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Artigo adicionado em 18/01/2005, às 07:53

A TRAJETÓRIA DO FANTASMA – Do livro aos palcos e ao cinema
The phaaaaantom of the opera is here… Inside my mind Gaston Leroux era um caso típico na juventude rica boêmia da França, ao final do século XIX. Queria dedicar-se à arte, mas seu pai sugeriu que ele virasse advogado. No fim, seu pai acabou morrendo, e Gaston herdou sua fortuna, gastando toda ela em jogos […]

Por
Francine "Sra. Ni" Guilen


Gaston Leroux era um caso típico na juventude rica boêmia da França, ao final do século XIX. Queria dedicar-se à arte, mas seu pai sugeriu que ele virasse advogado. No fim, seu pai acabou morrendo, e Gaston herdou sua fortuna, gastando toda ela em jogos e prazeres boêmios. Daí que, sem ter com que sustentar, começou a trabalhar como jornalista. Tempos depois, passou a se dedicar mais à literatura, escrevendo livros cheios de mortes, sangue e mistérios. Ele criou um detetive que foi sucesso entre os leitores franceses, e que serviu como fonte de inspiração para Tintin, personagem de Hergé: o Rouletabille. Foi em 1911 que Le Fantôme de l’Ópera (O Fantasma da Ópera, em francês) foi publicado, falando de uma série de eventos que se sucederam numa famosa Casa de Óperas francesa (mais conhecida na história do Fantasma como Opera House ou Opera Populaire), envolvendo um misterioso sujeito mascarado.

Apesar de “Le Fantôme de l’Ópera” não ter rendido muitas vendas ou boas críticas em sua época; com a chegada do cinema, ele foi um achado – em 1925, foi para as telas a primeira versão cinematográfica de “O Fantasma da Ópera”, com Lon Chaney no papel principal. Leroux ainda era vivo, então, e pôde ver um pouquinho do sucesso que seu livro iria fazer: culminando com o lançamento da adaptação da famosa versão de “O Fantasma da Ópera” da Broadway para o cinema.

:: QUEM É O FANTASMA?

Em 1870, a Casa de Óperas de Paris é um lugar badalado. Nela, moram e se apresentam suas estrelas e funcionários, que vivem assustados com algumas situações sinistras ocorridas por lá – por isso, o lugar é considerado assombrado. Christine, a protagonista, é a típica mocinha ingênua e órfã. Uma soprano talentosa, que começa a ouvir vozes falando com ela, e acredita que elas são a realização da promessa de seu pai – que, a beira da morte, prometeu mandar um tal de Anjo da Música para ajudá-la. Acontece que esse “Anjo da Música” é o próprio fantasma: um homem desfigurado, chamado Eric, que vive escondido nas sombras do teatro, usando uma máscara para cobrir um defeito causado por uma doença que o desfigurou. Sozinho no mundo, ele se apaixona por Christine, e, obcecado por esse amor, começa a compor uma ópera para ela e fazendo com que ela seja a estrela da Casa de Óperas, exercendo uma poderosa influência sobre a moça. É claro que a inocente moçoila vai se encantar com o misterioso professor de música, e também é claro que existem obstáculos à consumação desse amor: Raoul, um amor de infância de Christine, e a própria obsessão do fantasma, que vai se mostrando cada vez mais perigosa com o passar da história.

:: O FANTASMA NO CINEMA

Sua primeira aparição no cinema, como Lon Chaney, foi decisiva para seu futuro bem-sucedido (não só da história do Fantasma, mas também da carreira do próprio Lon Chaney). A interpretação do ator foi uma grande influência para a elaboração da imagem do fantasma nas adaptações dos anos seguintes, e ajudou muito para torná-lo um dos clássicos do terror. Na época, pessoas chegaram a desmaiar de susto nos cinemas!

Em 1943 foi feita a segunda versão, dessa vez com som e a cores, usando os mesmos cenários do filme anterior, e ganhadora de um Oscar de melhor fotografia. Na década de 60, uma versão espanhola (El Fantasma de la Operetta), com um fantasma sangüinário, e outra norte-americana. É claro que os anos 70 não podiam deixar a história do jeito normal, e uma versão “disco” de “Fantasma da Ópera” saiu no cinema, como uma comédia-ópera rock: Phantom of the Paradise. Em 1989, um filme de Dwight H. Little trouxe um Fantasma que não havia sido desfigurado por um acidente (como na história original), mas sim porque tinha vendido sua alma.

