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Artigo adicionado em 21/07/2005, às 03:42

ANIME FRIENDS 2005: Crônica de um evento de anime
Um olhar “não-iniciado” sobre a edição 2005 do Anime Friends LEIA TAMBÉM :: Entrevista exclusiva com os artistas internacionais do AF 2005 “Toca pra Moema, por favor”, disse eu, jogado no banco de trás do carro, para o taxista. Devorava insistente um saquinho de pipoca com muito sal (a pipoca, não o saquinho). Tinha sido […]

Por
Thiago "El Cid" Cardim


LEIA TAMBÉM
:: Entrevista exclusiva com
os artistas internacionais do AF 2005

“Toca pra Moema, por favor”, disse eu, jogado no banco de trás do carro, para o taxista. Devorava insistente um saquinho de pipoca com muito sal (a pipoca, não o saquinho). Tinha sido uma tarde cansativa lá no Anime Friends 2005, um dos maiores eventos da América Latina voltados para os fãs de quadrinhos e desenhos animados japoneses. Era domingo, dia 17, último dos quatro dias daquela orgia nerd que rolou na universidade paulistana Uni’ Santanna.

“E aí, curtiu?”, perguntou ele, interrompendo meus devaneios de um mundo com muitos travesseiros e sem sapatos nos pés. “O evento. Você gostou?”, insistiu o sujeito de sorriso fácil e simpático, cerca de 30 anos. “Olha, pra ser bem sincero, eu fiquei bem desapontado, viu?”, respondi, me ajeitando na poltrona e, desta maneira, fazendo com que ele visse o “Fuck You, I’m From Hell” escrito na minha camisa. Mas o cara não se intimidou. “Sabe, vou te confessar uma coisa: achei este evento bem legal, viu?”. Tava na cara que ele não era fã de desenhos animados nipônicos. E foi justamente isso que me chamou a atenção e me fez dar continuidade ao papo, para ver onde ia chegar.

Tá bom, ele fez os óbvios comentários sobre as japonesinhas em roupas mínimas, desfilando de colegiais ou guerreiras medievais do “Holy Avenger” pra lá e pra cá. Isso eu já esperava. Mas depois emendou: “Pombas, eu já trabalho em pontos de táxi na frente de eventos há muitos anos. E vou te falar que nunca vi um evento como este. Tava lotado, não?”. Concordei com a cabeça – sem saber ainda que as expectativas de público da organização, que estimava cerca de 40 mil pessoas, tinham sido amplamente superadas. “Então. Uma galera muito bacana, todo mundo bem-humorado, dando risada, se tratando superbem, sem brigas, sem tumulto. É difícil juntar tanta gente sem dar quebra-pau, né?”. Olha… e não é que o cara tava certo?

“E tem mais: não tinha aquela molecada que você vê chegando bêbada em shows, sabe? Também não vi rolar nenhuma droga, nem um cigarrinho de maconha sequer. Eu traria o meu filho sossegado aqui”, completou o sujeito, ajeitando o boné. Juro que um sorrisinho se esboçou no meu rosto e logo senti orgulho de ser nerd. Quando passamos por alguns ônibus de excursão estacionados ao redor, ele voltou a falar. “E tinha muita gente de fora de São Paulo, né? Cariocas, mineiros, gente lá do Sul. Muito bacana. E eu via gente que nem se conhecia conversando numa boa, fazendo novas amizades, trocando telefone, sem desconfiança, sem malícia”. E ele me fez lembrar do sujeito de Santa Catarina que acabou entrando no meio de uma discussão entre eu e um colega a respeito de Vampire: The Requiem – e com quem eu fiquei conversando mais meia-hora depois, como se fosse um amigo de longa data.

“Na quinta”, continuou contando ele, “eu cruzei com um cara aqui vestido de He-Man. Ele devia estar com um frio ducacete, porque tava só de tanguinha e com aquele troço no peito. Mas era um cara muito divertido. Tava esperando uns amigos, começamos a conversar e acabei até tomando uma cerveja com ele enquanto os caras não chegavam”. Eu sorri, balançando a cabeça e entendendo que, apesar do estranhamento inicial, os nerds costumam cativar as pessoas dispostas a ver por baixo das fantasias, camisas de banda – e tinham muitas por lá, acredite – ou óculos de grau.

