No início do cinema não havia som. Gênios como Chaplin, Eisenstein e Fritz Lang precisaram valer-se das respectivas mentes brilhantes para entreter o público e se fazer compreender. Depois, as películas foram acompanhadas por pianistas durante as sessões de cinema, inovação que possibilitou a inserção musical às imagens da telona.
Os primeiros filmes sonoros, então, vieram, como o histórico The Jazz Singer, de Al Jolson, e a Branca de Neve e os Sete Anões, a famosa animação da Disney. Depois dessa etapa inicial, os primeiros compositores apareceram – e os nomes são vários: Alfred Newman, Bernard Herrmann, Franz Waxman, Erich Wolfgang Korngold, Elmer Bernstein, Miklos Rozsa e tantos outros.
Este artigo exclusivo d´A ARCA traz a vocês, caros leitores, a primeira parte de um especial sobre os novos compositores de trilhas cinematográficas, artistas que começaram seus trabalhos na década de setenta e que auxiliaram a compor – literalmente – as atmosferas de muitos filmes clássicos, tornando-os o que são hoje.
Nesta primeira parte teremos informações sobre os músicos James Horner, Danny Elfman e Alan Silvestri. Divirtam-se e som na caixa!
:: JAMES HORNER
James Horner nasceu em Los Angeles, o filho de um famoso designer de produção: Barry Horner. Desde criança mostrou tremenda aptidão para a música e aos cinco anos de idade iniciou o estudo formal de piano. Cursou a famosa universidade UCLA nos anos setenta, pela qual conseguiu um doutorado em teoria musical e para a qual também lecionou.
Horner começou a trabalhar com trilhas após sofrer algumas dificuldades para exibir ao público o seu Spectral Shimmers, um concerto de música erudita, fato que o desmotivou bastante. Nesse período, contudo, o pessoal da American Film Institute ofereceu ao professor da UCLA uma oportunidade para compor a trilha de um filme, projeto que agarrou com unhas e dentes. Depois dos primeiros trabalhos, de fato, o compositor pegou gosto pela coisa e foi contratado por Roger Corman, o famoso diretor e produtor de películas B, para musicar filmes da nova produtora desse – a New Line. A trilha do cult Mercenários das Galáxias (1980), por exemplo, foi criada por ‘Horner’ em início de carreira.
Em 1981 compôs seu trabalho inicial para um estúdio de primeira linha, a Orion Pictures, para o filme A Mão, do diretor iniciante Oliver Stone. Diversos trabalhos no mesmo ano surgiram e, então, em 1982 foi contratado para musicar Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan, obra que imortalizou ‘Horner’ e fez com que entrasse para o rol dos compositores principais de Hollywood. Muitos filmes vieram depois, como Krull (1983), Projeto Brainstorm (1983), Jornada nas Estrelas III: À Procura de Spock (1984), Cocoon (1985), Aliens: O Resgate (1986), Willow – Na Terra da Magia (1988) e tantas outras famosas produções. Nos anos noventa, ‘Horner’ criou muita coisa boa; foram trabalhos diversos: Rocketeer (1991), Jogos Patrióticos (1992), O Dossiê Pelicano (1993), Lendas Da Paixão (1994), Perigo Real e Imediato (1994), Coração Valente (1995), Apollo 13 (1995), A Máscara do Zorro (1998), e por aí vai.
O ápice da carreira aconteceu em 1997, ocasião em que lançou a trilha de Titanic, o famoso filme de James Cameron. O trabalho valeu-lhe diversas premiações, incluindo-se dois Oscar. Hoje o compositor goza da autoria de quase 150 trilhas, dezenas de prêmios e muitas indicações.
Uma curiosidade interessante: no princípio, ele foi “acusado” pelos críticos de plagiar muito a si mesmo. De fato, há similaridades inegáveis entre os scores de Krull, Star Trek II, Star Trek III e Aliens: O Resgate.
