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Artigo adicionado em 03/12/2003, às 06:16

TRANSFORMERS EM QUADRINHOS: uma saga
Para aqueles que achavam que TF só existia como desenho animado… Em julho de 1986, seis meses após a estréia de Thundercats, um desenho animado da Globo cativou crianças e outros tantos pré-adolescentes, mais ou menos na hora do almoço de domingo. A tal produção, que dispunha daquele gostinho da originalidade oitentista, mostrou enormes robôs […]

Por
Marcus "Garrettimus" Garrett


Em julho de 1986, seis meses após a estréia de Thundercats, um desenho animado da Globo cativou crianças e outros tantos pré-adolescentes, mais ou menos na hora do almoço de domingo. A tal produção, que dispunha daquele gostinho da originalidade oitentista, mostrou enormes robôs alienígenas do planeta Cybertron: os bravos Autobots, liderados por um herói metálico do bem, o Líder Optimus (Optimus Prime), em combate contra os malvados Decepticons, liderados pelo tirano Megatron. Mas isso não era tudo, porque aqueles seres robóticos eram mais do que se podia ver: transformavam-se de robôs em formas alternativas (em veículos e em equipamentos) e vice-versa; eis, inclusive, o porquê do nome desse famoso desenho: The Transformers (“Os Transformadores”). Carros, aviões, tanques, helicópteros, gravadores, microscópios, pistolas; uma infinidade de aparatos formidáveis deixavam a molecada com água na boca, e não por causa do almoço que estava prestes a ser servido por nossas mães enquanto o episódio do dia terminava. É, mamãe – que Deus a tenha – sempre “berrava” solenemente comigo e requisitava minha presença à mesa. Era sempre uma deliciosa “briga” dominical…

Mas no Brasil, os Transformers não apareceram primeiramente nas telinhas das tevês, sabiam? É, o negócio começou bem antes, em novembro de 1985. Acompanhem, caros amigos leitores d´A ARCA, este especial sobre os quadrinhos dos nossos queridos robôs e saibam tudo acerca das aventuras dos seres de Cybertron nos gibis.

:: OS QUADRINHOS ORIGINAIS E OS QUADRINHOS INGLESES

Os quadrinhos originais dos Transformers foram lançados nos Estados Unidos, pela Marvel Comics, em setembro de 1984. Os enredos das revistas eram mais sérios – se comparados ao material do desenho animado – e detinham tramas mais adultas, nas quais os personagens, humanos e robôs, foram melhor explorados. Aliás, uma das diferenças entre os dois universos diz respeito justamente às aparições de certos Transformers, que nos quadrinhos receberam destaque especial, mas que no desenho ficaram em segundo plano – o Decepticon Shockwave é exemplo notório dessa particularidade. Outro fator curioso: diferentemente da série animada, no gibi a Humanidade era contra todos os robôs alienígenas, não havia distinção entre os heróis e os vilões, e, portanto, militares e cientistas procuravam formas de exterminá-los da face da Terra.

A publicação atingiu a marca de 80 edições nos E.U.A. e foi encerrada em julho de 91. Porém, em novembro de 93, a Marvel trouxe novamente os robôs, quando a série G2 (Generation Two) chegou às bancas norte-americanas. A nova revista – encerrada em outubro de 94 – apesar do enredo interessante, não agradou tanto aos fãs, uma vez que a qualidade da arte era duvidosa. Além desse detalhe, certas alterações foram feitas a alguns dos personagens – Megatron, por exemplo, virou um tanque; fato que chateou muita gente fiel ao trabalho original.

