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Artigo adicionado em 22/12/2004, às 02:15

JACKIE CHAN
Que Bruce Lee, que nada! Não basta saber protagonizar seqüências de lutas e quadros perigosos. Tem que ter capacidade de fazer isso sem efeitos especiais, se metendo em situações que até dublês rejeitam. E isso com uma boa dose de comédia. O ator chinês Jackie Chan é quem faz isso, atuando, dirigido e produzindo praticamente […]

Por
Francine "Sra. Ni" Guilen


Não basta saber protagonizar seqüências de lutas e quadros perigosos. Tem que ter capacidade de fazer isso sem efeitos especiais, se metendo em situações que até dublês rejeitam. E isso com uma boa dose de comédia. O ator chinês Jackie Chan é quem faz isso, atuando, dirigido e produzindo praticamente metade dos filmes contabilizados em seus 40 anos de sua carreira (de sua carreira “oficial”, já que ele atua desde criancinha no cinema). E não é só isso. Jackie é ainda o responsável pelas coreografias de luta de seus filmes. Seu filme mais recente é Volta ao Mundo em 80 Dias – uma adaptação da história já conhecida de Júlio Verne – em que Chan interpreta Passepatourt, o companheiro de viagem do inglês Phileas Fogg (Steve Coogan).

Jackie Chan (cujo nome verdadeiro é Chan Kong-Sang, que significa “Nascido em Hong Kong“) nasceu em 7 de abril de 1954, depois de ter permanecido mais de 9 meses dentro da barriga de sua mãe. Por isso, teve que ser removido por uma cirurgia, antes que fosse tarde demais (típico dele: já nasceu correndo risco de vida). Ele era filho único de um casal muito pobre, que sequer podia pagar essa operação. Apesar de o médico responsável pelo parto, muito adequadamente, ter sugerido que os pais dessem a criança como pagamento, eles conseguiram um dinheiro emprestado para bancar a despesa.

Viveu seus primeiros anos em uma mansão, onde seu pai trabalhava como cozinheiro, e sua mãe como doméstica, e, ao ingressar na escola, não foi um bom aluno. Por isso, seu pai, mais do que depressa, decidiu enviar o filho à Escola de Ópera de Pequim, que não seguia os padrões acadêmicos de escolas normais. Lá, ensinavam técnicas acrobáticas, artes marciais, música, dança, mímica e interpretação. Sim, parece mais a escola dos sonhos, mas isso tudo era feito com rigor: eram 18 horas de aula por dia, e os professores não dispensavam uma surra de bastão para que os alunos conseguissem superar seus limites. Mas isso até valeu a pena, já que, da turma de Chan, mais cinco crianças virariam artistas famosos no cinema de Hong Kong.

:: E COMEÇA SUA CARREIRA

Logo, Jackie Chan já começou a mostrar seu talento. Com apenas 8 anos de idade foi escalado para participar de um filme, que seria seu primeiro papel, de cerca de 10 outros, enquanto esteve na Escola de Ópera de Pequim. Enquanto estudava lá, seus pais mudaram-se para a Austrália como empregados na Embaixada Chinesa do país. Ao sair da escola, com 17 anos, Jackie por pouco se livrou de se juntar às gangues formadas por ex-alunos, que aproveitavam todo o intenso treinamento em artes marciais para fins nada profissionais. Ele resolveu seguir o caminho profissional, e, no começo da década de 70, teve a honra (e a responsabilidade) de contracenar como coadjuvante de Bruce Lee, e como dublê em três de seus filmes. Conforme ia se aperfeiçoando em seu trabalho, Jackie virou diretor de dublês – e exerce essa função até hoje, mesmo em seus filmes mais famosos.

Em 1976, ele foi até a Austrália visitar seus pais, e voltou para Hong Kong com duas novidades: decidira mudar seu nome (Chan Kong-Sang) para Jackie Chan, e iria assinar um contrato com uma companhia cinematográfica chinesa. Como em 1973 Bruce Lee tinha morrido, surgiram na China muitos atores que quiseram substituir seu talento, mas que falharam deprimentemente. Jackie Chan seria um desses, se dependesse das intenções dos executivos da companhia com a qual acabara de assinar o contrato – mas, felizmente, conseguiu fugir dessa expectativa, se propondo a fazer filmes de artes marciais sim, mas sempre com um certo humor.

Assim começou sua carreira na China, com o filme Mestre Invencível, que fez grande sucesso para aqueles lados, e deixou Jackie Chan famoso. Foi então que ele começou a ter maior controle sobre seus filmes, e investir cada vez mais no tipo de filmes que gostava de fazer, coreografando suas lutas, e se tornando diretor de suas próprias produções. Nesse tempo, ele até tentou produzir para os Estados Unidos, mas seus filmes que iam para o mercado norte-americano não faziam sucesso por lá.

Na China, sua terra natal, Jackie Chan é muito conhecido há já um bom tempo. Seu reconhecimento aqui do lado ocidental é ainda recente, e começou a partir de 1998, com a estréia de A Hora de Rush. Depois do sucesso do filme, o nome de Jackie Chan ficou muito conhecido nos Estados Unidos, e o ator viu que as portas do cinema ianque estavam finalmente abertas para ele. Mas naqueles anos de início, Jack ainda não tinha muita liberdade de criação. Além de seu inglês ser ruim (ainda pior do que o inglês que ele fala em seus mais recentes papéis), o que o deixava sempre em prejuízo diante do resto da equipe norte-americana, suas idéias não eram muito aceitas: só depois de seu primeiro sucesso, o moço conseguiu cair na graça dos executivos de Hollywood, que aos poucos foram aceitando o estilo chinês de se fazer filmes, e inclusive pediram a ele que não fizesse nada com efeitos especiais, valorizando mais seu lado comediante que suas cenas de ação.

