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Artigo adicionado em 24/06/2005, às 02:29

Crítica: 9 CANÇÕES
Sexo, sexo, sexo, sexo, sexo, sexo, sexo, sexo e rock n’roll! :: Trailer: Clique aqui :: Dois vídeos da produção: Clique aqui :: Visite o site oficial: em inglês :: Visite o site oficial: em francês Pois é, o subtítulo deste artigo não poderia ser mais propício. 9 Canções, último trabalho do cineasta inglês Michael […]

Por
Leandro "Zarko" Fernandes


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Pois é, o subtítulo deste artigo não poderia ser mais propício. 9 Canções, último trabalho do cineasta inglês Michael Winterbottom a chegar ao Brasil, pode ser resumido nesta única frase numa boa. Muito sexo e rock n’roll. Aliás, mais sexo do que rock n’roll em si! E não é aquele sexo estilizado, com trilha sonora de saxofone e luzes de neon do lado de fora da janela… Hehehe! É um sexo real, desajeitado, nada rítmico e, acima de tudo, explícito. Beeem explícito. O bacana é que, ao contrário de outros longas que utilizam cenas de alto teor erótico somente para chocar e/ou satisfazer o diretor – sim, estou falando daquele lixo atômico e escroto chamado Ken Park -, “9 Canções” resulta num trabalho bom, bonito e nem um pouco vulgar.

Claro que este pequeno detalhe servirá de estopim para que “9 Canções” seja malhado pelos milhares de puritanos que enxergam cabelo em ovo. E claro que também sou contra fitas que usem sexo explícito sem um contexto justificável. Entretanto, não vejo problemas se o negócio tem um motivo para estar lá, como a insuportavelmente aterradora cena do estupro em Irreversível e as várias seqüências de nudez de Os Sonhadores. Se o negócio não for gratuito, então tá bom. Mas o fato é que a intenção de “9 Canções” é justamente revelar a trajetória e a intimidade do começo, meio e fim de um relacionamento amoroso. É como se fosse uma versão mais pé-no-chão dos milhares de filmes românticos e melados que infestam o cinema de entretenimento. Para isto, a direção de Winterbottom mergulha fundo nos momentos íntimos do jovem casal Matt (Kieran O’Brien) e Lisa (Margot Stilley), como se fôssemos não somente alguém muito próximo, mas sim um deles. O tal “contexto justificável” existe aqui, sim. Ah, que papo cult… 😛

Voltemos a Matt e Lisa. Ele é inglês e ela, americana. Nos dias de hoje, Matt segue para uma expedição na Antártida, e durante a viagem, relembra seu ardente caso com Lisa, recém-chegada em Londres, desde o início durante um concerto de rock até seu iminente final. Nada de subtramas paralelas, nada de grandes segredos, nada de reviravoltas absurdas e finais surpreendentes: apenas o dia-a-dia de um casal do ponto de vista de um dos lados da moeda (no caso, Matt), com diálogos práticos e alguns até na base do improviso, roteiro direto, simples e uma narrativa linear. Nisto, Matt e Lisa passam pelas diversas fases de um relacionamento, desde as descobertas dos primeiros dias, a cumplicidade, as brincadeiras, as brigas, até o marasmo e a separação, que acontece quando Lisa decide retornar aos Estados Unidos.

:: NOW SHE’S GONE LOVE BURNS INSIDE ME…

E as tais nove canções do título? Bem, entre uma transa e outra, nove trechos de shows de conhecidas bandas de rock marcam presença na tela – e também na vida do casal – para narrar a história toda, transformando a trajetória dos apaixonados Matt e Lisa em um exercício metafórico e experimental sobre o amor nos dias de hoje, baseado no sexo e movido (às vezes somente) pelo sexo. As músicas de bandas como Black Rebel Motorcycle Club, Primal Scream e Franz Ferdinand, a banda preferida do El Cid (!!!), servem para contar o mesmo enredo paralelamente, como se fossem também personagens. E que personagens, porque as canções são ducacete! Pelo menos pra um cult viciado nesses troços britânicos, como este que vos fala… 😛

Quanto às cenas de sexo… Sim, elas são muito fortes, e com uma “riqueza de detalhes” impressionante. E correspondem à grande parte da projeção do filme. Entretanto, a direção cuidadosa e sensível de Michael Winterbottom, diretor de produções bacanas como Código 46 e A Festa Nunca Termina, evita cair no “pornô tosco” e insere um ar absurdamente comum e natural a estas seqüências. Não é gratuito, é natural e existe em função da trama, não para deixá-la mais bonita ou mais excitante. Ajuda bastante a atuação desinibida de Kieran O’Brien e Margot Stilley, que não são exatamente dois modelos de beleza, o que conseqüentemente elimina qualquer traço de estética à produção. O ato sexual é revelado como o que é: algo cru, atrapalhado e até mesmo desagradável em certos momentos.

Ao final, mesmo que não seja uma fita para todos os públicos, “9 Canções” resulta num exercício simples, curto – apenas 66 minutos de projeção – e verdadeiro de um romance marcante na vida de duas pessoas, sem firulas, sem a beleza de plástico das produções água-com-açúcar de Hollywood, mas nem por isso menos intensa, bela e apaixonante. Na verdade, é um filme que, se visto com naturalidade e sem preconceito, pode causar um sentimento tão doloroso quanto a vontade de cortar os pulsos (!) causada com Closer ou Brilho Eterno, no bom sentido, claro. Se você gostar de rock inglês, então, a experiência é ainda mais bacana. Só não convide seus pais ou aquele(a) seu(ua) amigo(a) mais recatado(a) pra assistir a este filme em sua companhia, pelo amor de Deus! Vai enfartar o povo aí, e depois vão dizer que a culpa é minha… 😀

Só eu reparei ou este texto está bem “maior” do que os meus padrões? 😛

:: ALGUMAS CURIOSIDADES

– Eis as tais nove canções do título: “Whatever Happened To My Rock and Roll” e “Love Burns”, do Black Rebel Motorcycle Club; “C’mon C’mon”, do The Von Bondies; “Fallen Angel”, do Elbow; “Movin’ On Up”, do Primal Scream; “(You Were) The Last High”, do Dandy Warhols; “Slow Life”, do Super Furry Animals; “Nadia”, de Michael Nyman; e “Jacqueline”, do Franz Ferdinand.

– A atriz Margot Stilley pediu ao diretor Michael Winterbottom que não creditasse seu nome nos créditos do longa. Ao invés disso, preferiu ser chamada apenas como “Lisa”, o nome de sua personagem. Uma pergunta: se a garota não queria ser reconhecida, por que topou protagonizar a fita? Ou ela espera que ninguém saiba quem ela é, mesmo que “9 Canções” revele até seus órgãos internos? 😛

– “9 Canções” foi rodado em DV (vídeo digital) e transferido para película em seguida.

– As cenas de sexo explícito foram rodadas somente com os dois atores, o diretor, o cameraman e o operador de som no set.

9 Canções (Título Original: 9 Songs) / Ano: 2004 / Produção: Reino Unido / Direção e Roteiro: Michael Winterbottom / Elenco: Kieran O’Brien, Margot Stilley, Black Rebel Motorcycle Club, Dandy Warhols, Franz Ferdinand, Michael Nyman, Elbow, Primal Scream, The Von Bondies, Spuer Furry Animals / Duração: 66 minutos.


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