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Artigo adicionado em 25/06/2005, às 07:55

H. G. WELLS: O HOMEM QUE VIU O AMANHÃ
Uma zoiada rápida na vida e na carreira do pai da ficção-científica! :: Crítica: Guerra dos Mundos :: Ídalos: Steven Spielberg :: Ídalos: Tom Cruise :: Ficção Científica: A primeira a gente nunca esquece :: Orson Welles e seus marcianos favoritos :: Trailers e vídeos: aqui, aqui, aqui, aqui e aqui. :: Site oficial: em […]

Por
Leandro "Zarko" Fernandes


:: Crítica: Guerra dos Mundos
:: Ídalos: Steven Spielberg
:: Ídalos: Tom Cruise
:: Ficção Científica: A primeira a gente nunca esquece
:: Orson Welles e seus marcianos favoritos
:: Trailers e vídeos: aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
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Não seria exagero algum afirmar que a literatura e o cinema de ficção-científica, e incluo aí os grandes nomes de autores e cineastas gerados em conseqüência, só existem da maneira que são hoje por causa de um senhor franzino e meio doente do final do século XIX que, lá pela casa dos vinte anos, resolveu que não estava nem aí para os planos dos pais e largou tudo para dedicar-se aos seus sonhos. Sonhos estes, aliás, compostos de passeios por séculos, pessoas transparentes e ameaças de outros planetas…

Pois é exatamente isto que Herbert George Wells, ou H. G. Wells, representa para a literatura fantástica e a cultura cinematográfica de hoje em dia. Wells não é somente um genial escritor: o cara é simplesmente o responsável por praticamente todas as características básicas dos elementos que compõem grande parte das histórias de sci-fi atuais. Com dons quase proféticos, Wells criou histórias protagonizadas por seres fantásticos, máquinas de outro mundo e humanos incrédulos, que viriam a influenciar e ditar as regras do repertório de 10 entre 10 cineastas, escritores e demais artistas que exploram este terreno.

Aliás, para muitos especialistas no assunto, Wells é nada menos do que o verdadeiro criador do gênero ficção-científica. E tudo isto porque os manuscritos do escritor, ao lado das obras do também lendário Isaac Asimov, previram detalhes de um mundo dominado por uma tecnologia que deveria auxiliar os humanos e, ao final, termina por aprisioná-los e, em alguns casos, até aniquilá-los.

Herbert George Wells nasceu em Bromley, Inglaterra, em 21 de setembro de 1866. Filho de um casal de humildes empregados domésticos e mais tarde comerciantes, Wells viu sua primeira oportunidade de crescer ao ganhar uma bolsa de estudos para a conceituadíssima Escola de Ciências de Londres, onde travou contato com lendas como o biólogo Thomas Henry Huxley e o filósofo naturalista Charles Darwin. Wells trabalhou como contador e, mais tarde, professor. Até que um problema de saúde – no caso, tuberculose – o fez largar desta vida segura – e de um casamento arranjado com uma prima – para se dedicar à escrita. Mais exatamente a um gênero literário até então dominado por um certo Júlio Verne. Acho que ninguém sabe quem é este, né? 😀

Logo em seu primeiro romance, A Máquina do Tempo (1895), Wells provou estar no ramo certo. Afinal, para narrar a desventura de um homem que, por curiosidade científica, decide provar que é possível viajar através do tempo para épocas distintas, Wells descreve artefatos mecânicos com uma riqueza de detalhes impressionante, além de traçar um belo perfil da burguesia da época. A mistura de crítica social e entretenimento puro transformou “A Máquina do Tempo” num dos mais populares romances da época e impulsionou a carreira de Wells, tido com este primeiro trabalho como “um crítico socialista de extrema sensibilidade”, tendo em vista sua preocupação em espelhar o destino do futuro nas ações da ciência.

A proposta de H. G. Wells era entreter o leitor, mas ensinar, criticar e incitar nas entrelinhas.

Seu trabalho seguinte, O Homem Invisível (1897), foi ainda mais fundo. Na história do homem que descobre o poder da invisibilidade, Wells preferiu centrar seu foco nos problemas de adaptação que o personagem principal enfrenta, como fome, frio, etc. Nesta pequena jóia, H. G. Wells demonstrou uma preocupação imensa em advertir a humanidade sobre os riscos de se lidar com a ciência seu cautela. Como diria o nosso glorioso Tio Ben, aquele que cuidou de um certo aracnídeo: “Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades”. Pena que aparentemente ninguém prestou atenção nos apelos de Wells… 😛

O terceiro e mais conhecido trabalho do escritor é, sem dúvidas, A Guerra dos Mundos (1898). O romance – que narra uma invasão alienígena à Terra por conta de marcianos que, devido ao esfriamento de seu planeta, precisam de outro lugar para chamar de “lar” – nasceu de dois acontecimentos marcantes na última década do século XIX: a descoberta de duas linhas convergentes em Marte – feita por astrônomos através de telescópios -, e a exploração desumana e massacrante da África pelos ingleses, para fins de busca de novos mercados e matérias-primas, num processo denominado “A Partilha Africana”.

