O que você, caro leitor d´A ARCA, estava fazendo em 1983, na época de Natal? Não se lembra? É, realmente faz muito, muito tempo. E já que tocamos no assunto, o que você ganhou do Papai Noel no Natal daquele ano? Também não se lembra? Mas que memória fraca, não? Está precisando tomar Fosfozol!

Calma! Não precisa revirar aquelas fotos antigas, não. Nós preparamos um especial para você, a fim de que relembre alguns dos brinquedos que foram a sensação de uma ocasião que deixou saudades, o hoje distante Natal de 1983.

:: Falcon Futurista

Falcon, talvez o mais famoso boneco de ação de todos os tempos, foi lançado em 1978 pela Estrela, a gente sabe, mas foi justamente em 1983 que estouraram nas lojas os bonecos da linha Futurista. Essa coleção consistia de figuras baseadas no visual dos personagens da ficção científica e dispôs do famoso boneco Condor (um ajudante do herói), assim como do Falcon – propriamente dito – acompanhado do robô Roboy. Foi uma loucura! O Papai Noel deu esses bonecos para muitos meninos que se comportaram – ou não! – o ano inteiro! Curiosidade: seguindo a moda dos 80´s, o Falcon Futurista vinha trajado de roupas coloridas e de calças colantes.

:: Atari 2600 e Video Games

Não há como negar: o Atari foi a grande sensação daquele natal. Numa jogada de marketing, a extinta Polyvox esperou até o final do ano – embora empresas concorrentes tivessem fabricado seus video games previamente – e lançou o “fenômeno” Atari 2600 para abocanhar os consumidores no Dia das Crianças e no Natal. As lojas, como as extintas Mappin, Mesbla e Sears, estiveram repletas de papais, de mamães, de vovôs, de titios e de padrinhos, todos prontos a comprar para a molecada o console lendário que se tornaria sinônimo de video game no mundo.

Havia, é claro, outros jogos disponíveis à venda naquela época, como o Odyssey (da Philips) e o Intellivision (da Sharp), mas o Atari os superou facilmente! Quantas crianças, meninos e meninas, passaram aquelas férias jogando River Raid, Space Invaders, Seaquest, Enduro e Smurf, hein? Imaginem o tamanho do saco do Papai Noel para poder carregar tanto video game – não deve ter sido fácil!

:: Bonecas Susi e Barbie

A Susi era o sonho da maioria das meninas na década de oitenta. Antes mesmo da Barbie aportar em terras brasileiras, a ‘Susi’ encantava garotinhas com seu guarda-roupas bacaninha. Porém, essa boneca tinha o corpo de uma menina de dez ou doze anos e, portanto, sua coleção de roupinhas não era glamourosa. Já a ‘Barbie’, lançada pela Estrela justamente em 1983, tinha corpo de “moça feita” e roupas de gala; vestidos esvoaçantes e o que mais se imaginasse. Ela tinha vestimenta de gente, por assim dizer; não de boneca. As menininhas comportadas ganharam muitas, mas muitas Barbies e Susis do Papai Noel naquele Natal.

Curiosidade: a marca registrada da Barbie, a da Estrela, são os pulsos articulados; nenhuma outra boneca da coleção foi fabricada assim no mundo, apenas aqui! Aliás, sabiam que a Estrela não tem registro dessa primeira fase – dos anos oitenta – da boneca, ao passo que a Mattel não reconhece a concessão da marca. Pode?

:: Ferrorama

A Estrela, imbatível que era à época, lançou uma coleção de trens em miniatura, movidos à pilha, que fez muito sucesso naquele natal: o Ferrorama. Havia diversos modelos: XP100, XP200, XP300, XP400, etc., e cada qual, de fato, mais complexo e maior que o antecessor. Está certo que o ‘Ferrorama’ não era nenhum trem americano da escala HO, mas imaginem um moleque de dez anos de idade com um trenzão daqueles! Muito bacana! O legal, falarei baixinho para que os adultos não ouçam a gente, era fazer a locomotiva se chocar contra os vagões. É, moleque não é gente! A criança podia, ainda, alterar o trajeto do trem, adicionar ou remover vagões e dar aquela personalizada nos trilhos. Bacana, não?

:: Os primeiros Microcomputadores

É, eles já existiam naquela época, máquinas simples – de 8 bits – que não dispunham de mais do que 16 cores, isso quando não eram monocromáticas, e que apresentavam poucos canais de som. Muitos pré-adolescentes ganharam, naquele Natal, micros como o TK83, o TK85, o CP200, o CP300 e os famosos Apple II. Havia joguinhos muito bacanas para esses pequenos notáveis, e a molecada queria ganhá-los a todo custo, usando a velha desculpa de que fariam os deveres de casa ou estudariam através da nova geringonça eletrônica. Tudo balela! Queriam realmente era jogar Karateka até por fogo no teclado! Papai Noel deixou muita gente contente!

:: Autorama e TCR

Papai Noel precisou fazer um esforço extra para trazer esses que se tornaram os brinquedos de corrida mais cultuados de todos os tempos. O Autorama, da Estrela, faz sucesso desde a década de setenta, quando Fittipaldi estava em alta. Os anos oitenta trouxeram modelos novos de pistas e de carros, já que o destaque passou a ser Nelson Piquet. O TCR da Trol, grande concorrente do primeiro, inovou por meio de carrinhos que podiam realmente ultrapassar uns aos outros, com direito a fechadas e tudo mais. O Autorama impressionava pelo tamanho dos carros e das pistas, ao passo que o TCR impressionava pelas ultrapassagens alucinantes e pelos acessórios.

Haja saco para tantas pistas, carrinhos e aceleradores!

É, turma, gostaram de relembrar esse pedacinho delicioso do passado? E quem não viveu naquela época, gostou de conhecer os trecos com os quais seu primo mais velho brincou? Está bem, a gente sabe que muitos outros brinquedos fizeram a alegria de todos naquele Natal, tais como as biciletas Caloi Cross (lembram-se da lendária Extra Light?), os Playmobil, inúmeros tipos de bonecas, kits de montar da Revell, jogos de tabuleiro, etc. etc. Escolhemos estes porque, afinal, foram realmente marcantes!

É, caro leitor d´A ARCA, os anos oitenta deixaram muita saudade, saudade mesmo. Guardarei para sempre em meu coração – e em minha memória – o momento em que abri meu Atari 2600, à meia-noite daquele Natal de 1983, e, na minha ingenuidade de menino, achei que era o garoto mais sortudo da Terra. E quem pode dizer que não?

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