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Artigo adicionado em 02/06/2004, às 01:11

AULAS DE ROTEIRO 5: ESTRUTURANDO O ATO I – Parte 1
E aqui começa a brincadeira… Olá pessoal! Personagens prontos? Espero que sim, pois agora é que começa o esquema de “escrever roteiro”. Em primeiro lugar, tenham MUITA paciência. Peço isso porquê vou explicar bem passo-a-passo, para que até um leigo no assunto possa escrever, no mínimo, uma história razoável. Bom, a primeira coisa que você […]

Por
Emílio "Elfo" Baraçal


Olá pessoal! Personagens prontos? Espero que sim, pois agora é que começa o esquema de “escrever roteiro”. Em primeiro lugar, tenham MUITA paciência. Peço isso porquê vou explicar bem passo-a-passo, para que até um leigo no assunto possa escrever, no mínimo, uma história razoável.

Bom, a primeira coisa que você deve pensar é: para que mídia vai minha história? Você quer escrever quadrinhos? Ou cinema? Um livro, talvez? Teatro? Sim, vou ensinar todos eles mas, em primeiro lugar, vamos pensar num roteiro para cinema, pois desse jeito fica muito mais fácil imaginar personagens, situações e cenários se movendo como se estivéssemos na frente da telona.

A primeira coisa que vocês devem fazer é pensar no gênero de personagens que criaram. São personagens de quê? Aventura? Ficção científica? Comédia? Épico? Terror? Velho Oeste? Tendo o tipo de história que querem contar, agora vocês devem pensar na linha dramática da história. Mas….o que é linha dramática?

“Linha Dramática” é uma descrição básica do ATO I inteiro de forma beeeeeem resumida. Alguns exemplos abaixo:

“Um especialista em computação quer descobrir por quê um procurado terrorista internacional o procura” – Matrix

“Um excêntrico e velho milionário, obcecado com o poder da vida conseguiu através da ciência, trazer de volta os extintos e temíveis dinossauros e quer desfrutá-los com o mundo através de um parque temático” – Jurassic Park

“Um jovem ambicioso de bom coração da época vitoriana quer se casar com sua namorada, que há tempos não vê. Porém, uma traíção por parte de pessoas próximas ligadas a ele em seu trabalho como marinheiro o coloca no meio de um esquema político de nível internacional; o que o leva a ser considerado traidor em seu país” – O Conde de Monte Cristo

“Um homem, que é homossexual, resolve assaltar um banco para financiar a operação de mudança de sexo do parceiro” – Um Dia de Cão

Viram como funciona? Conhecendo o esquema da linha de tempo usada na primeira aula (lembram?), fica fácil entender como funciona, não? Bom, esse é o primeiro passo. Procure sua linha dramática. O que seu personagem quer fazer? Ou o que ele está fazendo mas está tendo problemas? Pense, pois a linha dramática irá guiar todo o resto da sua história.

No caso de Matrix, por exemplo, se lermos a linha dramática, pode não dizer muita coisa. Mas a razão de Thomas Anderson (Keanu Reeves) estar sendo procurado por Morpheus (Lawrence Fishburn) é porquê ele é o escolhido, aquele que irá salvar a humanidade da aniquilação total das as máquinas e isso você só fica sabendo no início do ATO II do filme. Sendo assim, vê como uma linha dramática simples pode significar algo muito maior e escondido? Além disso, há outro motivo para que a linha dramática tenha que ser bem resumida: não criar complicações para o escritor e ponto final. Uma linha dramática simples é uma idéia simples.

Agora, usando o mesmo exemplo de Matrix (alguns devem estar se perguntando porquê o uso frequentemente nas aulas de roteiro, e as razões são: é um filme muito bom – confesso que as continuações são fracas – e sua estrutura de roteiro é bem simples), lembrem-se de todas as cenas até o momento em que Thomas Anderson faz sua escolha e toma uma das píluas oferecidas por Morpheus. Se precisar, assistam de novo (quem tem fácil acesso ao filme, como um DVD ou TV a cabo) até esse momento. Percebam que toda a linha dramática está ali no ATO I o tempo todo.

Aí, depois de quebrarem a cabeça (nem sempre é tão fácil pensar numa linha dramática) procurando (e achando) sua linha dramática, vocês se perguntam: “Ok, tenho minha linha dramática, mas o que eu faço agora?” – sim, esse é o próximo passo. Vocês tem que apresentar o que os personagens são e o que eles querem e ainda seguir a linha dramática, certo? Pois é, agora explico como se faz isso.

