A ARCA - A arte em ser do contra!
 
Menu du jour! Tutu Figurinhas: o nerd mais bonito e inteligente dessas paragens destila seu veneno! GIBI: Histórias em Quadrinhos, Graphics Novels... é, aquelas revistinhas da Mônica, isso mesmo! PIPOCA: Cinema na veia! De Hollywood a Festival de Berlim, com uma parada em Nova Jérsei! RPG: os jogos de interpretação que, na boa, não matam ninguém! ACETATO: Desenhos animados, computação gráfica... É Disney, Miyazaki e muito mais! SOFÁ: É da telinha que eu estou falando! Séries de TV, documentários... e Roberto Marinho não está morto, viu? CARTUCHO: Videogames e jogos de computador e fliperamas e mini-games e... TRECOS: Brinquedos colecionáveis e toda tranqueira relacionada! Tem até chiclete aqui! RADIOLA: música para estapear os tímpanos! Mais informações sobre aqueles que fazem A Arca Dê aquela força para nós d´A Arca ajudando a divulgar o site!
Artigo adicionado em 29/11/2004, às 12:07

A POLÊMICA DO CÓDIGO
Esse som é o Leonardo da Vinci se revirando no túmulo… ::: LEIA TAMBÉM: — A crítica do filme O CÓDIGO DA VINCI — Uma indignada CARTA ABERTA em dose tripla sobre o filme! — A ARCA discute os PRÓS E CONTRAS do livro de Dan Brown — TOM HANKS: a biografia do astro de […]

Por
Francine "Sra. Ni" Guilen


::: LEIA TAMBÉM:
— A crítica do filme O CÓDIGO DA VINCI
— Uma indignada CARTA ABERTA em dose tripla sobre o filme!
— A ARCA discute os PRÓS E CONTRAS do livro de Dan Brown
— TOM HANKS: a biografia do astro de O CÓDIGO DA VINCI

Mais um livro anda freqüentando o topo das listas de mais vendidos durante durante meses consecutivos – e conseguiu esse feito sem conter tópicos de auto-ajuda ou contar histórias de escolas de bruxos em suas páginas. Estou me referindo a O Código Da Vinci, de Dan Brown (lançado pela Editora Sextante), que já rendeu mais de quarenta milhões de livros vendidos no mundo todo, e várias discussões entre leitores e especialistas. O que está contribuindo para esse sucesso e esse falatório todos? Simples, o autor se deu bem ao unir uma trama ágil e fácil de ler a um assunto polêmico. Fãs da obra e seus opositores andam sob fogo cruzado por aí (inclusive aqui n’A Voz dos Nerds): uns alegam que tudo não passa de uma pataquada só, e outros defendem todas as supostas revelações que o livro traz à tona.

O que Dan Brown fez foi criar uma história de suspense e mistério, cheia de quebra-cabeças para serem resolvidos, mas que se utiliza de elementos que existem de verdade (como as obras de Da Vinci), e mexe com os nervos de instituições seculiares, como a Igreja Católica, e rodeadas de mistérios na imaginação popular, como a Ordem dos Templários ou o Opus Dei – e indiretamente se propondo a “contar algumas verdades” por trás delas. Apesar de a história ser declaradamente uma ficção, seu autor diz que a baseou em verdades históricas para criá-la. E, diante disso, aqueles que foram atacados no livro não querem ficar calados. Por isso tanto oba-oba assim.

:: ERA UMA VEZ UM CURADOR…

Numa narrativa praticamente pronta para ser levada para o cinema, Dan Brown apresenta a história aos leitores, em capítulos curtos e sempre instigantes, que deixam aquele ar de “e agora, o que vai acontecer?” no fim de cada um deles. Logo nas primeiras páginas nos deparamos com o assassinato do curador do museu do Louvre, Jacques Sunière, que ocorre sob circunstâncias bizarras. Mais bizarro ainda é o fato de que a vítima já suspeitava desse acontecimento e já tinha bolado um estratagema para ser ouvida após sua morte. Assim, o corpo do curador é encontrado de uma forma que oferece pistas a possíveis interessados, levando a uma mensagem cifrada, que, ao ser revelada, pode trazer à tona segredos muito bem escondidos durante anos.

Aí entram em cena a francesa Sophie Neveu (neta do cidadão assassinado) e o simbologista estadunidense Robert Langdon. Na trama, eles passam do papel de suspeitos para o de investigadores, e descobrem que o avô de Sophie era membro de uma antiga sociedade secreta, o Priorado de Sião, que, diz-se, já teve participantes ilustres como Isaac Newton, Victor Hugo… e Leonardo da Vinci. A função dessa sociedade secreta é guardar um grande segredo da humanidade, que a Igreja Católica esforça-se por fazer com que se mantenha bem escondido. Esse grande segredo seria a revelação de que Jesus e Maria Madalena tinham sido casados e tiveram um filho; que a divindade de Jesus Cristo era uma farsa (tinha sido estabelecida através de uma votação feita pela Igreja), e que esta havia se encarregado de ocultar esses fatos desde os seus primórdios. Então, os descendentes do filho de Madalena e Jesus estariam vivos hoje sob a proteção da sociedade, que, de acordo com o autor, seria a guardiã da verdadeira fé cristã.

