Em apenas 12 edições, a maxissérie Crise nas Infinitas Terras detonou várias “Terras” e matou centenas de personagens. E agora, apenas uma Terra Ativa existe e seus personagens têm seu passado transformado. Alguns personagens de outros universos agora fazem parte do passado e presente da Terra. Neste último artigo sobre a guerra contra o Antimonitor e sua antimatéria, trago a vocês algumas das alterações que foram feitas em personagens importantes da DC Comics: novas origens, novos passados e novas teorias.

:: SUPERMAN: O ÚLTIMO FILHO DE KRYPTON

John Byrne foi convocado para dar um novo perfil para o Homem de Aço. A partir da Crise, Krypton deixou de ser um planeta similar à Terra, e ganhou um ar mais frio, onde clones e manipulações genéticas são algo comum; um lugar em que contatos mais íntimos e o ato sexual são intitulados como sujos. Jor-El manda seu filho ainda em sua matriz genética à Terra, para salvá-lo da destruição do planeta. Enquanto viajava no espaço, o feto estava se formando, então Kal-El chegou ainda bebê aos braços dos Kents, não era criança como na primeira origem.

Outro detalhe: Superman se tornou o único sobrevivente. Nada mais de Super-cão, Super-moça, Poderosa, Super-macaco, a Cidade Engarrafada, nada além do bebê Kal-El. Outro aspecto que mudou foi seus poderes: apesar de ainda ser comparado a um deus, o Homem de Aço tornou-se mais vulnerável, mais humano. Antes da Crise, o azulão chegou a levar um prédio inteiro na cabeça e ainda saiu sorrindo. Agora ele tem limites, o que proporcionou melhores de histórias, pois o aspecto “invulnerável” do herói fazia de grande parte de seus inimigos uma grande piada.

Superman conheceria Lex Luthor só quando chegou a Metrópolis. Nada mais daquela história de ambos se conhecerem ainda em Pequenópolis. Além disso, Superman nunca foi Superboy e o acidente que deu a Lex Luthor sua famosa cabeça careca nunca aconteceu. Superman só usou o seu famoso uniforme já adulto, quando chegou em Metrópolis. Apesar de alguns fatos terem mudado ultimamente, como Lex Luthor ter morado em Metrópolis e ter conhecido Clark Kent na adolescência, os fatos básicos continuam: Superman é o único filho de Krypton. Supermoça é uma criatura protoplasmática de um planeta similar à Terra. Poderosa é neta de Arion, feiticeiro de Atlântida. Superboy é uma tentativa de clone de Superman. E o super cão Krypto, fugiu de uma realidade criada por Brainiac. Ninguém mais veio de Krypton. Isto fique bem claro. Uma curiosidade: Lois Lane, aqui no Brasil, era chamada de Mirian Lane. Só depois da “Crise” que ela passou a se chamar Lois. Santa Crise, hein?

:: BATMAN: CAVALEIRO DAS TREVAS

Batman não teve muitas mudanças em sua origem, apenas alguns fatos ficaram mais marcantes, como a queda na caverna e a visão do morcego gigante. O que mudou no herói foi seu psicológico. Ao passar dos anos, a ingenuidade de alguns autores e as características de algumas épocas transformaram Batman em apenas um vigilante que protegia Gotham City à noite. Mas Frank Miller e outros argumentistas mudaram isto. Saiu o Batman vigilante e entrou o Batman amargurado pela morte dos pais. Batman ficou mais violento, sua sede de vingança aumentou, e seu psicológico ficou mais afetado.

Seus vilões ficaram mais férteis em maldade; saíram as armadilhas e piadinhas, e entraram crueldade, sangue e morte. O fator psicológico foi se deteriorando ao passar dos anos. Batgirl foi alvejada pelo Coringa e ficou sem os movimentos das pernas. Robin (Jason Tood) foi morto, em mais uma loucura do vilão. Batman via seu mundo ruir, e isto tornou as suas revistas mais sombrias, tanto que afetaram até seu uniforme, que ficou mais negro. Seu relacionamento com o Superman se tornou menos amistoso.

:: MULHER MARAVILHA: DE VOLTA À ILHA PARAÍSO

Mulher Maravilha foi a mais modificada: durante a “Crise”, ela foi atingida por Antimonitor, que a fez regredir à lama da Ilha Paraíso. Outro detalhe: todos os heróis esqueceram que ela existiu. Toda sua história voltou a um ponto mais recente que foi reformulado por George Pérez. Então, enquanto Batman e Superman já faziam parte do Universo DC, Mulher Maravilha estava chegando. A princesa Diana estava indo ao Mundo dos Homens levar uma mensagem de paz da Ilha Paraíso. Graças a uma publicitária, Mindy Mayer, Diana foi transformada em uma heroína. Ela foi apelidada de Mulher Maravilha.

