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Jess Tweiten é o dono do blog Waiting for Star Wars. Nele, Jess narra suas aventuras como um fã maluco que resolveu montar sua “casa” na porta do cinema onde o Episódio III irá estrear. Mas isso não é nenhuma novidade. Sempre que uma dessas estréias bombásticas acontecem, existem milhares de malucos que fazem coisas como essa, principalmente em se tratando de filmes bam bam bans no mundo nerd. Alguém se lembra da música Waiting for Frodo que circulou na Internet enquanto a trilogia Senhor dos Anéis não estreava nos cinemas? Era maior legal =D. Enfim, o que quero dizer é que esses filmões pipoca tão aguardados têm o dom de atrair legiões de fãs – e é sobre eles que vamos falar agora, os nossos queridos fãs de Guerra nas Estrelas. Afinal, quem nunca quis saber o que se passa por trás da mente daqueles doidos que gostam de sair por aí imitando o barulho de sabres de luz?
Ei, ei, pode parar por aí se você acha que “doidos que gostam de sair por aí fazendo barulhos de sabre de luz” é uma coisa ruim. Pois saiba que se não fossem os fãs mais fiéis, filmes como “Guerra nas Estrelas” não teriam toda aquela “atmosfera mágica” em volta deles – e eventos como as Jedicon nem sequer existiriam. Aliás, quem somos nós para falar contra fãs? Todo mundo aqui d’A ARCA é fã incondicional de alguma coisa. Mas quem ainda tem essa idéia do fã de “Guerra nas Estrelas” como um sujeito exageradamente viciado está ligeiramente enganado. Embora à primeira vista essa pareça ser a imagem de um típico fã da saga Star Wars – a do sujeito que acha que é um jedi, e termina todas as frases com um “que a força esteja com você” – não é bem isso o que acontece. Quer dizer, isso acontece sim, mas não de forma assustadora. Pelo menos os fãs entrevistados para essa matéria não pensam assim.
Por que será que alguém começa a morrer de amores por uma saga, sendo que existem tantas outras trilogias maravilhosamente legais por aí? E se virou fã, como é que foi isso? Com essas dúvidas em mente, saímos atrás de membros dos Conselhos Jedi de diferentes Estados brasileiros em busca dessas explicações e de um padrão para saber quem são os verdadeiros fãs de Luke e seus companheiros. Vale lembrar que todos esses Conselhos surgiram da união de fãs, inicialmente em uma informal pizzada aos fins de semana, até acabar como algo bem organizado, com membros organizando eventos grandes como as Jedicon, no Rio, em São Paulo e em Brasília.
:: É UMA VELHA HISTÓRIA
Desde seu lançamento, em 1977, a franquia “Star Wars” já tinha uma idéia bem interessante, que serviu para atrair a atenção de seus primeiros entusiastas: o primeiro episódio a ser lançado era, na verdade, o Episódio IV – o que já dava uma bela dica: “sim, meus amiguinhos, ainda tem mais”. Assim, as continuações em seqüência fizeram de “Star Wars” um seriado loooongo e aguardado, e a saga foi ganhando cada vez mais adeptos e fãs. E, com o lançamento do Episódio I, no final dos anos 90, antigos fãs ressuscitaram e uma quantidade enorme de gente que desconhecia a trilogia clássica passou a aumentar o número dos seguidores da Força.
Muitos fãs foram capturados pela magia dos filmes logo depois de terem assistido ao Episódio IV pela primeira vez no cinema. Já outros até conheciam quem era Darth Vader, mas só foram se declarar fãs quando pegaram carona no renascimento da saga, no Episódio I. “Eu não creio que eu vá esquecer desse dia. Foi em 1978, e eu não tinha sete anos ainda, quando fui ao cinema ver o Episódio IV. Naquela época eu morava em Recife, e aquilo foi incrível. Foi um transporte imediato a outros mundos, a uma galáxia muito, muito distante, da qual não acredito ter retornado. Depois de O Império Contra-Ataca e de um especial no SBT com o making-of do filme, eu soube o que tinha que fazer pelo resto da vida” – diz Hermes, 33 anos, do Conselho Jedi Distrito Federal. Brian, do Conselho RJ, também conta sua experiência: “minha lembrança mais forte é de quando tinha uns 9 ou 10 anos – fui ver O Retorno de Jedi na telona e na entrada do cinema vi várias pessoas fantasiadas. Entre elas um cara de Darth Vader”. E isso foi em 1983, para quem acha que essas manias excêntricas por parte de nós, fãs, são uma aquisição recente. Falando em manias malucas de fãs…
:: WHO’S THE MORE FOOLISH: THE FOOL, OR THE FOOL WHO FOLLOWS HIM?