“O Código da Vinci” vem somar-se às infinitas versões já criadas acerca da busca pelo Santo Graal (vide Indiana Jones ou Em Busca do Cálice Sagrado =D), e é recheado de referências ao sagrado feminino, através da figura de Maria Madalena – lembrando o universo das religiões pagãs, como o retratado em Brumas de Avalon. Ali, a Opus Dei (que é uma espécie de ala mais “fundamentalista” da Igreja Católica) acaba sendo tratada meio que como vilã da história, e tem essa principal caracterização através de um monge albino, que não pretende facilitar a vida do casal protagonista.

E você deve estar se perguntando “onde, por misericórdia, entra o Leonardo da Vinci nesse samba do crioulo doido?” – Longdon e Sophie perseguem as pistas, encaixando as peças que faltam nos quebra-cabeças (mas, claro, ficam longe de superar nosso querido Hercule Poirot ^_^), e uma dessas peças tem a ver justamente com o gênio italiano da Renascença. Dan Brown especula que da Vinci tenha escondido em suas obras a sua devoção ao Priorado de Sião, e, portanto, sua crença na santidade de Maria Madalena. Bem, talvez “escondido” não seja a melhor palavra – ele teria sim transmitido isso em detalhes disfarçados, porém visíveis aos olhos mais argutos. Um exemplo: ele havia pintado no seu afresco A Última Ceia um personagem à direita de Jesus que não seria o apóstolo João, e sim Maria Madalena. Apontando essa e outras mensagens deixadas por Leonardo acerca desse mistério todo, a história do livro vai se desenrolando, até chegar a um final teoricamente surpreendente e imprevisível (porque para quem está acostumado com esse tipo de livro, a surpresa nem é tão espantosa assim).

:: POLÊMICA, A DOCE E LUCRATIVA POLÊMICA

Se os críticos já não costumam deixar barato o sucesso de qualquer autor de best-seller, “O Código da Vinci”, dado seu conteúdo polêmico, não podia ficar para trás. E as opiniões se dividem. De um lado do ringue ficam seus defensores, que consideram o livro uma ótima e envolvente história – alguns acham que é uma beleza de ficção, e outros admiram a parte não fictícia do enredo.

Do outro se posicionam muitos historiadores, que arrancam os cabelos exclamando que, como “verdade histórica”, “O Código da Vinci” é uma ótima ficção. Isso sem contar a gama de intelectualóides que, como de costume, espirram só ao ouvir a expressão “sucesso instantâneo de vendagem” relacionada a qualquer livro. Críticos de jornais conceituados pelo mundo, como The Times, El Mundo e The NY Times só não chegaram a xingar a mãe do autor, mas chamaram o livro de pueril, oportunista, pretensioso, popularesco, inexato, burro, e daí para baixo. Agora, as críticas mais ferrenhas partiram mesmo da Igreja Católica e da Maçonaria – o livro chegou até a ser proibido em alguns países.

Assim, todo mundo resolveu embarcar nessa canoa e conseguir um lugar ao sol a partir do sucesso editorial do “Código da Vinci”, publicando livros destinados a esculhambar com ele. Pelo menos umas doze obras já foram lançadas com esse intuito pelo mundo afora, e aqui no Brasil já as vemos invadindo as prateleiras. São exemplos delas: Quebrando o Código da Vinci (Darrell Bock), Revelando o Código da Vinci (Martin Lunn), Decodificando da Vinci (Amy Welbourn) e Decifrando o Código da Vinci (Simon Cox). E isso porque não mencionei os livros que pretendem explicar as linhagens de Maria Madalena ou a história do Santo Graal, sem deixar suas intenções comerciais tão explícitas assim.

Os escritores das obras mencionadas acima seguem a mesma linha de raciocínio, e falam maiormente daquilo que chamam de “erros crassos na História”. Debatem sobre assuntos que não são consenso geral entre os historiadores, e que fazem o livro de Dan Brown perder e muito sua credibilidade (já que ele se propôs a fazer uma ficção histórica – coisa que exige muita, mas muita pesquisa bem fundamentada).

