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A capa cheia de bichinhos e o título podem dar a entender que se trata de um livro infantil, mas O Fabuloso Maurício e Seus Roedores Letrados, do escritor britânico Terry Pratchett (o autor da série Discworld), não o é. Pelo menos não é um infantil de forma tradicional, que trata crianças e jovens como idiotas. Este é o primeiro de vários méritos deste lançamento da Conrad Editora.
Apesar de ser uma fábula, inspirada livremente em O Flautista de Hamellin, não dá para esquecer que a história se passa no universo bizarríssimo de Discworld. Temperada com o humor cínico e ácido típico de Pratchett, o livro mostra um grupo de ratos falantes e pensantes, liderado por um gato também inteligente, que usa um menino flautista para ganhar dinheiro.
Eles escolhem uma cidade, a invadem, fazem de conta que estão em número bem maior, aparecendo em vários lugares, dando shows de sapateado e, quando a população já está em desespero, surge o menino, que recebe uma boa grana para, com sua flauta, expulsar a praga para longe. E, claro, longe dos muros da cidade, o dinheiro é dividido por igual entre o menino, o gato e os ratos.
Até que as coisas começam a dar errado, quando o grupo chega a uma estranha cidade, que aparentemente já sofre com uma praga de ratos, mas que esconde segredos muito mais sinistros, que vão emprestar novos significados à palavra maldade.
Divertido, muito bem escrito, inteligente e envolvente, com diálogos espertíssimos também típicos de Pratchett, “O Fabuloso Maurício…” consegue ser um competente mix de comédia e… tragédia. Em certos momentos a coisa fica realmente bastante sinistra, ainda mais por não estarmos preparados para ler coisas tão terríveis em um livro ilustrado com imagens de ratinhos, gatinhos e coelhinhos.
“O Fabuloso Maurício…” é diversão garantida para gente de qualquer idade. Podem se perder algumas referências mais… ahn… safadas, tão comuns nos livros da série Discworld, mas a história é tão envolvente que nem se percebe. É literatura juvenil da melhor qualidade.
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