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Artigo adicionado em 23/03/2005, às 11:08

AGATHA CHRISTIE – a dama do crime
Porque mais vale um Hercule Poirot do que dez Sherlock Holmes! Quando eu era pequena, houve uma época em que meus amiguinhos e eu nos reuníamos nos recreios da escola para discutir crimes e assassinatos da autoria de uma velhinha. A velhinha era a Agatha Christie e os crimes e assassinatos, claro, os enredos seus […]

Por
Francine "Sra. Ni" Guilen


Quando eu era pequena, houve uma época em que meus amiguinhos e eu nos reuníamos nos recreios da escola para discutir crimes e assassinatos da autoria de uma velhinha. A velhinha era a Agatha Christie e os crimes e assassinatos, claro, os enredos seus livros. Se você é um leitor decente, é quase impossível nunca ter lido um livro policial sequer de toda a vasta coleção escrita por ela. De todas as crianças que viraram leitores incuráveis que conheço hoje, quase todo mundo começou essa carreira de escravos da leitura com os casos misteriosos da Agatha Christie – mais ou menos como o que acontece com Harry Potter com os leitores iniciantes de hoje em dia.

Se você, infiel, nunca folheou um desses livros, devia tentar. Não necessariamente por sua qualidade ou por frescuras estilísticas, mas simplesmente porque são livros divertidos. Simples assim =). A coleção dos livros de mistério da Agatha Christie sempre tratavam de casos de assassinatos, mas não eram um terrorzão. Quando o corpo era encontrado, um dos detetives criados pela rainha do crime entrava em ação, e geralmente agiam de maneira muito mais legal que o Sherlock Holmes. Ah, não, não tenho nada contra o narigudo com o cachimbo. Ele é simpático, o pobrezinho – o problema é que Conan Doyle (o autor da coleção Holmes) fazia o cidadão descobrir os crimes mais ou menos à la CSI: um pedacinho da ponta da unha do dedão do pé resolve todo o crime. Ah, vá caçar sapos, assim até eu descubro os crimes mais misteriosos da humanidade…

O bacaninha de seus livros era muito isso: os crimes eram descobertos quase que essencialmente através de conversas intermináveis com todos os suspeitos – no fim, sempre alguém acabava se entregando sem querer. E, claro, era o sujeito mais improvável da história toda. Daí todo mundo se reunia na sala, e o detetive contava todos os passos que tinha dado para chegar à descoberta do assassino, o desmascarando na frente de todos, de maneira bem adequada. Era aí que a gente (leia-se – os leitores fanáticos de Agatha Christie) ficava revoltado, achando absurdo que não tinha sacado antes. Mas uma boa dica para você ficar feliz e serelepe quando o assassino é descoberto é desconfiar de todo mundo em determinada parte da trama. É aí que, quando o fulano for desmascarado, você pode dizer “Olha só, como sou sagaz, eu tinha desconfiado dele!”.

:: O NASCIMENTO E A MORTE DA MÃE DE POIROT

Agatha Christie causa inveja a qualquer ser que tenha vontade de um dia ser escritor. Isso porque ela foi uma das poucas criaturas que escreveram muitos, muitos livros (foram, ao todo, 79 romances policiais, 15 romances não policiais, 5 não-ficção, mais de 12 peças teatrais e uns contos perdidos por aí), sem cair naquela produção brega em ritmo industrial do Paulo Coelho ou das lindas (hahaha) revistinhas Sabrina, Júlia e afins. Para se ter uma idéia da coisa toda, a quantidade de línguas para as quais seus livros foram traduzidos só perdem para a Bíblia e os livros de Shakespeare!

Mary Clarissa Agatha Miller nasceu, junto com esse lindo nome, na Inglaterra de 1890, filha de um pai estadunidense e uma mãe inglesa. Era uma tímida menininha que não foi à escola. Tinha aulas em casa, com a sua mãe, que lhe ensinou a cantar e tocar piano, e lhe contava histórias dos grandes escritores ingleses. Agatha gostava de tocar piano, e quase decidiu ser musicista – mas a sua timidez impediu que isso acontecesse. O que ela também gostava era ler historinhas de mistério – O Mistério do Quarto Amarelo, de Gaston Leroux, autor de O Fantasma da Ópera, foi o responsável por essa paixão à primeira vista com o gênero policial. Depois desse, a menina passou a ler Allan Poe e Arthur Conan Doyle, e tudo isso foi se acumulando em sua cabecinha. Não demorou para que ela começasse a escrever. Suas primeiras histórias eram depressivas, cheias de gente morrendo.

