Uma donzela de uma família conservadora conhece um rapazola mais, digamos, “liberal”, ambos se apaixonam e tentam quebrar as barreiras que impedem seu amor. Enredo já conhecido, não? Mas, e se adicionarmos intermináveis números de dança a esse enredo? Aí temos Dirty Dancing – tanto esse que estréia hoje nos cinemas, quanto o seu predecessor. Sim, porque Dirty Dancing – Noites de Havana tem a história parecida com o primeiro, Dirty Dancing – Ritmo Quente, que foi um sucesso em 1987.
A versão de 87 é de Emile Ardolino, o diretor de Mudança de Hábito e Três Solteirões e uma Pequena Dama, e não é ele o diretor dessa continuação (o diretor de “Noites de Havana” é Guy Ferland). A história se passa na década de 60, quando Baby (Jennifer Grey) vai passar as férias com seus pais e sua irmã em um acampamento familiar de verão. Lá, a moça, que acredita em sua idéia de fazer o bem a todos, passa por algumas situações inesquecíveis, que fazem com que ela amadureça.
Isso porque, numa noite, acaba conhecendo os funcionários do local que fazem parte do submundo do acampamento: enquanto os hóspedes, no restaurante principal, ouvem um comportado foxtrot, lá fora os garçons e resto da mão-de-obra passam as noites dançando sua tal de “dirty dancing”, ou “ritmo quente”, em festas nada comportadas. Nessas festanças, se destacam os dançarinos e professores de dança do hotel: Penny (Cynthia Rhodes) e Johnny (Patrick Swayze). Na noite seguinte, por acaso, Baby encontra Penny, e descobre que a garota tem problemas. Ela está grávida de um dos garçons, e, sem dinheiro e com a perspectiva de perder o emprego, decide fazer um aborto. Enquanto o pai da criança, que teria condições de bancar a operação, sequer deu satisfações sobre o assunto, Penny se desespera por não ter dinheiro para pagar o médico, que viria dali a poucos dias.
Baby consegue o dinheiro com seu pai (sem contar para ele qual é o destino da quantia) mas depara-se com outro problema: no dia em que o médico iria para o acampamento, Penny devia apresentar um de seus números de dança com Johnny no hotel vizinho. Então, o caso fica decidido: Baby aprenderia a dançar nesses poucos dias, para se apresentar com Johnny no lugar de Penny.
Durante as aulas de dança, Baby e Johnny se apaixonam. Mas, por incrível que pareça (o que, aliás, é um dos pontos positivos do filme), não é apenas o “ritmo quente” e sensual das danças protagonizadas por eles que faz com que o casal se apaixone – e sim a admiração que um tem pelo outro, e que fica bem clara no filme. Ele aprende com Baby que existem pessoas que podem querer fazer o bem nesse mundo, e ela, por saber da história de Johnny, que era explorado por várias clientes ricas do acampamento.
Então a trama acaba envolvendo indiretamente até o pai e a irmã de Baby, e mostra que Dirty Dancing, embora pareça, não é apenas mais um daqueles filmes de romances adolescentes sem muita razão de ser. Bem, pelo menos eu acho. Essa é a opinião de quem chorou assistindo Dirty Dancing, ok? Ah, sim, e é bom avisar aos navegantes que, embora seja classificada como musical, a película não é um musical tradicional, porque não existe aquela cantoria – os números musicais do filme são apenas as danças, sem nenhum ator cantando. Está enquadrado nessa classificação por causa dos números de dança. E, diga-se de passagem, esse tipo de musical não era incomum nos anos 80. Footloose (de 1984 – com o Kevin Bacon como protagonista) e Flashdance (de 1983 – Cynthia Rhodes também atuou nesse filme) foram outras duas produções cheias de músicas pop dos anos 60, 70 e 80, com números de dança que traziam felicidade aos adolescentes de 20 anos atrás, porque pareciam clipes musicais de uma hora e meia de duração. E, pelo menos no caso de Dirty Dancing, com uma história bacaninha também.
:: Os atores
– PATRICK SWAYZE: nasceu em 18 de agosto de 1952, e, antes de estudar para ser ator, ele quis ser dançarino. Isso é de família, já que o pai do rapaz era coreógrafo e dançarino também. Como ator, seu primeiro trabalho de nota foi no teatro, na versão da Broadway de Grease – Nos Tempos da Brilhantina, fazendo o papel de Danny, o personagem principal da peça. Daí, o sucesso deu um empurrãozinho para que o ator fosse parar em Hollywood, e começasse sua carreira, que anda razoavelmente bem até hoje. Em 83, foi um dos 8 garotos protagonistas de Vidas sem Rumo (Outsiders, de Coppola), mas deu uma guinada em sua carreira mesmo em Dirty Dancing, que o transformou em uma das grandes estrelas dos anos 80. Na década seguinte, o ator-dançarino ainda atuou em Ghost, e participou de poucos e não muito bem sucedidos filmes. Mas ano passado ele voltou, dando uma colher de chá como dançarino: ele é o protagonista de um drama, A Última Dança, que saiu nas locadoras há poucos meses. Patrick Swayze também fez uma pequena participação em Dirty Dancing – Noites de Havana! Hoje, ele mora em um rancho no Texas, ao lado de sua esposa Lisa Niemi, que também dança.
– JENNIFER GREY: a carreira da moça, que nasceu em 1960, não foi tão boa quanto a de Patrick, embora tenha começado bem: ela foi a irmã de Ferris, em Curtindo a Vida Adoidado (e, olhem só! Teve um caso com Mathew Broderick, o próprio Ferris), e participou de algumas boas produções oitentistas. Depois de Dirty Dancing, começou a aparecer em menos filmes, e, hoje, se contenta com algumas aparições em séries para a TV. Leia aqui um pouco mais sobre ela e outros astros dos anos 80 que andam sumidos das telas!
:: Curiosidades
– As condições das filmagens eram péssimas: as gravações ocorreram em uma área dos Estados Unidos em que o clima varia terrivelmente – ora faz um frio horrível, ora um calor desgraçado. Na cena da última dança do filme, uma atriz mais velha passou mal e desmaiou, de tanto calor. Insetos invadiam a produção o tempo todo, e não parava de chover. Para completar, Patrick Swayze e Jeniffer Grey não se davam bem.
– She’s Like the Wind, uma das músicas que tocam no filme, é cantada pelo próprio Patrick Swayze.
– Dirty Dancing – Ritmo Quente está, ao lado de A Bruxa de Blair, na lista dos filmes que arrecadaram mais, em comparação com seu custo de produção. Seu orçamento foi de 6 milhões de dólares, um valor pequeníssimo se comparado com outras produções de Hollywood.
– Viajando numa estrada, o diretor Emile Ardolino foi parado por policiais, que por pouco não apreenderam a fita que ele carregava no carro. O nome, “Dirty Dancing”, chamou a atenção dos caras, que então acharam que o filme era algo pornográfico.
– O ator Wayne Knight (o Newman, de Seinfeld) faz parte do elenco de Dirty Dancing, mas num papel pequeno. Ele é o animador gordinho do acampamento.
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