Elas podem ser donas de casa prendadas, superprotetoras, usarem luvas de borracha ou até mesmo ser apenas duas pernas sem um rosto definido. Não importa as cores, o grau de parentesco ou o planeta de que vieram, mas aquelas pessoas a quem chamamos de “mamãe” merecem nossos mais sinceros aplausos. E já que estamos na semana delas, preparamos uma matéria especial homenageando as por vezes tão injustiçadas mães. Sinta-se à vontade para padecer no paraíso junto a essas bravas personagens mamães da cultura pop.

Primeiramente vamos começar com uma espécie de mãe realmente atacada pela lei de Murphy. São as que sofrem do que eu chamo de maldição Disney. Arrisco dizer que as mães dos longas da Disney são, de longe, as personagens mais injustiçadas. Assim como noventa e nove por cento das mães de personagens de RPG, as infelizes sempre são executadas sem dó. Nos jogos, a história na ficha é sempre assim: “Glorfindel Juvenal, um elfo guerreiro, muito atraente e sábio, nasceu em um canto escuro da exuberante floresta de *coloque aqui qualquer nome que pareça ser élfico*, e… sua mãe morreu no parto”. Bem, e nos filmes do tio Walt, não é muito diferente. Basta se lembrar…

O primeiro longa animado da Disney, Branca de Neve e os Sete Anões, já inaugurou a maldição. A pobre moça era órfã e foi criada por uma feiticeira um tanto quanto invejosa. Se não bastasse isso, Branca de Neve se apaixona por um príncipe sem rosto, que chega do nada cantando para ela, e mora…em algum lugar nas nuvens. Nas nuvens, estou dizendo. Reveja a cena final do filme para entender o que estou dizendo. Mas não é disso que estamos falando. Prossigamos. =)

Então, vejamos. Cinderela? Também é órfã. Ok, ok, são personagens tiradas de fábulas clássicas, e o fato de elas não terem mães não é culpa do seu Waldisney, mas, como diria nosso caro “Batiman”, “isso não prova nada”. Não podemos esquecer também de dois filmes do estúdio capazes de traumatizar qualquer criancinha: os clássicos Dumbo e Bambi, com cenas absurdamente trágicas. Lembrando que Procurando Nemo e Irmão Urso também têm cenas bem traumáticas com mães de personagens. Mas traumas tinham mesmo os roteiristas dos estúdios Disney, que, além desses já citados, deram cabo da mãe de Ariel (a ruiva chata, de A Pequena Sereia), da Bela, da Pocahontas, da Jasmine e do Aladdin, do Quasímodo, da Lilo… Isso sem contar as animações que nem sequer se dão ao trabalho de explicar a ausência de pais para o personagem, como por exemplo o maravilhoso A Nova Onda do Imperador. No fim das contas, um dos únicos que contou com a presença de uma mãe – e ela não era uma madrasta malvada – foi Simba, de O Rei Leão. Mas Mufasa morreu. o_O Bem, isso é assunto para o Dia dos Pais.

Aproveito com isso para homenagear postumamente as mamães desses personagens que partiram dessa para uma melhor. E que os animadores da Disney não sejam tão maus com as progenitoras dos próximos protagonistas! E agora, como todo mundo adora uma listinha bizarra, aí vai uma, escalando as mães de mais destaque na cultura pop! Aproveite e veja qual delas mais se identifica com a sua mamãe. 🙂

:: BUNNY BRAVO, Johnny Bravo

Uma mãe superprotetora e peruona como a Bunny Bravo só poderia ter tido um filho único, egocêntrico e incrivelmente estúpido como nosso querido Johnny. Ela é uma das únicas mães solteiras de desenhos animados, e vive sozinha com seu amado filho. Apesar de todo o seu amor infinito, Bunny é tão atenciosa que em um episódio sequer repara que Johnny virou uma mosca varejeira. Enfim, Bunny é, ao menos, a única mulher que tem paciência com o cidadão. Quer dizer, ela e aquela vizinha xarope, a Suzy.