Em 1914, Agatha Mille se casou com o coronel Archibald Christie, e daí foi agregado o Christie ao seu nome. Depois do casório, seu esposo foi ser útil para a guerra, e Agatha ficou trabalhando em uma farmácia na Inglaterra, aproveitando para aprender os nomes dos venenos que utilizaria em seus livros em um futuro próximo – e, nas horas vagas, escrevendo. Ela tinha 26 anos quando terminou seu primeiro livro: O Misterioso Caso de Styles, já dando início a seu estilo, bem influenciado pelos autores que lia quando pequena. Foi nesse primeiro livro que surgiu a figura tão amada pelos fãs da escritora: o detetive belga Hercule Poirot (falarei dele mais tarde, calma ^_^).

Esse primeiro caso ficou pronto, mas não foi assim tão fácil encontrar alguma editora que o aceitasse. Sua única filha, Rosalind, nasceu em 1919, e economicamente os Christies não andavam muito bem das pernas. Por uma felicidade do destino, em 1920 uma editora aceitou o risco e publicou O Misterioso Caso de Styles, que foi razoavelmente bem recebido pela crítica e deu um dinheirinho para a família de Agatha. Incentivada pelo esposo, ela se pôs a escrever cada vez mais livros, que foram sendo publicados e ajudaram bastante nas despesas da casa. O Assassinato de Roger Ackroyd, de 1926, foi o marco de sua fama. Aí então, Archibald começou a sentir o peso da fama da esposa. Um pouco com inveja e um pouco cansado de só encontrá-la escrevendo como uma louca, ele arranjou uma amante, e ambos se divorciaram. Na mesma época, a mãe da escritora morreu.

Foi depois disso que Agatha Christie simplesmente desapareceu por duas semanas, deixando seus fãs e a imprensa alvoroçados. Se isso foi um golpe de marketing pra divulgar seu novo livro, ou se ela queria mais é ficar longe dos holofotes, ninguém sabe. O fato é que, depois de muito chabú e procura por parte da polícia, encontraram a moça em um hotel, registrada sob outro nome. Anos depois, Agatha conheceu um novo amor, Max, um arqueólogo, tímido como ela. Foi ele que deu origem à famosa frase da escritora: “A maior vantagem de casar-se com um arqueólogo é que, quanto mais velha eu fico, mais ele se interessa por mim.”

Ambos viajavam juntos nas expedições arqueológicas, e os livros mais famosos da Agatha Christie são desse período, o fim da década de 30. Sim, ela continuava escrevendo, fazendo sucesso e ganhando montanhas de dinheiro com direitos autorais. E foi assim até sua morte, em 1976, já bem velhinha. Antes disso, ela recebeu a Ordem de Dame Commander, que é mais ou menos aquilo que chamam de “Sir”, mas na versão feminina. Ela morreu em sua casa, rica e famosa, mas não reconhecida em outra das áreas em que atuava: além de escrever romances policiais, Christie foi autora de outros romances, poemas e obras de não-ficção, só que fazia isso sob um pseudônimo, Mary Westmacott.

:: LIVROS MAIS SUPIMPAS

Aqui vão as sinopses de três dos livros mais legais da Rainha do Crime. Bem, ao menos na minha humilde opinião…

:: Morte no Nilo (1937)

Quando um casal vai passar as férias no Nilo, conhecem Poirot, que está viajando no mesmo navio luxuoso que eles. O clima começa a ficar tenso, até que a mocinha é assassinada. Por sorte, o detetive e suas células cinzentas podem entrar em ação para descobrir quem, daqueles passageiros sinistros, é o verdadeiro assassino. É um dos favoritos da própria Agatha Christie.

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:: Assassinato no Expresso do Oriente (1934)

Em uma viagem no Expresso do Oriente, acontece um assassinato. A vítima é encontrada morta por doze facadas, dentro de seu gabinete trancado. Hercule Poirot toma conta do crime, e, como de praxe, todos são proibidos de deixar o trem enquanto o caso não é resolvido. O livro é bom, mas a resolução é meio xarope. =D Agatha Christie se inspirou em dois casos reais para escrever essa trama: um eu não posso dizer qual é, pra não entregar o final, e o outro foi um episódio em que o verdadeiro Expresso do Oriente ficou parado durante uma semana por causa de uma tempestade de neve.