Em cada adaptação da história, apesar de seguir um certo padrão, o Fantasma aparece através de uma visão ligeiramente diferente, e com explicações diferentes para sua deformação. Em todos esses filmes que contam sua história, ele já foi de um ser malvado e assustador a um ser ridículo e engraçado. E sua deformação foi causada por acidentes com ácidos, doenças, pactos diabólicos ou, no caso do filme de 1998, por causa de seu histórico familiar: nessa versão, Eric é um órfão que viveu abandonado nos porões do teatro e foi criado por… ratos. A versão de Andrew Lloyd Webber foi a responsável por torná-lo mais humano, revelando seu lado mais romântico e menos assassino.

:: MAS… E O MUSICAL?

Antes da versão musical de autoria de Andrew Lloyd Webber, foram feitas outras encenações teatrais de “O Fantasma da Ópera” – mas definitivamente a mais famosa e bem sucedida foi a peça que deu origem ao filme de Joel Schumacher. Também, não é para menos: o musical de Webber só perdeu em público para Cats, e ajudou muito para a continuidade da fama da história de Gaston Leroux hoje em dia – já está em cartaz há quase 21 anos.

Logo depois de Starlight Express, e dez anos depois de seu último grande sucesso até então (Evita), Lloyd Webber assistiu a uma adaptação teatral do “Fantasma da Ópera” e gostou da história, mas a enxergou com uma visão diferente da usual até então: viu na história do desfigurado gênio musical uma bonita história de amor. Foi com essa idéia em mente que ele se pôs a escrever o musical. Na época, Andrew estava noivo da Sarah Brightman, e ela, com sua voz e soprano realmente poderosos, ajudou na inspiração para a composição. Ela foi a primeira Christine nos palcos, e até hoje está nos teatros da Broadway em Londres emprestando sua voz à moça ingênua. Michael Crawford, hoje com 62 anos, é o Fantasma original da versão teatral.

Antes que “O Fantasma…” estreasse nos teatros, já existia uma proposta para que fosse transformado em um longa-metragem. Andrew Lloyd tinha conversado com Joel Schumacher, que, na época, ainda era o desconhecido diretor de Garotos Perdidos, sobre uma possível adaptação de sua peça para o cinema, e chegou a vender os direitos da peça para a Warner. Quando os executivos da Warner começaram com perguntas idiotas como “Mas por que eles do nada vão cantar no telhado? Não pode!”, Andrew Lloyd Webber percebeu que eles iriam acabar com seu musical e a Really Useful Group (a companhia de musicais de Andrew Lloyd Webber, que é responsável por doze teatros na Inglaterra) comprou seus direitos de volta. Outro motivo também influenciou bastante na sua decisão: a peça acabara de estrear no West End, em 1986, e estava começando a fazer sucesso. E, a partir do momento em que uma peça vai parar em um teatro, sob a tutela de um produtor ou diretor, eles têm o direito de impedir a produção do filme, enquanto a versão teatral estiver fazendo sucesso.

Finalmente, quando se separou de Brightman, a estrela de “O Fantasma da Ópera”, que seria também a atriz principal do possível filme, a idéia da adaptação para as telonas foi deixada de lado por um bom tempo, enquanto Joel Schumacher se ocupava com outras coisas (e eu não mencionarei nada relacionado a um tal homem-morcego para não ressuscitar os fantasmas passados de uns e outros por aí).

:: CURIOSIDADES SOBRE A PEÇA

– “O Fantasma da Ópera” já ultrapassou as 65 mil apresentações, os 80 milhões de espectadores e os 50 prêmios (incluindo aí 7 Tonys de melhor musical e 3 Olivers). Além disso, o disco da peça bateu o recorde do álbum de trilha sonora de teatro mais vendido, com 40 milhões de cópias.

