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Artigo adicionado em 27/10/2004, às 11:05

Crítica: CELULAR
Um mote simples para um filmão muito bem-construído e eficiente Quatro minutos. Quando as luzes da sala de projeção se apagam e os créditos de Celular – Um Grito de Socorro (Cellular, 2004) rolam pela tela, quatro minutos é o tempo que o espectador tem para respirar até que a pancadaria comece a rolar solta […]

Por
Leandro "Zarko" Fernandes


Quatro minutos. Quando as luzes da sala de projeção se apagam e os créditos de Celular – Um Grito de Socorro (Cellular, 2004) rolam pela tela, quatro minutos é o tempo que o espectador tem para respirar até que a pancadaria comece a rolar solta – aliás, se o som da sala de cinema estiver no talo, prepare-se para levar um belo de um susto. A partir daí, não há mais descanso: durante os 94 minutos de duração da fita, o diretor David R. Ellis (deixando pra trás os seus dias ruins de Premonição 2) conduz uma trama que, apesar de ter uma linha de início bem simples, reserva algumas surpresas bem legais em seu decorrer. E o que é melhor: o ritmo acelerado do início permanece até o último minuto. O elenco afinado e o roteiro bem construído (cortesia do novato Chris Morgan a partir de uma história do cultuado roteirista Larry Cohen, do muito bom Por Um Fio) não deixam a peteca cair em momento algum.

Nos quatro tranqüilos minutos iniciais, a professora de biologia Jessica Martin (Kim Basinger, a belíssima atriz oscarizada por Los Angeles: Cidade Proibida) leva o filho até o ônibus escolar e volta para sua casa de classe média-alta. Ao final destes quatro minutos, numa quebra de ritmo surpreendente, Jessica é brutalmente seqüestrada por três homens armados que invadem sua casa e ainda matam a empregada. A atônita Jessica, praticamente em estado de choque, é levada para uma casa em local desconhecido, trancafiada no sótão e ainda vê o único telefone do lugar ser destruído a golpes de marreta pelo líder do grupo, o perigoso Greer (Jason Statham, colaborador de Guy Ritchie em filmes como Snatch e Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes). Jessica, que não faz a menor idéia do porquê de estar naquela situação, toma em suas mãos o que sobrou do telefone e emenda alguns fios.

:: MINHA SENHORA, ISSO É ALGUMA ESPÉCIE DE TROTE?

Um corte de câmera e somos levados a um parque de diversões em um píer. O imaturo e despreocupado Ryan (Chris Evans, que poderá ser visto em breve como o Tocha Humana do duvidoso longa do Quarteto Fantástico) chora no ombro do amigo Chad (Eric Christian Olsen, que começou mal no cinema em Pearl Harbor e Débi e Lóide 2) as agruras de ter sido chutado pela namorada (Jessica Biel, que logo estará nas telas em Blade: Trinity). Seu celular toca. Do outro lado da linha, uma mulher com voz assustada se identifica como Jessica Martin e pede ajuda. Sem nunca ter tido contato algum com aquela mulher, o rapaz a início duvida de Jessica, mas logo se convence da verdade depois de testemunhar, via telefone, uma ameaça de morte sofrida por ela. Num acesso de heroísmo e integridade, Ryan percebe que é o único que poderá impedir Jessica e sua família de ser dizimada, e corre numa luta desesperada para descobrir o que está acontecendo. Se a ligação cair, Jessica pode dar adeus à vida.

E é isso. Claro que o roteiro não pára por aí, afinal até aqui se foram apenas 15 minutos de filme. A questão é que se torna praticamente impossível comentar algo mais sobre o enredo sem destruir o prazer que é assistir Celular. Assim como todo filme policial, há uma subtrama que é revelada aos poucos – no caso, a razão de Jessica estar presa no sótão -, há os personagens paralelos aparentemente sem conexão e que se mostram vitais para a conclusão da história, como os policiais Jack Tanner (Noah Emmerich, que atuou em O Show de Truman) e Mooney (William H. Macy, de Magnólia, excepcional como sempre), e há todas aquelas cenas eletrizantes que compõem qualquer longa-metragem de ação. A diferença é que aqui, estes clichês tão batidos funcionam que é uma beleza e nem parecem estereótipos. O que se pode dizer sem estragar é que tudo o que é mostrado na telona não está ali por acaso e tem conexão com a conclusão da trama.