“Mas não era um evento voltado só pra quem curte desenho japonês? Porque este cara, vestido de He-Man, não devia estar muito adequado”, questionou ele. “É, acho que é uma dúvida comum”, esclareci. “É que a coisa cresceu tanto que atrai fãs de tudo: séries de TV, cinema, ‘Guerra nas Estrelas’, quadrinhos de super-herói…Tá tudo em casa”. Ele sorriu, concordando com a cabeça. “Isso é que é legal, viu só? Um monte de gente com gostos diferentes se comunicando de maneira civilizada. Da hora. Já pensou se fosse um jogo de futebol? É só usar uma camisa diferente pra virar inimigo, meu camarada”. E deu uma gargalhada sincera.

E quando cheguei em casa, rezei ao São Nicolau, santo protetor de todos os nerds (o cara é o Papai Noel, e todo nerd é uma criança que não cresceu), para que todas as pessoas do universo tivessem a mesma impressão que ele. Se fosse assim, nossa vida ia ser muito mais fácil. Mas a gente ainda chega lá.

:: A-HÁ!

Te peguei, caro colega? Ou você REALMENTE achou que ia terminar assim, sem que eu sequer apontasse os tais defeitos do evento que me fizeram ficar “desapontado”? Não senhor. Até parece que você não conhece este site? 🙂

Sinceramente, acho que o AF cresceu mais do que a organização sequer imaginou. E eles deram um passo maior do que a perna ao escolher um lugar tão grande quanto aquela faculdade. Um prédio de SEIS ANDARES foi usado para abrigar o evento deste ano. Isso seria muito legal… se as atrações e estandes tivessem sido melhor distribuídos. O estacionamento e o primeiro andar eram uma enorme aglomeração de barraquinhas, quente e absolutamente intransitável. A praça de alimentação era um caos absoluto de cheiros, formas, cadeiras e gente gritando. Já os andares superiores estavam reservados aos eventos fechados (jogos de RPG, exibições de seriados e animes) e, é claro, os “estandes de luxo” de grandes patrocinadores. E sem metade do trânsito lá debaixo? Faz favor! Custava repensar isso melhor? As coisas acabaram ficando muito longe umas das outras, e requeriam subir e descer escadas incansavelmente diversas vezes para o cara poder se encontrar. O que me leva a outro item: a sinalização.

Personas, é coisa de principiante em evento: plaquinhas e mais plaquinhas para as pessoas se guiarem. Num lugar daquele tamanho, a coisa mais fácil é o visitante se perder – ainda mais em meio a um fluxo tão grande de gente. Não dava para saber onde diabos era a sala 1, a 2, o guarda-volumes ou mesmo o diabo do banheiro ou os telefones públicos. Coisa de shopping, saca?

Também não acredito que fosse ser assim tão caro espalhar aqui e acolá algumas placas com a programação do evento – ou mesmo distribuir pequenos panfletos para o cara saber hora e local dos inúmeros pequenos eventos rolando aqui e ali. Nem todo mundo veio com isso na ponta da língua. Ou impresso da internet. Sejamos sensatos.

O show, então, foi um caso à parte. Realizadas no pátio frontal da faculdade, as apresentações principais dos astros japoneses convidados são a grande atração do AF, correto? Então por que diabos o palco estava tão baixo – na altura dos olhos de alguém de 1,70 de altura, transformando alguém um pouco mais alto num obstáculo intransponível? E o som, por que estava baixo daquele jeito? Os instrumentos estavam absolutamente inaudíveis, o que dirá a locução e os vocais dos coitados dos cantores da terra do Sol Nascente… E cá entre nós: péssima escolha de lugar, com toda aquela grama. Era óbvio que, no último dia, com tanta gente indo e vindo, só sobrasse um monte de terra ali – cujos pulos da galera transformavam em uma irritante nuvem de poeira e que, com a chuva, virou uma lama tenebrosa. Caceta, não é o Rock in Rio!

Agora… pra finalizar, a minha MAIOR crítica vai tanto para a organização – que deveria ter se planejado para isso – quanto para o público: a sujeira. Minha mãe. Quanta porcaria. Era um tal de papel amassado jogado aqui, papel molhado e rasgado ali, bolachas esmagadas pelo chão, trilhas de yakissoba, sacos plásticos ao vento. Faça-me o favor. Galera: a gente sabe muito bem que este tipo de evento não é frequentado por crianças de 5 anos de idade. Todo mundo ali já tem barba na cara – menos as meninas, é claro. Vamos agir com maturidade e cuidar do que é nosso. Juro que não quero nem pensar em como deve ser o quarto de certos moleques por ali. Que nojo.

Aproveite e veja, abaixo, mais imagens do evento:


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