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:: O Caso dos 10 Negrinhos (1939)

De longe, esse é o melhor de todos. Um belo dia, dez pessoas vão passar uns tempos em uma ilha, de onde ninguém poderia sair. É claro que um deles é assassinado. Mas o problema é que outros começam a ser assassinados um a um. E é aí que os dez negrinhos entram. Os personagens percebem que o assassino está seguindo a lógica de um poema, em que negrinhos vão morrendo um a um (esse poema foi baseado em uma música de Frank Green, uma adaptação da musiquinha dos indiozinhos no pequeno bote). Nesse livro não existe nenhum detetive que precisa descobrir o assassino, e é praticamente impossível descobrir o autor das mortes. Que, por sinal, dá uma explicação muito legal aos seus atos. Outra coisa diferente em O Caso dos Dez Negrinhos é que, nessa trama, Agatha Christie colocou um pouco mais de tensão do que normalmente acontece nas outras obras. O título do livro foi um causo polêmico nos Estados Unidos quando foi lançado, no começo dos anos 40, porque, de acordo com eles, o termo nigger (do título em inglês Ten Little Niggers) era preconceituoso. Isso fez com que o nome tenha mudado para And Then There Were None e também afetou algumas traduções. Aqui no Brasil, por exemplo, o livro foi também lançado com o nome O Vingador Invisível.

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:: O CASAL DE DETETIVES MAIS FAMOSOS

:: Hercule Poirot

Poirot (pronuncia-se “Poarrô”, porque é em francês) é um belga baixinho, egocêntrico, calvo e super orgulhoso de seu bigode. Suas maiores qualidades como detetive são o uso de “ordem e método” e de suas “células cinzentas” para resolver cada caso – como o metódico Poirot sempre diz. O personagem apareceu no primeiro livro de Agatha Christie, em 1916, e desde então não parou mais. Aparece em 33 livros, e protagoniza alguns contos curtos, como por exemplo Poirot Investiga. Hercule Poirot era um oficial da polícia belga que fugiu para a Inglaterra durante a Primeira Guerra, e lá virou um ótimo detetive particular. Assim como Holmes, tem um amiguinho, o Capitão Hastings, que às vezes é o narrador das histórias com o baixinho neurótico. Hastings casou, enquanto Poirot continuou um eterno solteirão, mas apaixonado pela Condessa Vera Rossakoff. Hercule Poirot já foi interpretado por muitos atores na tevê e no cinema. Entre eles, ninguém menos que Alfred Molina e Ian Holm – respectivamente, o Dr. Octopus e o querido Bilbo.

Aviso de spoiler!

Agatha Christie, no fim da vida, decidiu matar seus amados personagens. Poirot morre no livro Cai o Pano, velhinho e numa cadeira de rodas. Quando isso aconteceu, o jornal New York Times colocou o anúncio da morte do personagem na primeira página!

:: Miss Marple

Miss Marple é uma velhinha solteirona que passa a vida tricotando… e falando da vida dos outros. Esse hábito pode não ser muito digno, mas é muito útil para uma velha senhora que passa suas tardes resolvendo os casos de sua vizinhança. Aparentemente uma ingênua senhora, ela é perspicaz, e consegue resolver complicados assassinatos, através de seu conhecimento da natureza humana. A velha senhora vivia dizendo que todos os habitantes da cidadezinha em que morava, St. Mary Mead, eram uma alegoria das qualidades e defeitos de toda a humanidade. Sua estréia foi em 1930, no livro Assassinato na Casa do Pastor, e ela apareceu em 20 novelas. Agatha Christie não chegou a matar a personagem, porque morreu antes de conseguir fazer isso. Miss Marple era simpática, mas jamais superou o carisma de Poirot!

:: NO CINEMA E NO PALCO

Mas não foi só de livros que viveu o legado de Agatha Christie. Dezenas de filmes e peças de teatro foram criados a partir de sua vasta obra. Muitos filmes foram feitos exclusivamente pra tv, outros até fizeram um sucessinho. Os mais famosos são “Assassinato no Expresso do Oriente” (1974), com atores como Sean Connery; Testemunha da Acusação (1957), com Marlene Dietrich; “O Caso dos Dez Negrinhos” (1945); e “Morte no Nilo” (1978), com Maggie Smith, Mia Farrow e Betty Davies. A própria autora repudiava todas as adaptações, com exceção de “Expresso do Oriente” e “Testemunha da Acusação”. Bizarramente, o canal NHK, do Japão, produziu um anime de 39 episódios, com os personagens e tramas da Agatha Christie. Pena que ainda não sonha em vir pro Brasil…!


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