:: NÃO É UM SALÃO DE BELEZA! É UM SPA DE UM DIA!

Um dos maiores trunfos de Celular é justamente o que poderia ser o seu pior defeito: a trama tem todos os clichês básicos do gênero, mas a mão firme de David R. Ellis na direção faz toda a diferença. Não há situações muito forçadas: só pra citar um exemplo, o celular de Ryan quase fica sem sinal por várias vezes e, numa das cenas mais legais do filme, a bateria quase descarrega, forçando o cara a tomar uma atitude no mínimo inusitada. As atuações são bem firmes e sinceras, em particular Kim Basinger, que dá um belo repeteco nas gritarias de sua personagem no Batman de Tim Burton, e William H. Macy, que cativa a platéia de imediato como o honesto policial Mooney, que só quer se aposentar e montar um salão de beleza com a esposa (“Não é um salão de beleza! É um spa de um dia!”). Mas o verdadeiro centro das atenções, por incrível que pareça, é Chris Evans. O ator, até então um semi-desconhecido que só obteve destaque na telona na “tentativa de filme” Não é Mais um Besteirol Americano, mostra ter um gás impressionante para cenas de ação e não desaponta quando o assunto é interpretar. Desde já, uma escolha muito boa para o Tocha Humana. Mas neste caso aí, o problema não será ele e sim, o filme! Hehehe…

Ao final, Celular não mudará a vida de ninguém, mas é um excelente passatempo, recheado de ação, atuações convincentes e um roteiro que não ofende a inteligência do espectador, além de lançar no ar uma pergunta bem difícil de responder: até que ponto você iria pra salvar a vida de uma pessoa que você não conhece? O que você seria capaz de fazer para defender o que é certo, independente de isto dizer respeito a você ou não? Pois é, se todos os longas fossem assim, o mundo seria bem mais mundo… Por isso, pode ir assistir sem medo, numa boa. Só vê se desliga o celular na hora do filme, pô! 😀

:: ALGUMAS CURIOSIDADES

– O roteirista Larry Cohen, que é creditado como autor de enredo, na verdade é o autor também do roteiro final. Ele trabalhou no roteiro de Celular com intenção de rodá-lo logo após a conclusão de seu trabalho anterior, Por Um Fio. Cohen desistiu da idéia e pediu ao diretor David R. Ellis para não creditá-lo como roteirista oficial deste novo filme depois de notar as muitas semelhanças entre Celular e Por Um Fio.

– Os roteiristas Eric Bress e J. Mackye Gruber fizeram pequenas alterações no roteiro, sem ser creditados. Estes dois fizeram juntos o elogiado O Efeito Borboleta, com Ashton Kutcher, e estão trabalhando atualmente no roteiro do esquisitão A Cool Breeze on the Underground.

– Durante a projeção de Celular, inúmeras referências ao estúdio New Line, responsável pela produção do filme, surgem na tela. Em determinada cena, por exemplo, uma televisão exibe um trecho de Premonição 2, do mesmo diretor deste. Um dos personagens possui uma mochila de O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel. Além disso, o grandão da New Line, Robert Shave, faz várias pontas aleatórias.

CELULAR – UM GRITO DE SOCORRO (Cellular) :: EUA :: 2004
direção de David R. Ellis :: roteiro de Chris Morgan :: história original de Larry Cohen :: com Kim Basinger, Chris Evans, William H. Macy, Jason Stathan, Eric Christian Olsen, Jessica Biel e Noah Emmerich :: distribuição New Line Cinema/PlayArte :: 94 minutos.


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