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Artigo adicionado em 05/01/2005, às 04:59

O MEDO VEM DO ORIENTE
A moda das refilmagens de filmes de terror asiáticos que invade Hollywood LEIA MAIS: :: Crítica: Água Negra :: Ídalos: Walter Salles :: Saiba mais sobre o filme original, Honogurai mizu no soko kara Tudo começou com O Chamado, um filme de terror com a Naomi Watts, que misturava uma fita VHS, uma maldição, um […]

Por
Francine "Sra. Ni" Guilen


LEIA MAIS:
:: Crítica:
Água Negra
:: Ídalos: Walter Salles
:: Saiba mais sobre o filme original, Honogurai mizu no soko kara

Tudo começou com O Chamado, um filme de terror com a Naomi Watts, que misturava uma fita VHS, uma maldição, um telefonema e uma menina estranha com o cabelo na cara. Todo mundo já assistiu a esse filme, que foi lançado em 2002, sob direção de Gore Verbinski (de Piratas do Caribe). Acontece que, como alguns devem saber, O Chamado não é assim tão original: é apenas a refilmagem de Ringu, um filme de terror japonês de 1998, que, apesar de ser praticamente idêntico à sua refilmagem ocidental, dá muito mais medo que aquela. Seu diretor é Hideo Nakata, que já dirigiu, no Japão, mais de 10 filmes de horror, que são sucesso imediato na terra do sol nascente. Só “O Chamado”, por exemplo, já rendeu duas continuações (Ringu 0 e Ringu 2a versão norte-americana desse último já passou nos cinemas por aqui, e ainda rola uns papos de que a parte três pode estar chegando em breve), um mangá e uma série de TV.

E esse filme marcou apenas o começo de uma série de adaptações de filmes orientais para o cinema ocidental: só hoje, mais de 30 remakes estão em fase de produção – e não só do gênero horror – também estão nesse pacote algumas comédias da Coréia do Sul. O Grito, por exemplo, já estreou por aqui e é uma refilmagem do filme Ju-On, de Takashi Shimizu (que também é o diretor dessa nova versão, enquanto Sam Raimi, de Homem Aranha, cuida da produção), e O Grito 2 já foi encomendado. Dá pra imaginar qual é a tendência, não? Não é nenhuma novidade a influência dos moços de olho puxado no cinema – é só pensar nas dezenas de filmes de artes marciais e nos animes que, pouco a pouco, conquistaram um espaço inimaginável nas salas de projeção (é só lembrar do sucesso de Kill Bill, e de Viagem de Chihiro, uma animação japonesa que deixou a Disney para trás no Oscar de 2003, recebendo o prêmio de melhor animação). E os filmes de terror japoneses também não são nenhuma novidade – desde quando o cinema japonês decidiu investir em produções à la Hollywood, deixando de lado alguns temas já batidos, surgiram filmes de terror pra lá de sinistros.

O custo desses filmes é muito baixo, e quase sempre trazem famosas cantoras pop do Japão como as protagonistas – e isso ajuda e muito no resultado final das bilheterias. Nos Estados Unidos, apesar de não economizar na produção, e de não ter uma cantora famosa no elenco, “O Grito” está quase alcançando o retorno financeiro alcançado em “O Chamado” – garantia de que outras produções dessa aportarão por aqui.

Vendo que esses filmes de terror são cada vez mais populares na Ásia, diretores norte-americanos gostaram da idéia, e, como perceberam que os filmes desse gênero de Hollywood andavam perdendo a graça, viram nos remakes uma boa e inesgotável fonte de inspiração. Esses filmes asiáticos (especialmente os japoneses e coreanos) vêm trazendo novos temas e idéias originais para o gênero horror – já que, nos Estados Unidos, até então, ele estava sendo dominado por assassinos mascarados matando adolescentes, e dúzias de continuações com monstrengos já mais do que conhecidos.

