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Artigo adicionado em 15/12/2003, às 07:54

Entrevista EXCLUSIVA: TERRY PRATCHETT
Ele vende mais livros que a J.K. Rowlings… você acredita? Pois é verdade! O autor inglês Terry Pratchett é um fenômeno: seus livros vendem feito água na Inglaterra, especialmente os Discworld, série de fantasia voltada a jovens adultos que já compreende 30 livros (seis deles lançados no Brasil pela Conrad Editora). Nesta entrevista EXCLUSIVA para […]

Por
Gustavo "Bux" Klein


O autor inglês Terry Pratchett é um fenômeno: seus livros vendem feito água na Inglaterra, especialmente os Discworld, série de fantasia voltada a jovens adultos que já compreende 30 livros (seis deles lançados no Brasil pela Conrad Editora). Nesta entrevista EXCLUSIVA para A ARCA, Terry fala de sua carreira, dos livros, do universo da Fantasia e também da adaptação de sua obra para o cinema, via Dreamworks

A ARCA – Li em uma biografia sua que sua maior fonte de educação foram as bibliotecas. Esta relação próxima com os livros é que lhe levou a se tornar escritor?
Terry Pratchett – Certamente eu aprendi mais do que valia a pena nas bibliotecas! Isto, muito provavelmente, influenciou minha decisão de me tornar escritor. É uma lógica simples: se você lê livros demais, acaba transbordando…

AA – Quando garoto, havia um gênero preferido, como Fantasia, que é o gênero que o sr. escreve, ou o sr. costumava ler de tudo?
TP – Fantasia e Ficção Científica eram meus gêneros preferidos, o que me mantinha ligado ao mundo dos livros, mas eu visitava as outras prateleiras quase sempre. Quando criança, eu queria encontrar coisas que me assombrassem, que me mantivessem o interesse – e um bom livro de histórias pode, certamente, fazer isso. Um livro leva ao próximo. Pense nisso como: de Fantasia eu fui levado gentilmente à Mitologia e daí para o Folclore (o que, em alguns aspectos, especialmente para uma criança, se assemelha muito à própria Fantasia) e daí para História Antiga (que se parece com mitologia) e em seguida à História. Para uma criança com fome de aprender, o degrau da Ficção Científica para um livro sobre dinossauros ou astronomia é muito pequeno. Eu lia como um condenado!

AA – As pessoas hoje estão lendo menos, talvez por causa da concorrência de outros meios de diversão, como televisão, internet e videogames. Este problema, em países como o Brasil, acontece com uma grande parcela da população. Como o sr. vê o desafio de tentar conquistar a atenção de gente com interesses tão diversos?
TP – Eu não sei se é verdade que as pessoas estão lendo menos. Na Inglaterra, pelo menos. As alternativas à leitura é que são valorizadas demais. Em todo caso, eu acho que o que eu posso fazer é escrever bons livros, que capturem a força da palavra escrita. Um livro – e só um livro – pode criar um mundo inteiramente único, falando diretamente com o leitor.

AA – Na sua opinião, o que difere um escritor do fã comum? O que faz com que alguns tenham o impulso criativo e o talento para escrever livros e outros, mesmo os leitores mais ávidos, possam simplesmente viver para admirar o trabalho que gente como o sr. faz?
TP – Escrever é, em parte, um acúmulo de talentos e, em outra parte, um enorme – mas bem direcionado – ego! Mas o talento de verdade é a habilidade se sentar por tempo suficiente para escrever 100 mil palavras!

AA – Como fica o desafio de imaginar novas histórias para alguém como você, com mais de 30 livros publicados? De onde vêm suas idéias, afinal?
TP – Hoje já são mais de 40 livros! Ninguém sabe de onde as idéias vêm, mas acho que manter atualizado um bom conhecimento geral e um interesse genuíno no que acontece no mundo ajuda muito.

AA – Como funciona seu processo criativo? Você ainda prefere, como no início da carreira, escrever nas férias, quando está mais relaxado?
TP – Ah, sim. E nas férias não há telefonemas chatos para atrapalhar, também. Mas eu não vejo com bons olhos escritores que exigem condições especiais para conseguir escrever. Eu me treinei para escrever como um hábito. Quando trabalhei em jornais, aprendi a focalizar minha atenção no que estou fazendo, a despeito de todo o barulho à minha volta. E olhe que redações de jornais são sempre muito barulhentas.

AA – E as influências, de onde vêm? As referências que você usa nos seus livros vêm de outras fontes que não a literatura, como folclore?
TP – Com toda certeza. As influências vêm de todos os lugares. Estou com 55 anos e ainda não sei de onde as coisas aparecem, ainda hoje. Acho que simplesmente estar vivo já é uma boa pesquisa profissional.

