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Artigo adicionado em 23/04/2004, às 10:28

Crítica: ANTI-HERÓI AMERICANO
Paul Giamatti mostra talento de sobra Já era hora de Hollywood começar a dar o devido espaço para aqueles atores que sempre foram relegados ao papel de “coadjuvantes do coadjuvante”. Aqueles rostos que todo mundo conhece mas que, graças a pequenos papéis apagados, ninguém sabe muito bem quem são. É o caso, por exemplo, de […]

Por
Thiago "El Cid" Cardim


Já era hora de Hollywood começar a dar o devido espaço para aqueles atores que sempre foram relegados ao papel de “coadjuvantes do coadjuvante”. Aqueles rostos que todo mundo conhece mas que, graças a pequenos papéis apagados, ninguém sabe muito bem quem são. É o caso, por exemplo, de Paul Giamatti.

Embora tenha roubado a cena em filmes como Duets e O Mundo de Andy, o ator nunca tinha tido a chance merecida num papel principal de respeito. Até agora. Até se tornar o Anti-Herói Americano. Dirigido pela competente dupla Shari Springer Berman e Robert Pulcini, o filme é inspirado no gibi American Splendor. Atualmente, dizer que uma película veio direto de uma história em quadrinhos é uma jogada perigosa – afinal, já se imagina um sujeito com roupa colante e colorida destilando testosterona e tentando salvar o mundo com muitos efeitos especiais. Se este foi o caso, esqueça.

“American Splendor” é uma história em quadrinhos alternativa surgida no final da década de 70 e que até hoje tem seu público cativo em território americano. Escrita por Harvey Pekar, as tramas são estreladas por… Harvey Pekar. É isso mesmo: o autor aproveita elementos de sua própria vida para contar o cotidiano medíocre de um homem comum, que enxerga tudo de forma cínica e sem maiores perspectivas.

Contando a história de um quadrinista que conta a história de sua vida por meio de um gibi, “Anti-Herói Americano” não teria como ser menos autobiográfico e metalingúistico. Numa trama deliciosa, somos apresentados ao mundo de Pekar, magistralmente interpretado por Giamatti, cujas aventuras são narradas… pelo verdadeiro Pekar. Exatamente: a história mescla momentos ficcionais e divertidas incursões quase documentais de Harvey, sendo entrevistado no mesmo estúdio onde as cenas do filme são gravadas.

Arquivista de um hospital e ávido colecionador de discos de vinil, Pekar começa a se envolver com os quadrinhos quando percebe o sucesso que Robert Crumb, um antigo amigo de bairro, vem fazendo com o seu Fritz, the Cat. As digressões de Pekar são recheadas daqueles balões de pensamentos típicos dos gibis e das participações animadas do Harvey desenhado em preto e branco. A edição criativa e experimental torna o filme ainda mais gostoso de ser degustado.

E não é apenas Giamatti que dá um show de interpretação – afinal, ele lidera um elenco de craques nos papéis secundários. Hope Davis (As Confissões de Schmidt), por exemplo, desfila sensibilidade no papel de Joyce, a estranha e desengonçada esposa (e fã) de Harvey. E é impossível não se apaixonar pelo jeito particular de falar de Toby Radloff (Judah Friedlander), ativista nerd (!) e um dos melhores amigos do autor.

Resumindo: os prêmios que “Anti-Herói Americano” recebeu em Cannes e no Festival de Sundance são plenamente merecidos. Trata-se de uma história delicada e, ao mesmo tempo, muitíssimo bem-humorada, sobre um homem que é muito mais do que um americano típico. Ele é uma criatura urbana típica, como eu e você. Um ser humano com seus altos e baixos. E preparado para disparar para todos os lados quando provocado.

Pekar não é bonzinho. Aliás, pra falar a verdade, ele é cheio de variados defeitos. E quem não é? Se você quer alguém politicamente correto, vá procurar o Super-Homem. Harvey Pekar é simplesmente normal.


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