O filme Aos 13 reforça a visão que muita gente tem dos adolescentes: fúteis, rebeldes, burros, inconsequentes e prontos a fazer qualquer coisa para ser aceitos e aparecer para os amigos ou chamar a atenção da família. Inclusive roubar, transar e usar drogas. Nada que o filme Kids não tenha mostrado, anos atrás. O que há de diferente é que, supostamente, o roteiro teria sido escrito por uma menina de 13 anos (o que provavelmente não é verdade).

A história é centrada em Tracy, uma estudante promissora e meio infantil. Uma verdadeira patricinha que, ao entrar para o ginásio, conhece Evie Zamora, a garota mais sexy e popular da escola (que, por acaso, vende drogas e a convence a experimentá-las). Tracy consegue se tornar melhor amiga de Evie (perigo! perigo! perigo!).

Acontece que, quanto mais Tracy entra na vida adulta prematuramente mais ela se distancia da mãe (Holly Hunter). Passa até a usar drogas e fazer sexo. Apesar de tudo, com apenas treze anos, Tracy ainda tem a vida toda pela frente.

O filme tem recebido boas críticas e sido celebrado como retrato fiel de uma geração. O que também não é verdade. É, no máximo, um instantâneo de uma parte dessa geração. Há adolescentes suficientes para provar que nem todos pensam só em sexo, drogas e rock´n´roll (ou techno). É claro que hoje jovens de 13 anos não brincam mais de boneca, mas o modo como são retratados em 13 Anos está anos-luz distante da realidade. Talvez se fosse um pouco menos sério e tivesse mais senso de humor, ficasse mais fácil de assistir. E, acredite, um pouco de humor não faz nenhum mal a qualquer tema que se esteja tratando, por mais sério que ele seja. Está aí Roberto Benigni e seu ‘A Vida é Bela’ para mostrar que até o nazismo e a chacina de judeus na Segunda Grande Guerra podem ser mostrados pela ótica do humor sem que se perca o tom crítico ou se dilua o apelo à emoção.

Com todos os problemas, ’13 Anos’ tem também um lado bom. Boas (e bonitas) atrizes, boas interpretações e um roteiro bem amarrado. É, também, menos desagradável que o similar ‘Kids’. Não vai tão longe na polêmica.

Difícil é tentar adivinhar a que público o filme se destina. O retrato preconceituoso pode afastar os jovens, que não querem se ver retratados de forma tão antipática, e adultos talvez não se interessem por uma temática do gênero. A dica que eu dou é que o filme seja visto junto, por jovens e seus pais, e que o discutam depois.

Pode, também, e é até uma boa idéia, ser visto quando for lançado em vídeo, em sala de aula, e discutido entre os colegas. O quê dele é verdade? Como é a situação das adolescentes brasileiras, pior ou melhor do que a retratada no filme? E você, caro nerd, já viu o filme? O que achou? Não esqueça de comentar aí embaixo no A VOZ DOS NERDS.

:: ONDE O ASSUNTO JÁ FOI VISTO ANTES

Kids – O filme de 1995 ficou famoso pela polêmica, ao mostrar um adolescente sem moral, skatista, cujo principal objetivo de vida é tirar a virgindade do maior número possível de meninas. Até que estupra uma portadora do HIV e se contamina.

Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada e Prostituída – Filme alemão que fez muito sucesso na década de 80. É bem mais sério e mais consistente do que seus dois colegas desta página. Mostra como Christiane, uma menina de 13 anos, se torna usuária de drogas e se prostitui para manter o vício.

AOS 13 – O filme tem 95 minutos e Holly Hunter, Evan Rachel Wood, Nikki Reed. Dirigido por Catherine Hardwicke, com roteiro da própria Catherine e de Nikki Reed.