Na Inglaterra, a Marvel UK, coisa que muitos desconhecem, também publicou a revista que inicialmente seguiu o enredo norte-americano. O interessante é que os ingleses, a partir de um ponto, começaram a produzir as próprias histórias, tendo uma cronologia ímpar e diferente da yankee. O título, pasmem, chegou a ser semanal! Simon Furman, a maior autoridade inglesa em Transformers, apareceu nessa época e bolou alguns dos arcos de histórias que se tornaram clássicas dentre os fãs, tamanha a criatividade do autor. A Marvel americana, ao constatar a qualidade do material britânico, contratou Furman para que esse trouxesse seus enredos também para a terra do Tio Sam. Curiosidade: se as edições americanas e inglesas forem somadas, isso perfaz o espantoso total de 336 revistas publicadas!

:: OS QUADRINHOS NACIONAIS

No Brasil, os quadrinhos chegaram por meio da RioGráfica, extinta editora carioca, no mês de novembro de 1985 e dispuseram de uma gama curiosa de peculiaridades. A principal, talvez, foi a mudança dos nomes das facções e dos personagens, muito dos quais traduzidos para o português conforme a política de “abrasileiramento” dos importados, a qual esteve vigente no período militar. Os Optimus (Autobots), comandados por Supremus Absolutus (Optimus Prime), enfrentavam os Malignus (Decepticons). Cometa (Starscream), Furão (Bumblebee), Trinco (Ratchet), Selvagem (Ravage), Espreitador (Prowl), Lero-Lero (Jazz), Microonda (Soundwave) – esses são exemplos dos nomes com os quais os personagens foram batizados. A tradução, contudo, mostrou-se muito problemática a partir do momento em que o desenho animado, no qual os nomes originais foram mantidos, estreou: a confusão estava formada dentre a molecada, que não sabia mais quem era o líder de qual exército ou o quê eram os Autobots, conhecidos originalmente como Optimus.

Outra curiosidade tem a ver com o logotipo original dos Transformers, alterado para o que era usado pela Estrela nos brinquedos da marca – lançados previamente em 1985 – e que foi, portanto, usado oficialmente em todo o merchandising dos robôs no Brasil. A maior mudança de todas, todavia, foi a das cores do Líder Optimus na capa da primeira edição do gibi: simplesmente pintaram o personagem com as cores da bandeira nacional. Optimus de verde e amarelo? Infelizmente, após 12 edições a RioGráfica encerrou as atividades, interrompendo também, é claro, a produção nacional dos quadrinhos. Os fãs, ainda bem, não precisaram esperar por muito, pois outra editora, a Globo, resolveu apostar na marca e dar continuidade aos gibis dos robôs. A revista Transformers Especial, com mais material (cada revista equivalia a duas das americanas) e mais cara, inaugurou essa nova fase de publicações.

Não pensem, caros leitores, que os erros pararam, porque não: confusões com nomes e problemas de periodicidade aconteceram. Os nomes dos personagens ora eram traduzidos, ora eram mantidos no original; isso quando ambos os casos não aconteciam na mesma revista. Quanto à periodicidade, essa não era regular – às vezes duas revistas apareciam num mesmo mês nas bancas, ao passo que nenhuma era publicada no mês seguinte. Isso, provavelmente, provocou o cancelamento prematuro do título, que teve 10 edições lançadas e foi encerrado em novembro de 1987 – num ponto em que o conteúdo do gibi nacional, por equivaler a duas edições, alcançou o americano, ou seja, não havia mais o quê publicar. Outro ponto importante que muitos desconhecem: ambas as editoras suprimiram, por vezes, quadrinhos e até páginas inteiras do material original contido em certas edições. Pode? Isso era – e ainda é – Brasil…

O fim de uma jornada de quase dois anos de publicação chegava ao fim. Mas seria esse fim, definitivo?

