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Artigo adicionado em 19/08/2004, às 08:03

Crítica: OLGA
Uma superprodução com cara de novela “Quem? O Jayme Monjardim? Mas ele não é diretor de novela?”. A pergunta acabou se tornando bastante comum quando foi anunciado que o diretor de sucessos globais como O Clone e A Casa das Sete Mulheres (isso só para citar os mais recentes) faria a sua estréia como cineasta […]

Por
Thiago "El Cid" Cardim


“Quem? O Jayme Monjardim? Mas ele não é diretor de novela?”. A pergunta acabou se tornando bastante comum quando foi anunciado que o diretor de sucessos globais como O Clone e A Casa das Sete Mulheres (isso só para citar os mais recentes) faria a sua estréia como cineasta em Olga, adaptação do livro de Fernando Morais sobre a revolucionária Olga Benário. O trailer da película, no entanto, afastou boa parte das dúvidas. Afinal, a produção parecia esmerada e de encher os olhos. Verdade: cenografia, fotografia e direção de arte são impecáveis em “Olga”. Mas Jayme Monjardim continua sendo um diretor de novelas. E, acredite: neste caso, isso não é um elogio.

Usar e abusar de uma linguagem própria consagrada nas telinhas pode funcionar como marca registrada do diretor num país onde a cultura do cinema ainda é mais frágil do que a televisiva. Guel Arraes, por exemplo, soube usar seus diálogos agéis e divertidos, que tão bem funcionam nas telinhas, em um filme como Lisbela e o Prisioneiro. O mesmo não acontece com Monjardim. Em muitos momentos, ele transforma “Olga” num folhetim melodramático totalmente cansativo, com interpretações exageradas e, essencialmente, diálogos frios e artificiais. Ninguém fala daquele jeito, sem naturalidade, como robôs repetindo um texto ensaiado daqueles de comercial de inglês. Apesar do visual deslumbrante, a história de Monjardim tem ares de novela das oito. E, em alguns momentos, até de novela mexicana. Ay, caramba.

Não fossem os últimos vinte minutos da trama, quando tudo começa a ganhar mais corpo e profundidade (menos pela direção de Monjardim e mais pela própria história, que é bem pesada por natureza), daria até para dizer que o filme é “bem ruim”. Mas, neste caso, pode-se chamá-lo de “mediano”.

Com certeza, tudo seria melhor se o Luís Carlos Prestes de Caco Ciocler contracenasse com uma protagonista mais expressiva do que Camila Morgado. Tudo bem que a menina é mesmo mal-dirigida, mas sejamos sinceros: a não ser pela cena na qual a filha é tirada de seus braços, a Olga Benário de Camila sempre apela para o introspectivo “olhar para o horizonte” quando quer sugerir emoção. E tomem mais e mais diálogos quadrados e frases feitas que tiram qualquer impacto que a cena sugira.

Em “Olga”, somos apresentados a história real de Olga Benário, uma revolucionária alemã que acabou se tornando comunista para mudar o mundo na década de 30. Em uma de suas missões, ela acaba sendo destacada para proteger e trazer de volta do exílio, na Rússia, o líder socialista brasileiro Luís Carlos Prestes. No caminho, disfarçados como um casal, eles se apaixonam. E ela acaba se apaixonando pelo Brasil. E embarca, com Prestes, numa revolução para libertar o país. Esbarrando, inclusive, no governo do populista Getúlio Vargas (Osmar Prado, impecável).

No final das contas, graças a um traidor, a revolução é descoberta e seus líderes capturados. Como Olga é alemã, ela acaba sendo deportada. Grávida. Na Alemanha daquela época, quem coloca as mãos em Olga são justamente os nazistas. E o destino inevitável da moça judia é o campo de concentração.

Este último segmento, que mostra a luta da revolucionária para ficar com sua filha Anita, chega a emocionar. O cenário do campo de concentração de Ravensbrück, montado numa antiga fábrica têxtil em Bangu, no Rio, é de tirar o chapéu. O mesmo vale para a neve artificial e para a iluminação de tom europeu. É aqui que percebe-se o potencial desta história, desperdiçado pela falta de tato do novato Monjardim. Camila Morgado bem que se esforça. Mas não consegue convencer.

O diretor disse, durante coletiva de imprensa, que achava cedo para se falar em Oscar. Talvez ele esteja enganado. Uma tragédia como foi a vida de Olga Benário, uma judia, situada durante a Segunda Guerra Mundial… tem tudo para cair no gosto da Academia. Basta lembrar de A Vida é Bela ou A Lista de Schindler. Não tem como errar. Mesmo sabendo que o filme funcionaria muito bem com alguns intervalos no meio e aquele inconfundível ‘plim-plim’ para anunciar a ida ao banheiro.

Leia mais:
:: Conheça mais a fundo quem foi Olga Benário, e como era o cenário político da época no Brasil e no mundo


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