O lançamento da versão em DVD de O Retorno do Rei, a conclusão da trilogia O Senhor dos Anéis, é a chance de rever um dos grandes filmes do ano passado e que, além de ter marcado seu lugar na história ao se tornar o segundo filme mais visto de todos os tempos (atrás apenas de Titanic), igualou o recorde do próprio Titanic e do clássico Ben-Hur ao conquistar 11 Oscar da Academia. Mas marca, também, uma sacanagem imensa, que chega a dar raiva e revoltar: não estão no DVD as duas cenas, para mim fundamentais, que foram cortadas da versão para cinema por falta de tempo e que haviam sido prometidas para o DVD: a morte de Saruman (personagem completamente ignorado nesta terceira história, inexplicavelmente, já que a participação dele no livro é até grande) e o encontro do amor entre Éowyn e Faramir.

Mas, apesar da desculpa da falta de tempo no filme, enfiaram uma cena do Sméagol com o Déagol que, além de meio gay, tem mais ou menos o mesmo tempo da de Saruman e muito menos importância, já que todo mundo, desde o primeiro filme, sabia que ele havia achado o anel antes de se tornar Gollum. Muita gente (como eu) acabou comprando o DVD principalmente para assistir a essas duas cenas cortadas.

Na tal cena, que agora só poderemos ver na versão extendida do DVD (importada, cara e difícil de achar, claro), mostra Saruman e Língua de Cobra presos na torre de Isengard, reféns de Barbárvore e dos outros ents, vêm o restinho de seu poder ruir quando recebem a visita de Merry, Pippin e alguns dos homens e o mago, agora branco, Gandalf, que quebra o cajado de Saruman, símbolo de seu poder. No filme a coisa termina aí e pelo menos dá um final ao personagem, mas no livro a coisa continua: Gandalf e Gríma viram mendigos, perambulam maltrapilhos pela Terra-Média mas, quando Frodo volta ao Condado, o encontra por lá, chefiando o tráfico de erva dos hobbits (!).

Outra cena que vai permanecer inédita é a do encontro de Éowyn com Faramir. No filme, a coisa ficou completamente sem sentido: num momento Éowyn está chorando pelo amor não correspondido pelo futuro rei Aragorn. No momento seguinte, está toda feliz, ao lado de Faramir, vendo o casamento do próprio Aragorn com a elfa Arwen. Sem sentido. Agora saberemos que ambos rejeitados (ela pelo rei, ele pelo pai), acabam juntando os trapinhos enquanto se recuperam no hospital da bela cidade de pedra Minas Tirith.

Tudo isso sem contar o grande filme que “O Retorno do Rei” é. A conclusão da trilogia é, também, seu ponto mais alto. Frodo e Sam seguem em sua jornada rumo a Mordor, guiados pelo nada confiável e cada vez mais desesperado e ensandecido Gollum, que apronta de tudo para separar Sam de Frodo e assim ter mais chances de colocar novamente as mãos no preccciooooosssssssooo. Mas, como disse Gandalf a Frodo lá atrás, no primeiro filme da trilogia, estava reservado a ele um papel-chave na história do Um-Anel.

Enquanto isso, o restante da já dividida Sociedade do Anel se separa ainda mais: Gandalf e Pippin acabam parando em Minas Tirith, na esperança de convencer o governante da Cidade, Denethor (o pai de Boromir e Faramir), a mover seus exércitos contra Sauron. Mas Denethor está louco demais pra enxergar qualquer coisa. Aragorn, acompanhado de Legolas e Gimli, enfrenta seu destino e vai até a Senda dos Mortos em busca de aliados do além na luta contra as forças escuras.

No final, os heróis serão os mais improváveis: Éowyn, impedida de lutar por ser mulher, e os hobbits Merry e Pippim têm um papel fundamental. E recebem a justa homenagem por isso, numa cena no final do filme que, embora não tenha nada de espetacular, levou certamente às lágrimas boa parte das platéias (da mesma forma que eu, um imbecil, choro toda vez que assisto à condecoração de Luke, Solo e Chewie, por Léia, no final de Star Wars – Uma Nova Esperança).

O DVD é, também, recheado de extras, como os documentários Missão Cumprida: A visão de um diretor, o especial A jornada de um cineasta: making-of de O Retorno do Rei, um Especial da National Geographic, O destino de Aragorn, Minas Tirith: Capital de Gondor, A Batalha dos Campos de Pelennor, Samwise, o Bravo, Éowyn: A dama de Rohan. Isso além dos traileres de cinema, spots de tevê, supertrailer da trilogia O Senhos dos Anéis e um documentário sobre a produção dos games da série para videogames e computador (todos da competente E.A.). Mas volto a dizer: independente de tudo, é uma grande sacanagem termos no DVD a versão dos cinemas e não a prometida pelo diretor Peter Jackson. Mesmo assim, é um senhor presente, daqueles que namorado (ou namorada) nenhum vai reclamar de ganhar no próximo dia 12. No Submarino sai por R$ 44,90.

Da Warner Home Video.

Tempo: 200 minutos
Cor: Colorido
Ano de Lançamento: 2004
Recomendação: 12 anos
Região do DVD: Região 4
Legenda: Português
Idiomas / Sistema de Som: Inglês – Dolby Digital 5.1
Português – Dolby Surround 2.0
Espanhol – Dolby Surround 2.0
Formatos de Tela: Widescreen
Pais de Origem: EUA

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