A ARCA - A arte em ser do contra!
 
Menu du jour! Tutu Figurinhas: o nerd mais bonito e inteligente dessas paragens destila seu veneno! GIBI: Histórias em Quadrinhos, Graphics Novels... é, aquelas revistinhas da Mônica, isso mesmo! PIPOCA: Cinema na veia! De Hollywood a Festival de Berlim, com uma parada em Nova Jérsei! RPG: os jogos de interpretação que, na boa, não matam ninguém! ACETATO: Desenhos animados, computação gráfica... É Disney, Miyazaki e muito mais! SOFÁ: É da telinha que eu estou falando! Séries de TV, documentários... e Roberto Marinho não está morto, viu? CARTUCHO: Videogames e jogos de computador e fliperamas e mini-games e... TRECOS: Brinquedos colecionáveis e toda tranqueira relacionada! Tem até chiclete aqui! RADIOLA: música para estapear os tímpanos! Mais informações sobre aqueles que fazem A Arca Dê aquela força para nós d´A Arca ajudando a divulgar o site!
Artigo adicionado em 27/10/2003, às 04:32

ROGER CORMAN: o Rei dos filmes B
Poxa, o cara era demais! É impossível desassociar nomes como Roger Corman e Ed Wood do estilo B de filmes, aqueles feitos com baixíssimos orçamentos e cujas temáticas geralmente têm a ver com ficção científica ou terror, mas que, apesar dos efeitos especiais rústicos, esbanjam criatividade e irreverência. A partir de agora, caro leitor d´A […]

Por
Marcus "Garrettimus" Garrett


É impossível desassociar nomes como Roger Corman e Ed Wood do estilo B de filmes, aqueles feitos com baixíssimos orçamentos e cujas temáticas geralmente têm a ver com ficção científica ou terror, mas que, apesar dos efeitos especiais rústicos, esbanjam criatividade e irreverência.

A partir de agora, caro leitor d´A ARCA, você saberá mais a respeito do mítico ‘Roger Corman’: roteirista, produtor, diretor e ator que moldou a cara dos Filmes B, e que lançou atores e diretores – hoje famosos – ao estrelato, deixando sua marca para a eternidade na história do cinema.

:: O ENGENHEIRO QUE VIROU FILME

Roger William Corman nasceu em 05/04/1926 em Detroit, Estados Unidos, e estudou Engenharia, apesar de sua notória paixão por filmes. Porém, não tardou a se infiltrar num estúdio cinematográfico, pois passou a trabalhar como boy nos escritórios da 20th Century Fox. Esforçou-se, dedicou-se e logo se viu no papel de analista de roteiros – escrevia, também, os seus em segredo, é claro.

Entre 1953 e 1954, finalmente, ‘Corman’ conseguiu vender um de seus trabalhos feitos sob tanto suor: o roteiro do filme policial Highway Dragnet, o qual também seria co-produzido por ele. Começava, então, uma carreira promissora no mundo do cinema.

:: OS PRIMEIROS TRABALHOS & A FICÇÃO CIENTÍFICA

Ainda em 1954, Corman produziu seu primeiro trabalho que pode ser considerado como um filme B: Monster From The Ocean Floor. O enredo é sobre uma turista americana em visita ao México, que se depara com um monstro – de um olho só – saído do mar. Ela conta a respeito da criatura às autoridades, mas é desacreditada. Apesar do baixíssimo orçamento, de 11 mil dólares, e dos efeitos visuais simplórios, a película, que faturou 10 vezes o custo de produção, agradou ao público devido às boas atuações e ao roteiro bem-feito.

Após um ano, em 1955, a primeira oportunidade como diretor surgiu através do filme Five Guns West, western produzido pela American Releasing Corporation – companhia futuramente rebatizada de AIP. ‘Corman’ também foi o produtor.

Em 1956 dirigiu seu primeiro filme de ficção científica, o lendário The Day The World Ended, o qual é cultuado pelos fãs até os dias de hoje. Dotado de um enredo um tanto quanto assustador, no qual sobreviventes do pós-guerra nuclear são ameaçados por uma criatura mutante, essa produção de baixo custo agradou ao espectador pelas atuações – especialmente a da atriz Lori Nelson – ainda que o enredo fosse algo exageradamente irreal.

É fato que os temas de Ficção Científica – com pitadas de horror – inspiraram grande parte dos trabalhos dele na década de cinqüenta, ocasião em que ‘Corman’ produziu diversos filmes baratos, tais como The Beast With A Million Eyes (1956), It Conquered The World (1956), Not Of This Earth (1957), Attack Of The Crab Monsters (1957), War Of The Satellites (1958) e demais.