Provavelmente, nem mesmo seu criador teria previsto a importância que “A Guerra dos Mundos” representa para a humanidade: para contar esta história, Wells concebeu, com base apenas em suas idéia, “máquinas de guerra” e “máquinas voadoras” com formatos praticamente idênticos aos OVNIs que os ufologistas hoje em dia defendem existir, além dos “raios de calor” (semelhantes aos raios laser de hoje) e “máquinas de manipular” que não devem nada aos robôs mais sofisticados de nossa época.

E tudo isto, no final do século XIX, quando ainda não existiam aviões, os primeiros automóveis começavam a dar as caras e ninguém jamais imaginava a real possibilidade de viajar pelo espaço, que dirá existir vida inteligente em outros planetas! Porém, mais do que profetizar a tecnologia de hoje, Wells chamou a atenção para que os humanos tentassem enxergar a si mesmos não como algozes especialistas em aniquilar para conquistar, como é ainda hoje, mas sim como possíveis futuras vítimas. Quem tem o poder hoje, queria dizer Wells, pode ser o alvo do poder amanhã. Mais uma vez, parece que ninguém captou a mensagem.

Por mais que fosse inegável seu sucesso perante o público, a obra de H. G. Wells sempre foi massacrada pela crítica especializada – o que prova que estes malas já existiam há tempos! Hehehe… A opinião ríspida dos críticos fez com que o escritor se entregasse a romances mais dogmáticos, porém sem sucesso. Herbert George Wells faleceu em 1946, sem conseguir imprimir a mesma genialidade de sua carreira como escritor de fantasia em outros gêneros literários, e sem poder presenciar a tão esperada consagração por parte dos críticos. Não que isto importasse muito: H. G. Wells tornara-se uma lenda, um nome único na história da ficção-científica. O estrago já estava feito. 😀

:: AS OBRAS DE H. G. WELLS NO CINEMA

A Máquina do Tempo (1895) apareceu pela primeira vez nas telonas no clássico homônimo de 1960, dirigido por George Pal (“As Sete Faces do Dr. Lao”) e protagonizado por Rod Taylor (“Os Pássaros”). O livro quase ganhou um novo longa em 1992, pelas mãos do indiano Shekhar Kapur (“Elizabeth”), que começou a rodá-lo mas largou o projeto pela metade. Por último, vem a versão 2002 do romance para as telas, dirigido pelo neto de H. G. Wells, Simon Wells, e estrelado por Guy Pearce (“Amnésia”) e Jeremy Irons (“Perdas e Danos”). Bomba total!

A Ilha do Dr. Moreau (1896) ganhou sua primeira adaptação para o cinema em 1933, com o longa A Ilha das Almas Perdidas, dirigido por Erle C. Kenton e estrelado pelo master Charles Laughton (“Spartacus”). Este é considerado, ainda hoje, o melhor de todos os filmes baseados na obra. Em seguida, veio The Terror Is a Man (1959), do obscuro diretor filipino Gerardo De Leon, e o fraquíssimo The Twilight People (1973), do cineasta Eddie Romero. A última aparição do macabro dr. Moreau nas telonas foi no horroroso A Ilha do Dr. Moreau de 1996, estrelado por Marlon Brando (“O Último Tango em Paris”) e Val Kilmer (Crimes em Wonderland). Medo, muito medo!

O Homem Invisível (1897) é sem dúvidas o mais adaptado. Surgiu nas telas também em 1933, no magnífico longa homônimo comandado por James Whale (“A Múmia”) e interpretado por Claude Rains (“Casablanca”), e ganhou duas continuações: uma estrelada por Vincent Price em 1940, e outra em 1944. O Homem Invisível já fez trio com a dupla de comediantes Bud Abbott e Lou Costello em Abbott e Costello Encontram o Homem Invisível (1951), protagonizou uma série de TV inglesa em 1958 e três americanas em 1978, 1984 e 2000 – esta última, todos devem conhecer -, e também cedeu o ponto de partida para dois longas bastante conhecidos: Memórias de um Homem Invisível (1992), de John Carpenter (“Vampiros”), e o ótimo O Homem sem Sombra (2000), com Kevin Bacon (“O Lenhador”). Claro que, na grande maioria dos casos, o único ponto fiel ao livro é o personagem…

A Guerra dos Mundos (1898) rendeu o bacaníssimo longa homônimo de Byron Haskin em 1953, uma série de TV em 1988 que funcionou como uma seqüência dos eventos do filme, e uma fita independente ainda inédita por aqui, dirigida por Timothy Hines e realizada com o máximo de fidelidade à obra de Wells. Este livro também gerou uma superprodução dirigida por Steven Spielberg e protagonizada por Tom Cruise, mas acho que ninguém sabia disso! 😀

O Primeiro Homem na Lua (1901) foi o último livro realmente importante de Wells, e o primeiro a ser levado ao cinema: o que aconteceu no ano seguinte à sua publicação, com o ultraclássico Viagem à Lua (1902), do visionário e pioneiro George Méliès – na verdade, uma mescla dos escritos de Wells e de seu arquirival, Julio Verne, em Da Terra à Lua. Em 1919, o livro ganhou mais um tratamento, um filme cuja cópia ninguém sabe onde anda, chamado The First Men in the Moon e dirigido pelo semi-desconhecido Bruce Gordon.


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