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Muita gente pode estranhar que eu faça uma análise da série Holy Avenger, da Editora Talismã, já que, 40 números depois, o gibi finalmente chegou ao fim. Bom… eu tinha uma determinada opinião desde o primeiro número, aquele ancestral no qual fomos primeiramente apresentados à bela elfa Niele e seus enormes… er…bem… atributos. O que acontece é que eu queria dar à revista uma chance, evitar julgamentos apressados e ser surpreendido na metade do caminho. Mas isso não aconteceu.
Como diz o subtítulo: vamos por partes (prometo que vou tentar ser o mais didático possível para tentar evitar que o ódio contra a minha pessoa seja ainda maior). Olhando como um todo, num contexto geral, acho a criação de Marcelo Cassaro e Érika Awano beeeeeeem fraquinha, sem consistência. Tudo bem, sei que é um produto voltado ao mercado infanto-juvenil (incluindo aí uma boa dose de adolescentes), mas ainda acho que um pouco mais de profundidade não fazia mal a ninguém. Muitas vezes, os clichês vinham disfarçados de referências e eram justificativas para insultar a inteligência do leitor. Os elementos básicos de uma trama típica de Dungeons & Dragons estavam lá, sem qualquer inovação, sem ousadia. Era tudo uma mistura de Tolkien com elementos de mangá para tentar atrair os fãs de Dragon Ball e cia. E nada mais. Faltava alguma coisa, Cassaro. Um tempero, um brilho, uma pimenta.
Quanto à arte da Érika, acho um tanto irregular. A pintura é belamente executada, mas ela funciona muito melhor como capista. Em alguns momentos, o traço perdia movimento, ficando estático e pecando bastante na hora de contar a história (o chamado storytelling). Outra: um cuidado a mais com as onomatopéias não custaria nada era nítido, em certas ocasiões, que este ou aquele letreiramento tinha sido inserido por computador e não casava em absolutamente nada com a cena.
Tudo bem, tudo bem, podem largar as pedras e apagar as tochas. Embora tenha achado Holy Avenger bem abaixo da média, eu via três grandes qualidades na produção e justamente por isso, enxergo o potencial que a coisa tinha e que acabou sendo desperdiçado:
1) A idéia de fazer uma série de quadrinhos ligada ao RPG proprietário da casa foi excelente… mas mal-executada!
2) Os personagens tinham muito carisma, isso é inegável. Niele, o ladrão Sandro, o Paladino, o Arsenal… todos merecem algum mérito. Mas todos foram sub-aproveitados!
3) O tratamento editorial que o leitor recebia era ideal. Coisa que muita editora de grande porte por aí deveria ter aprendido. As introduções das histórias apresentavam os personagens, traziam mapas, mostravam onde os capítulos tinham parado… O problema é que aquilo que vinha depois não ajudava!
E aí, quarenta números depois, temos uma conclusão fácil demais, pífia, sem graça, sem aquele sal que se esperava daquela que seria a última edição de Holy Avenger. Mas… não rolou.
Muita gente me advertiu que eu ganharia inimigos ao escrever este review. Pura bobagem. Se os autores da obra não forem maduros o suficiente para entender uma crítica ao seu trabalho, então eles não estão prontos para encarar o mercado internacional recheado de críticos muitos mais duros e mal-educados do que eu. E não vamos nos esquecer que Victory está prestes a desembarcar entre os comics americanos…
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