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Fui assistir a Mar de Fogo com a esperança de ver o Viggo Mortensen limpo (doce ilusão! Bem… ao menos na última cena ele aparece bem limpinho…). Não sabia muito bem a história, então não fui com boas ou más expectativas. Apenas sentei-me na poltrona e deixei o filme começar. Pois bem. A história é um pouco complicada para ser resumida perfeitamente, mas de um modo geral é a seguinte: baseia-se na história real da vida de Frank Hopkins.
Esse cidadão é um caubói que vivia na época do massacre dos indígenas norte-americanos (a época do típico faroeste). E como tal tem uma relação fraternal com seu cavalo, Hidalgo (que é o nome original do filme. Esse cavalo, aliás, é meio humano, lembra um pouco os cavalos da Disney). Esse Hopkins (Mortensen) é um ótimo cavaleiro, e acaba entrando numa aposta.
Enfim, ele parte rumo à Arábia para participar de uma tradicional corrida, que envolve centenas de cavaleiros orientais (e que não dizem “Ni!”) e muçulmanos bitolados – comentarei isso logo abaixo. Todos concorrem a um ótimo prêmio em dinheiro oferecido pelo sheik Riyadh (Omar Sharif), que por sua vez, vejam só, tem uma bela filha meio que revoltada, chamada Jazira (Zuleikha Robinson), que não quer ser “apenas mais uma esposa”.
Dentre os competidores uma inglesa mercenária, interpretada por Louise Lombard, quer impedir de qualquer forma que Frank ganhe, para conseguir a vitória e poder cruzar sua égua com um ótimo cavalo (herança do sheik) e obter um super-hiper-cavalo-transformer (ok, isso foi licença poética minha, ignorem). Dada a trama, agora vamos tecer uns comentários sobre o filme.
A ambientação é uma mistura de faroeste / Aladdin / Mundo de Marlboro. O início o filme é, digamos, meio bagunçado. Dá pra ficar em dúvida se ele seguirá a linha faroeste, se vai ser uma aventura ou uma comédia (por causa de algumas sutis frases de efeito). Mas, depois de uns 50 minutos, o filme engrena. Algumas cenas conseguem nos fazer prender a respiração, afinal das contas, e o enredo fica bem interessante.
O islamismo (pronto, disse que ia comentar!) não é mostrado com desrespeito, mas não consegue fugir do olhar estadunidense. Em alguns casos, os personagens são caricaturais, como se fossem maquininhas que repetem “A vontade de Alá”, ou “Americano infiel”, mas só devem incomodar muito as pessoas neuróticas em relação a isso (como a senhorita que vos fala). Também fiquei intrigada com a quantidade de árabes com inglês fluente naquela época e naquele ponto do planeta (o divertido é ver o Viggo Mortensen falando em Sioux. Não dá prá não imaginar que, na verdade, ele está é falando em élfico!).
Frank Hopkins é um típico herói. Calado, resistente a tentações, bom samaritano, e sempre tem uma frase irônica nos piores momentos.
No fim das contas, “Mar de Fogo” transmite a mensagem de “não olhar o sangue ou a raça, mas sim a vontade e a esperança”, mostrada seja através dos indígenas, dos colonizadores americanos, dos árabes, mouros, escravos, e… dos cavalos.
Enfim, Mar de Fogo não é inesquecível, mas vale um passeio.
Vamos à piadinha final: Acho que o destino do Viggo Mortensen é vagar por terras ermas, sem um banho sequer.
Ah! E tente não cantar a música tema de Cavalo de Fogo na cena final.
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