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Artigo adicionado em 09/07/2004, às 06:10

Crítica: NEM QUE A VACA TUSSA
A Disney se despede de seus animados tradicionais de maneira melancólica Não há quase nada de bom para se dizer sobre Nem Que A Vaca Tussa, o último – literalmente – longa animado 2D da Disney que estréia essa sexta nos cinemas de todo Brasil. O animado é ruim. Ponto. Acredito agora que tio Walt […]

Por
Paulo "Fanboy" Martini


Não há quase nada de bom para se dizer sobre Nem Que A Vaca Tussa, o último – literalmente – longa animado 2D da Disney que estréia essa sexta nos cinemas de todo Brasil. O animado é ruim. Ponto. Acredito agora que tio Walt deve estar se retorcendo no túmulo (ou então na câmara criogênica que muitos acreditam que o criador do Mickey tira um descanso até que a ciência descubra uma maneira de trazê-lo de volta).

Imagino que, se Disney voltasse dos mortos agora, certamente teria tido um ataque ao ver a situação atual de sua empresa, onde justamente a área de animação tradicional – isto é, desenhos animados à mão – que sempre foi a menina dos olhos de Disney (sim, mesmo depois que Walt começou a supervisionar os famosos parques) foi a última das diversas baixas da administração de Michael Eisner, CEO e Senhor do Escuro.

:: VACA COMEDIANTE?

“Nem Que A Vaca Tussa”, dirigido por Will Finn e John Sanford, é um retrato do que a empresa se tornou hoje: vazio, sem carisma, sem objetivo ou metas definidas, a não ser aquelas feitas a curto prazo, sem pensar nas consequências futuras. Passado no velho-oeste, o ladrão de gados Alameda Slim (voz de Dennis Quaid) está deixando os fazendeiros malucos. A vaquinha Maggie (voz de Roseanne Barr) é a única bovina que sobrou na fazenda de Abner Dixon depois que Slim levou todo o gado do fazendeiro. Para tentar a sorte em outro lugar, Dixon deixa Maggie no rancho Pedaço do Céu da bondosa Pearl (Carole Cook).

Maggie, que já ganhou muitos prêmios em feiras agropecuárias, tem o estilo de uma comediante de “stand-up comedy”. Quem já viu Seinfeld vai lembrar as cenas em que o comediante fica com um microfone em frente ao público, contando piadas. A vaca tenta usar essas piadas para se enturmar com os animais do Pedaço do Céu, mas Maggie esbarra na Sra. Calloway (voz de Judi Dench), uma vaquinha com os pés no chão e que não gosta muito de agitações.

Mas ambas terão que se unir – e ainda levar a holística vaca Grace (voz de Jennifer Tilly) – para salvar o rancho, que está sendo leiloado por falta de pagamento. Maggie aproveita a chance para capturar Alameda Slim e, com a recompensa, salvar Pedaço do Céu.

:: UM QUADRO DO QUE ESTÁ POR VIR

O animado é mais um na lista de filmes problemáticos dos estúdios Disney, entre eles Pocahontas e A Nova Onda do Imperador. Mas o primeiro, mesmo com uma história pouco inspirada, ainda é grandioso – principalmente graças aos ângulos de câmera e à animação primorosa da índia, feita por Glen Keane – e consegue cativar; já o segundo conseguiu sair de um drama problemático para se tornar uma ótima comédia pastelão. “… Vaca Tussa” não consegue nenhum dos dois: piadas fracas, personagens nem um pouco carismáticas, elementos cômicos mal desenvolvidos (os animais de Pedaço do Céu dariam ótimos personagens secundários, mas são apenas plano de fundo para o começo do filme), entre outros.

A história, simples e rasteira, não exige que os animadores cheguem ao limite de suas capacidades. Com isso, não possui momentos de tirar o fôlego como o estouro da manada de gnus em O Rei Leão ou do homem-macaco surfando nas árvores em Tarzan. Os erros da Disney colocaram até o grande animador Andreas Deja, que já animou Lilo (em Lilo & Stitch) e Hércules (no animado de mesmo nome) para animar o receptor de gado Wesley, que possui apenas alguns minutos de tela.

:: PARA FINALIZAR

Aos amantes de animação em geral, preparem-se: Nem Que A Vaca Tussa é o último desenho animado tradicional de longa-metragem que a Disney irá produzir nos próximos anos. Os estúdio de Orlando e Paris já foram fechados, restando apenas o de Burbank, no coração da administração Disney, que fará, a partir de agora, apenas produções em 3D. Como o contrato com a Pixar foi rescindido no começo de 2004, a Disney irá lançar, nos cinemas do ano que vem, Chicken Little, a história de um franguinho que acha que o céu está caindo!

Depois do sucesso de filmes animados em 3D, os executivos acham que é esse o problema das baixas bilheterias dos filmes Disney, pois ainda são feitos “como antigamente”. Será que eles não entendem que o problema são histórias de quinta categoria, personagens mal desenvolvidos e péssimas campanhas de divulgação?

E o último suspiro dos desenhos animados Disney tem um ar de Warner Brothers. Ou alguém vai me dizer que a sequência inicial do animado não parece saído de um curta do Papa-Léguas?


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