“Parem, parem tudo. Estão ouvindo esse som? Ele quer dizer que está na hora do DESAFIO DO BEAKMAN!” Se você não reconheceu essa frase e nem se lembra de um cientista de jaleco verde limão, com os cabelos pra cima, eu lamento informar: você perdeu o melhor programa de humor e de informação que já passou pelas telinhas daqui do Brasil.
O Mundo de Beakman foi criado em 1992, e passava na TV Cultura por volta de 1994, logo após o Castelo Rá-Tim-Bum. Era um programa que trazia informações principalmente sobre ciência, de forma divertida e dirigida a crianças, mas que definitivamente tinha telespectadores mais velhos – quem costumava assistir deve lembrar que seus irmãos mais velhos também adoravam os episódios.
O programa de ciência nasceu baseado em uma tirinha chamada You Can With Beakman e Jax, que era publicada nos EUA e tratava de um cientista e sua irmã inteligente. Na versão para televisão sua irmã desapareceu, mas dois personagens juntaram-se ao cientista: uma assistente (que na verdade foram três, dependendo da temporada: Josie, Liza e Phoebe) e um homem vestido de rato, o Lester.
O cenário e figurino era insano e colorido, combinando com os efeitos sonoros e as personagens. O programa se passava num laboratório que tinha, por exemplo, uma Tabela Periódica em forma daqueles jogos Twister. No início de cada episódio, a assistente tirava de uma espécie de gaiola gigante uma carta com alguma pergunta, e a lia para Beakman. As dúvidas eram sempre enviadas por pessoas com nomes esdrúxulos, e começavam com “Querido Beakman”. Após isso, o cientista do jaleco verde respondia a questão da forma mais divertida e didática possível.
Mas não era só de respostas a dúvidas que se compunha o programa. Existiam quadros com personagens diferentes (interpretadas também por Paul Zaloom – o Beakman, pelo Mark Ritts – o Lester, ou pela assistente), que ensinavam a fazer experiências comestíveis ou não, propunham desafios, ou simplesmente divertiam, como o sucessor do Desafio do Beakman – o Desafio do Lester, que nunca dava certo.
O mais fascinante do Mundo de Beakman não era apenas seu senso de humor apurado, mas também a maneira que os roteiristas encontravam para explicar os fenômenos científicos. Tenho quase certeza de que aprendi muito mais com o programa do que com alguma aula de física.
:: MAIS RAZÕES PARA GOSTAR DE O MUNDO DE BEAKMAN
– O Frango Fajuto, que nada mais era que a mão direita do Lester, quando este ligava o seu polegar ao indicador;
– Art, o cozinheiro seboso que sempre falava “Dêem o fora da minha cozinha!”;
– Os dois pingüins que assistiam aos programas de uma TV no meio do Pólo Norte, e não tinham nada a ver com “O Mundo de Beakman”, apenas faziam comentários sobre o programa;
– Beakman explicando sobre os átomos através de Barbies e Kens dançando quadrilha;
– O subconsciente de Beakman comprando coisas num supermercado para fabricar os sonhos;
– A mão de Ney, o câmera do programa, que fazia participações especiais para auxiliar em algum experimento, ou apenas para segurar coisas;
– A música de abertura, executada por uma espécie de sanfona;
– O Boboscópio, que exemplificava as explicações do cientista através de animações ou cenas de Os Três Patetas;
– O jargão de Beakman: “Badabin Badaben Badabun!”;
– Beakman entrando num tubo cheio de gosma amarela, para exemplificar o interior do nariz humano, e dizendo “Isso é nojento… Mas eu adoro isso!”;
-O Professor Chattoff, que era o “alter ego” do cientista, explicando os fatos de forma bisonha, lendo uma enciclopédia empoeirada;
– Os sumiços repentinos de Beakman para transformar-se em personalidades antigas como Newton, Einstein, ou ainda o super herói Homem-Equilíbrio. Depois disso ele sempre voltava e lamentava-se por não ter conhecido os personagens.
:: CURIOSIDADES DO PROGRAMA
– Os roteiros eram impressos em papel reciclado;
– O Mundo de Beakman foi exibido em mais de 35 países;
– A fantasia de rato de Lester pesava 60 kg, com um rabo de 1,83m;
– Mark Ritts (o Lester) era o responsável pela manipulação do boneco Don, o pingüim que aparecia à esquerda da televisão;
– O cenário era bem completo. O laboratório de Beakman contava com 34 globos terrestres, 36 pneus de bicicleta, uma floresta tropical, 14 abajures de lava, 9 torradeiras, 4 pipoqueiras, um esqueleto e 6 troféus de boliche, entre outros (de acordo com o site Sony.com);
– Eliza Schneider, a intérprete de Liza, segunda assistente de Beakman, fez uma grande carreira nos palcos, inclusive em peças famosas da Broadway. Também dubla várias personagens femininas de South Park;
– Vários produtos foram comercializados com o nome de Beakman – desde canetas, passando por fantasias de Halloween, até notebooks.
Com “O Mundo de Beakman”, eu aprendi que: a maior palavra que existe é inconstitucionalissimamente; que não se consegue dobrar qualquer coisa mais que 9 vezes; que, mesmo que não lembremos de nossos sonhos, nós sempre sonhamos enquanto dormimos; mas principalmente: aprendi que “tudo vai para algum lugar”.
Agora… Dêem o fora da minha cozinha!
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