Nenhum dos dois, segundo os devotos fãs da saga “Guerra nas Estrelas”. Afinal, todo fã que se preze está disposto a fazer algumas maluquices em nome de sua paixão, sem medo de ser feliz. Seja arriscar o casamento passando três madrugadas seguidas acordado vendo especiais “Star Wars”, seja gastar todo o salário comprando uma réplica da Millenium Falcon, seja usar todo o Fundo de Garantia para bancar uma viagem para assistir a estréia do Episódio I em Nova York.
Para se ter uma idéia de qual é o alcance disso tudo, quase 400 mil pessoas declararam que sua religião era Jedi no censo de 2001, no Reino Unido – e 70 mil fizeram a mesma coisa na Austrália. Sensacional, não? Ainda na sessão “Acredite se Puder”, existem aqueles que sabem falar línguas de raças presentes nos filmes (da mesma forma que tem aqueles que sabem falar élfico). Dos fãs interrogados para essa matéria, nenhum se declarou capaz de falar a língua de alguma raça dos filmes, mas bem que gostariam. Quer dizer, com exceção de Henrique Granado, do Conselho Jedi do Rio: “não, obrigado, não quero aprender uma dessas línguas… eu ainda pretendo ter uma vida social por mais algum tempo” – explica ele. Mas é bom avisá-lo que assim ele nunca seria bem recebido na vida social do Palácio do Jabba! =)
Parte das insanidades cometidas por esses fãs é ir a grandes eventos vestidos como personagens da saga. A Fabíola, do Conselho Jedi São Paulo, já fez cosplay (se fantasiou) de Padme e Leia, e, diz ela, “já foi o suficiente”. Um traje de jedi já faz parte do guarda roupa do Henrique: “desde 99 tenho uma roupa de Jedi, então nos eventos, convenções e pré-estréias o traje está sempre me acompanhando”.
E cada um tem sua loucura de fã pra confessar: “eu já saí correndo no meio de um evento gritando que tinha comprado uma nave que custou o olho da cara!”, confessa Fabi. Nosso caro internauta, conhecido visitante d’A ARCA e também membro do Conselho Jedi de São Paulo – o Jedi Master – tem uma série de peripécias para contar, que comprovam sua nerdice: entre elas, ter feito às pressas uma prova na faculdade só para sair correndo e ser o primeiro a comprar o ingresso do Episódio I. “Cheguei na porta do shopping bem antes de abrir. Já tinha bastante gente na porta. Quando abriu, o povo entrou numa boa, mas eu já conhecia um atalho por dentro do estacionamento, e saí literalmente correndo para ser o primeiro a comprar o ingresso. Cheguei na fila e levei um sermão do segurança. Pedi desculpas, mas disse que ele até podia me tirar do shopping, mas só depois que eu comprasse meu ingresso. No dia da estréia cheguei ao shopping antes de ele abrir… e fui ‘pra fila’… fila esta que na verdade só começou lá pelas 8:30 da noite”.
E as próximas gerações? Bem, se depender dos esforços dos pais, a criançada que chegou ao mundo faz pouco tempo ainda vai render muito para o bolso do seo George Lucas. Vanderlei “Obi-Wan”, do Jediminas (Conselho em Minas Gerais), tem 28 anos e uma filha de dois anos e meio – “minha filha é muito nova, mas quando coloco ‘Star Wars’ para assistir ela manda minha esposa calar a boca porque estamos assistindo o filme do papai”, declara o orgulhoso papai. Mais “grave” do que a dele é a situação de Anna Laura, a filha de Hermes. Segundo ele, a menininha, com apenas quatro dias de vida, já foi exposta ao universo de “Star Wars”: “o primeiro filme que ela viu do começo ao final, aos quatro dias de vida, foi o Episódio IV – Uma Nova Esperança. No quinto dia, assistiu a ‘O Império Contra-Ataca’, e no sexto, ‘O Retorno de Jedi'”.
Assim como acontece em outras áreas de conhecimento nerd, a gente vê que a maioria masculina ainda domina. Mas é por pouco tempo, porque as mulheres já estão ocupando seu espaço. A Fabi explica: “eu vejo nos eventos que participamos ou organizamos uma participação feminina bem mais ativa e assumida que há alguns anos atrás, quando os garotos logo torciam o nariz ou riam para a mulher que era fã de HQ, cinema, ou algo do tipo. Mas hoje isso mudou muito”. As fãs de “Guerra nas Estrelas”, que não têm vergonha de assumir que Han Solo é sim bonitão, se concentram no Vogue Squad. “O Vogue Squad é um grupo só de mulheres, que inicialmente foi criado apenas para integrantes do CJSP, com lista de discussão. Fazemos encontros esporádicos na casa das integrantes. O grupo acabou crescendo e aceitamos todo tipo de fã, não só de ‘Star Wars’. Fazemos nossa parte para fortalecer o lado feminino em nosso fã clube de ‘Star Wars’, que cresce cada vez mais”, continua Fabíola.