AA – Como você vê o sucesso de outros autores de Fantasia ingleses, como J.K. Rowling e Diana Wynne Jones? Na sua opinião, seus livros são escritos para a mesma faixa de público?
TP – Não é uma questão de opinião. Os livros da série ‘Discworld’ são escritos e publicados com a intenção de atingir ao público adulto, mesmo que eles acabem atraindo também crianças mais velhas. Eu sei que há crianças que os lêem, e adultos que compram meus livros infantis, mas acho que o gênero Fantasia permite esse cruzamento de limites de idade. Eu fico feliz por qualquer pessoa que leia o que eu escrevo. Só pra complicar o tema, eu no momento estou escrevendo, à parte dos livros adultos da série ‘Discworld’ que, não obstante, é passada numa parte do Discworld. Ninguém parece se importar com isso.

AA – Que notícia você pode dar sobre as conversas com a Dreamworks (o estúdio de Steven Spielberg) sobre a possibilidade da trilogia Bromeliad (ainda não publicada no Brasil) chegar ao cinema?
TP – Já houve um acordo, mas a última coisa que ouvi foi que o projeto estava esperando a finalização de Shrek 2 (que estréia no ano que vem). A questão é: eles já me pagaram um montão de dinheiro, que eu não precisarei devolver se o filme não sair do papel. E isso é o melhor que se pode esperar sobre os filmes. Estou inquieto sobre esse assunto de qualquer maneira. Harry Potter é, agora, cria da Warner Bros. e de seus publicistas e marqueteiros. Eu não quero ver ‘Discworld’ caminhando na mesma direção.

AA – Como foi a criação do universo de Discworld? O conceito e a mitologia do seu trabalho levaram tempo para serem desenvolvidos?
TP – ‘Discworld’ foi sendo criada conforme era escrita. Originalmente, não era para ser nada além de uma paródia da literatura de Fantasia normalmente escrita. Isso rapidamente saiu de questão da mitologia tradicional e cresceu a partir de então.

AA – Qual a diferença entre escrever um livro para crianças e um livro adulto?
TP – Um livro é um livro. Eu lia livros de adultos quando tinha 11 anos. Muitas crianças fazem isso. Da mesma forma, há muitos autores infantis que podem ser lidos com prazer por um adulto inteligente. Eu escrevo para ambos os grupos. Se seu alvo são crianças de, digamos, 10, 12 anos, é preciso levar em consideração seu vocabulário e as referências precisam ser estudadas cuidadosamente, mas não acho que seja preciso ficar longe de temas considerados difíceis. Acho até que pode investir fortemente neles. Não é preciso baixar o nível para escrever para crianças. Elas podem ser brilhantes e aprendem muito rápido. Livros escritos especialmente para adolescentes parecem ser um fenômeno recente, acho que há gente que acredita que pode curar os males de se ter 14 anos. Mas é o tipo de problema que se cura sozinho.

AA – Como é sua relação com os fãs e como o sr. lida com a infindável briga entre os que preferem um personagem ou , um livro ou outro?
TP – Fãs são engraçados, são divertidos. Mas um autor precisa ter sempre em mente que, para cada fã hardcore existem milhares de outros que lêem os livros mas não compram, nunca, as camisetas! Eu ouço o que os fãs dizem, mas lembro que, na hora de escrever, quando o cursor está piscando na frente, só há uma pessoa lá: eu.

AA – E a crítica? Você, uma vez, já disse que odeia que seus livros sejam definidos como”malucos”. Por que?
TP – Porque é errado e estúpido! Há algo de diminutivo, de depreciativo na palavra. Me dou muito bem com os críticos, mas acho que ainda há muita gente esnobe nesse meio.

AA – Você já ouviu de um editor dos Estados Unidos que não ia publicá-lo porque seus livros eram inteligentes demais para as crianças norte-americanas. A série ‘Discworld’ acabou sendo publicada por lá com um grande atraso, começando apenas em 1995, e aqui no Brasil, apenas há cerca de 2 anos a Conrad Editora começou a lançar seus títulos. A quê você atribui esse preconceito, já que a qualidade do seu trabalho não esteve em discussão?
TP – É, houve uma certa confusão nesse caso. Esse comentário foi feito sobre uma outra série infantil de livros que escrevi, nenhuma relação com ‘Discworld’. Essa série acabou sendo publicada, com grande sucesso editorial, por um outro editor, menos estúpido. Meus livros infantis mais recentes também foram muito bem de vendas. A série ‘Discworld’ é um capítulo à parte: ela foi muito mal editada nos Estados Unidos no início dos anos 90, mas tem grande vendagem hoje em dia. Mas o Reino Unido ainda é meu maior mercado.

AA – Fale pra gente, um pouco, sobre seus planos para o futuro. A série ‘Discworld’ terá uma conclusão?
TP – Desculpe, não falo sobre o futuro.

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