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Recentemente, parece que o Val Kilmer anda tendo problemas para escolher seus papéis. Depois da performance definitiva como Jim Morrison em The Doors (1991), o cara não tem acertado uma. Seja como o Homem-Morcego do terrível Batman Forever (95) ou mesmo na pele do agente secreto Simon Templar no remake de O Santo (97), ele investe cada vez mais em atuações sofríveis. Talvez seja por isso que o sujeito acabou aceitando viver a fase decadente do astro pornô John Holmes no poderoso Crimes em Wonderland, de James Cox. Assim como Morrison, Holmes acabou sua vida numa terrível espiral de decadência regada a muitas, mas muitas drogas. Estaria Kilmer reeditando o mesmo papel de outrora?
Bom, tanto faz na verdade. O que importa é que Kilmer está bem interessante no meio de uma trama bastante violenta e intensa, que mostra o quão baixo podem chegar uma daquelas estrelas ascendentes do Hollywood Boulevard. Por sinal, o elenco da película parece ter sido escolhido a dedo – já que o diretor resolveu dar aos atores papéis aos quais eles não estão exatamente acostumados no cinema. E deu certo.
Lisa Kudrow, por exemplo, é sem sombra de dúvidas a melhor interpretação do filme como a ex-esposa de Holmes, uma mulher envelhecida e amargurada pelo sofrimento que está bem distante da atrapalhada Phoebe de Friends. Já Dylan McDermott entra de cabeça no papel de David Lind, um motoqueiro violento e que ganha seu dinheiro traficando drogas – beeeeeeeeeem diferente dos “bons-moços” ou advogados certinhos que anda interpretando por aí…
Isso sem contar as pequenas aparições de Tim Blake Nelson, Janeane Garofalo, Christina Applegate (num primeiro momento, irreconhecível), Carrie Fisher (a Princesa Leia de “Star Wars”) e… Paris Hilton????
O filme fala sobre a história real dos terríveis assassinatos cometidos, em julho de 81, na Avenida Wonderland, em Los Angeles. A carnificina, comparável ao crime envolvendo Sharon Tate, esposa do cineasta Roman Polanski, estaria relacionada a um assalto na casa do empresário noturno Eddie Nash (Eric Bogosian) – aquele tipo escorregadio que, embora a polícia soubesse tratar-se de um chefão criminoso, sempre encobriu as provas para pegá-lo de fato. Depois do depoimento de Lind, um dos sobreviventes da chacina, o viciado John Holmes torna-se um dos principais suspeitos do caso.
Para quem não sabe, Holmes (que atuava com o nome de Johnny Wadd), foi um dos atores de filmes pornôs mais conhecidos da história. Entre o começo da década de 70 e o final da década de 80, o sujeito estrelou quase 200 filmes – tudo graças ao seu dote monumental que, diziam, chegava aos 35 cm (espaço para você ficar com esta cara de bobo que nós estamos imaginando). Mas, conforme foi ficando mais velho e saindo da indústria, a vida de Holmes perdeu aquele glamour de outrora e ele só encontrou alívio nas drogas… e no amor da ninfetinha Dawn Schiller (Kate Bosworth).
Com uma excelente trilha-sonora, “Crimes em Wonderland” pode ser entendido como uma espécie de versão ultra-violenta de Boogie Nights. É um filme para quem tem estômago forte. E também uma lição para os Big Brothers e aspirantes da vida, que acham que vale tudo pela fama. Acho que a Globo deveria reunir todos os ex-participantes do programa e apresentar esta película com o seguinte mote: “Seminário Para Entender Onde Uma Celebridade Instântanea Pode Ir Parar”.
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