:: STAR WARS x STAR TREK
Existe um mito que circunda os trekkers e os fãs de “Guerra nas Estrelas”. Dizem as más línguas que eles se odeiam e não podem cruzar a mesma calçada. Boatos incluem violentas invasões de trekkers em salas de bate papo de “Star Wars”. Mas nossos amiguinhos desmentem essa fama malvada. “Isso já passou, pelo menos para a maioria. Hoje em dia temos amizade e vamos aos mesmos eventos. Jornada, para mim, é uma série interessante e inteligente, eu gosto muito”, diz Fabi. Jedi Master completa: “sou fã de Star Wars, mas também sempre gostei de Star Trek. Sempre acompanhei a série clássica e a nova geração. Conheço bastante, mas nunca me aprofundei. Mas existe sim uma rivalidade – entretanto não da forma que pensam, e não com todos. Na verdade, os fãs de um geralmente gostam do outro”.
:: FÃ PROFISSIONAL
“Star Wars” influenciou a escolha profissional de muita gente, de uma forma ou de outra. Mas tem vezes que vira um pouco mais que influência. “Star Wars É minha profissão. Faço aqui uma quantidade absurda de coisas dos filmes – roupas, sabres de luz, armaduras de Stormtroopers, a armadura do Vader e por aí vai. Além disso também me envolvo em fazer filmes, que é algo que me agrada sobremaneira”, diz Hermes, o autor das roupas que ilustram essa matéria. Essas fantasias e acessórios como sabres de luz são confeccionados por ele, sua esposa e seu amigo, e já foram parar em diversos pontos do planeta. É claro que o seu público é composto essencialmente pelos fãs da saga, e o bacana é que seus produtos têm bastante saída, segundo Hermes. Os fãs não hesitam em pagar preços que vão de 380 reais (um traje de jedi) até 3 mil reais (a roupa completa do Darth Vader), para realizar seus sonhos de consumo.
:: STAR WARS DE AGORA NÃO É STAR WARS?
É quase que uma unanimidade entre todos que a trilogia clássica (episódios IV, V e VI) é imensamente melhor que a atual. O Jedi Master condensou essas críticas em uma frase : “prefiro a clássica, porque é onde existe a MAGIA de ‘Star Wars’. Os novos estão focados mais na tecnologia”. É exatamente essa tecnologia que cativou o Vanderlei: “assisti à trilogia antiga como filmes da Sessão da tarde e Cinema em Casa. Só que o mercado cinematográfico foi ficando cada vez mais exigente, e com isso teve que se adaptar a estas exigências, e eu evoluí junto com eles. Então, quando descobri que a trilogia ‘Star Wars’ seria lançada no cinema, agora remasterizada, para mim era o que faltava. Assisti aos três filmes e saí de lá extasiado. A história começa a ser contada, o mistério desvendado. Deliciei-me assistindo como tudo terminou, mas agora prefiro ver como tudo começou”, explica ele, que confessa que é sempre tachado de “louco” pelos outros fãs ao dizer sua preferência. “Mas a amizade prevalece, pois é dela que é constituída a Força”, brinca ele.
Jedi Master também tem um argumento de defesa: “o Episódio I foi um filme que serviu para que as pessoas que não conheciam ‘Star Wars’ se familiarizassem com a saga e se tornassem fãs. Foi um filme com um toque mais infantil, também para que as crianças gostassem, mais ou menos como ler primeiro O Hobbit para depois ler Senhor dos Anéis, e então o Silmarillion“.
Outra das unanimidades entre os fãs da saga é o Yoda. Quase todo mundo declara, nostálgico, que o “Yoda-Muppet” era muito mais bacanudo do que esse novo em versão CG. O Henrique é um deles: “eu sou um cara da old-school“, diz ele. “Gosto das coisas reais, embora eu aprecie muito o trabalho que está sendo feito com o Yoda. Claro que sem essa nova tecnologia, ele jamais empunharia um sabre de luz, mas eu ainda gosto de lembrar do verdinho como um velho senil, embora sábio. Um tutor, e não um guerreiro com tendências para bolinha de pingue-pongue…!”.
:: NEM SÓ DE STAR WARS VIVE O HOMEM
A essa altura do campeonato já deu pra perceber que não estamos falando de seres obcecados que vivem sonhando em ser abduzidos pela Millenium Falcon (e se sonharem, qual o problema? =D). Os entrevistados para essa matéria declararam suas outras paixões, que não envolvem sabres de luz ou sagas infinitas. Além de “Guerra nas Estrelas”, eles também gostam de Indiana Jones, piratas, livros, quadrinhos (o Hermes tem uma coleção com mais de 5000 revistas), trilhas sonoras, Senhor dos Anéis, memorabilia de filmes, DVDs e artes, entre outra infinidade de coisas. Sei que vocês, leitores sagazes, já sabiam que essas seriam as preferências maiorais deles, afinal, nerd que é nerd não nega suas origens.
E que a Força esteja com vocês!
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