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Artigo adicionado em 17/05/2004, às 10:05

CHARLES CHAPLIN
… o ditador do mundo! Bons atores existiram e existem em todas as épocas, mas gênios que permanecem conhecidos durante gerações são muito raros. Mesmo assim, ao enumerar os melhores comediantes de todos os tempos muita gente esquece do primeiro e maior gênio da comédia (e, claro, do cinema mudo): Charles Chaplin (pelo amor de […]

Por
Francine "Sra. Ni" Guilen


Bons atores existiram e existem em todas as épocas, mas gênios que permanecem conhecidos durante gerações são muito raros. Mesmo assim, ao enumerar os melhores comediantes de todos os tempos muita gente esquece do primeiro e maior gênio da comédia (e, claro, do cinema mudo): Charles Chaplin (pelo amor de Deus, não é “Charlin Chaplin”, como muitos acham!). A figura dele é conhecida e vista em todos os lugares. Até em casas de famílias pobres do Sertão do Nordeste existem quadros com o “Carlitos” estampado.

Apesar dessa fama, os filmes de Chaplin caíram em esquecimento, e hoje em dia não são muitas as pessoas que os conhecem realmente. Em 2003, a Warner relançou, em DVD, o primeiro volume da Coleção Chaplin, com os filmes Em Busca do Ouro, Tempos Modernos, O Grande Ditador e Luzes da Ribalta. Agora, mais do que nunca, é a melhor hora para conhecer ou relembrar esses clássicos, porque o segundo volume da coleção acabou de ser lançado, com O Circo, Luzes da Cidade , Monsieur Verdoux, e um documentário: Charlie – A Vida e a Obra de Charles Chaplin.

Charles Chaplin nasceu na Inglaterra em 1889, e era filho de uma atriz/ bailarina. Dela ele herdou o incrível dom para a dança. Em todos os seus filmes, Charles mostra uma facilidade na expressão corporal capaz de fazer dançarinos da Broadway chorarem de inveja. Sua infância foi muito triste – seu pai morreu de alcoolismo e sua mãe terminou seus dias louca e internada num sanatório. Jovem, começou sua carreira no teatro, passando, no início da história do cinema, a produzir alguns filmes junto com outros diretores. Foi então que criou o personagem Carlitos, o Vagabundo: com uma bengala, um chapéu, um paletó apertado, calças largas, bigode postiço (Charles Chaplin não usava bigode) e peruca. Depois de fazer filmes curtos e não tão esplendorosos, ele resolveu abrir seu próprio estúdio, em 1918.

Três anos depois produziu seu primeiro grande sucesso – O Garoto. A partir de então, sua popularidade foi crescendo, e Chaplin alcançou um sucesso que era incomum naquela época (as estrelas de cinema não eram tão conhecidas mundialmente como hoje em dia!). Naturalizado americano, Charles Chaplin tem controvérsias em sua história – foi acusado de comunista durante a época da Doutrina Truman, e negou isso veementemente, e muitos o acusam de ter tido uma certa preferência por garotas menores de idade – mas isso não tira o brilho de suas obras.

Seus filmes, mesmo sendo cômicos, têm um pouco de tudo: drama, romance, aventura e crítica. Inclusive a comédia pastelão, mas usada de um jeito que não fica cansativo. Charlie sabia dosar tudo isso que, somado à sua interpretação, resultou no grande sucesso que fez. Ser um bom comediante é mais difícil do que ser um bom ator de drama, porque é muito sutil a linha que separa o ridículo engraçado do ridículo idiota, além de cada pessoa ter um senso de humor particular. E além de ter sido um grande ator, Chaplin também dirigia, escrevia, produzia e participava das edições de seus filmes, além de também compor músicas.

Bem, aos filmes! Falando apenas dos inclusos na coleção, aqui estão:

:: EM BUSCA DO OURO (1925)

É considerado um dos melhores filmes da carreira de Charles Chaplin, e divide o lugar de meu favorito junto a “Tempos Modernos”. Conta a história de Carlitos e seu amigo, que saem em busca de dinheiro como garimpeiros na época da corrida do ouro no Alasca. É o único filme dessa fase da filmografia de Chaplin que tem um final feliz. A cena clássica da dança dos pãezinhos espetados num garfo é desse filme, que tem momentos hilários, como ele preparando botas assadas para o almoço, ou a cena da casa torta (não dá pra não chorar de rir com as caras que Chaplin faz nessa cena em especial). Aliás, os movimentos e as expressões faciais de Charles – reforçadas sempre com maquiagem, devido aos filmes serem em preto e branco – são tão bons que, nesse e em todos os filmes, não dá pra sentir a falta de som ou falas. Em Busca do Ouro foi filmado em locações externas, como era costume de Charlie Chaplin, o que era muito difícil e caro de fazer naquela época.