:: CLAUDIA FINNERTY, Grounded for Life

Bonita e poderosa, Claudia não podia fugir do inusitado padrão da supimpíssima família Finnerty, em que os pais são tão inexperientes quanto quase todos os pais que tiveram filhos muito cedo, e agem quase tão maduramente quanto seus rebentos. Sem contar que tem os filhos que eu queria ter: uma menina ruiva fã de musicais, um menino até que normal e um caçula particularmente insano. O mais legal é que apesar de todos os pesares, e de Claudia ser desejada por toda a vizinhança, ela e Sean continuam juntos e felizes.

:: DONA FLORINDA, Chaves

A mãe mais superprotetora de toda essa lista é sem dúvidas a personagem do programa do rei Roberto Gómez Bolaños. Não contente em vestir seu tesouro com uma roupa de marinheiro mimado e presenteá-lo com todos os melhores brinquedos da vizinhança (todos, menos a bola quadrada), ela precisa defendê-lo com unhas e dentes – literalmente – de toda a gentalha que o cerca. Belo trabalho de mãe, acho que é assim que se formam os futuros ditadores mundiais. =) Apesar de morar na mesma vila de classe baixa que seus vizinhos, e usar bobs nada elegantes, Dona Florinda acredita que é superior a todos da vila, acredita até mesmo que é superior ao Senhor Madruga. Que audácia.

Contos de Nova York conta três histórias diferentes que se passam na Big Apple. A história que é responsabilidade do neurótico baixinho Woody Allen é surrealmente cômica: Sheldon, o nova-iorquino vivido por Allen acha que estará livre de sua mãe depois da morte dela, mas está redondamente enganado. Pois nem morta a dona Sheldon larga do pé do filhote: uma imagem gigante de sua cabeça aparece no céu de Nova York e se comunica com a sua cria… e com todos os cidadãos da cidade, sem esquecer de fazer aqueles comentários “adequados” que só as mães sabem fazer sobre os filhos. Imagine só se sua mãe pudesse ter a oportunidade de mostrar fotos constrangedoras suas de bebezinho para NY inteira. Pobre Sheldon. ^_^

:: MÃE DO BRAK, O Show do Brak

Ah, o Brak. Meu mais querido personagem do Adult Swim, que antigamente era nada além de um vilão do Space Ghost e agora tem uma espécie de sitcom prosaica em sua homenagem, também tem uma mãe. É a digna Mãe do Brak, que é uma espécie de alien com cara de Brak versão dona-de-casa, e casada com um pequenino humanóide. Ela não cozinha, ela chama o filho usando uma espécie de uivo agudo e sabe como pôr ordem na casa, principalmente quando o seu marido, que tem cerca de metade de seu tamanho, começa a demonstrar ausência de corações. Sabe-se que ela é mais forte que o temível (e genial) Zorak e certa vez já se cansou do casamento e foi passear pelo universo com outro cara, ficando presa nas teias espaciais do amor.

:: MÃE DO DEXTER, O Laboratório de Dexter

Apesar de não ter nome, a mãe do pequeno gênio Dexter é notória sim. Ela vive de avental e de luvas de borracha, para poder lavar a louça e sempre manter neuroticamente a casa limpinha e em ordem. E, apesar de não reparar que seu próprio filho mais novo é dono de um laboratório secreto nos porões de sua casa, e muitas vezes dar mais atenção à sua pentelha filha bailarina que ao caçula ruivinho, tem orgulho deles. Mas, como toda mãe de um cientista mirim, ela freqüentemente encontra seres estranhos andando pela sua casa, e já teve alguns conflitos de identidade: o menino já transformou Dee Dee em sua mãe, já construiu uma mãe robô e já forneceu super poderes à sua progenitora.