Atualmente, ‘Horner’ trabalha na trilha do filme Cinderella Man, de Ron Howard, seu amigo.
:: DANNY ELFMAN
Esse músico Texano, filho de uma escritora infantil e de um militar da Força Aérea, é um dos mais bem sucedidos compositores do cenário atual. Criador e ex-integrante da finada banda Mystic Knights of Oingo-Boingo (depois rebatizada de Oingo Boingo), Elfman começou a escrever trilhas por acaso, em Los Angeles, quando um jovem fã da banda à época, o diretor Tim Burton, convidou-o a compor as músicas de seu despretensioso filme As Grandes Aventuras de Pee Wee, de 1985, com o comediante Paul Reubens (Pee Wee Herman).
A parceria entre os dois rendeu inúmeras trilhas formidáveis: Os Fantasmas Se Divertem (1988), Batman (1989), Edward Mãos-de-Tesoura (1990), Batman: O Retorno (1992), Marte Ataca (1996), A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça (1999), O Planeta dos Macacos (2001) e demais. Compôs, também, temas para algumas séries de tevê: Na Mira Do Tira (1986), The Flash (1990), Mulher Nota 1000 (1994) e para o cultuado desenho animado Os Simpsons (1989); trabalho pelo qual teve enorme reconhecimento e sucesso.
Outras trilhas famosas de ‘Elfman’ incluem Os Fantasmas Contra-Atacam (1988), Darkman (1990), Missão: Impossível (1996), Homens de Preto (1997) e Homem-Aranha (2002).
Dentre os muitos prêmios ganhos estão um Golden Globe, pela trilha de O Estranho Mundo de Jack (em 1993), diversos Saturn Awards (do Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films) por Homem-Aranha, Homens de Preto e A Lenda Do Cavaleiro Sem Cabeça, e duas indicações ao Oscar pelos trabalhos em Homens de Preto e em Gênio Indomável, ambos em 1998.
Atualmente, ‘Elfman’ trabalha na trilha de Homem-Aranha 2.
:: ALAN SILVESTRI
O Nova Iorquino Alan Silvestri iniciou a carreira musical em meados dos anos setenta, época em que compôs trilhas para séries como Starsky & Hutch (1975) e CHiPs (1977), e também para os famigerados filmes dos Dobermans exibidos à exaustão pelo SBT nos anos oitenta. Mas foi justamente naquela década que ‘Silvestri’ abraçou, definitivamente, o sucesso ao compor trilhas para produções como Tudo Por Uma Esmeralda (1984), De Volta para o Futuro (1985), Predador (1987), O Segredo Do Abismo (1989) e para séries de tevê como Amazing Stories (1985) e Tales From the Crypt (1989).
A música da trilogia ‘De Volta Para o Futuro’ ficou mesmo marcada no inconsciente sonoro das pessoas, e isso é um dos feitos mais difíceis para um compositor de trilhas alcançar. A parceria entre ele e o diretor Robert Zemeckis rendeu, verdade, material musical muito bom.
‘Silvestri’ compôs, ainda, trilhas para os seguintes filmes de Ficção Científica e de Fantasia: O Vôo do Navegador (1986), O Segredo Do Abismo (1989), Predador II (1990), O Juiz (1995), Contato (1997), Jornada nas Estrelas: Insurreição (1998), O Retorno da Múmia (2001) e outros.
O compositor ganhou uma série de prêmios e de indicações, tais como diversos Saturn Awards por Predador e por De Volta Para o Futuro III, e ASCAP (Film and Television Music Awards) por O Pequeno Stuart Little e Contato. Ganhou, também, uma indicação ao Oscar pelo filme Forrest Gump, em 1995.
Atualmente trabalha no score de Van Helsing, filme de Stephen Sommers que será lançado em 2004.
Aguardem, caros leitores, pela segunda parte deste artigo, que conterá dados acerca de mais compositores atuais responsáveis por trilhas formidáveis.
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