Então, vendo um de seus sonhos realizado (a oportunidade de se ver em Hollywood com a oportunidade de estar diante de um projeto de filme, sem ter que dar satisfações para os outros, já que seria o responsável por ele, como produtor executivo), Jackie pôde realizar outro: interpretar um caubói, no filme Bater ou Correr, que serviu para alavancar sua carreira no Ocidente de uma vez por todas. Sua paixão pelo Velho Oeste vem desde a infância, mas o ator nunca tinha conseguido ser um caubói no cinema estadunidense, porque as companhias sempre o chamavam para interpretar algum policial ou detetive.

:: O ESTILO JACKIE CHAN

A inspiração para seu tipo de comédia misturada a ação, com coreografias supimpas, veio das comédias antigas, que tinham muita mímica, e dos números de sapateado dos musicais de Gene Kelly. Misturou isso com o que tinha aprendido em lutas chinesas e com o trabalho dos dublês norte-americanos, e o resultado é o que podemos conferir em filmes como a série Bater ou Correr.

Mesmo assim, apesar de ter se dado bem nas bilheterias dos Estados Unidos, Jackie Chan não é tão fã do jeito norte-americano de fazer filmes, principalmente no que diz respeito às cenas de luta. Afinal, com um computador e um cenário azul, fica muito fácil elaborar cenas magistrais – e Chan valoriza a habilidade do ator acima de tudo. Tanto é assim, que nem sabe como cuidar de efeitos especiais – se diz incapaz até de digitar diante de um computador.

Geralmente, Jackie Chan reserva para o final de seus filmes algumas cenas cortadas, para que o público veja que em seus 50 anos de idade ele ainda está em plena forma, e não precisa de dublês. Toda essa auto-confiança já custou caro ao ator: algumas dessas cenas cortadas mostram também alguns acidentes de trabalho, e as constantes visitas de paramédicos à produção. Isso porque em quase todos os seus filmes, Jackie Chan e/ou alguém da equipe se machuca – Chan já quebrou muitos ossos e derramou muito sangue para conseguir alcançar o efeito desejado nas suas produções. Ele já quebrou seu nariz três vezes, quebrou a bacia, quase todos os dedos, o osso da maçã do rosto e até (pasmem) o crânio, que foi “consertado” com uma placa de aço (segundo o ator, esta às vezes vibra dependendo da frase que ele diz). Tantos desastres já deixaram as companhias de seguro desconfiadas: nenhuma seguradora aceita o risco de cobrir os seus filmes, com medo de sair no prejuízo.

Apesar das várias cenas de luta de seus filmes, Jackie Chan não gosta de violência gratuita. Sempre que questionado sobre o teor de violência de suas produções, ele deixa bem claro que seus filmes são de ação, mas não são violentos – destacando inclusive que todos eles propositalmente passam uma boa mensagem. Eis o que ele disse em uma entrevista para a revista Herói: “Hoje em dia sou consciente de que a maior parte do meu público é de jovens e até crianças. Então, tenho evitado usar palavrões. Não quero que aprendam coisas ruins com os meus filmes. O interessante é que muitas pessoas acham que ação é sinônimo de violência. Eu não acredito em violência gratuita. Acho que a dos meus filmes não é tão negativa como em alguns filmes norte-americanos”.

A vida de Jackie Chan é cheia de episódios bizarros, começando com sua estadia de 12 meses na barriga de sua mãe. Foi só com o tempo, por exemplo, que ele descobriu que tem duas meias-irmãs na Austrália e dois meios-irmãos na China. Por causa dessas e outras confusões familiares, em 2003 Chan fez um documentário, chamado Traces Of Dragon: Jackie Chan And His Lost Family.

O ator tem um casal de filhos: uma menina com uma moça que foi miss Ásia, e um filho com sua atual esposa, a atriz Feng-Jiao Lin, com quem é casado desde 1983. Só para se ter uma noção de como Chan é famoso em outras partes do mundo, dizem alguns boatos que duas fãs chinesas se suicidaram ao saber de seu namoro! Para evitar muita especulação em torno de sua vida particular, só há pouco tempo seu casamento e seu filho ficaram conhecidos pelo público.

:: O FAZ-TUDO

Jackie Chan não é “apenas” ator, diretor, produtor, dublê, roteirista e coreógrafo. Além disso, ele canta. Pois é, o parceiro de Chris Tucker solta a voz, usando toda a técnica ensinada na Escola de Ópera que feqüentou. Em Hong Kong ele é um cantor muito popular – os créditos finais de seus filmes chineses são todos cantados por ele. Sua discografia já conta com 20 discos, de 1984 até agora.

Como forma de compensar as ajudas que recebeu quando era uma criança pobre nas ruas da China, Jackie dedica muito tempo (e dinheiro) a obras de caridade, como a Cruz Vermelha e fundos de caridade a crianças, em vários países diferentes. Ele tem sua própria fundação, que financia bolsas de estudos (acadêmicos e artísticos) e hospitais a crianças carentes e a atores que sofreram alguma lesão no set de filmagem.

Ele tem também um desenho animado que leva seu nome, e passa no Cartoon. Ele segue a mesma linha ação-comédia-aventura de seus filmes, mas, convenhamos, não tem a mesma graça que eles.

Para chegar até onde está hoje, Jackie Chan passou por muita coisa. Uma infância pobre, uma escola rigorosa e muitos ossos quebrados depois, talvez ele diga que valeu a pena. Hoje, seu nome é conhecido mundialmente, e, apesar de não ter ganhado nenhum Oscar por sua atuação, tem carisma suficiente para arrebanhar milhares de fãs. Aposto que você também gosta dele!


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