:: A DREAMWAVE, A PANINI E A VOLTA DE TRANSFORMERS AOS QUADRINHOS

No início de 2002 foi lançada nos Estados Unidos a nova linha de quadrinhos dos Transformers, que passaram da Marvel às mãos de uma editora canadense: a ilustre desconhecida Dreamwave. A editora apostou nos robôs veteranos dos anos oitenta, apesar do mercado de quadrinhos sempre estar mais voltado aos super-heróis. A surpresa? No mês de lançamento, março, a vendagem do novo título ficou em primeiro lugar, batendo tradicionais revistas como X-Men. Com um universo próprio, que dispõe de elementos dos gibis originais da Marvel e que também levou em conta as histórias do desenho animado, a nova revista conquistou velhos e novos fãs através da arte do desenhista Pat Lee, baseada fortemente nos antigos brinquedos e (não oficialmente) em sketches produzidas pelo Estúdio OX, e também por causa dos enredos, bem adultos e desafiadores, centrados nos robôs clássicos da G1 – velhos conhecidos de todos. Simon Furman, o já citado roteirista inglês que goza da posição de lenda dentre os transfãs (os fãs da série), também foi chamado para compor o time da editora, coisa que fortaleceu ainda mais o novo universo dos seres de Cybertron.

A minissérie em 6 partes, Generation One, abriu caminho para novos títulos, tais como Generation One: Volume 2, The War Within, The War Within: The Dark Ages, Transformers Armada, More Than Meets The Eye, Transformers Vs. G.I. Joe e tantos outros que, certamente, estão por vir. No Brasil, não demorou muito para que esse fenômeno de vendas aportasse: a editora Panini, responsável por diversos títulos de super-heróis, comprou os direitos da série e lançou-a, primeiramente em São Paulo e no Rio de Janeiro, há cerca de dois meses. O debute aconteceu justamente com a primeira revista, Generation One, mas, segundo Fabiano Denardin, o editor da publicação, novos títulos como Transformers Armada podem ser esperados para o início de 2004. A revista nacional, infelizmente, dispõe de papel comum, diferentemente das versões americanas com o couché, o que prejudica um pouco a reprodução dos belos desenhos. Obviamente, a Panini precisou optar por essa solução, uma vez que a realidade do mercado brasileiro é outra. O preço? Excelentes R$ 1,99 quinzenalmente.

Sobre a escolha de se publicar Transformers, Fabiano Denardin comenta: “Transformers é uma marca clássica e estava disponível no momento certo: quando começamos a estruturar nossa linha de R$ 1,99. A série tinha o mesmo perfil das outras – Thundercats e Robotech – e foi um sucesso nos anos 80, além de estar com uma versão quadrinizada de qualidade excelente. Além, é claro, do desempenho de vendas nos Estados Unidos”. Sobre a vendagem da nova revista, Oggh, conforme é carinhosamente chamado, diz: “Sobre as vendas não posso divulgar nada, mas eu acho que o fato de que a gente vai ter dois títulos de Transformers em 2004 quer dizer alguma coisa, certo?”.

Os fãs já estão mesmo cientes: 2004 será o ano do revival dos Transformers, pois será comemorado o aniversário de 20 anos – nos E.U.A. – da franquia. Um longa-metragem dos robôs, de carne e osso, está em fase de pré-produção, e uma nova série animada, Energon – também acompanhada por uma nova linha de brinquedos – foi prometida para o ano que vem. Como se vê, Transformers cativou – e ainda cativa – fãs desde que foi primeiramente exibido há duas décadas. Está certo que não se trata de um universo tão complexo quanto os de Jornada nas Estrelas, Guerra nas Estrelas e o Senhor dos Anéis, mas a mitologia de Transformers cresceu e hoje proporciona passado, presente e futuro dos seres de Cybertron: uma gama de informações invejável. Levando-se isso em conta, pode-se especular que Transformers quebrou a barreira de um simples desenho animado dominical.

Só podemos imaginar o quê virá daqui para frente!

Gostoso mesmo é saber que ainda curtirei meu herói de metal, Optimus, que conheci aos 13 anos de idade, por muitos e muitos anos… E para não perder o costume: “Autobots, transformem-se!”.

Agradeço aos amigos Ricardo Mariano de Oliveira (Ricardobot) e Lindenberg Mota (Lico) pelo auxílio prestado à pesquisa por meio da qual escrevi este artigo.


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