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Ao assistir ao trailer de Eu, Robô, produção futurista estrelada por Will Smith e que chega aos cinemas nesta sexta-feira, tive a nítida impressão de que já tinha adivinhado o final da trama. Afinal, nos últimos anos, os americanos estão ficando especializados em contar mais do que deveriam nestes previews. Enfim: depois de ver o filme, infelizmente pude constatar que estava parcialmente certo. Tudo bem, temos uma pequena surpresa na conclusão – mas não é nada que possa arrancar o espectador da cadeira. No entanto, o final “água com açúcar” não chega a comprometer o filme – que é uma ficção divertida, competente e que levanta questões sobre inteligência artificial suficientes para boas horas de discussão entre os ‘geeks’ de plantão.
Embora tenha como base o roteiro original de Jeff Vintar, “Eu, Robô” acabou incorporando elementos dos contos do escritor Isaac Asimov, incluindo aí personagens como o Dr. Alfred Lanning (o excelente James Cromwell), uma versão mais nova da Dra. Susan Calvin (aqui, vivida por Bridget Moynahan) e, é claro, as três leis da robótica, que são o grande pilar do filme. Para quem não sabe, são elas:
1ª Lei: um Robô jamais deve causar danos a um ser humano e nem, por omissão, permitir que isso aconteça;
2ª Lei: um Robô deve sempre obedecer a ordem dos seres humanos, a menos que isso entre em conflito com a 1ª Lei;
3ª Lei: um Robô deve proteger sua própria existência, a menos que isto entre em conflito com a 1ª ou a 2ª Lei.
Na Chicago do ano 2035, o investigador Del Spooner (Smith) é um dos poucos que não acredita nestas leis. Tradicionalista, ele não é dos maiores fãs de tecnologia. Menos ainda dos robôs, com quem parece ter uma rixa pessoal e a quem considera um perigo eminente. A vida do policial vira do avesso justamente quando um robô torna-se o principal suspeito da morte do Dr. Lanning. Ninguém acredita que ele seja realmente responsável por um assassinato – afinal, nenhum robô jamais cometeu um crime. No entanto… Spooner quer provar que as coisas podem ter mudado, justamente às beiras da maior distribuição de robôs que o mundo já presenciou.
Will Smith está surpreendentemente bem no papel. Carismático, divertido, sarcástico e desafiador, seu detetive com fobia por robôs é a segunda melhor coisa da trama. Afinal, é impossível superar a performance emocionada (sim, é isso mesmo) de Alan Tudyk, que faz a voz e os movimentos do robô Sonny, justamente o suspeito do crime.
Quanto aos efeitos especiais, basta dizer que eles não comprometem. O futuro de “Eu, Robô” é, apesar de alguns exageros (como o túnel com estacionamento embutido), bastante racional. Os robôs estão muito melhor acabados do que no trailer – o que já é um avanço. As feições humanizadas dos robôs modelo NS-5 – o mesmo de Sonny – chegam a dar medo.
Uma das sequências finais, uma batalha campal na torre da poderosa empresa de robótica US Robotics, já vale o dinheiro do ingresso. A câmera enlouquecida vai e vem de tal forma que você chega ter vertigens sentado na cadeira, numa edição primorosa para filmes de ação – e que só não pode ser chamada de “perfeita” porque ainda depende um pouco do modelão Matrix de ser.
Para quem curte ficção científica, “Eu, Robô” é uma ótima pedida no cardápio. Para quem não vai muito com a cara destes papos pseudo-científicos e curte mesmo é um bom filme de ação com tiros, explosões e perseguições de carros, tudo bem. Também tem um pouco de tudo isso por aqui. Agora, se você não gosta de nenhum dos dois…então não enche o saco e vai ler um livro do Paulo Coelho.
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