Escreva apenas descrições simples das cenas. Sem falas ou muitos detalhes por enquanto. A primeira sequência de Matrix é Anderson acordando na frente do computador e teclando com alguém que ele não conhece (que só vamos saber mais pra frente que era Morpheus) e logo depois negociando programas piratas. A descrição da cena ficaria mais ou menos assim, como imagino, no esboço dos autores do filme:

“Anderson acorda na frente do computador ligado, mostrando que ele desmaiou de cansaço. Rapidamente começa a conversar com alguém pelo computador e é alguém que ele não conhece, parecendo não falar coisa com coisa, até que a pessoa do outro lado prevê que baterão na porta do apartamento dele, o que de fato acontece. Isso o deixa surpreendido e meio relutante, atende a porta e negocia programas piratas de computador. Devido a algo que o indivíduo do outro lado do computador escreveu e que tem a ver com o os compradores do programa o impele a ir a uma discoteca.”

(Lembram-se: “Siga o coelho branco” [a tatuagem de coelho branco da namorada do comprador do programa de computador] – e Anderson o faz, após ser convidado pelos compradores a ir numa discoteca. Esse é o algo que tem a ver entre Morpheus e os compradores)

Viram como uma ideía deve ser descrita? é de forma simples, mas são apenas idéias. Não é seu roteiro ainda, pois nem tem falas e muitos detalhes.

Agora vem algo que deve ser levado muito em consideração: as 3 partes do ATO I.

Pensem no ATO I dividido em 3 partes. É lógico que primeiro você deve saber quantas páginas seu ATO I terá. Se tiver o clássico formato de 30 páginas, deixe em 3 partes de 10 páginas. Pra que serve essa divisão afinal? Simples:

ATO I – Parte I: Apresentação de quem é o personagem principal
No caso, Thomas Anderson, assalariado de um grande empresa de software que é hacker e contrabandista de programas nas horas vagas – e isso tudo é mostrado nos primeiros 10 minutos, inclusive, que alguém o procura.
– Parte II: Apresentação dos objetivos do personagem principal
Em Matrix, Anderson só começa a realmente querer descobrir o que está havendo depois de uma sequência enorme de eventos coincidentes acontecer com ele, como se ele estivesse sendo manipulado.
– Parte III: Personagem principal correndo atrás de seu objetivo
Nesse filme, depois de fugir dos Agentes da Matrix, Anderson finalmente acha um meio (na verdade, ele é achado e segue as instruções de Morpheus, impelido pela vontade de saber o que está acontecendo) de saber o que está acontecendo. Assim ele vai ao encontro do homem que o está caçando.

Logo depois disso, é mostrado o Plot I, que é Morpheus dar a ele a escolha de saber a verdade (ao apresentar as pílulas) e Anderson faz a escolha.

Lembrem-se de fazer da seguinte forma:

1 – Estruture a linha do tempo conforme ensinada na Aula 1, mostrando os principais eventos de sua história2 – Estabeleça a linha dramática3 – Divida o Ato I em três partes4 – Começe a fazer as descrições superficiais de cada cena.

Muitas vezes, parecerá que sua história vai estar uma porcaria, mas não esquente muito a cabeça. Primeiro, porquê provavelmente será a primeira vez que estará escrevendo algo do gênero. Segundo, porquê você está aprendendo, então é permitido errar. Terceiro, porquê ás vezes é difícil saber que caminho seguir. Quarto, porquê ainda não é o roteiro pronto; é um “esboço” do que seu roteiro pode ser e, quinto, o pior que pode acontecer é você escrever algo realmente ruim, mas não precisa sair mostrando pra ninguém. Está ruim? Identifique os porquês e começe de novo. Recomeçar um roteiro até estar no ponto é algo perfeitamente normal.

Lawrence Kasdan, premiadíssimo roteirista de cinema (escreveu, por exemplo, Corpos Ardentes), costuma ter umas 4 ou 5 versões de seu roteiro até ter a versão final. Se profissionais fazem isso, porquê você não vai fazer?

Bom, espero ter dado um pouquinho de trabalho pra muito gente durante um bom tempo. Mas mesmo assim, tentem não ficar preguiçosos. Escrever um roteiro não é fácil, mas será menos difícil conforme for acompanhando as aulas aqui n´A ARCA. Quando menos esperarem, uma aula nova irá aparecer, heheheehehehe…

Leia mais:
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