:: MAMMA FRATELLI, Os Goonies

Essa aí é uma mãe que merece nossos aplausos porque é a líder da família de bandidos do filme Os Goonies. Foi ela que pôs no mundo o Sloth, aquele ser deformado, mas de bom coração. Oras, todo mundo sabe porque ele é deformado daquele jeito, certo? Porque sua querida mamãe derrubou o filhinho no chão quando era bebê. E, para mantê-lo isolado da sociedade, simplesmente o mantém prisioneiro em um canto de um restaurante abandonado. Vestindo uma camiseta do Super-Homem, é claro! =D

:: MANDY COHEN, A Vida de Brian

A mulher que foi confundida com Maria logo no início da vida de Brian não poderia ser mais inesperada. Principalmente porque é interpretada por um homem, o master Terry Jones, fazendo uma de suas belas vozes esganiçadas. Uma de suas maiores preocupações é sobre a obsessão de seu filho por sexo – mesmo quando o pobre rapaz não está falando sobre esse assunto. Ela se tornou mãe depois de ter sido enganada por um centurião romano, que lhe ofereceu ouro, prata e fama, mas a única coisa que lhe deu foi o Brian, cujo triste fim foi morrer crucificado (e cantando) depois de ter se envolvido com um grupo de rebeldes denominado Frente dos Povos pela Judéia. Claro que no momento do suplício do filho a matrona vai até a cruz, e em vez de libertá-lo, prefere xingá-lo e amaldiçoá-lo por tê-la abandonado e preferir estar lá, amarrado. Realmente uma mãe modelo.

:: MARGE SIMPSON, Os Simpsons

A mãe mais estilosa dessa lista, com um cabelo azul de corte invejável e uma pele amarelada, Marge (voz de Selma Lopes), também se dedica ao lar, cuidando de seus três filhos – Lisa, Bart e Maggie. Mas talvez o que mais dê trabalho é mesmo aturar seu marido perdedor, o Homer. Assim como as outras mães já citadas aqui, Marge se dedica ao lar, limpando a casa durante o dia inteiro, e se ocupando dos assuntos familiares, embora já tenha feito uns bicos em diferentes áreas por aí. Inclusive um ensaio sensual. Bizarro. Ainda assim, Marge Simpson não é qualquer uma, não. Ela foi eleita como a “mãe modelo” pela União das Mães Inglesas.

:: MARIA, A Noviça Rebelde

A nossa linda, perfeita e causadora de diabetes noviça rebelde pode não ter dado a luz àquelas sete afinadas crianças, mas não deixa de se tornar a mãe deles, mesmo antes de se unir em matrimônio ao estiloso Capitão Von Trapp (ops, isso foi um spoiler =D). Ao chegar à residência, a ex-candidata a freira mostra serviço, virando uma babá que realmente vem bem recomendada: sabe cuidar bem de crianças de 4 a dezesseis anos, seja confeccionando roupas de cortina para a patota, seja organizando belos teatrinhos de marionete, seja acabando com o casamento do patrão.

:: MARTHA GENERIC, O Fantástico Mundo de Bobby

Martha Generic é mais uma para a coleção de donas de casa exemplares que cuidam de seus filhos enquanto papai trabalha. A mãe de Bobby, aquele menino que viaja bastante em seu “Fantástico Mundo”, também toma conta da filha adolescente, Kelly. Acha que seu filho é seu “herói”, mas não deixa de gritar com ele nas horas certas, o que serve de pretextos para as teorias malucas do menininho. Martha é uma das únicas mães de cartoons que não são casadas com seres deprimentes como Homer, mas ela foi um tanto injustiçada, já que só o pai de Bobby aparecia em live-action em todos os inícios e fins de episódios. A personagem ficou grávida durante um período da série de desenhos, e em um dos últimos episódios deu à luz a gêmeos, novos irmãozinhos de Bobby.

