui entender o que era dito naqueles modernos microfones.

Apesar de lá eu ser um forasteiro vindo de décadas anteriores, não tive problema em me localizar dentro do colégio, já que as salas estavam relativamente bem sinalizadas, e folhetos com a programação eram distribuídos logo na entrada. Ao menos no domingo, que, pelo que me consta, foi o terceiro e último dia do evento, que estava mais cheio, mas em compensação mais organizado que na sexta e no sábado. Também fui muito bem recebido pelos estranhos. E houve gente que acreditou em minha história de viajante no tempo. Muita gente, aliás. Quiseram até dar uma volta no meu De Lorean, mas eu arranjei coragem e disse não. Foram esses estranhos que me contaram que no sábado, dia 23, uma tal moça chamada Sabrina Sato compareceu por lá e apresentou o concurso de cosplays, mas não estive presente para presenciar alguma manifestação exacerbada do vasto público masculino desse evento.

Ah sim: apesar de ter gostado deveras desse evento, nem tudo são pétalas de margaridas. Apesar de ter achado muito curiosos os temas das palestras, as achei bastante desinteressantes. Um serelepe maltrapilho me confessou que “não estava nem aí para as palestras, e só queria se divertir com os amigos e que todo mundo que vai a esses eventos pensa assim”, mas creio que isso não é desculpa. Já que a digna organização oferece palestras, exposições e debates, poderia se esmerar na qualidade delas. Outra sugestão de minha parte seria que nos próximos anos essa mesma digna organização procurasse chamar ainda mais lojas temáticas e estandes, para deixar o evento mais completo. Mas, quem sou eu, apenas um cidadão do passado querendo me imiscuir nos mistérios de anos vindouros.

Foi bom falar com você, garoto do futuro, mas agora preciso voltar. Levarei boas lembranças desse dia que passei em 2005. Ao menos sei que os nerds como eu terão bom tratamento no futuro. Isso me anima um pouco. Talvez até me dedique mais ao livro de ficção que almejo escrever. E quem sabe vós, nerds meus descendentes, dominareis o mundo! Saudações de McFly. George McFly.

NE: Srta.Ni acordou do estado de transe só a tempo de gritar: Malditos bastardos! Roubaram minha idéia pra futuro cosplay de Willy Wonka!


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