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Um dos diretores de Hollywood mais reconhecíveis por seu estilo é Tim Burton. Quase todos os filmes dele trazem um estilo visual característico, um peso emocional caloroso e um humor bizarro (além de uma trilha sonora composta por Danny Elfman), que juntos se tornam uma perfeita assinatura dele. Um dos filmes que trazem todos esses aspectos estampados em seus frames é o conto-de-fadas-dark Edward Mãos-de-Tesoura, uma história às vezes bizarra, às vezes engraçada, mas sempre bela.
Mais um daqueles “Sucessos da Sessão da Tarde”, Edward Mãos-de-Tesoura foi um dos primeiros, senão o primeiro filme com Johnny Depp, nosso conhecido Jack Sparrow de Piratas do Caribe, liderando o elenco. Além disso, trazia também Winona Ryder em início de carreira, e contava ainda com Dianne Weist, Alan Arkin, e uma participação simplesmente mágica de Vincent Price.
Uma vendedora porta-a-porta da Avon (Dianne Weist) decide bater na porta de uma velha mansão, aparentemente abandonada, e acaba encontrando um garoto chamado Edward, que tem tesouras no lugar das mãos. Vendo que o garoto está sozinho, ela decide levá-lo para viver em sua casa. Tendo diversos problemas para se adaptar, (você também teria se suas mãos cortassem tudo o que você encosta!), ele encontra seu lugar como cabeleireiro e jardineiro da pequena cidade onde vai morar. Infelizmente, por alguns é sempre visto como “monstro” e “ameaça”.
O “monstro” tem seu “criador”, o Inventor, o que é revelado através de flashbacks, que mostram um simpático cientista solitário que imaginou como seria se, um dia, desse um coração para uma de suas máquinas. Edward é um ser humano artificial, que nunca conseguiu ser terminado pelo Inventor, ficando com lâminas afiadas ao invés de dedos.
Recontando a história clássica de “Frankenstein”, Edward Mãos-de-Tesoura mostra o choque de uma sociedade caricata, perfeitamente pacata, perfeitamente calma, contemplando um visitante diferente, estranho e potencialmente perigoso. As casas, todas pintadas igualmente em cores pastéis, e de aparência alegre e feliz entram em contraste com o castelo, escuro e gótico, com suas esculturas monumentais e esquisitas ao mesmo tempo. O filme mostra também o que é crescer para um garoto que se sente diferente, algo visto diversas vezes já no cinema, mas aqui sob uma ótica digamos, “Burtoniana”.
A paixão de Edward pela personagem de Winona Ryder, expressa pelas esculturas que ele cria em gelo (sempre em cenas fabulosas) e a solidão da qual Edward sempre parece sofrer são os pontos emocionais fortes do filme. Depp, em início de carreira, consegue uma atuação silenciosa, mas forte e expressiva, junto com Dianne Weist, que tenta a todo custo tornar Edward uma parte da cidade onde moram.
O personagem que menos aparece e que é mais lembrado, tanto pelo diretor quanto por fãs é o Inventor, último papel de Vincent Price, renomado ator de diversos filmes de terror da década de 50, 60 e 70, que morreu de câncer no pulmão em outubro de 93. Burton, em uma de suas entrevistas, admitiu ter se maravilhado com a possibilidade de ter um de seus ídolos trabalhando em um de seus filmes.
A assombrosa trilha sonora, composta pelo veterano Danny Elfman (os dois primeiros Batman, Hulk, Big Fish, entre outros), ajuda a criar o clima de contos-de-fada que o filme tem, especialmente nas cenas finais. O visual grandioso, diferente e contrastante do filme é outro fator. As esculturas de Edward em gelo, em plantas, e as próprias casas que a parecem no filme compõe os cenários de uma maneira muito legal.
Edward Mãos-de-Tesoura flui como mágica, um drama fantasioso que emociona muita gente até hoje. Bizarro, carismático, bondoso e humano. Assim é o personagem principal desse filme, que para alguns críticos é um retrato que Tim Burton fez de si próprio. Um clássico imperdível para todos os fãs de romance, humor e fantasia, lembrado eternamente por nós aqui d’A ARCA!
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