:: Alguns dos erros históricos apontados pelos seus críticos:
– Os Jogos Olímpicos eram celebrados em honra de Zeus, e não de Afrodite
– Os Templários nunca construíram catedrais
– Não existe simbolismo feminino algum nas igrejas góticas
– O Opus Dei não é uma ordem monástica. Ou seja, não existem monges nessa Ordem

Além disso, acusam o autor de ter colocado em seu livro várias localizações geográficas drasticamente erradas. Por fim, Andy Welborn (no jornal Our Sunday Visitor) acaba por resumir “O Código da Vinci” como um apanhado de velhas teorias esotéricas e gnósticas, enquanto uma crítica no jornal The Guardian fala que os estadunidenses lêem esses livros para suprir a necessidade que têm de se sentirem perseguidos e paranóicos, como um resquício da Guerra Fria.

Quem tem críticas à Igreja Católica e acredita que as religiões são as culpadas pelas repressões que existem hoje em dia pode concordar com algumas idéias controversas do autor. Já quem não pensa assim pode filtrar o que não concorda de lá e levar o livro numa boa, como qualquer outra ficção comum, escrita por um homem comum. Eu PESSOALMENTE acho muito engraçado que algumas pessoas que se posicionam contra a Bíblia ou outros livros sagrados “porque foram escritos por homens” levam ao pé da letra um livro que se propõe a desmenti-la, mas que também “é escrito por homens”! Bizarrinho. Bem, é como diria minha avó: acreditar piamente em tudo que é declarado em “O Código da Vinci” sem nem ter pesquisado mais nada sobre o assunto é no mínimo insensato – é como assistir A Vida de Brian e decidir se converter à ordem da cabaça sagrada (Sigam-me todos aqueles que se denominam cabacenos! =D).

Mas, cá entre nós, esse negócio de pegar tanto no pé do autor parece mais uma grande dor de cotovelo – que está dando é muito dinheiro para espertinhos como os autores que escrevem livros que se propõem a “decifrar”, “desmascarar” e “decodificar” o famigerado código. Dan Brown conseguiu, com essa polêmica toda, foi grana, muita grana. Assim, deixou todo mundo feliz com as verdinhas que são arrecadadas em função disso. Dan Brown fica extremamente feliz, seus críticos ficam felizes, a imprensa fica feliz, eu fico feliz e os leitores também… Valeu, Dan Brown! >=)

:: ENQUANTO ISSO, MUNDO AFORA…

“O Código da Vinci” é hoje o livro mais pirateado do mundo (sim, não são só os cds que sofrem com a pirataria). Segundo a Folha de São Paulo, para cada 10 edições originais na América Latina existem 6 edições piratas.

O turismo de Paris já está lucrando com o sucesso do livro. Algumas agências passaram a oferecer em seus pacotes um percurso turístico que passa por todos os pontos mencionados em “O Código da Vinci”. Até o museu do Louvre, que normalmente já era bem freqüentado, está sendo mais procurado por curiosos (tanto turistas quanto os próprios parisienses) depois do sucesso do livro.

“O Código da Vinci” já foi traduzido para 42 idiomas até agora.

:: UM POUCO SOBRE DAN BROWN

Dan Brown é o sujeito que emplacou nas prateleiras com suas idéias sobre cristianismo, pinturas e assassinatos misteriosos. É filho de um casal de professores (seu pai dá aulas de matemática, e sua mãe, professora de música sacra), e seguiu os passos de seus pais durante um tempo – antes de se lançar na carreira de escritor, era professor de inglês. Sua esposa é pintora e entende de história da arte (é ela quem o ajuda nas pesquisas históricas e de campo). Foi em 1996 que deu seus primeiros passos como escritor, com o livro Fortaleza Digital (que segue essa mesma linha de “mistérios a serem resolvidos”).

Mas o autor encontrou mesmo seu estilo com o livro Anjos e Demônios (que já está em pré-venda aqui na terrinha brazuca), que trata de outro tema polêmico envolvendo religião – mais especificamente a dupla ciência versus religião, dessa vez falando da Ordem Iluminatti, outra Ordem secreta inimiga do catolicismo. O segundo dessa trilogia é “O Código da Vinci”, e o terceiro, The Salomon Key ainda está sendo escrito, sem previsão de lançamento. O segundo livro do autor e quarto livro do autor a ser lançado aqui no Brasil foi Ponto de Impacto. Aqui, a saga de Landon se passa em Washington, no meio de uma crise política espacial dos Estados Unidos. A descoberta de um objeto raro enterrado no Ártico é o estopim para um mistério que envolve a fundação dos Estados Unidos, uma escultura de James Stanborn localizada na sede da CIA e… a maçonaria. É, mais previsível que isso só as capas da Revista Veja ;o).


Quem Somos | Ajude a Divulgar A ARCA!
A ARCA © 2001 - 2007 | 2014 - 2025