|
Nos últimos anos, parece que a Marvel aprendeu a escrever as histórias de certos personagens que não combinavam exatamente com o conceito básico de ‘sou-o-herói-fortão-multicolorido-sem-cérebro-que-vai-salvar-a-gostosona-sem inua-e-enfrentar-o-vilão-babaca-da-semana’. Depois de destruir coisas interessantíssimas como os Thunderbolts, a editora tomou vergonha na cara e deu ao Deadpool uma faceta mais cômica, quase uma sátira dos próprios quadrinhos de super-heróis com uma deliciosa utilização de metalinguagem. Veio também Origem, excelente tentativa de transformar o bom e velho Wolverine em um personagem tridimensional, ao invés de uma máquina de matar sem qualquer sentido. E vieram coisas como este especial do membro mais divertido do Quarteto Fantástico, nosso pedregoso e alaranjado Coisa. Em Circo de Horrores, temos uma história bizarra com cara de quadrinho de terror pulp dos anos 50. Misture um circo de aberrações, duas raças alienígenas em guerra e um monte de… bem… vacas com temperamento nada agradável e você tem uma ligeira medida do que vem por aí.
O mais legal é que a trama é tão estranha que funciona perfeitamente. E não poderia haver um personagem melhor para protagonizar tudo isso do que o Coisa. Afinal, as histórias do Quarteto Fantástico começaram, lá em 1941, justamente abordando esta faceta do ‘terror científico’, um tipo de história cheia de esquisitices sobre o quão adversos e inesperados podem ser os resultados da ciência, coisa e tal. Ele eram algo como a Patrulha do Destino… só que sem o Grant Morrison. E sempre achei que os personagens funcionassem dentro deste conceito. Não como uma sombra dos Vingadores. Mas sim como o estranho grupo convocado para enfrentar as adversidades ainda mais estranhas. Neste especial, a afinada dupla Geoff Johns e Scott Kolins retoma o tema com maestria, trazendo saudades da época em que os roteiristas entendiam como fazer um gibi decente do Quarteto. O humir sutil de Johns casa perfeitamente com a arte detalhista e expressiva de Kolins – tanto é que os dois fizeram o maior sucesso em sua passagem pelo Flash, em uma fase publicada atualmente em terras brasileiras pela Panini.
Embora consiga voltar a sua forma humana, Ben Grimm ainda é reconhecido somente como a aberração do Quarteto. Depois de um incidente em Nova York com a Gangue da Demolição, a baixa auto-estima do Coisa atinge níveis inaceitáveis e ele resolve dar um passeio fora da grande metrópole. Mas ao invés de ir para a praia, ele pega o trem errado e vai parar numa pequena cidadezinha de interior. Lá, ele se depara com uma coleção de criaturas esquisitas exibidas como atrações em um circo. Entre elas, está um pedaço de seu passado… um pedaço muito doloroso, por sinal. Quer saber o que diabos krees e os skrulls têm a ver com tudo isso? Se eu contar, perde a graça. 🙂
Ah, sim: vale também para descobrir, afinal, quem diabos é a tal da Tia Petúnia. 🙂
:: Compre aqui no Submarino a revista MARVEL APRESENTA Nº 7 – O COISA: CIRCO DE HORRORES
|