:: UM CARA ESPERTO CHAMADO ROY LEE

Roy Lee é um norte-americano descendente de coreanos que estava na hora certa e no lugar certo. Foi ele que assistiu ao filme de Hideo Nakata e teve a idéia de filmá-lo para o público norte-americano. Eis o resultado: uma produção de 45 milhões de dólares, que faturou US$ 120 milhões nas bilheterias ianques. Então, Lee inaugurou uma profissão diferente: junto com Doug Davison abriu uma empresa, a Vertigo – o que ele faz em sua empresa é, basicamente, assistir a todas as produções orientais premiadas e bem sucedidas por lá, e trazer as propostas de remakes desses filmes para a parte Ocidental do planeta. Simples assim. E não é que dá certo?

Mais simples ainda seria simplesmente comprar os filmes originais, colocar umas legendas em inglês e distribuí-los nos Estados Unidos. Acontece que o público norte-americano torce o nariz para as legendas (talvez porque não consigam ler assim tão rápido, os pobrezinhos), e, para os produtores, isso é maravilhoso: aí, todo mundo sai ganhando. Os diretores japoneses ganham fortunas vendendo suas idéias e direitos de filmagem aos executivos de Hollywood, e estes aproveitam a originalidade e o orçamento relativamente barato dessas produções, investindo em filmes que sabem que já deram certo, pois já foram testados em seu país de origem. E Roy Lee, que surpreendentemente não fala nem japonês nem coreano, também fatura, é claro. Para se ter uma idéia, depois de ter feito parte da equipe de produção de “O Chamado”; de todos esses 30 remakes que estão sendo filmados hoje, metade foram trazidos para o mercado ocidental pela Vertigo. Mas, como criatividade ainda é um artigo meio raro no mercado, os estadunidenses pedem a ele que traga sempre filmes à la “O Chamado”, que já vêm com garantias de sucesso. Por isso, podem esperar, que mais de uma dúzia de espíritos vingativos ainda vão aparecer nas telas do cinema.

Mas o preconceito com legendas já está acabando nos States, de tanto sucesso que essas produções andam fazendo. E já foi fechado contrato para essas produções originais irem para os cinemas estadunidenses, e para DVDs. Graças ao sucesso de “O Chamado”, os originais de Ringu vieram para o Brasil em DVD. Agora, The Eye também dará as caras no país, e, se “O Grito” for sucesso, também tem grandes chances de ter seu original nas estantes das locadoras de vídeo. Mas muitos filmes ainda estão longe de ver a luz do sol aqui no Ocidente, e resta apelar para a importação, ou, quem sabe, a Internet. Se você não quiser esperar para ver as adaptações arriscadas feitas para o público ocidental, ou quer apenas conhecer mais da filmografia de terror asiática, dê uma olhada nesses aqui:

– O CHAMADO: Tudo parte de uma lenda urbana que fala da existência de uma fita amaldiçoada: quem assiste as imagens dessa fita, logo em seguida recebe um telefonema que anuncia o que lhe resta de vida: sete dias. E, sete dias depois, o fantasma da menina Sadako surge para matar sua vítima. É baseado em um livro de Koji Suzuki, que está para a literatura de terror no Japão assim como Stephen King nos Eua. O filme japonês é de Hideo Nakata, um dos diretores de terror mais procurados pela Vertigo para fornecer fontes para remakes ocidentais. “O Chamado 2″, que chegará aos cinemas esse ano, está sendo dirigido por ele.”O Chamado” é uma trilogia: o segundo filme começa aonde o primeiro termina (aliás, um final que eu, particularmente, achei deprimente), e Ringu 0 conta a história de Sadako – como tudo começou. Ambas as versões japonesas podem ser encontradas em vídeo locadoras aqui no Brasil. “O Chamado” já ganhou uma versão coreana e outra taiwanesa.

– O GRITO: Seu nome original é Ju-On, e no Japão já virou uma série de cinco filmes. Para variar, trata-se de uma história envolvendo fantasmas e maldições. Mais precisamente, a maldição Ju. Essa maldição conta que, quando alguém morre tomado por uma grande fúria, ela se espalha, amaldiçoando o lugar onde a vítima vivia. Se alguém se depara com essa fúria… Já era. No caso, Rika, uma assistente social, é quem tem que decifrar essa maldição e lutar contra ela, que está na casa de uma senhora doente – casa essa que anda sendo “visitada” por fantasmas nada camaradas. Para aqueles que morrem de medo de filmes de terror, “Ju-On” não é a melhor opção, já que mostra um punhado de crianças maquiadas de forma a assustar qualquer um (é só dar uma olhada no cartaz original do filme, no começo dessa matéria). E, vale lembrar, o produtor do remake nos Estados Unidos é Sam Raimi.