:: MOLLY WEASLEY, Harry Potter

Não basta criar uma patota de sete filhos ruivos e em sua maioria perfeitos. Tem que ser uma cozinheira de mão cheia, se preocupar com as peripécias de seu marido e ainda considerar como filho Harry Potter, um menino que praticamente carrega uma maldição consigo mesmo, e que, de quebra, bota em risco a vida de seu filho, um dos melhores amigos do garoto. Molly Weasley tem um grande coração, mas quando quer sabe ser muito mais raivosa que seu marido, Arthur Weasley. Quem nunca teve vontade de entrar na Toca e participar de uma refeição junto àquela família de cabelos vermelhos? E depois ainda tomar uma cerveja amanteigada, jogando xadrez de bruxo, vestido com um suéter feito pela Senhora Weasley…

:: MORTÍCIA ADDAMS, A Família Addams

Mortícia se diverte com as brincadeiras de seus dois lindos e normais filhotes, a Vandinha e o Feioso, e, embora seja muito compreensiva nesse ponto, não permite que os membros da sua família se misturem com os “estranhos vizinhos”. Taí uma mãe que nunca leu contos de fadas para seus filhos – para que aquelas princesas e fadas bondosas não assustem suas pobres crianças. Desde o primeiro aparecimento de Mortícia, no seriado de 1960, até à animação de 1992, ela e o marido Gomez são extremamente apaixonados, tratando-se como dois eternos namorados. Enquanto o casal troca juras de amor, sua filha amarra o irmão no trilho de trem mais próximo.

:: PICKLES OBLONG, Os Oblongs

Dizem as más línguas que Pickles faz o cabelo no mesmo salão que Marge. Tudo bem que ela passa pelo menos doze horas de seu dia bêbada (as outras doze horas, passa dopada ou de ressaca), mas não deixa de ter um belo amor maternal pelos seus quatro (ou três? Ou três e meio?) filhos. E cá entre nós, só mesmo muito álcool pra superar o fato de que sua família vive num vale contaminado e foi ligeiramente intoxicada por isso. Não é todo mundo que tem um marido sem braços e pernas, uma filha com um tumor saindo da cabeça, gêmeos siameses e um pequeno serelepe com um olho semi-fechado.

:: SENHORA BATES, Psicose

Eis aí uma mãe exemplar. Ok, não tão exemplar assim, mas A ARCA é um site democrático e homenageia essa doce senhora mesmo assim. Para quem não se lembra, a senhora Bates é a misteriosa, malvada e um tanto quanto… empalhada (!) mãe de Norman Bates, no filme Psicose. Embora não é algo muito recomendável que você a chame para trazer a toalha ou o shampoo depois do banho, podemos dizer que ela é ao menos um pouco mais carinhosa com o filho que a Mamma Fratelli.

:: VILMA FLINSTONE, Os Flinstones

A ruiva Vilma Flinstone (dublada pela Helena Samara) gosta de sair gastando as lascas do marido, ao lado da amiga Betty. Passa as tardes cuidando da linda filha Pedrita e preparando belos assados de brontossauro para o marido. Por sorte, quando sua filha ficou mais velha, ela se apaixonou pelo Bam-Bam, filho de uma velha conhecida. Mas, apesar de ruiva e de ser considerada uma das personagens mais sexies (?) dos desenhos animados, ela é bem menos divertida que seus eletrodomésticos e aparelhos tecnológicos feitos de pedra e de animais pré-históricos.

:: VOVÓ MAFALDA, Sessão Desenho

Poderíamos citar aqui a digníssima Mamma Bruschetta, mas em se tratando de mães travestidas, só mesmo a Vovó Mafalda para superar a fofoqueira do programa das tardes da TV Gazeta. Ninguém sabe quem é o filho dessa senhora, mas se ela é vó, provavelmente já foi mãe algum dia, certo? É traumático e duro de dizer, mas sim, Vovó Mafalda era um homem fantasiado de avó (Freud explica o que se passa pela mente dos produtores de programas infantis). Começou como um dos quadros do programa do Bozo, e mais tarde ganhou um programa próprio, no qual apresentava desenhos animados clássicos. E aqui fica um dos maiores mistérios conjugais dos anos 80: seria Vovó Mafalda a esposa do Papai Papudo? Ou ele era pai solteiro? E quem é o neto da Vovó Mafalda?

Feliz dia das mães a todas elas! E feliz dia das mães para as mamães visitantes d’A ARCA e para as mães dos visitantes d’A ARCA, e para as mães das mães dos visitantes d’A ARCA e… ok, chega. =)