Nesta nova realidade, nunca existiu uma identidade secreta para Diana. Ela não vivia no mundo dos homens como uma humana normal. Além disso, alguém já se perguntou por quê ela usa as cores da bandeira americana? Não é uma homenagem aos States, não. Décadas atrás, a piloto de avião de guerra Diana Trevor caiu acidentalmente num portal que a levou para a Ilha Paraíso. Como não havia um portal com passagem de volta, ela ficou presa e se juntou às amazonas. Virou uma importante guerreira, e morreu ao salvar as amazonas de um terrível demônio preso na Ilha. Então o uniforme da Mulher Maravilha foi em homenagem a bandeira que Diana Trevor carregava no seu avião, assim como seu nome.

Mas o nome Mulher Maravilha era muito importante, pois influenciou muitas heroínas como, por exemplo, a Moça Maravilha. Mas como isso aconteceu, já que a nova heroína estava a apenas pouco tempo em ação? Aí que John Byrne entrou na história. Numa saga passada, Hipólita descobriu por uma previsão que a Mulher Maravilha iria morrer. Para proteger sua filha, a destituiu do cargo e colocou Artemis em seu lugar. Artemis morreu, mas, não demorou muito e Diana acabou morrendo e virando a Deusa da Verdade. Então John Byrne aproveitou o ensejo e criou uma outra história: Hipólita foi castigada pelos deuses por tentar manipular o futuro. E como castigo, ela foi mandada para o passado, como Mulher Maravilha, para perpetuar o nome da heroína. E no presente teria que substituir sua filha em ação. Então como castigo ela ficou em dois tempos, no passado lutando na Sociedade da Justiça e no presente na Liga da Justiça. Até que Diana Prince voltou à vida. Por isto o nome Mulher Maravilha existiu antes de Diana chegar ao ‘Mundo dos Homens’.

:: JUSTIÇA & CIA

Os grandes heróis da Terra Paralela, a Sociedade da Justiça, foi incorporada ao passado da Terra Ativa. Quer dizer, eles foram a primeira geração da Liga da Justiça. Nesta equipe, os únicos heróis que fizeram parte da versão anterior e não fazem desta nova versão foi Batman e Superman. A Mulher Maravilha, como foi explicado anteriormente, era Hipólita. Já a Liga da Justiça, antes da fase do Grant Morrison, Mulher Maravilha, Superman e Batman nunca fizeram parte da mesma formação da equipe. Batman fez parte da Liga Justiça Internacional, Superman liderou a Liga da Justiça da América antes de sua aparente morte e Mulher Maravilha fez parte de um curto período da Liga da Justiça da Europa.

A primeira versão da Liga da Justiça foi formada por Ajax, Canário Negro, Lanterna Verde (Hal Jordan), Flash (Barry Allen) e Aquaman. Esta Canário Negro não era a mesma da Sociedade da Justiça do passado, pois aquela depois da “Crise” foi reformulada como mãe da atual. A idéia original depois da Crise é que Batman e Superman não podiam fazer parte da mesma equipe, por causa do “climão” entre os dois. Durante os anos depois da saga, acabou-se criando uma espécie de amizade e camaradagem entre os dois. O que formou a possibilidade da Liga da Justiça atual.

:: OS OUTROS

Alguns personagens não sofreram grandes modificações, como é o caso do Aquaman, que sofreu modificações depois, independente da Crise. O mesmo pode se dizer de Ajax, cuja única coisa que foi adicionada é a forma original dele, que não é aquela que ele usa geralmente. Já com Gavião Negro aconteceu uma grande salada. Assim como a Mulher Maravilha, ele foi mandado para suas origens, mas uma grande bagunça se formou, pois continuava a existência dele na época da Sociedade da Justiça, sem contar com outras versões que apareciam nas outras revistas. Recentemente na nova revista da Sociedade da Justiça, foi explicado que todos eram reencarnações de um mesmo ser. Não vamos nos aprofundar muito nisto. 😉 Poderosa, que acreditava ser algum parente de Superman, acabou descobrindo que é neta de Arion, feiticeiro da antiga Atlântida e parente do Aquaman, que ainda sem explicação foi mandada para o nosso presente.

E assim, recomeçou a DC, mas como velhos hábitos são difíceis de perder, já começou a aparecer realidades diferentes, futuros alternativos, terras paralelas e outras coisas dizimadas na “Crise”. Mas, com certeza, a Crise foi importante para faxinar a editora, e deixar os novos leitores mais confortáveis em saber que todos seus personagens vivem numa terra só. Que não vão esbarrar em nenhum Superman em pé de aposentadoria. Viva a Marv Wolfman e George Pérez pelo excelente trabalho, e viva aos outros argumentistas que souberam aproveitar bem o legado da Crise!

Matérias Anteriores:
:: CRISE – Parte 1
:: CRISE – Parte 2
:: CRISE – Parte 3