No final dos anos setenta, Steven Spielberg encantou a todos com sua produção Contatos Imediatos do Terceiro Grau; aquela repleta de efeitos especiais que estreou na mesma época de Guerra nas Estrelas. Em 1982, ele novamente repetiu a dose em E.T, O Extraterrestre, película – sobre o amável alienígena perdido na Terra – que permaneceu por um bom tempo como recordista de bilheteria. De fato, o tema Ufologia sempre esteve na mente do cultuado diretor, e eis que, vinte anos depois, ele retomou o assunto por meio da minissérie Steven Spielberg Presents Taken, de 2002.
A ARCA o convida, leitor amigo, a descobrir quem são os seres cinzentos e de olhos grandes que perambulam pelo planeta há muito tempo e que andam tirando gente da cama de madrugada!
:: Taken – O Enredo
Taken, que significa apanhado ou levado, trata essencialmente da história de três famílias – os Crawford, os Keys e os Clarkes – assombradas pela presença alienígena por quatro décadas seguidas, cujo início ocorreu nos anos 40, mais ou menos na época em que a queda do UFO de Roswell, no Novo México, supostamente aconteceu.
Russell Keys, aviador da Segunda Guerra Mundial condecorado por bravura, é perturbado por visões e sonhos noturnos após o regresso da guerra, salvo misteriosamente da queda de seu bombardeiro. Como o espectador vem a saber, esse herói é um abduzido – ser humano raptado por extraterrestres para fins desconhecidos.
Owen Crawford é um capitão da força aérea americana que faz tudo para atingir seus fins. Tanto fez, aliás, que conseguiu chefiar o projeto ultra-secreto do exército, aquele famoso a respeito dos discos voadores e da presença alienígena na Terra. De fato, ele enxerga os extraterrestres como invasores malvados e faria tudo para detê-los.
Sally Clarke, uma linda garçonete cujo casamento está por um fio, é a terceira personagem inicial dessa minissérie. Ela, de maneira inédita, envolve-se com um dos tripulantes – o sobrevivente – do disco voador acidentado e acaba por se relacionar sexualmente com o sujeito, estando esse travestido de humano. Podem imaginar o resto, não? O que teria acontecido depois de nove meses?
Pronto! Está montado o alicerce de ‘Taken’. O complemento do enredo tem a ver com essas pessoas e com seus descendentes, décadas afora, o qual reserva muitas surpresas e emoções fortes ao espectador. O modo como os indivíduos das famílias acabam por se esbarrar – e influenciar uns aos outros – é uma das sacadas mais legais do programa. E mais genial ainda é observar como essa turma é manipulada pelos alienígenas, e isso por cinqüenta anos ininterruptos.
:: Conhecimento Ufológico & Produção Esmerada
Essa produção, criada e escrita pelo roteirista Leslie Bohem (de Daylight), foi rigorosamente baseada em fatos estudados e apresentados pela Ufologia moderna. As abduções, os extraterrestres cinzentos (supostamente oriundos do planeta Zeta Reticuli), os implantes, os avistamentos, as famosas quedas de discos voadores, os contatados, os autores ufológicos, as intrigas, os ufólogos; tudo, simplesmente tudo está lá, pronto para ser relembrado ou descoberto. É óbvio que, para um fã da ufologia ou para um estudioso do assunto, o programa tem um sabor ainda mais especial.
Outro fator bacana de ‘Taken’ são as diversas citações históricas, de presidentes e de autoridades militares, que pipocam durante os episódios nas formas de um aparelho de tevê ligado, de um comentário de alguém ou do som de um rádio. Essa preocupação para com os fatos históricos foi fundamental para a credibilidade do show.
A minissérie – cenários, maquiagem (envelhecimento) e figurino – teve um esmero fantástico, coisa de primeira linha realmente. Como a gente logo constata, ‘Taken’ tinha mesmo que ter o dedo do mestre ‘Spielberg’, que atuou como produtor executivo. Aliás, a mão do diretor não pára, uma vez que as referências ao próprio trabalho aparecem aqui e ali; é divertido demais, um barato, descobri-las! Um dos exemplos mais vistosos disso é a aparência do ator mirim Anton Yelchin, intérprete de Jacob Clarke: o garoto é parecidíssimo com Henry Thomas, o “menino do E.T.”. Uma pena que o criador do simpático extraterrestre não tenha dirigido sequer um capítulo, função que deixou a cargo de amigos como Tobe Hooper.
:: Atuações & Efeitos Visuais
Não acho errado afirmar: essa série não seria a mesma se não contasse com atuações brilhantes de alguns dos convidados. Joel Gretsch, ator de teatro um tanto quanto desconhecido, arrasou no papel de Owen Crawford. Ryan Hurst (de Duelo de Titãs) é outro dos destaques no papel do ufólogo e autor Tom Clarke. A atriz que não pode ficar de fora dos elogios é a bela Catherine Dent, que esteve ótima como Sally Clarke, a humana que se relacionou com o alien. Palmas, também, para os atores mirins, pois todos chegam realmente a surpreender.
No quesito efeitos visuais, o programa pode deixar um pouco a desejar aos fãs mais exigentes. É claro que, dificilmente, isso seria de outra forma, porque os efeitos utilizados foram condizentes com os de uma série televisiva. O orçamento para efeitos varia muito da tevê para o cinema, como se sabe. Destaques para os discos voadores, todos iluminados e reluzentes, e para os extraterrestres de pele cinza.
:: Ponto Fraco
Você deve estar se segurando aí na cadeira, louco de vontade de assistir ao programa, não? Sim! Apesar de todas as coisas boas, há um senão: essa minissérie é composta por dez capítulos de uma hora e meia de duração cada. Pode não parecer, mas é bastante! O problema, verdade seja dita, nem é esse, mas o fato da HBO estar apresentando um episódio por semana. Isso é terrível, porque são tantos os personagens que a gente acaba se perdendo um pouco na história, que tem, conforme alguns críticos norte-americanos dizem, o ritmo lento demais para esse tipo de produção. Como estou gravando a série, freqüentemente recorro às fitas de vídeo a fim de lembrar-me de alguma situação ou de uma passagem antecedentes. O negócio não é brincadeira!
E existe, sim, uma particularidade que pode se mostrar boa para alguns, mas para outros, um desagrado: ‘Taken’ ousou revelar o lado obscuro da Ufologia, aquele que não traz o tão esperado final feliz ao espectador. Mas pararei por aqui, pois é preciso que você, caro leitor d´A ARCA, assista a essa minissérie para tirar suas próprias conclusões.Ah…
É claro, caros leitores: a grande surpresa está mesmo reservada para o final! Qual será, afinal, o motivo das visitas dos extraterrestres? Por que eles raptam as pessoas? O que exatamente eles fazem com elas no interior das naves?
Assista, sim, a essa produção que deu um novo fôlego para esse tema tão batido. É difícil não se apaixonar pelo enredo e pelos personagens envolvidos, e é gostoso, para um fã do assunto, poder pescar, em meio aos diversos acontecimentos, as referências ufológicas sobre as quais já comentei. Você, no mínimo, apreciará uma produção especial, que não ganhou o Emmy 2003, na categoria Outstanding Series, por acaso, e que recebeu diversas outras indicações e premiações.
Será mesmo que aquela luz estranha no céu, a que você viu noutro dia, era mesmo uma estrela cadente?
‘Steven Spielberg Presents Taken’ foi transmitida na íntegra pela HBO às dez da noite, aos domingos.
Se você não assina tevê a cabo, não se preocupe, pois a minissérie foi lançada em DVD nos E.U.A. e logo deve aportar por aqui.
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