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Artigo adicionado em 31/05/2005, às 09:54

DA BIBLIOTECA PARA O CINEMA
As adaptações de obras literárias para o cinema, suas maldições e bons exemplos Momento Guia dos Curiosos: você sabia que mais ou menos oitenta e cinco por cento das produções que saem nos cinemas todos os anos são adaptações de livros? Pois é, pois é, pois é. Não são só os conhecidíssimos casos Harry Potter, […]

Por
Francine "Sra. Ni" Guilen


Momento Guia dos Curiosos: você sabia que mais ou menos oitenta e cinco por cento das produções que saem nos cinemas todos os anos são adaptações de livros? Pois é, pois é, pois é. Não são só os conhecidíssimos casos Harry Potter, Senhor dos Anéis e os novos O Guia do Mochileiro das Galáxias e Guerra dos Mundos que saíram de um livro feliz e foram parar no cinema. É claro que a gente fica sabendo mais dos casos dessas adaptações porque nasceram de clássicos e/ou best sellers, que já fizeram sucesso sozinhos na literatura, antes de fazerem sucesso no cinema. Sejam livros conhecidos pelas “massas” ou só por aquele amigo do seu tio que tem mais livros que a biblioteca de Alexandria, o fantasma da adaptação para as telas sempre vai assombrar os leitores assíduos.

Perguntas como: “será que o diretor maldito vai filmar a minha cena favorita, ou então será que ele vai acrescentar personagens e situações absurdas?” brotam nas confusas cabecinhas de nós, leitores, que, muito justamente, queremos ver o livro que lemos lá na tela, não um genérico chinfrim. Bem, é claro, e todo mundo sabe, que nem todos os diretores são bonzinhos e seguem à risca as histórias, para desespero de alguns e interesse dos outros. Sim, eu confesso, na maioria das vezes me encaixo no grupo dos “outros interessados”, já que acho até legal ver as mudanças que acontecem nessa transposição. Mas só algumas, né? =)

Muitos diretores, já prevendo a reação dos fãs revoltados, já deixam bem claro que o filme que estão fazendo é “baseado” ou “livremente adaptado” no livro em questão. Esses até se dão bem, em comparação aos que tentam contar toda a história do livro, mas se perdem completamente no caminho. No fim das contas, as adaptações que seguem fielmente todos os acontecimentos do livro são raríssimas. Ou talvez nem existam, já que qualquer filmagem que contasse uma história igualzinho o seu autor, contendo todas as páginas, deveria ter algumas semanas de duração, no mínimo. E, cá entre nós, os diretores também sempre querem mexer um pouquinho no enredo para atrair a atenção daqueles infelizes que não leram nossos livros favoritos, e vão ao cinema para conhecê-los pela primeira vez.

E é aí é que está o segredo dessas adaptações. Tem gente que reclama, dizendo que a criançada vai parar de ler só porque é mais fácil ver os filmes, e tem gente que diz que é bom pro pessoal se interessar pelos livros. Pelo jeito, o que anda acontecendo mais é o segundo caso, o que é bacaninha (principalmente para as editoras espertas, eu diria). Agora, ruim mesmo é agüentar as xaropices de novos fãs viciados que conheceram seu livro favorito só depois que leram os filmes, e não cansam de dizer que são mais fãs que você. Jogue a primeira pedra quem nunca esteve em uma situação dessa, seja como o fã antigo… ou mesmo como o fã xarope. Sim, todos nós fomos novos fãs um dia, devemos confessar de joelhos.

Depois de comparar mil vezes, o que quase todo mundo acaba dizendo é que o livro é sempre melhor do que o filme, já que, lendo, imaginamos tudo como quisemos, e não como a equipe da produção quis. Mas será mesmo que é sempre assim? Para poder mostrar todas as faces da moeda (se bem que moeda só tem duas faces…), cada um dos nerds d’A ARCA deu sua opinião, falando de nossos queridos livros que se deram bem no cinema, e daqueles que, se pudéssemos, apagaríamos da face da Terra.