– A maquiagem para o Fantasma demora duas horas para ser feita, e 30 minutos para ser tirada. Primeiro, é aplicada uma camada de um produto impermeabilizante para a colocação das próteses e da maquiagem (o ator deve estar muito bem barbeado, para nenhuma imperfeição atrapalhar as próteses) – depois, vêm as duas perucas, os dois microfones e as duas lentes de contato. Imagine que os atores têm que passar por esse ritual quase todas as noites, e, em alguns casos, mais de uma vez por dia!

– Contando o elenco, a orquestra e a equipe de apoio, são cerca de 130 pessoas que formam todo o espetáculo.

– Para uma apresentação, existem 230 peças de figurino diferentes, 14 camareiras (que ajudam nas trocas de roupa durante a peça), 22 mudanças de cena, 281 velas, 250kg de gelo seco e 10 máquinas de fumaça.

– O lustre da peça original tem 3 metros de largura, com 6000 cristais (de mentirinha, é claro), e as réplicas (os lustres usados em tours ou nas apresentações montadas em outros países) caem com a velocidade de 2,5 metros por segundo.

– Para transportar tudo isso, quando a produção vai para outro local, são usados 27 caminhões.

– Até agora, 18 produções de “O Fantasma da Ópera” foram montadas pelo mundo afora: no México, no Canadá, Suécia, Budapeste, Viena, Alemanha e Japão. E, nesse ano, é ele o escolhido pelo Teatro Abril para ser a super-produção do ano, em São Paulo (Leia mais logo abaixo).

– “O Fantasma da Ópera”, em Londres, nunca passou uma apresentação com um lugar vazio sequer na platéia.

– Está sendo estudada a possibilidade de ser instalada uma produção permanente de “O Fantasma da Ópera” em um hotel-cassino de Las Vegas.

:: AS MÚSICAS

As músicas do filme são basicamente as mesmas da peça musical, com pequenas modificações feitas pelo próprio Andrew Lloyd Webber. Uma das boas notícias é que, no filme, o acompanhamento é executado por uma orquestra completa (nos teatros, por falta de espaço, a orquestra conta com “apenas” 28 músicos). Lloyd Webber também escreveu para o filme uma música nova e parte da trilha sonora orquestrada. Para isso, contou com a ajuda do co-produtor Nigel Wright e do supervisor Simon Lee, que se encarregou de acompanhar os atores.

As músicas mais conhecidas e amadas da peça são Think Of Me (cantada pela Christine, é a música que a transforma em uma famosa soprano), Angel of Music (cantada pelo Fantasma e por Christine, quando ele aparece pela primeira vez para ela), The Phantom of the Opera (música tema da obra), Music of the Night (solo perfeito do Fantasma, seduzindo Christine), All I Ask of You (Quando Raoul e Christine confessam seu amor um ao outro. Se não me engano, ganhou uma versão gospel aqui no Brasil), Masquerade (cantada por todo o elenco, em uma festa que acaba mal, graças à aparição do Fantasma) e a melhor, na minha opinião: The Point of No Return, a aguardada composição do Fantasma, no clímax final da peça.

:: Acompanhe o programa da peça aqui:

“Prólogo” (orquestra)
“Overture” (orquestra)
ATO I

Think of Me (Carlotta, Christine e Raoul)
Angel of Music (Christine e Meg)
Little Lotte/The Mirror (Angel of Music) (Raoul, Christine e Fantasma)
The Phantom of the Opera (Fantasma e Christine)
The Music of the Night (Fantasma)
I Remember/Stranger Than You Dreamt It (Christine e Fantasma)
Magical Lasso (Buquet, Meg, Madame Giry e Garotas do Ballet)
Notes/Prima Donna (Firmin, Andre, Raoul, Carlotta, Giry, Meg e Fantasma)
Poor Fool, He Makes Me Laugh (A Companhia)
Why Have You Brought Me Here?/Raoul, I’ve Been There (Raoul e Christine)
All I Ask of You (Raoul e Christine)
All I Ask of You (Reprise) (Fantasma)

INTERVALO

ATO II

Masquerade/Why So Silent (A Companhia)
Notes/Twisted Every Way (Andre, Firmin, Carlotta, Piangi, Raoul, Chrstine, Giry e Fantasma)
Wishing you Were Somehow Here Again – Christine Wandering Child/Bravo, Bravo(Christine, Fantasma e Raoul)
The Point of No Return (Fantasma e Christine)
Down Once More/Track Down This Murderer (A Companhia)

:: MUDANÇAS ENTRE A PEÇA E AO FILME

– Enquanto no teatro a história se passa praticamente só em torno de Raoul (que tem maior importância no filme que na peça), Christine e o Fantasma, no filme outros personagens presentes no dia-a-dia de uma casa de óperas aparecem, e ganham histórias paralelas.

