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Artigo adicionado em 10/12/2004, às 02:46

Crítica: OS INCRÍVEIS
Este sim é o verdadeiro filme do Quarteto Fantástico Ai, ai, ai… Esta é, sem dúvida, uma das críticas mais difíceis que já fiz. E digo isso por um simples motivo: não há o que ser criticado em Os Incríveis. Não estou brincando. Não há um minuto nessa maravilha dirigida e escrita por Brad Bird […]

Por
Paulo "Fanboy" Martini


Ai, ai, ai… Esta é, sem dúvida, uma das críticas mais difíceis que já fiz. E digo isso por um simples motivo: não há o que ser criticado em Os Incríveis. Não estou brincando. Não há um minuto nessa maravilha dirigida e escrita por Brad Bird (O Gigante de Ferro) que me fizesse pensar o contrário. O filme é tão bom, tão bom que, no momento em que os créditos começam a subir, não me fez querer mais, pois sabia que a perfeição estava ali. Duas horas de pura perfeição; se tivesse mais, estragava. Agora eu iria saborear aquelas duas horas ininterruptas de magia cinematográfica para o resto da vida.

Até mesmo aqueles que não gostam de super-heróis poderão curtir a aventura da família Pêra numa boa: afinal, o filme mais se parece com uma grande aventura de James Bond, o famoso agente 007, do que um encontro entre heróis e vilões fortões lutando pela dominação mundial. As referências não terminam aí: se você sentir que está no meio de Guerra nas Estrelas, ou na clássica série de tv Thunderbirds, ou assistindo ao clássico desenho do Super-Homem da década de 40 – produzido pelos espetaculares Irmãos Fleischer – não estranhe. Tudo ali é uma grande e bela homenagem, uma colagem de tudo que há de melhor.

Neste universo povoado por super-heróis, o Sr. Incrível (voz em inglês do ator Craig T. Nelson, e em português, do dublador Márcio Seixas) é o melhor deles. Na flor da idade, Incrível sabe que nasceu para ajudar, e faz isso com o maior prazer: sempre que há alguém em perigo, o herói fortão sai em sua salvação. Mas como nesse mundo louco em que vivemos hoje, uma vítima muito mal-agradecida decide processar Incrível e, com isso, um festival de processos recaem sobre muitos heróis. O governo acaba não suportando os gastos com indenizações, que aumentam em progressão geométrica, e decide tirar todos os heróis de circulação. Os super-seres são obrigados a viver apenas com suas identidades secretas, precisando trabalhar como todas as outras pessoas comuns.

Quinze anos se passam. O Sr. Incrível agora é Beto Pêra, um simples vendedor de seguros com uma família para sustentar: Helena, a dedicada esposa, também já lutou contra o crime como a famosa Mulher-Elástico (Holly Hunter no original, Márcia Coutinho na versão dublada), e hoje é uma dona-de-casa dedicada, que cuida dos filhos do casal, Flecha (Spencer Fox no original, Bernardo Coutinho na versão dublada), Violeta (Sarah Vowell no original, Lina Mendes na versão dublada) e o pequeno Zezé (Elie Fucile e Maeve Andrews). O problema é que o ex-Sr. Incrível não agüenta mais ficar apenas nessa vidinha suburbana, de casa para o escritório e vice-versa, e começa a sair à noite para, junto com seu melhor amigo e outro ex-herói, Lucius Best, o Gelado, possam fazer pequenos salvamentos. Mesmo assim, isso não diminui a frustação de Pêra, e tudo o que ele mais quer é voltar a combater o crime e salvar o mundo como antes.

Eis que uma mensagem secreta pede que o Sr. Incrível use seus poderes mais uma vez em uma ilhota perdida no meio do oceano… e aí tudo começa.

É difícil ficar listando aqui todos os méritos do filme. Não há um segundo de filme que não mereça ser comentado. Posso falar sobre a computação gráfica, com suas texturas perfeitas; com os cabelos mais bem animados do que nunca; com um design de personagens e modelagem que faz juz à interpretação e ao carisma, e não à perfeição técnica como Final Fantasy: The Spirits Within e a tosqueira do ano O Expresso Polar.

Posso também passar horas falando das vozes originais, um trabalho sublime de Nelson, Hunter, Vowell e Fox emprestando sua voz e interpretação aos personagens principais, sem falar em Samuel L. Jackson como Gelado e a grande revelação do filme, Jason Lee, como o vilão Síndrome (peço desculpas aos nossos dubladores, pois não tive a chance de ver a versão dublada). Isso sem falar na trilha sonora retrô do desconhecido Michael Giacchino, um espetáculo à parte. Eu até poderia perder mais tempo falando da ótima campanha de divulgação, dos brinquedos que já estão nas lojas, da edição do filme, das piadas, da hilária Edna Moda (personagem em que o próprio Brad Bird faz a voz), blá blá blá… mas não é nada disso que torna “Os Incríveis” essa maravilha.

Claro que tudo o que eu disse acima ajuda a transformar o filme em algo soberbo, sim. Mas todos esses elementos e ferramenteas têm a simples função de mostrar a verdadeira base de um projeto tão ambicioso desses, a verdadeira beleza de um filme: a história. É aqui que a Pixar se sobressai sobre as suas concorrentes, utilizando o princípio básico que até a própria Disney teima em esquecer (é só notar o que aconteceu na última década, salvo algumas exceções). O roteiro não deve se preocupar se o cabelo do personagem será bem animado, ou se há um novo programa de computador que fará uma multidão de gnus estourarem montanha abaixo (sim, estou falando do espetacular O Rei Leão). O cuidado com o desenvolvimento e o conflito entre os personagens é a razão pela qual o filme é tão delicioso, e acredito que teria o mesmo efeito se ele tivesse sido animado pela Disney, de maneira tradicional (e isso é um toque para esses executivos malucos que acham que a animação tradicional está morta. Será que terei que citar aqui Genndy Tartakovsky e seu maravilhoso Samurai Jack? Bom, agora já citei).

Por isso as melhores cenas do filme não são necessariamente as sequências de ação – que, garanto, são literalmente de tirar o fôlego, como a sequência da família na ilha ou mesmo dos mísseis em perseguição ao avião de Helena – mas sim as sequências dramáticas, como a de Beto Pêra sendo mal-tratado pelo seu chefe e vendo, pela janela, uma pessoa ser espancada e não poder fazer nada para impedir, ou mesmo quando Beto volta para casa depois de mais uma noite de herói disfarçado, e tem uma discussão com sua esposa.. Tudo feito com muito esmero, sutileza e delicadeza ímpar.

Há muitas outras cenas, muitas mesmo, que exemplificam muito melhor tudo isso que eu já disse. Eu queria contar mais, muito mais, mas acredito que já falei muito, e não quero estragar esss experiência. Sim, Os Incríveis é “íncrivel”, piadinha que mal o filme estreou e já é infame. E eu achando que John Lasseter e sua patota não poderiam se superar depois de Procurando Nemo. Vida longa à Pixar. E que venha Cars e Ratattouille.

Ah, e se vocês acham que eu não conseguiria falar mal de nada, só um toque: o curta Boundin´, que está passando antes do filme e que também foi produzido pela Pixar, é bem fraquinho, viu? ^_^ Não chega perto de For The Birds, Geri´s Game, Luxo Jr. e só consegue ser um pouquinho mais divertido do que The Adventures of Andre & Wally B., que eu acho o mais fraco dos curtas da Pixar. Bom, fazer o quê? Animando e aprendendo. ^_^


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