:: ADAPTAÇÕES QUE MERECEM NOSSOS APLAUSOS

El Cid: Laranja Mecânica, de Anthony Burgess (1971/dirigido por Stanley Kubrick)
O filme é tão intenso e poderoso quanto o livro e, sejamos coerentes: o final mais psicológico e non-sense da obra – que, no original, tem tom mais político e panfletário – acaba criando uma atmosfera diferente… mas não menos genial. PS: Eu também ia citar Um Sonho de Liberdade, mas como o R.Pichuebas já vai falar… 🙂
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R.Pichuebas: Um Sonho de Liberdade, de Stephen King (1994/dirigido por Frank Darabont)
Baseado no conto Ryta Hayworth e a Redenção de Shawshank (Quatro Estações/1982) de Stephen King, o filme de Frank Darabont conseguiu ser a melhor adaptação de uma obra literária na minha opinião – exatamente por não se importar em ser 100% fiel a todas as idéias do autor. Enquanto hoje temos filmes que pecam por tentar ser simplesmente o “livro filmado” e não arriscarem em oferecer nada de novo para fãs de suas obras originais, em 1994 Darabont não só agradou os leitores por acertar em cheio em certos pontos como o personagem Ellis Boyd “Red” Redding (Morgan Freeman como um irlandês? Excelente!) como por expandir maravilhosamente bem o personagem Brooks Hatlen (James Whitmore), de criar a maravilhosa “Cena de Mozart” – que além de não estar no conto é uma das cenas mais emocionantes da história do cinema – e de encher o filme de referências aos fãs mais malucos do autor (como o papai aqui) como o número 237 e o rio Royal. Merece aplausos. Muitos.
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Srta.Ni: O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien (2001-2003/dirigido por Peter Jackson)
É chover no molhado falar isso, mas não posso evitar. Tio Jackson não só conseguiu passar para o cinema toda a trilogia impecavelmente, com toda a magia e sem se perder na história – que é realmente extensa – mas também conseguiu se aprofundar nos personagens, coisa que não acontece com tanta freqüência nessas produções. Ok, tudo bem que ele precisou de nove horas de filme para fazer isso. Mas o que importa é que ele foi lá e fez. E O Senhor dos Anéis não merece nossos aplausos só por isso. Merece ser aplaudido também porque conseguiu ser mais legal do que o próprio livro em si. Pronto, falei. E não sou a única a falar isso, de modo algum. Não, eu não tenho problemas com livros grandes (para terem uma idéia, um de meus favoritos é Os Miseráveis, que deve ser maior que toda a trilogia de Tolkien), mas a verdade é que ler toda a história de Frodo me cansou. Não pela história, que é genial, mas principalmente pelas descrições enormes do neurótico J.R.R.. É um tal de gastar tinta e página com cenários detalhados, verdes, vermelhos e dourados, e com descrições ao Norte, ao Leste e ao Sul, que deixam qualquer um tonto. Vendo os filmes, a gente consegue entender muito bem, em poucos segundos, descrições que, nos livros, duravam cinco páginas e meia. Claro que nem tudo são flores: pra mim, as únicas injustiças cometidas pelo Peter Jackson foram: a) colocar aquela elfa panaca, a Arwen, fazendo coisas que o Gandalf executa nos livros, só pra dar alguma importância maior para ela. E b) sumir com o Tom Bombadil. Puxa, o Tom Bombadil não!
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Zarko: Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar (2001/dirigido por Luiz Fernando Carvalho)
De todos os livros que li e que, posteriormente, ganharam adaptações cinematográficas, a visão do global Luiz Fernando Carvalho para o livro de Raduan Nassar é, ao mesmo tempo, a mais fiel e a mais criativa. Fiel, porque não há uma linha da obra que não esteja na tela. Até mesmo as milhares de metáforas que Nassar expõe no papel para tentar suavizar o teor pesadíssimo do romance transformaram-se em imagens – e que imagens! Não à toa, o diretor usou pouco menos de três horas de projeção para dissecar uma história de menos de 200 páginas. Criativa, porque quem leu Lavoura Arcaica sabe que a obra era praticamente “infilmável”. Carvalho não só ousou contar esta trágica e horripilante história do jeito que ela é, como não teve pudores em deixar o clímax por conta da imaginação do espectador – mais ou menos o que Nassar fez com o livro. E a solução para o estranho último capítulo foi simplesmente genial! Pena que “Lavoura Arcaica”, o filme, está fadado ao limbo, visto que ficou pouquíssimo tempo em cartaz nos cinemas e sequer foi lançado em VHS, o que dirá em DVD…
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Dito isso, a coisa complica quando os executivos do cinema se sentem no direito de mexer com toda a imaginação do autor, e adaptar o livro como seu coração manda. Aí, cenas perfeitas ficam perdidas na sala de edição, enquanto coisas bizarras são adicionadas no filme final. E aí o bicho pega.

