Ok, admito que Blade – A Lâmina do Imortal não tem quase nada parecido com o mangá do retalhador Kenshin Himura, mas é que pessoalmente, eu estava meio órfão de um mangá de samurai que fosse mais ficcional (Vagabond não conta, pois é a vida de Musashi, praticamente uma biografia), uma história nova que ninguém conhecesse. E Blade veio preencher essa lacuna.
Embora tenha chegado com muito atraso por aqui (já havia quase um ano que a Conrad havia prometido lançar o mangá), Blade não decepciona nem um pouco e mostra que o atraso valeu à pena, ao menos no quesito história. Por outro lado, o acabamento já é meio tosco. A ídeia de colocar ilustrações na parte interior das capas é muito legal, mas não poderiam fazer do jeito que fizeram, ou seja, deixar parte das páginas internas de fora, sujeitas a se deteriorarem caso o leitor não tenha cuidado. Levando-se em consideração a “qualidade” do papel interior, isso não é muito difícil de acontecer. E por cinco reais e vinte centavos (preço de capa do mangá), bem que o papel podia ser melhor, não?
Outro detalhe: eu comprei Blade bem atrasado, quando a edição dois acabava de chegar às bancas. Resolvi comprar os dois de uma vez. Joguei os dois mangás na minha mochila e fui trabalhar, e só voltei a pegá-los à noite, para ler em casa. Eis que tenho uma surpresa: algumas páginas do segundo número estavam de cabeça para baixo! E mesmo que você virasse a revista para ler, não fazia sentido algum! Aí pensei: “Pô, esses erros acontecem!”… só que aí notei que não foi só comigo que isso aconteceu. Alguns amigos meus também compraram e depois perceberam que a revista veio com o mesmo defeito. Não sei o que houve com a Conrad (pressa em lançar o mangá, talvez?) em seus bastidores, mas se a quantidade de revistas defeituosas for tão grande quanto imagino, é uma senhora mancada por parte da editora. Só vou ter que comprar o número dois de novo! Legal, né?
Voltando ao argumento, a história rola em torno de Manji, um samurai que não tem nenhum apego ao Bushido, o Código Samurai e sua luta pra ser perdoado por seus crimes (ok, as semelhanças com Samurai X acabam aqui). Para isso, ele foi “infectado” com alguns vermes místicos que o tornam imortal. E para se livrar disso e ter uma vida normal, ele deve primeiro, matar mil pessoas ruins, de coração verdadeiramente maligno. E no começo de sua missão, Manji esbarra com Rin, uma garota que teve sua família assassinada devido a uma desavença antiga entre a família dela e outra família de samurais. O desejo de vingança dela é enorme e ela vê em Manji a chance de vingança se tornar realidade.
Hiroaki Samura, autor de Blade, é muito cuidadoso com os personagens, com o cenário e com todo o resto.
Apesar de seu estilo de desenho ser meio esboçado, é um show à parte (que talvez não agrade a todo mundo, mas no meu caso, me conquistou), tendo um charme único. E uma coisa que deixa bem legal é o fato de que os quadros se alternam, sendo alguns com nanquim e outros apenas no lápis. E a personalidade dos personagens fica bem definida e construída, sendo que nenhum personagem é tão perfeito ou tão cheio de problemas. E no caso das lutas, apesar de rolar um banho de sangue enorme, acontecem por motivos muito fortes (ainda bem, pois estou cansado de mutantes que se esbarram, olham-se e começam a se estapear porquê um não foi com a cara do outro) e não por mera banalidade.
No geral, é um mangá mais adulto do que infantil, mas não chega a ser tão adulto quanto Vagabond, (onde é muito mais carregado psicologicamente), conseguindo um equilíbrio perfeito para entreter e conseguir agradar a maioria.
E mais:
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