– DARK WATER: Filme de 2002, o mais novo do mesmo diretor e mesmo roteirista de Ringu, Dark Water acab de ganhar uma refilmagem, sob direção do brasileiro Walter Salles (mas não é uma produção brasileira). Conta a história de Yoshimi, uma moça que está lutando para ficar com a guarda de sua filha, e, para dar uma boa impressão para os juízes, muda-se para um apartamento. Que, por sinal, é bem sinistro. Tudo indica que sofre de umidade, o que fica claro quando uma mancha escura aparece no teto, e um certo líquido preto começa a pingar lá de cima. Tudo seria resolvido com um simples encanador, não fossem os estranhos cabelos que começam a surgir nas torneiras, alguns vultos e uma mochila com brinquedos que aparece em todos os lugares. O remake de Walter Salles está rendendo críticas negativas, apesar de o filme original ter ganhado vários prêmios e ser considerado um dos melhores do gênero no Japão. Esse filme já passou no Cinemax – aliás, é bom ficar de olho nesse canal, que vive exibindo essas produções de terror nipônicas.

– THE EYE: O filme, de 2002, também está na lista de remakes desse ano, que terá roteiro de Stuart Beattie, do filme Colateral. Sucesso no Japão, é a história de uma mulher que, depois de um implante de córnea, começa a ver gente morta. Na melhor linha Sexto Sentido e “O Chamado”, ela sai buscando informações sobre o antigo dono de sua córnea… “The Eye” já tem continuações, e sua protagonista, Angélica Lee, é uma cantora famosa em Taiwan e Hong Kong.

– KAIRO PULSE: Esse filme é considerado um dos melhores do gênero, ganhando até de “O Chamado”. E até lembra um pouco esse primeiro filme, com a diferença de que aí, o que dá início a uma série de mortes e desaparecimentos misteriosos é um site na Internet, e não uma fita. Essas mortes começam a acontecer quando as pessoas começam a acessar um estranho site, que mostrava a frase “Você quer ver um fantasma de verdade?”. Enquanto várias pessoas de Tóquio morrem depois de ver essa frase, Kawashima, que não se dá muito bem com computadores, entra em um site (que abre misteriosamente mesmo estando desconectado), com filmagens de pessoas deprimidas pedindo ajuda. É aí que ele vai tentar desvendar a trama. Se você acha que já viu essa história antes, talvez seja porque já assistiu MedoPontoComBr, remake fraquinho de 2003, muito inferior ao original.

– JUNK: Um horror japonês de 1999, cheio de zumbis. Junk mostra uns cientistas que estão cuidando de umas experiências com um novo tipo de substância que está sendo desenvolvida com o intuito de ressuscitar pessoas mortas. Mas, é claro, o primeiro teste não tem o efeito desejado: o morto acorda com muita fome, e uma certa preferência por carne humana. Tudo vira uma bagunça maior ainda quando uma quadrilha de ladrões decide se encontrar com seu chefe exatamente no local em que as experiências vinham sendo realizadas (que tinha sido desativado) e são atacados por exércitos de zumbis. Então, os protagonistas Saki e Akira têm que se virar para manterem-se vivos. Esse não tem um remake em vista. Pelo menos até agora.

Assim como todo mundo estranhava os olhos grandes de animes quando eles começaram a aparecer por aqui, mas mesmo assim conseguiram virar febre, os filmes de terror asiáticos vão, pouco a pouco, mudar (e já estão mudando) o mercado de terror de Hollywood (pelo menos enquanto as histórias repetitivas que estão sendo trazidas para cá ainda não enjoarem o público). E, se eu tenho medo de animes, posso dizer que sim, com toda a certeza, eu morro de medo dos filmes de terror asiáticos. Eles não precisam de dúzias de efeitos especiais e de loiras peitudas morrendo em escadas para conseguir dar medo. Muito medo. Vai ser bizarro assim lá na Fenda do Biquíni!


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