:: ADAPTAÇÕES QUE MERECEM NOSSA MALDIÇÃO ETERNA

El Cid: Carandiru, de Dráuzio Varella (2003/assassinado por Hector Babenco)
Vai pro inferno, como diabos o mesmo Hector Babenco de Brincando nos Campos do Senhor foi capaz de algo tão… tão… absolutamente banal? Sim, é uma película partidária, que acaba tomando o lado dos presidiários, retratando-os como bonzinhos e não como criaturas dúbias. E, como cineasta, ele foi covarde até a tampa, optando por uma estética que mais parecia um clipe do Racionais MCs, sem qualquer inovação aos retratos que já tinham sido feitos antes sobre o mesmo momento.
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R.Pichuebas: O Apanhador de Sonhos, de Stephen King (2003/assassinado por Lawrence Kasdan)
Pelo amor de Deus! Uma das melhores comédias não-intencionais que já vi na minha vida e um excelente filme para se assistir bêbado. Baseado no livro homônimo de Stephen King, Lawrence Kasdan poderia ter iniciado uma coisinha mágica chamada A Torre Negra com este filme mas infelizmente destruiu todas as referências à série de King com um final sem pé nem cabeça. É um filme em que todos os atores estão péssimos, inclusive Morgan Freeman! Só uma coisa se salva neste filme: as fuinhas-de-merda. Quem não consegue adorar personagens com este nome?
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Srta.Ni: Romeu e Julieta, de William Shakespeare (1996/assassinado por Baz Luhrmann)
É o diretor de Moulin Rouge, mas eu não estou nem aí. Também não se diz ser uma adaptação fiel de propósito, mas isso não explica nada. Romeu e Julieta é um dos livros de Shakespeare que eu menos gosto, porque é melooooso demais, mas também não desejava um fim tão ruim assim para ele. A idéia de transportar essa conhecidíssima história para os dias atuais já estava meio batida, mas veio o cidadão e resolveu trazê-la para a atualidade, só que mantendo os diálogos com a mesma linguagem usada pelo autor inglês. Resultado: ver o Leonardo DiCaprio sacando a arma e dizendo “desembainhais vossas espadas”… é tosco. Muito tosco. Eu poderia citar alguns outros filmes, baseados em meus livros preferidos, mas que ficaram longe de captar toda a sua essência – como Alice no País das Maravilhas, História sem Fim e Os Miseráveis – mas nenhuma dessas adaptações foram realmente ruins, só não chegam aos pés de passar a mesma mensagem que os originais.
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Zarko: O Talentoso Ripley, de Patricia Highsmith (1999/assassinado por Anthony Minghella)
Se fosse resumir em duas palavras, estas duas palavras seriam: PRA QUÊ? Pois é, pra quê dirigir uma nova versão para os cinemas de um livro já adaptado para as telas com maestria – no caso, o clássico O Sol Por Testemunha, em 1960? Não que a nova fita estrague o ótimo romance da escritora policial Patricia Highsmith; aliás, o filme é bem fiel. Só não consigo entender quem imaginou que uma fitinha cujos protagonistas são interpretados por Matt Damon e Gwyneth Paltrow superaria a qualidade de uma obra-prima estrelada pelo Alain Delon! Pois é, o primeiro, mesmo não sendo 100% fiel ao livro, é infinitamente superior. O Talentoso Ripley é chato, pretensioso, não convence, não causa uma gota de tensão e só serviu mesmo para que Anthony Minghella, recém-oscarizado por O Paciente Inglês, tentasse novamente concorrer à estatuetazinha. Pelo menos, serviu para alçar a carreira de Jude Law ao estrelato. Mas isto aconteceria mais cedo ou mais tarde, porque o cara é o maior legal.
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Se maravilhas como “O Senhor dos Anéis”, e, no caso dos quadrinhos, Homem-Aranha, surgiram, sabemos que ainda temos esperança. E a pergunta que não quer calar, quando leio um bom livro, é: “por que raios ninguém transformou isso em um filme ainda”? Portanto, seguem abaixo as obras literárias que devem ser sacrificadas em um altar para que os deuses do Olimpo as recebam e transformem em obras primas do cinema:

:: ADAPTAÇÕES QUE EU QUERIA VER

El Cid: Paraíso Perdido (1667), de John Milton
Pensei em citar o Neuromancer, do William Gibson… mas acho que esta história seria um épico inesquecível. Considerada a primeira ficção da história literária, a poesia de John Milton conta a saga da queda de Lúcifer ao inferno e sua tentativa de destruir o Paraíso criado por Deus na Terra. O personagem principal é de uma força incrível, merecia ser interpretado pelo Jeremy Irons. Ou pelo Brad Pitt, numa atuação próxima do carismático Tyler Durden de O Clube da Luta. E eu deixaria a direção nas mãos do David Fincher.
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R.Pichuebas: A Casa Negra (2003), de Stephen King e Peter Straub
Essa história, que se passa vinte anos após os eventos contados em O Talismã (Stephen King e Peter Straub/1984), traz de volta o personagem Jack Sawyer como um detetive aposentado que investiga uma série de assassinatos em uma cidade de Wisconsin. Além de ser imensamente superior à sua primeira parte (que está em fase de pré-produção) é um livro emocionante cheio de personagens carismáticos que funcionaria muito bem como um filme – melhor até que “Talismã” – na mão de um diretor certo. É uma pena que as chances disto acontecer são pequenas, já que pelo que li a adaptação de “Talismã” será um lixo de proporções épicas.
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Srta.Ni: A Chave do Tamanho (1942) , de Monteiro Lobato
Sim, que coisa mais singela. Existem tantos livros que eu poderia sugerir aqui, que fiquei realmente perdida na hora de escolher e me deu um branco. Aí, resolvi apelar para o lado mais nostálgico e politicamente correto, que também me traz felicidade. Oras, se A Chave do Tamanho não daria um filme infanto-juvenil tão legal que até seria sacanagem compará-lo com outros clássicos infantis! =) A história conta o que acontece quando, em algum canto do mundo acontece uma pane e a “chave” que cuida do tamanho da humanidade é puxada: de repente, todos os seres humanos ficam pequenininhos. Só imaginem a cena das crianças em miniatura habitando o chapéu do Visconde de Sabugosa que mágica não seria… Mas é claro que estou imaginando aqui uma produção bem feita, com atores bem melhores que aqueles lá do programa de TV do Sítio do Pica Pau Amarelo. A história não está tão velha assim, e daria um filme bem classudo se fosse conduzido direitinho por um bom diretor de Hollywood, não estou brincando. Bem, eu também poderia sugerir O Capitão Hatteras, do Júlio Verne, que teria como personagem principal o ator Sam Neill e seria uma aventura beeem legal… mas é melhor parar por aqui.
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Zarko: A Vingança do Bastardo (1987), de Eleonora V. Vorsky (a.k.a. “aquela velhota sem-vergonha”)
Ao invés de continuar com a falta de graça daquelas piadas babacas e constrangedoras de seu programa televisivo semanal, bem que o Casseta & Planeta podia “estrear” no cinema com esta obra-prima da literatura (!) que os caras publicaram em capítulos em seu clássico jornalzinho Planeta Diário nos anos 80. Tudo bem, eles já fizeram um filme, o tal do A Taça do Mundo é Nossa, mas aquilo eu não considero pois consegue ser mais chato que o programa! Enfim, A Vingança do Bastardo, escrito pela velha safada Eleonora V. Vorsky (pseudônimo de Alexandre Machado, casado com a chata cult da Fernanda Young), conseguiu a proeza de misturar personagens reais como Henry Kissinger, o “homem da j@#$ descomunal” (!!), e Aarão Steinbruch, e outros fictícios, como o suspeitíssimo Primo Levy, a glamourosa Prima Roshana e National Kid (!!!), numa absurda trama de espionagem. Olha, eu daria tudo para ver a prima Roshana na tela grande, soltando a clássica “chama meu @# de pastel e enche ele de carne” (!!!!), ou até mesmo minha personagem predileta: Bel, a Sereia – aquela que “deixa os seres do fundo do mar todos molhadinhos” (!?!?!). A transposição desta jóia brazuca geraria, automaticamente, um spin-off bastante interessante que também aconteceu no papel: Calor na Bacurinha, as memórias da Prima Roshana. Infelizmente, isto jamais acontecerá, pois os caras outrora geniais do “Casseta & Planeta” andam puritanos e corretinhos demais para produzir jóias subversivas como esta.