– O passado do Fantasma e de outros personagens é mostrado no filme – o que não ocorre na peça.

– Alguns personagens perderam bastante (mas não totalmente) da “caricatura” típica do teatro, para se adaptarem e ficarem menos melodramáticos no cinema.

– A ordem de algumas cenas foram alteradas, como por exemplo a queda do lustre, cena crucial, que, no livro e na peça, acontecem no meio da história.

– No filme, é explicado o motivo da falha na voz da diva Carlotta. No teatro, não.

Essas pequenas adaptações são necessárias para que o filme não fique confuso. Porque em um teatro, se o personagem não mencionar de onde vem e não explicar seu passado, por exemplo, não nos preocupamos. Mas se isso acontecer em um filme, fica totalmente sem pé nem cabeça.

O Fantasma do filme (Gerard Butler) não tinha experiência musical alguma. Na verdade, tinha uma banda de rock, mas nunca estudara canto na vida. Graças ao trabalho dos preparadores vocais, sua atuação no filme não foi um fiasco. Michael Crawford, o “fantasma original”, não foi escalado para o filme porque está com 62 anos de idade – e pegaria meio mal colocá-lo como par romântico de uma garota de 17 anos (idade de Emily Rossum, atriz que interpreta a Christine no filme). Sarah Brightman também não foi indicada, porque Schumacher queria uma Christine bem jovem para o papel.

:: E… AQUI NO BRASIL!

Para aqueles que, como eu, não se contentam em só assistirem a essa obra prima no cinema, e querem ver todos esses personagens ao vivo e cantando em português, uma ótima notícia: a CIE Brasil, que trouxe para o Teatro Abril (em São Paulo), musicais como Les Misérables, A Bela e a Fera e Chicago, com a mesma qualidade e produção das apresentações da Broadway, escolheu “O Fantasma da Ópera” para ser sua próxima produção. Eu tive a oportunidade de ver “Les Misérables” e “A Bela e a Fera”, e posso dizer que sim, a produção e o elenco são afinadíssimos (em todos os sentidos). “O Fantasma…” está em fase de ensaios, e a estréia está prevista para o fim do mês de abril. O elenco dessa vez não tem nenhum global famoso (e isso é uma notícia maravilhosa).

Os atores já estão escolhidos. O Fantasma será ninguém menos que o master Saulo Vasconcelos, que já viveu o Fantasma na produção mexicana do teatro, e, aqui no Brasil, foi o Javert de “Les Mis” e a Fera, de “A Bela e a Fera”. Raoul também não será uma surpresa negativa: será Nando Prado, que foi o substituto do Gaston em algumas apresentações de “A Bela e a Fera”. Christine será “dividida” (dependendo do dia da apresentação) entre Sara Sarres e Kiara Sasso. Sara foi a Cosette em “Les Misérables”, e Kiara foi a Bela de “A Bela e a Fera” (e, sinceramente, não consigo acreditar que ela vai conseguir alcançar os agudos da personagem. Resta esperar para conferir – e engolir o que estou dizendo ^_^). Por fim, Paula Capovilla (que fez parte do ensemble feminino de “Les Misérables”) interpretará a Madame Giry. Também estão confirmados no elenco Fred Silveira (Marius, de “Les Mis”), Jonathas Joba (Dindon, de “A Bela e a Fera”) e Marcos Tumura (Jean Valjean – protagonista de “Les Mis”, e o Lumière de “A Bela e a Fera”).

Esperemos até abril. Minhas unhas estão sofrendo desde já.

Leia mais:
:: Leia a crítica do filme O FANTASMA DA ÓPERA
:: Leia mais sobre ANDREW LLOYD WEBER
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:: Compre aqui o livro que deu origem ao musical
:: Compre aqui o CD com o elenco original da peça


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