:: O TERROR PURO & EDGAR ALLAN POE

A década de sessenta, por sua vez, foi a época em que “descobriu” os trabalhos do lendário escritor americano Edgar Allan Poe, autor de pérolas como O Gato Preto, O Corvo, O Poço e o Pêndulo, e A Queda da Casa de Usher.

The Fall Of The House Of Usher (1960), por exemplo, é uma bela adaptação da obra do escritor, talvez a melhor de todas. Com Vincent Price no elenco e com roteiro adaptado pelo escritor Richard Matheson (que nessa época também contribuía com material para a série Além da Imaginação), esse filme tornou-se uma das obras-primas do diretor, uma vez que se aproxima demais do clima mórbido do livro.

The Little Shop Of Horrors, de 1960, é outro dos clássicos. Com um quê humorístico e estrelado pelo ótimo Jonathan Haze, esse filme de baixo orçamento – custou apenas 27 mil dólares – encantou o público com a história de uma planta carnívora criada como um animal de estimação numa floricultura, mas que se alimenta de carne humana. Jack Nicholson, em início de carreira, é uma das atrações. Curiosidade: em 1986 a película foi refilmada por Frank Oz e teve Rick Moranis no papel principal.

Filmes baseados no trabalho de ‘Poe’ permearam aquela década. ‘Corman’ filmou: Pit And The Pendulum (1961 – com Vincent Price e John Kerr), Tales Of Terror (1962 – com Vincent Price e Peter Lorre), The Raven (1963 – com Boris Karloff, Peter Lorre, Vincent Price e Jack Nicholson) e The Tomb Of Ligeia (1965 – com Vincent Price e Elizabeth Shepherd). Diversas produções do gênero terror, verdade, foram feitas por ele nos anos sessenta: Dementia 13 (1963 – dirigida pelo iniciante Francis Ford Coppola), X: The Man With the X-Ray Eyes (1963 – com Ray Milland), The Masque Of The Red Death (1964 – com Vincent Price e Hazel Court, e com roteiro de Charles Beaumont), dentre outras.

:: O FATÍDICO ANO DE 1971

Em 1971 decidiu-se por parar de dirigir e, por conseguinte, concentrar-se apenas em produzir e em distribuir filmes através da New World, companhia criada pelo próprio. A idéia era simples: por meio de filmes de baixo orçamento, arrecadaria dinheiro suficiente para gerar e distribuir filmes de arte. A coisa funcionou e, de fato, títulos como Lágrimas e Suspiros (1972), de Ingmar Bergman, e Amarcord (1974), de Fellini, foram distribuídos nos Estados Unidos por sua produtora. Curiosidade: após a ‘New World’, ele lançou mão de outra empreitada, a Concorde Films, que geraria diversas produções no estilo daquelas que marcaram o início da carreira de Corman.

Somente voltou a dirigir em 1990, quando fez Frankenstein Unbound. Infelizmente, foi seu derradeiro trabalho nessa função.

:: UM MARCO DO CINEMA

‘Roger Corman’ merece verdadeiramente o destaque que tem. Visionário, soube explorar as oportunidades que lhe foram ofertadas. Soube, também, criar filmes extremamente baratos e, ainda assim, interessantes. Teve a humildade de, por exemplo, aproveitar cenários de outras produções para baratear os custos das suas – essa prática, como se sabe, já aconteceu com diversos filmes e séries, tais como Jornada nas Estrelas e Além da Imaginação – e não foi arrogante, ou seja, não desejou o sucesso somente para si. Deu oportunidades para diversos astros e diretores iniciantes, agora consagrados pela crítica: William Shatner, Peter Bogdanovich, Jack Nicholson, Francis Ford Coppola, Jonathan Demme, Jonathan Kaplan, Joe Dante, Allan Arkush, James Cameron, Ron Howard, Martin Scorsese; os nomes são diversos. Curiosidade: essas pessoas, agradecidas pelas oportunidades, acabaram por presentear o mentor com pequenos papéis e pontas em seus filmes. Corman participou como convidado das produções O Poderoso Chefão (Parte II), O Silêncio dos Inocentes, Filadélfia e de muitas outras ao longo dos anos.

Atualmente continua produzindo filmes, telefilmes e séries de tevê. Até o presente momento, o currículo de ‘Corman’ dispõe de quase 350 filmes como produtor e de algumas dezenas como diretor. Poucas pessoas do meio gozam desses números. Nos anos oitenta, algo do qual me lembrei quase que sem querer, ele produziu um dos filmes mais vistos na Sessão da Tarde: Mercenários das Galáxias (Battle Beyond The Stars), que também teve a atuação de ‘James Cameron’, estreante, na direção de arte, e composições do mago James Horner. Vejam como o homem está escondido em tudo quanto é filme!

É, se Roger Corman não existisse, o cinema certamente não seria o mesmo!


Quem Somos | Ajude a Divulgar A ARCA!
A ARCA © 2001 - 2007 | 2014 - 2025