Existem aqueles livros pavorosos, que lemos porque somos obrigados ou porque são tão ruins, que simplesmente não podemos evitar de dar uma espiada =). De repente, eles até podem se dar bem no cinema – Alfred Hitchcock é quem disse certa vez que “livros ruins é que dão bons filmes”. Resta saber se ele estava certo. Agora, você acredita que existe algum livro tão bom, mas tão bom, que se fosse para o cinema, seria estragado? A gente acredita.

:: ADAPTAÇÕES QUE EU NÃO QUERIA VER

El Cid: O Iluminado (1977), de Stephen King
Na falta de uma, já tivemos duas. Mas o autor não gostou da primeira (do Kubrick, em 80) – que, na minha opinião, é genial, melhor até do que o livro. E aprovou a segunda, completamente desprezível e asquerosa (dirigida para a TV por Mick Garris em 97). Então, chega. Vamos deixar assim mesmo que já ta bom.
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R.Pichuebas: A Torre Negra (1978 ~ 2004), de Stephen King
Uma obra que é quase impossível de ser filmada. O épico em sete volumes que demorou 26 anos para ser terminado é um faroeste sobrenatural pós-apocalíptico que não tenho certeza se funcionaria bem nas telas do cinema. Apesar de ter personagens fortes e uma história sensacional, acho que a aventura do pistoleiro Roland de Gilead em busca da Torre Negra só funciona nos livros pelo fato de King ter ligado todas as suas obras nesta série. Prefiro que sejam mantidas as referências sutis como Lembranças de um Verão (2002), em que as referências ao mundo paralelo da Torre estão lá para quem quiser ver mas não atrapalham o desenrolar da história, ou como Darabont fez até mesmo em Cine Majestic com Jim Carrey – que não tem nada a ver com Stephen King, mas tem um pistoleiro chamado Roland e um cinema chamado Majestic. Recomendo os livros, mas não sei se poderia recomendar um filme baseado neles.
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Srta.Ni: As Cosmicômicas (1999), de Ítalo Calvino
Não é bem que eu não QUERIA ver a adaptação desse maravilhoso e perfeito livro de contos do Ítalo Calvino… o problema é simplesmente que seria tecnicamente impossível filmar a maioria dos contos nele descritos. A justificativa já começa com o nome do protagonista, que é intraduzível: Qfwfq. Ele é, basicamente, um ser abstrato que vive desde os primórdios do Universo, e todos os contos do livro acompanham a trajetória de sua vida, narrando de uma forma incrível romances, comédias e dramas com episódios baseados em teorias científicas. Em uma das histórias, para se ter uma idéia, Qfwfq mora com seus amigos e parentes antes do Big Bang. O problema é que todos estão concentrados em um único ponto (sim, eu disse que era tecnicamente impossível filmar isso aí!). Daí para que toda a tensão se liberte em uma grande explosão e forme o Universo, mais cedo ou mais tarde, não precisa de muita coisa. As Cosmicômicas é recheado de situações tão metafísicas quanto essa – daí, a não ser que fosse um filme “conceitual”, ia ficar bem complicadinho adaptar uma coisa dessas. Agora, se um bom diretor pegasse os contos que não tratam de assuntos assim tão “fisicamente impossíveis” e adaptassem em alguma série para o cinema mais ou menos no formato de capítulos ou volumes (como Kill Bill ou Sin City) seria sensacional. E bizarríssimo também. Mas é melhor deixá-lo como está. Por favor leiam esse livro. =D
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Zarko: A Guerra dos Mundos (1898), de H. G. Wells
Tá, tudo bem, eu ADORARIA ver Guerra dos Mundos no cinema. Mas não pelas mãos do Spielberg! Poxa, o cineasta suavizou Jurassic Park e acabou com todas as mortes macabras do livro! Alguém duvida que este novo filme terá o mesmo destino? Ah, por que não chamaram logo o Kerry Conran (Capitão Sky) pra fazer o negócio? Pelo menos, ficaria divertido. E imaginem o que ele não faria com aquele visual retrô, hein?

Ah! E antes que alguém reclame aí embaixo: só lembrando a vocês que me propus a falar de livros, e não de quadrinhos, senão o assunto iria se estender infinitamente. Deixemos para uma próxima. =)


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