Temos dois livros nacionais sobre vampiros na praça — Os Sete e Sétimo, ambos por André Vianco — que muitos jogadores de RPG ou fãs do gênero devem estar se perguntando se vale a pena conferir esses títulos. Recentemente, meu irmão comprou os dois livros e tive a oportunidade de lê-los. Ah, se livro viesse com garantia contra tempo perdido…
:: OS SETE – ou “As Incríveis Peripécias dos Vampiros Lusitanos”
O primeiro livro conta a história de dois amigos, Tiago e César, mergulhadores de fim-de-semana da cidade de Amarração que acham que tiraram a sorte grande ao descobrir uma caravela portuguesa naufragada há cinco séculos, cheia de artefatos da época e uma caixa de prata, que consideram poder conter objetos valiosos. Com a ajuda da Universidade Soares de Porto Alegre eles conseguem trazer a caravela à superfície e investigar o conteúdo da caixa de prata, mas o que acham dentro não parece ser nada valioso: estão lá, mumificados, os cadáveres de sete pessoas. Mas parece que estas sete pessoas não continuarão mortas por muito tempo…
Olha, podem dizer o que quiserem sobre o autor André Vianco. Podem dizer que ele é uma nova surpresa na literatura de suspense, que ele tem muito a mostrar aos fãs do sobrenatural e qualquer outra coisa que não vão mudar a minha opinião: ‘Os Sete’ é fraquíssimo.
É um livro que se acha muito mais grandioso do que realmente é. A história é chata, previsível e escrita de forma amadora, arrastada e muito cansativa, com adjetivos e mais adjetivos espalhados por todos os cantos que só servem para atrapalhar a leitura. Para piorar ainda mais, o autor se repete muito, explicando diversas vezes a mesma coisa. Não vou nem mencionar quantas vezes li que a força do vampiro é superior a força humana no livro — Já deu pra entender na primeira vez!
Outro problema do livro é que você simplesmente não se importa com os personagens, coisa que nunca poderia acontecer em um livro de suspense. Em nenhum momento existe a ligação entre o leitor e os personagens — Talvez pelo motivo deles serem tão superficiais — fazendo com que todas as situações criadas pelo autor em que deveriam ter um pouco de suspense falhem de forma espetacular. E mais: os personagens falam como se estivessem em uma novela mexicana. Eu realmente esperava que a namorada do herói soltasse um “Beije-me, Tiago! Beije-me como nunca me beijaste antes!” a qualquer momento!
Mas nem tudo é uma bomba. É divertido ver como o grupo de vampiro interage com o mundo moderno. É uma pena que alguns membros — Em especial Espelho e Lobo — sejam subaproveitados em ‘Os Sete’, mas pelo menos eles ganham mais destaque em ‘Sétimo’, sua sequência direta.
:: SÉTIMO – ou “Os Sete Reloaded”
Aí você me pergunta: Se você não gostou do primeiro livro, por que diabos leu o segundo? Vai ver gosto de me fazer sofrer. Em ‘Sétimo’, o autor desiste do suspense e parte para a ação e aventura, mas na tentativa de uma narrativa mais ágil em ‘Sétimo’ o autor cria uma espécie de filme de ação de quinta no melhor estilo “Se não morrer alguém antes dos créditos iniciais eu peço meu dinheiro de volta”.
Vários personagens estão de volta, assim como todos os defeitos do livro anterior. Os recursos de ação utilizados são os mesmos encontrados em qualquer filme de ação moderno: lutas em câmera lenta, explosões e perseguições. Ou seja, originalidade zero. Nem os personagens novos escapam, já que todos eles são estereótipos esperados em uma história desse tipo: a vampira que não quer ser vampira, a gótica, o traficante e sua mansão com motocicletas, o caçador de vampiros atrapalhado, o assassino de aluguel competente e seu chefe estranho e muitos outros, quase sempre apresentados de forma superficial fazendo com que personagens com potencial venham por água abaixo devido a situações absurdas em que o autor os coloca.
No fim, ‘Sétimo’ pode ser comparado àqueles roteiros de filmes que não têm um pingo de história. Tão fraco quanto ‘Os Sete’.
:: CONCLUSÃO
Não só não compre o livro como salve as pessoas de cometerem esse erro. De tempos em tempos surgem autores medíocres que obtêm sucesso estrondoso nas costas de leitores que não têm a oportunidade de conhecer obras de qualidade superior. Se você ou qualquer pessoa quiser ler um bom suspense, recomendo um Stephen King ou um Lovecraft. Se quiser um livro sobre vampiros, não há como errar com Bram Stoker, Anne Rice ou até mesmo ‘O Livro de Nod’. Agora, se quiser se divertir com esses livros, leia toda as falas dos vampiros com sotaque português e imagine como se tudo isso não passasse de uma novela mexicana de baixa qualidade e dublada mal e porcamente, já que é isso com que esses livros realmente se parecem.
Agora só falta fazerem filmes baseados nesses livros…
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