:: O CIRCO (1928)

Carlitos, nessa história, acaba entrando numa trupe de circo. Lá, pra variar, não consegue se encaixar em função alguma e encontra uma bela bailarina, por quem se apaixona. Seguindo a tradicional linha de suas obras, “O Circo” tem uma cena que acho bem interessante. Nela, Chaplin critica claramente o tipo de comédia “sem cérebro”: um grupo de palhaços fazendo piadas batidas são totalmente mal recebidos, enquanto Carlitos, sem preparar nada e sem precisar de tortas ou cascas de banana, arranca risadas da platéia.

:: LUZES DA CIDADE (1931)

Numa das histórias mais bonitas e engraçadas ao mesmo tempo, “Luzes da Cidade” é sobre a história de amor de Carlitos e uma florista cega. Conseguindo favores de um seu amigo rico e bêbado, ele tenta arranjar dinheiro para pagar a cirurgia que restabeleceria a visão à moça. Não posso contar mais, pois fazer spoiler de um filme do Charles Chaplin é sacanagem… Mas a verdade é que nesse filme, e mais ainda em “O Garoto”, dá pra ver como o moço do chapéu e da bengala conseguia comover e fazer rir ao mesmo tempo, sem deixar o enredo bobo ou entediante.

:: TEMPOS MODERNOS (1936)

Nesse filme, a cena de Carlitos entrando dentro de uma máquina é a mais clássica. Ele é um trabalhador na época da Revolução Industrial que, depois de trabalhar durante horas numa função repetitiva, tem uma crise de estresse e fica louco. Depois de tempos internado em uma casa de repouso, sai pelas ruas, sem dinheiro. Acaba sendo confundido com um líder comunista e é preso. Depois de seqüências muito boas na prisão, ele é libertado, conhecendo uma moça e a partir daí, sai com ela à procura de um novo emprego. Esse filme critica a modernização e estilo de produção industrial da época – inclusive, é nele que aparece, propositalmente, a primeira fala em um filme de Chaplin. O ator (também diretor, produtor, dançarino, compositor, piririri, pororó…) detestava a idéia de existirem falas em um filme – acreditava que isso faria perder toda a parte artística e humana das produções. E faz sentido. Em seus filmes, a magia é ver como ele conseguia passar a mensagem que queria, sem precisar de roteiros complexos e discursos inflamados, e sem imagens psicodélicas.

:: O GRANDE DITADOR (1940)

Com exibição polêmica na época, “O Grande Ditador” foi proibido durante um bom tempo nos EUA. Já existem falas nesse filme, embora ainda tenha alguma coisa que lembra o antigo tom do Carlitos. “O Grande Ditador” narra a história de um barbeiro que perdeu a memória na guerra, e que coincidentemente é idêntico ao ditador “Rincon”, que é o Hitler na história (ambos são interpretados por Chaplin). Embora tenha cenas engraçadas, principalmente nas que Rincon participa, o filme não é muito indicado pra quem quer uma pura comédia, porque trata de uma história e de um assunto mais pesados. Aliás, é de “O Grande Ditador” aquele discurso famoso que tem a frase “Não sois máquinas, homens é que sois!”. É, é bem bonito.

:: MONSIEUR VERDOUX (1947)

Um dos últimos filmes da carreira do grande ator, “Monsieur Verdoux” já traz Chaplin sem caracterização de Carlitos. Sinceramente não posso dizer muito desse filme, porque não o assisti, mas sabendo que se trata de um humor negro eu me arrependo de não tê-lo visto ainda! “Monsieur Verdoux” é um viajante que faz amizade com ricos empresários, ganhando sua confiança, e depois os assassina. E é com essa profissão adequada que ele ganha o sustento de sua família. Sem o lado alegre e saltitante dos outros filmes de Chaplin, “Monsieur Verdoux” não fez tanto sucesso na época, por tratar de um assunto meio delicado para o público daquele tempo.

:: LUZES DA RIBALTA (1952)

“Luzes da Ribalta” possui uma história voltada mais ao drama que à comédia. Calvero, o protagonista, é um palhaço em decadência que salva uma bailarina de uma tentativa de suicídio, iniciando então uma relação de devoção e amizade, em que Calvero guia a moça ao estrelato. Trazendo mais lágrimas que risos, esse filme mostra uma mensagem singela sobre a passagem das gerações no meio artístico: o fim do protagonista e a ascensão da bailarina.

É no mínimo interessante ver como hoje em dia, com cores, sons, efeitos especiais e tantas “melhorias”, são muito poucos os que conseguem fazer comédias que transmitam metade do que as obras de Chaplin passam.

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